terça-feira, 21 de março de 2006

Educação sexual aos 10 anos

A realidade do país está a aconselhar, segundo psicólogos especializados em orientação sexual, a adoção de uma nova política de educação. Atualmente, a faixa etária compreendida entre os 13 e aos 24 anos é o público-alvo das ações governamentais destinadas à educação sexual. Agora, pretende o Ministério da Saúde que os programas de educação sexual priorizem os alunos de 10 a 15 anos, tendo em vista que é justamente nessa faixa etária em que o número de gestações não segue a tendência de queda do resto da população. Em conjunto, os ministério da Educação e da Saúde há um ano aplicam programas destinados a jovens de 13 e 24 anos em 482 escolas públicas, para prevenir Aids e outras doenças sexualmente transmissíveis, a gravidez precoce e os abortos clandestinos decorrentes.
Conforme dados colhidos nos registros do Sistema Único de Saúde, o número de partos de adolescentes entre 15 e 19 anos está em queda no país, mas, para as meninas de 10 e 14 anos, desde 1998 o número se mantém na média de 28 mil partos por ano. No ano passado, quase 49 mil jovens foram atendidas para curetagens pós-aborto na rede pública; destas, quase 3 mil tinham de 10 a 14 anos. São dados estarrecedores sobre uma realidade que precisa ser modificada. A educação sexual, principalmente na faixa dos 10 aos 15 anos, quando mais não seja por uma questão de saúde, deve ser adotada como política federal.
Entendem os psicólogos especializados em orientação sexual que ações educativas responsáveis e adaptadas à idade devem ser adotadas, já que não se pode presumir o início de atividades sexuais. A propósito, o professor Ânderson Costa, do Departamento de Psicologia Escolar da Universidade de Brasília, assegura que a política bem desenvolvida não gera permissividade nem viola a infância. E lembra que aos 10, 11 anos acaba a infância e a informação se torna oportuna. Os estudos sobre as ações que poderão fazer parte de uma nova política federal na questão da educação sexual estão em fase de conclusão nos ministérios da Educação e da Saúde e poderão ser anunciadas, ao que se informa, ainda no primeiro semestre deste ano.


Fonte: Editorial, Correio do Povo, página 4 de 21 de março de 2005. 

segunda-feira, 5 de dezembro de 2005

Transplante de pulmão

O “Fórum TV Guaíba” deste domingo vai até o Pavilhão Pereira Filho da Santa Casa de Misericórdia de Porto Alegre e conversa com o cirurgião torácico José Camargo. Foi ele quem realizou o primeiro transplante de pulmão da América Latina, em maio de 1989, e também o primeiro transplante duplo de pulmões. Até hoje, já são 200 transplantados, num ritmo que corresponde a 75% de todos os realizados no país. Camargo se especializou em uma técnica americana para transplantes em crianças e bebês. “Vimos a necessidade disso por não existirem doadores de órgão desse tamanho”, disse. A novidade, chamada transplante intensivos, consiste em retirar parte dos pulmões dos pais e implantá-los no filho. A descoberta de que o órgão se reabilita devido à quantidade de hormônios do crescimento existentes na infância vem dando resultados satisfatórios. “Passou a ser a técnica eleita por cirurgiões devido ao baixíssimo índice de rejeição”. O dr. Camargo fala também da relação entre o médico e paciente e Deus. Acompanhe neste domingo, às 19 horas, no canal 2.

Fonte: Flávio Alcaraz Gomes, página 4 de 5 de dezembro de 2005.

domingo, 13 de novembro de 2005

Acordo concretiza coalizão e abre a era Merkel

Berlim – Democratas-cristão chegaram sexta-feira a um histórico acordo para a formação de uma coalizão de governo na Alemanha. “Fechamos o acordo”, disse a líder democrata-cistã Angela Merkel, que ocupará o cargo de chanceler. “As duas grandes legendas partidárias querem readquirir a confiança da população, mostrando que podem fazer o país avançar e prosperar”, afirmou Merkel, a primeira mulher da história da Alemanha a ocupar o cargo de chanceler. O líder social-democrata Franz Muentefering, que será vice-chanceler, disse não ter dúvidas de que o acordo será ratificado pelas bancadas de ambos os partidos, na próxima semana.
Angela Merkel será proclamada chanceler no dia 18 pelo parlamento, e assumirá no dia 22, Muentefering afirmou que as duas partes demonstraram vontade de governar, “apesar de, a princípio, não estarem preparadas para tal união”, referindo-se às profundas diferenças programáticas de social-democratas e democratas-cristãos, que sempre fizeram oposição de um ao outro.
A líder conservadora Angela merkel, vinda da extinta RDA (República Democrática Alemã), vai suceder a Gerhard Schroeder. Durante a campanha, em contraste com o tribuno, Schroeder, Angela teve problemas, com sua sobriedade legendária, em mobilizar multidões e obteve apenas 35,2% dos votos nas eleições antecipadas de 18 de setembro. Depois de totalmente abatida pela ofensiva de Schroeder contra ela, conseguiu dar a volta por cima, para se defender.


Fonte: Correio do Povo, página 10 de 13 de novembro de 2005.


Vírus H5N1 inverte o sistema de defesa

Washington – Um estudo feito por cientistas de Hong Kong revelou que o vírus da gripe aviária faz o sistema imunológico do paciente funcionar o próprio corpo. A descoberta será publicada na revista médica Rspiratoty Research. Segundo eles, ao infectar as células pulmonares, o vírus H5N1 provoca uma reação exagerada das citoquinas, que são “mensageiros” moleculares que informam com que intensidade as células de defesa do organismo devem atacar o micróbio. Para o especialista em doenças infecciosas Michael Osterholm, da Universidade de Minnesota (EUA), o vírus da gripe aviária se assemelha muito ao da “gripe espanhola”, que matou mais de 40 milhões de pessoas.

Fonte: Correio do Povo, página 10 de 13 de novembro de 2005.

Trabalhador enfrenta dupla jornada

Na região Metropolitana de Porto Alegre, 67 mil incrementam a renda familiar com mais ocupações

Carina Fernandes

Além da jornada normal de trabalho, muitos brasileiros têm se dedicado a um emprego adicional para incrementar a renda mensal da família. Na região Metropolitana, cerca de 67 mil trabalhadores se enquadram nessa realidade, segundo dados do Dieese. Num país com alta taxa de desemprego, conseguir duas ocupações remuneradas pode ser considerado um privilégio, mas em alguns casos ocasiona problemas de saúde, como estresse e doenças associadas à intensa jornada, avalia o presidente da Central Única dos Trabalhadores (CUT) do RS, Quintino Severo.

Conforme a economista da área de Mercado de Trabalho do Dieese, Lúcia Garcia, a instituição realiza mensalmente pesquisa sobre o emprego e o desemprego na região Metropolitana, onde o número de pessoas ocupadas fica em torno de 1,5 milhão e o desemprego atinge 274 mil. Ela ressalta que existem normas de ocupação extra não desejáveis, como a dos servidores da segurança pública que arriscam a vida em serviços privados. As pesquisas realizadas mostram que há aumento das ocupações adicionais em duas situações: quando a economia se recupera e quando há mais opções no mercado de trabalho.

Em 1993, o índice de trabalhadores com dois empregos era de 4,6% na Grande Porto Alegre. Em 2005, os estudos apontam 4% até o momento. Entre 2000 e 2002, foram registrados os maiores índices, cerca 6%, em função da recuperação do mercado de trabalho. O emprego adicional tem como característica, em geral, a exigência de capacitação numa área específica e a necessidade de negociar uma carga horária reduzida.

A procura por um segundo emprego tem origem nos baixos salários e na má distribuição de renda do país, na avaliação do presidente da CUT-RS, Quintino Severo. Para ele, a situação traz prejuízos diante do grande número de desempregados e da necessidade de criação de mais postos de trabalho. “É preciso aumentar o poder aquisitivo dos trabalhadores para que não retirem vagas de outras pessoas”, salienta. Outro problema associado à dupla jornada de trabalho, de acordo com Severo, são as doenças relacionadas à intensa carga horária. O presidente da entidade ressalta que a situação leva o trabalhador doente a procurar auxílio da Previdência Social, o que faz com que toda a população pague pelas consequências de um problema social não resolvido.

Fonte: Correio do Povo, página 11 de 13 de novembro de 2005.