quarta-feira, 7 de fevereiro de 2024

Sebastián Piñera, ex-presidente do Chile, morre em acidente de helicóptero

 Aeronave com Piñera e mais três pessoas teria caído por volta das 15h; demais tripulantes foram encontrados

Fontes do governo teriam confirmado que Piñera e mais três pessoas viajavam na aeronave 

O ex-presidente Sebastián Piñera, 74 anos, morreu em um acidente de helicóptero na tarde desta terça-feira na comuna de Lago Ranco, região de Los Ríos. A informação foi divulgada pelo jornal chileno La Tercera, e mais tarde confirmada publicamente pelo escritório do ex-presidente.

Fontes do governo confirmaram ao veículo que quatro pessoas viajavam na aeronave. Três delas teriam sido encontradas pelas equipes de emergência.

As fontes do governo informam ao jornal que o anúncio oficial será feito após a conclusão da perícia da Marinha. No entanto, confirmam o desaparecimento de um dos tripulantes e que a aeronave está submersa a 40 metros de profundidade.

O antigo chefe de Estado estaria retornando de um almoço na casa do empresário José Cox. A aeronave conseguiu avançar alguns metros, mas perdeu o controle próximo à costa.

Piñera, que governou duas vezes (2010-2014 e 2018-2022), foi o primeiro presidente de direita a chegar ao poder por eleição popular após a ditadura de Augusto Pinochet (1973-1990).

O governo do presidente de esquerda Gabriel Boric, que sucedeu a Piñera no poder, lamentou profundamente sua morte. 'Ele terá todas as honras e reconhecimentos republicanos que merece. O presidente Boric instruiu que seja realizado um funeral de Estado e que seja declarado luto nacional', afirmou a ministra do Interior, Carolina Tohá, do Palácio de La Moneda em Santiago.

Piñera, que era doutor em economia pela prestigiosa Universidade de Harvard, nos Estados Unidos, foi um hábil empresário que acumulou fortuna no setor bancário e em empresas de diversos setores. Entusiasta e sempre ativo, havia completado 74 anos em 1º de dezembro e era conhecido por pilotar seu próprio helicóptero.

Segundo amigos que estavam em Lago Ranco, o ex-presidente estava passando alguns dias de férias com sua esposa, Cecilia Morel, e alguns de seus quatro filhos e nove netos

Correio do Povo

Governo amplia isenção do Imposto de Renda para quem recebe até dois salários mínimos

 Medida foi publicada no Diário Oficial da União desta terça-feira

Medida foi publicada no Diário Oficial da União desta terça-feira 

O governo federal ampliou a isenção do Imposto de Renda para quem recebe até dois salários mínimos, valor de R$ 2.824 mensal. A decisão foi publicada no Diário Oficial da União na noite desta terça-feira, 6. Antes, a isenção era apenas para salários de até R$ 2.640, referente a dois salários mínimos de 2023.

Com a medida, a tabela progressiva ficou da seguinte maneira:

Remuneração mensal: de R$ 2.259,21 até R$ 2.826,65
Alíquota (%): 7,5
Parcela a deduzir do IR: R$ 169,44

Remuneração mensal: de R$ 2.826,66 até 3.751,05
Alíquota (%): 15
Parcela a deduzir do IR: R$ 381,44

Remuneração mensal: de R$ 3.751,06 até R$ 4.664,68
Alíquota (%): 22,5
Parcela a deduzir do IR: R$ 662,77

Remuneração mensal: acima de R$ 4.664,68
Alíquota (%): 27,5
Parcela a deduzir do IR: R$ 896,00

Correio do Povo

DIREITOS HUMANOS, SÓ PARA OS "COMPANHEIROS". - 07.02.24

 Por Percival Puggina


 


Estávamos num programa de debates sobre direitos humanos. Lá pelas tantas, um dos meus interlocutores falou em “dignidade da pessoa humana”. Eu os sabia marxistas e, portanto, materialistas. Perguntei-lhes, então, como um desafio: qual o fundamento da dignidade da pessoa humana?

 

Sabia que essa questão coloca o materialismo e seus adeptos num beco sem saída. Para respondê-la, o microfone correu a mesa. Falaram, falaram e nem de longe trataram do tema. Quando retornou a mim, chamei a atenção para o fato de que não haviam me dado qualquer resposta. Mencionada por materialistas, a dignidade da pessoa humana é mera retórica.

 

Ante a provocação que fiz, um deles saiu-se com esta: "O fundamento da dignidade da pessoa humana é a reciprocidade nas relações". Ora, salta aos olhos que a reciprocidade, vale dizer, a equidade nas relações e trocas interpessoais e sociais, pode ser, em alguns casos, fundamento da justiça, mas nem de longe serve como alicerce para a dignidade do ser humano. Em determinadas situações talvez seja apenas consequência.

 

Entendamos isso porque é importante. Quem vive em situação de carência mental, material ou física tem, como pessoa, dignidade igual à da mais eminente celebridade e à da mais justa e generosa das criaturas. E em quase nada pode o desvalido contribuir para a tal reciprocidade. Exigi-la em certos casos pode ser puro e duro egoísmo. Há ocasiões em que a reciprocidade, como critério de justiça, se fundamenta na dignidade da pessoa humana, mas o que nela se sustenta não lhe pode servir, também, como suporte.

 

Enfim, a questão que propus é irrespondível pelo materialismo. Se tudo é matéria, instinto e razão, o ser humano é apenas o mais complexo dos animais. E somente isso. Resulta, assim, meramente retórica toda menção que marxistas façam à dignidade humana. A prova provada me veio logo após, quando, tendo eu comentado a animalização conceitual da pessoa, se vista apenas como ser material, meu interlocutor da ocasião afirmou que "os animais também têm dignidade". Foi ou não uma rendição? Homem e bicho é tudo a mesma coisa? Animais merecem respeito, mas a eminente dignidade, fundamento das melhores constituições, quem a tem é o ser humano.

 

Há muito proponho essa questão em debates e ainda não encontrei um materialista que fizesse a respeito dela qualquer afirmação consistente. Falam sobre direitos humanos como parte de uma agenda muito mais ideológica do que efetivamente humana. O humanismo sem Deus é um humanismo desumano, reafirmou recentemente Bento XVI na encíclica Caritas in Veritate. Com efeito, somente o revelado à tradição judaico-cristã satisfaz como resposta à questão contida no primeiro parágrafo deste artigo. É por isso que nela se fundamenta toda uma civilização e o que há de melhor em sua cultura: o homem é imagem e semelhança de Deus, e objeto de Seu amor.

 

Alguém poderá dizer: “Eu sou ateu e trato com respeito os meus semelhantes”. Sei disso, no entanto, é preciso perceber: a conduta civilizada que independe de identitarismos tem base cultural. É a cultura de uma civilização que herdou princípios da preciosa fonte judaico-cristã. Reinstituir os identitarismos é, por assim dizer, um retorno ao paganismo.


Pontocritico.com

Mulheres reafirmam, em julgamento, terem sido apalpadas por Daniel Alves

 Sócio da boate comprovou versão da vítima principal, garantindo que ela queria deixar o banheiro, mas foi impedida pelo jogador



A mulher que acusa Daniel Alves por crime sexual reafirmou a versão apresentada na denúncia no primeiro dia de julgamento do brasileiro. Outra mulher ouvida na segunda-feira também mencionou que o jogador a apalpou ainda antes do abuso. Além da mulher que acusa Daniel Alves, outras cinco pessoas prestaram depoimento na segunda-feira: uma amiga e uma prima da denunciante, dois garçons e um porteiro da boate onde ocorreu o episódio.

Nesta terça-feira, o julgamento continuou e um sócio da boate comprovou versão da vítima principal, garantindo que ela queria deixar o banheiro, mas foi impedida pelo jogador. Um dos depoimentos levou 1h30. A mulher que acusa o brasileiro com a imagem protegida por um biombo, para não ter contato visual com o jogador, contou sobre a ida à área VIP da boate Sutton e que um garçom a levou para a mesa de Daniel Alves.

Segundo o relato, eles dançaram juntos e, em determinado momento da noite, o jogador pediu que ela o seguisse até uma porta. A mulher afirma que notou se tratar de um banheiro apenas quando entrou no cômodo. Foi quando o atleta usou de força para violentá-la, sem o uso de preservativo, e ejaculou. Em lágrimas, uma das amigas que estavam com a denunciante na noite do ocorrido contou que a amiga saiu do banheiro 'chorando bastante' e 'de coração partido', afirmando aos amigos repetidas vezes que o jogador havia lhe feito 'muito mal'.

A testemunha contou que a mulher inicialmente hesitou em fazer a denúncia por crer que não acreditariam nela, mas resolveu ir à polícia dois dias após ser convencida pelos colegas. Já a prima da mulher da denunciante disse que desde o início se sentiu desconfortável com a presença do atleta, relatando que ele a tocou em uma região íntima enquanto dançavam. Ela conta que viu Daniel Alves se dirigir a uma porta que acreditou ser uma saída para o lado de fora da boate e disse para a prima 'ir falar com ele'. Minutos depois, o atleta passou pela porta de 'cara feia'. Depois, a mulher saiu pela porta, dizendo que precisava ir para casa porque ele havia lhe feito 'muito mal'.

Ainda conforme o relato da prima da denunciante, a mulher que acusa Dani Alves passou a tomar antidepressivos, não está trabalhando e apenas sai de casa quando a família insiste.

A audiência ocorre em três dias consecutivos, com encerramento nesta quarta-feira.

O brasileiro alega inocência e afirma que a relação sexual foi consensual. Ele mudou sua versão sobre o caso por diversas vezes, trocou de defesa e teve três pedidos de liberdade provisória negados, com a Justiça citando risco de fuga. A pena para este tipo de crime no país é de até 12 anos de reclusão. Ainda não há prazo para o anúncio da sentença.

Sócio da boate comprova versão da vítima

A mulher que acusa Daniel Alves por crime sexual tentou sair do banheiro em que entrou com o jogador, mas foi impedida por ele. É o que disse o sócio da boate Sutton, onde o caso aconteceu, em depoimento neste segundo dia de julgamento. Outras testemunhas foram ouvidas.

Nesta quarta-feira, acontece a última sessão, com a oitiva do jogador e de mais algumas testemunhas. Robert Massanet, sócio da boate em Barcelona, definiu como 'alterado' o estado da mulher e que ele teve dificuldades para convencê-la a acionar o protocolo de agressão sexual das leis espanholas.

Segundo ele, a mulher tinha receio de ser desacreditada. 'Ela me disse que não iam acreditar nela. E que havia entrado de maneira voluntária (ao banheiro), que logo quis sair, mas não podia. Estava bastante afetada.' Ele relatou, ainda em depoimento, que a viu chorando junto de um segurança do local, quando ouviu sobre a acusação de assédio.

No depoimento, também foi apontado que Daniel Alves passou por eles e foi apontado pela mulher. Massanet também a questionou se ela havia sofrido penetração, o que foi confirmado. O gerente da boate Sutton, Rafael Lledó, também depôs nesta terça-feira. Ele disse que Daniel Alves 'não estava como sempre'. Quis dizer que o jogador estava alterado pelo efeito de álcool. 'Ou havia bebido, ou havia tomado algo, mas não estava normal'. As menções ao possível estado de embriaguez do jogador foram repetidas em outros depoimentos durante a sessão.

A audiência ocorre em três dias consecutivos. O jogador brasileiro pediu para ser ouvido somente na quarta-feira, dia 7, quando os trabalhos têm previsão para acabar. Daniel mudou sua versão sobre o caso por diversas vezes, trocou de defesa e teve três pedidos de liberdade provisória negados, com a Justiça citando risco de fuga do país. Ainda não há prazo para o anúncio da sentença.

Estadão Conteúdo e Correio do Povo

Saiba quem foi Sebastián Piñera, 'a locomotiva' de direita que governou o Chile duas vezes

 Mandatos foram marcados por revoltas sociais e acusações de corrupção

Mandatos foram marcados por revoltas sociais e acusações de corrupção 

O ex-presidente chileno Sebastián Piñera, morto nesta terça-feira (6) em um acidente de helicóptero, foi um bilionário hábil que governou durante dois mandatos, sendo o último marcado por revoltas sociais e acusações de corrupção.

Ex-acionista da empresa de aviação chilena LAN - hoje a multinacional LATAM -, de um canal de televisão e do clube de futebol Colo Colo, foi o primeiro presidente de direita desde o retorno da democracia após a ditadura de Augusto Pinochet (1973-1990). A revista Forbes chegou a avaliar sua fortuna em 2,4 bilhões de dólares (11,9 bilhões de reais).

Entusiasmado e sempre ativo, Piñera, que havia completado 74 anos em 1º de dezembro, fez doutorado em Economia na Universidade de Harvard e era conhecido por pilotar seu próprio helicóptero.

Casado com Cecilia Morel, pai de quatro filhos e com nove netos, foi presidente do Chile duas vezes, entre 2010 e 2014 e entre 2018 e 2022.

'Terá todas as honras e reconhecimentos republicanos que merece', disse a ministra do Interior, Carolina Tohá, do governo de esquerda do presidente Gabriel Boric, logo após a publicação da notícia.

Filho de um ex-embaixador democrata-cristão, foi o único grande empresário chileno abertamente opositor a Pinochet. Eleito senador com a volta da democracia, se alinhou com a centro-esquerda em votações cruciais no Congresso, o que fez ser visto com desconfiança pelos setores radicais da direita.

Liderou a renovação da direita na chamada 'Patrulha Juvenil'. Desses tempos vem seu apelido de 'A Locomotiva'. Em seu primeiro governo, liderou os trabalhos de reconstrução do país após o potente terremoto de 27 de fevereiro de 2010, e o bem-sucedido resgate dos 33 mineiros presos no Atacama.

Fiel a seu estilo, percorreu o mundo com uma mensagem de vida dos trabalhadores presos no interior de uma mina de cobre no deserto chileno. Ganhou seu segundo mandato em 2017 sob o lema 'Una-se a tempos melhores', mas em sua segunda passagem pelo La Moneda não teve a mesma sorte, já que foram quatro anos de distúrbios sociais, desabamento da confiança nas instituições e uma profunda desconexão entre a sociedade e a elite.

O cenário político chileno deu uma guinada radical após as revoltas sociais de outubro de 2019. Protestos multitudinários desencadeados pelo aumento da passagem do metrô se transformaram em uma ampla reclamação contra um modelo de livre mercado com a ausência do Estado na educação, saúde e aposentadorias, sem bem estar social.

Depois vieram a pandemia do coronavírus e a recessão econômica, mas quando os sinais de recuperação davam um respiro ao mandatário, a publicação dos 'Pandora Papers' sobre a venda da mineradora Dominga em 2010 por parte de uma empresa de seus filhos voltaram a salpicar sua imagem. O caso levou o Ministério Público a abrir uma investigação criminal e a oposição a apresentar uma acusação no Parlamento, onde foi considerado inocente por uma margem apertada.

AFP e Correio do Povo