sexta-feira, 2 de fevereiro de 2024

China aproveita vácuo deixado pelo Ocidente no Afeganistão

 Integração do país ao projeto de novas rotas da seda está em discussão

Empreendimentos chineses em Cabul 

A China, único país a nomear um embaixador no Afeganistão desde a volta dos talibãs ao poder, cujo governo não é reconhecido internacionalmente, aproveita o vácuo deixado pelas potências ocidentais para acelerar sua estratégia econômica em seu vizinho da Ásia Central.

Pequim mantém reuniões ministeriais, discussões sobre o comércio bilateral e um grande investimento em cobre e na construção de uma estrada entre os dois países.

"Os Estados Unidos viraram totalmente as costas ao Afeganistão, a União Europeia permanece inflexível sobre os ataques aos direitos das mulheres afegãs, enquanto os chineses dizem "é nossa vez"", explica um ex-diplomata familiarizado com este país. "Fundamentalmente, a China não se importa com os direitos das mulheres, não vai impor condições se sua intenção é se aproximar do regime talibã", estima Valérie Niquet, da Fundação para a Investigação Estratégica em Paris.

Na esfera diplomática, a China declarou seu apoio ao Afeganistão no final de dezembro, ao ser o único dos 15 membros do Conselho de Segurança da ONU, junto com a Rússia, a abster-se durante uma votação de uma resolução sobre a nomeação de um enviado especial.

O Ministério chinês das Relações Exteriores tentou, em dezembro, minimizar o alcance da nomeação do embaixador Zhao Xing em Cabul, com a esperança de que o Afeganistão respondesse "melhor às expectativas da comunidade internacional".

Mas o método chinês -- uma troca de embaixadores sem reconhecimento oficial -- permite a Pequim manter relações diplomáticas com um país isolado, cujos bens estão congelados no Ocidente e seus dirigentes se encontram sob sanções internacionais.O Emirado islâmico do Afeganistão "é um terreno difícil, mas a característica dos chineses é a de ir onde ninguém vai, tentando obter vantagens", aponta Valérie Niquet.

Recursos naturais

"Os vastos recursos naturais do Afeganistão, como o cobre, o lítio e as terras raras têm um enorme potencial econômico para a China", destaca Jalal Bazwan, professor de Ciências Políticas na Universidade Kardan, em Cabul. Após sua chegada em dezembro, o embaixador afegão em Pequim, Bilal Karimi, se reuniu com a companhia estatal chinesa MCC para falar sobre o Mes Aynak, o segundo maior depósito de cobre do mundo, a 40 quilômetros de Cabul.

Em 2008, a MCC obteve do governo de Hamid Karzai, seus direitos de exploração por 3,5 bilhões de dólares (8,26 bilhões de reais na cotação da época). O projeto foi paralisado pela guerra e pela descoberta de um inestimável sítio arqueológico budista.

"Estamos negociando com os chineses", declarou à AFP Hamayoon Afghan, porta-voz do Ministério de Minas."Estes bens históricos são um tesouro cultural para o Afeganistão, sua identidade", disse, 23 anos depois que os talibãs chocaram o mundo ao explodir estátuas dos Budas de Bamiyan.

Uma comissão interministerial afegã estuda uma proposta da MCC para escavar 800 metros de profundidade para alcançar os veios de cobre sem danificar a superfície.A China também mira o petróleo afegão.

Desde a renovação em janeiro de 2023, por 25 anos, de um antigo contrato na bacia de Amu, no noroeste do país, a extração começou em 18 poços, indica Hamayoon Afghan.

Empresas chinesas já declararam sua intenção de investir 500 milhões de dólares (2,48 bilhões de reais na cotação atual) em energia solar no Afeganistão.

Novas rotas da seda

A integração do Afeganistão ao projeto de novas rotas da seda, com eixos rodoviários, ferroviários e marítimos entre China, Ásia Central e Europa, está em discussão. Uma estrada de 300 km está sendo construída para ligar o Badaquistão, no nordeste, à fronteira com a China, indicou à AFP o porta-voz do Ministério de Obras Públicas, Ashraf Haqshanas.

Ambos os países compartilham uma fronteira de apenas 76 km e este eixo elevará ao auge o comércio, de 1,5 bilhão de dólares (cerca de sete bilhões de reais) por ano. "A posição estratégica do Afeganistão na Iniciativa do Cinturão e Rota o torna um aliado atrativo", considera Bazwan.

AFP e Correio do Povo

Servidores da Abin divulgam carta aberta direcionada a Lula

 


As trocas promovidas pelo presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT) na Agência Brasileira de Inteligência (Abin) levaram servidores da instituição a divulgarem uma carta aberta nesta quarta-feira (31), com críticas a nomeações de pessoas “sem experiência” na área para o alto escalão da agência.

– É necessário que a atividade seja conduzida por quem conhece seus meandros. As reiteradas nomeações de pessoas que não possuem experiência na prática de Inteligência Nacional para posição de direção fragilizam a atividade – diz a carta endereçada ao presidente.

E continua.

– Ingressamos na Abin por concurso público e temos mulheres e homens preparados para dirigir a agência à qual dedicamos toda uma vida – afirmam.

Lula exonerou ontem o número dois da Abin, Alessandro Moretti, em meio às investigações da Polícia Federal sobre o aparelhamento da agência no governo do ex-presidente Jair Bolsonaro (PL). Outros seis diretores também foram substituídos

O presidente manteve o delegado Luiz Fernando Corrêa, nome de sua confiança, no comando do órgão. Os dois mantém uma longa relação – Corrêa foi diretor-geral da Polícia Federal no segundo mandato de Lula. O delegado vem sofrendo desgaste desde que a PF levantou suspeitas de “conluio” entre a atual gestão da Abin e a direção anterior para evitar que monitoramentos ilegais viessem a público.

Os servidores da Abin defendem ainda, na carta, a criação de uma vara judiciária especial para autorizar ações de inteligência. “Nossas servidoras e servidores precisam trabalhar com apropriada segurança jurídica.”

O texto afirma que as medidas são necessárias para proteger a atividade de interesses político-partidários. “O momento atual parece ter convencido a todos sobre o que já defendemos há anos: a inteligência precisa ser reformada. Precisamos definir, na lei, nossas atribuições e ferramentas de trabalho.”

A Abin é o principal órgão do sistema de inteligência federal e tem como atribuição produzir informações estratégicas sobre temas sensíveis, como ameaças à democracia e às fronteiras, segurança das comunicações do governo, política externa e terrorismo.

Para a PF, a agência foi instrumentalizada no governo Bolsonaro e usada para atender interesses privados do grupo político do ex-presidente.

*AE

Agora Notícias

Ministério da Defesa tem corte de 70% em sua verba

 


Foi anunciado nesta quinta (01) um corte de 70% da verba destinada ao funcionamento administrativo do Ministério da Defesa. Os integrantes da pasta temem paralisia nos processos cotidianos. Os recursos serão redirecionados para obras do PAC. José Maria Trindade, Roberto Motta e Cristiano Beraldo comentam. #OsPingosNosIs

PL das fake news: Polícia Federal vê abuso de poder de big techs

 


Após a finalização do inquérito contra Google e Telegram, a Polícia Federal indicou abuso de poder econômico por parte destas plataformas contra o PL das Fake News. Segundo o relatório, as ações das big techs questionam a ética comercial, demonstram manipulação de informações e possíveis violações contra a ordem consumerista, além de apresentar resultados de busca que influenciavam negativamente a percepção dos usuários e disseminar informações falsas sobre o Projeto de Lei. José Maria Trindade, Roberto Motta e Cristiano Beraldo analisam. #OsPingosNosIs

Motta: “Nas redes sociais só tem ‘lugar de fala’ quem as utiliza”

 


Roberto Motta analisou as informações apontadas no relatório da Polícia Federal sobre as investigações contra o Google e o Telegram no âmbito do Projeto de Lei das Fake News. O comentarista utilizou o exemplo dos dados revelados pelo do Twitter após a compra por Elon Musk, que defendiam as pessoas com ideologias de esquerda e acusavam as de direita, em sua maioria. #OsPingosNosIs