segunda-feira, 4 de abril de 2022

Cadeira Gamer XT Racer Reclinável Giratória - Rosa e Branco Wind Series

 


Se você gosta de passar horas em frente ao computador jogando, sabe que é necessário ter uma cadeira de qualidade e que também seja adequada para esses momentos de lazer, não é mesmo? Pensando nisso, a XT Racer traz a cadeira gamer Wind Series, disponível nas cores rosa e branco, trazendo máximo conforto e ergonomia para você. Ela é giratória, possui regulagem de altura, design anatômico, é reclinável e conta com inclinação de até 160°. Possui braços reguláveis em 2 dimensões (altura e para frente e trás), almofadas removíveis para cabeça e lombar e para facilitar a sua montagem, acompanha manual de instruções. Indicada para usuários com até 1,90m de altura.

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Autoridade da União Europeia promete novas sanções contra a Rússia após imagens de civis mortos

 


O presidente do Conselho Europeu da União Europeia, Charles Michel, prometeu novas sanções contra a Rússia no domingo (3), depois que imagens chocantes surgiram de 20 cadáveres de civis espalhados pelo chão na cidade de Bucha, a noroeste de Kiev, na Ucrânia.

As imagens foram publicadas pela AFP no sábado (2), depois que jornalistas acessaram a área após a retirada das forças russas.

“Chocado com imagens assustadoras de atrocidades cometidas pelo exército russo na região libertada de Kiev #MassacredeBucha”, escreveu Michel no Twitter. “A UE está ajudando a Ucrânia e ONGs na coleta de provas necessárias para processos em tribunais internacionais. Mais sanções e apoio da UE estão a caminho.”

Enquanto isso, Josep Borrell, alto representante da União Europeia, tuitou: “Parabenizo a Ucrânia pela libertação da maior parte da região de Kiev“.

“Chocado com as notícias das atrocidades cometidas pelas forças russas. A UE ajuda a Ucrânia a documentar crimes de guerra. Todos os casos devem ser investigados, nomeadamente pelo Tribunal Internacional de Justiça”, acrescentou Borrell. “A UE continuará a apoiar fortemente a Ucrânia”.

Retomada

Depois de quase um mês de ocupação russa, a Ucrânia recuperou o controle de toda a região de Kiev, segundo autoridades do país invadido. As imagens da capital e das cidades próximas mostram uma terra arrasada. Escombros por todas as partes e, de acordo com relatos da agência de notícias France Presse, dezenas de cadáveres espalhados, o que foi testemunhado em Bucha, 30 km a noroeste.

Assim como haviam anunciado há alguns dias, as forças russas decidiram concentrar os esforços no leste e no sul da Ucrânia, reduzindo a presença nas regiões de Kiev e Chernihiv, ao norte, em consequência da tentativa fracassada de tomar a capital e os arredores. Cinco semanas após a ofensiva do presidente Vladimir Putin, a Cruz Vermelha ainda tentava, ontem, organizar a retirada de milhares de pessoas presas em Mariupol, cidade portuária no Mar de Azov, sem água, comida e eletricidade.

A saída das tropas russas da região de Kiev não significa um retrocesso de Moscou, contudo. Segundo o conselheiro presidencial ucraniano, Mikhailo Podoliak, com a mudança de tática, Putin quer “manter o controle de vastos territórios ocupados no leste e no sul e ganhar uma base poderosa lá”.

Execução

Em Bucha, Irpin, Gostomel e no restante da região de Kiev, o rastro de destruição é evidente. Na primeira, corpos de pelo menos 20 pessoas em trajes civis foram espalhados em uma única rua da cidade, disseram repórteres da France Presse. Um dos cadáveres estava com as mãos amarradas atrás das costas, um indicativo de execução.

Segundo o prefeito de Bucha, Anatoly Fedoruk, “todas essas pessoas foram mortas com um tiro na nuca”. O governante afirmou que 280 pessoas tiveram que ser enterradas em valas comuns, pois era impossível fazê-lo em cemitérios, dentro do alcance do bombardeio russo.

Ontem, o principal negociador ucraniano, David Arakhamia, garantiu que Moscou aceitou “oralmente” as principais propostas ucranianas e que aguarda uma confirmação escrita. Também informou que as negociações para encerrar o conflito haviam progredido.

Em um vídeo, o presidente ucraniano voltou a insistir no apelo para que o Ocidente forneça mais apoio militar ao país. “Deem-nos mísseis, aviões”, implorou Zelensky na rede de TV Fox. “Vocês não podem nos dar caças F-18 ou F-19 ou o que vocês têm? Deem-nos aviões soviéticos velhos. Isso é tudo. Deem-me algo para defender meu país.”

O Pentágono anunciou que destinará US$300 milhões em “ajuda de segurança” para fortalecer a defesa da Ucrânia, além do US$ 1,6 bilhão que Washington já ofereceu desde o início da invasão russa. O pacote inclui sistemas de foguetes guiados a laser, drones, munições, aparelhos de visão noturna, sistemas de comunicação tática, equipamentos médicos e peças de reposição.

O Sul

Escritora Lygia Fagundes Telles morre aos 98 anos em São Paulo

 


A escritora Lygia Fagundes Telles morreu na manhã deste domingo (3), aos 98 anos, em São Paulo. Ícone da literatura brasileira, ela era integrante da Academia Brasileira de Letras desde a década de 80 e já recebeu os prêmios Camões e Jabuti.

Segundo Juarez Neto, da Academia Brasileira de Letras (ABL), ela faleceu em casa, de causas naturais. O velório foi aberto ao público, na Academia Paulista de Letras, localizada no Largo do Arouche, Centro da capital paulista. O corpo da escritora foi cremado.

Lygia recebeu vários prêmios ao longo da carreira, tais como o Camões (2005), e o Jabuti (1966, 1974 e 2001). Ela tem obras traduzidas para o alemão, espanhol, francês, inglês, italiano, polonês, sueco, tcheco, português de Portugal, além de adaptações de suas obras para o cinema, teatro e TV.

O governador de São Paulo, Rodrigo Garcia, informou que o estado decreta luto oficial por três dias pela morte da escritora paulista. “A grande dama da literatura brasileira retratou a vida de gerações de homens e mulheres. Meus sentimentos aos familiares e amigos”, escreveu Garcia em uma rede social.

Em nota, a Academia Paulista de Letras lamentou sua morte.

“A mais notável personalidade da literatura brasileira, patriota e democrata, já era lenda em vida. Permanecerá no Panteão das glórias universais e, para orgulho nosso, era mais academicamente bandeirante. Não faltava aos nossos encontros semanais no Arouche. A gigantesca e exuberante obra continuará a ser revisitada, enquanto houver leitor no mundo”, escreveu José Renato Nalini.

Biografia

Lygia nasceu em São Paulo em 19 de abril de 1923 e passou a infância no interior do estado. Logo depois de alfabetizada, reproduzia nos cadernos escolares as histórias que ouvia. Ela escreveu seu primeiro conto, “Vidoca”, em 1938.

Na época do ensino Fundamental, ela voltou para a capital com o pai, advogado, e a mãe, pianista, e estudou na Escola Caetano de Campos, colégio tradicional da cidade. Com apenas 15 anos, publicou seu primeiro livro de contos, “Porão e Sobrado”.

Em seguida, ingressou na Faculdade de Direito do Largo de São Francisco, da Universidade de São Paulo, onde se formou. Quando era estudante do pré-jurídico, a jovem cursou a Escola Superior de Educação Física da mesma universidade.

Segundo a ABL, ainda na adolescência manifestou-se a paixão, ou melhor, a vocação para a literatura incentivada pelos seus maiores amigos, os escritores Carlos Drummond de Andrade e Erico Verissimo.

Lygia considerava Ciranda de Pedra (1954) o marco inicial de suas obras completas. O romance virou novela na TV Globo quase 30 anos depois, em 1986.

Também em 1954, nasceu seu filho Goffredo da Silva Telles Neto, de seu primeiro casamento. Cineasta, ele viria lhe dar duas netas: Margarida e Lúcia, mãe da única bisneta, Marina.

Ainda nos anos 1950, foi publicado o livro Histórias do Desencontro (1958), que recebeu o Prêmio do Instituto Nacional do Livro.

O segundo romance, Verão no Aquário (1963), Prêmio Jabuti, saiu no mesmo ano em que já divorciada casou-se com o crítico de cinema Paulo Emílio Sales Gomes. Em parceria com ele, Lygia escreveu o roteiro para cinema Capitu (1967) baseado em Dom Casmurro, de Machado de Assis.

A década de 1970 foi de intensa atividade literária e marca o início da sua consagração na carreira. A escritora publicou alguns de seus livros mais importantes: Antes do Baile Verde (1970), As Meninas (1973), Seminário dos Ratos (1977) e o livro de contos Filhos Pródigos (1978).

Em 1977, em plena ditadura, foi uma das autoras do “Manifesto dos intelectuais” contra a censura.

Em 1985, ela foi eleita para a Academia Brasileira de Letras, se tornando a terceira mulher a entrar para a ABL, e fez um discurso histórico.

“Imaginai uma reunião na linha dos malditos, dos raros, daqueles que pelos caminhos mais inesperados escolheram a ruptura. Fora do tempo e ocupando o mesmo espaço estão todos em uma sala. É noite. Os gênios ignorados num país de memória curta, que parece preferir os mitos estrangeiros, como se estivéssemos ainda no século 17, sob o cativeiro do reino. Os mitos estrangeiros que continuam sim nos vampirizando. Nós já estamos quase esvaídos e ainda oferecemos a jugular no nosso melhor inglês, o vosso amor é uma honra para mim”.

Em 1996, em entrevista ao programa Roda Viva, Lygia falou sobre a morte. “Quando a morte olhar nos meus olhos e disser ‘vamos’, eu digo ‘estou pronta, fiz o que eu pude'”. De acordo com a ABL, a consagração definitiva viria com o Prêmio Camões (2005), distinção maior em língua portuguesa pelo conjunto de obra.

O Sul

Idosos e trabalhadores da saúde já podem receber vacinas da gripe e sarampo a partir desta segunda-feira no Rio Grande do Sul

 


A exemplo dos demais Estados, o Rio Grande do Sul começa a aplicar nesta segunda-feira (4) as vacinas contra a gripe e o sarampo. Ambos os imunizantes têm dose única e fornecimento gratuito, além de prioridade aos idosos e trabalhadores da saúde na primeira etapa da campanha, repetindo assim uma estratégia já adotada em edições anteriores.

Endereços e horários do serviço em cada uma das 497 cidades gaúchas devem ser consultados junto às respectivas prefeituras, assim como o cronograma escalonado e outros detalhes.

Em 3 de maio, a ofensiva passará a abranger outros públicos. A lista inclui menores de 5 anos, gestantes, professores, indivíduos com comorbidades, agentes de segurança pública e outros profissionais, devido ao maior risco de desenvolver quadro grave de infecção pelo vírus influenza.

Produzida pelo Instituto Butantan e fornecida pelo Sistema Único de Saúde (SUS), a vacina contra gripe tem fórmula segura e atualizada todos os anos, a fim de acompanhar mutações do vírus. Sua ação é trivalente, para proteger diferentes cepas (neste ano a H1N1 e H3N2, mais a tipo B).

Vale lembrar que para os indivíduos adultos (18 anos ou mais), não há risco em receber a vacina contra covid de forma simultânea ao imunizante contra gripe.

Já a ofensiva contra o sarampo tem como público-alvo inicial os trabalhadores da saúde. No dia 2 de maio, a campanha será ampliada para as crianças de 6 meses a 5 anos.

Documentação exigida

– Idosos: documento de identidade.

– Trabalhadores da saúde: contracheque ou outro comprovante de vínculo empregatício.

Grupos populacionais

De acordo com a Secretaria Estadual da Saúde (SES), a meta é imunizar contra a gripe e o sarampo 4,8 milhões dos 11,4 milhões de gaúchos, proporção que representa pouco mais de 42% do total. Confira, a seguir, os contingentes populacionais de cada um dos segmentos abrangidos no Rio Grande do Sul.

– Idosos (60 anos ou mais): 2.143.707.
– Trabalhadores da saúde: 361.210.
– Crianças entre 6 meses e menores de 5 anos de idade (4 anos, 11 meses e 29 dias): 620.932.
– Gestantes e puérperas: 114.166.
– Povos indígenas: 24.659.
– Professores: 141.254.
– Pessoas com comorbidades: 777.224.
– Pessoas com deficiência permanente: 399.436.
– Forças de segurança e salvamento e Forças Armadas: 70.385.
– Caminhoneiros e trabalhadores de transporte coletivo rodoviário de passageiros urbano e de longo curso: 157.120.
– Trabalhadores portuários: 4.051.
– Funcionários do sistema prisional: 4.881.
– População privada de liberdade e adolescentes sob medidas socioeducativas: 40.099.
– Total dos grupos prioritários: 4.859.123.

O Sul

Guerra do Tigré - História virtual

 




Guerra do Tigré, também conhecida como Guerra Civil Etíope,[4][5] é um conflito armado em andamento desde 3 de novembro de 2020, na Região TigréEtiópia, entre forças do governo federal da Etiópia e separatistas das Forças de Defesa do Tigré (FDT), ligadas ao partido Frente Popular de Libertação do Tigré (FPLT).

A guerra começou quando o governo federal etíope enviou tropas para Tigré, numa tentativa de controlar o governo regional rebelde. A guerra levou a massacres de civis, destruição de hospitais e clínicas, êxodo de refugiados e fome - sendo que o governo etíope bloqueou a maior parte da ajuda alimentar à região, durante meses.[6]

O conflito intensificou-se, com o envolvimento de forças militares da Eritreia, em favor do governo federal etíope, e de organizações armadas da Etiópia, como a Frente de Libertação Oromo, que se aliaram aos separatistas da FLPT.[7][8]

Crimes de guerra têm sido cometidos por ambas as partes, [9][10][11][12] e a região mergulhou em uma profunda crise humanitária. Cerca de 500.000 pessoas morreram de fome, por falta de assistência médica ou de maneira violenta, nos últimos 16 meses, segundo estimativa de uma equipe de investigadores liderada pelo Professor Jan Nyssen, da Universidade de Ghent, que tem acompanhado a guerra de perto, desde o seu início. Tal estimativa inclui 50.000 a 100.000 vítimas de assassinatos diretos e 150.000 a 200.000 mortes por fome.[6][13] No início de 2021, estimava-se que já houvesse cerca de dois milhões de deslocados internos, em razão do conflito.[3]


Contexto

Após o fim da Guerra Civil Etíope em 1991, a Etiópia tornou-se um Estado de partido dominante sob o governo da Frente Democrática Revolucionária do Povo Etíope (FDRPE), uma coalizão de base étnica cujo membro fundador e mais influente foi a Frente de Libertação do Povo Tigré (FLPT), liderada por Meles Zenawi como presidente e depois primeiro-ministro até sua morte em 2012. Hailemariam Dessalegn, um Wolayta étnico do Movimento Democrático dos Povos do Sul da Etiópia (MDPSE) tornou-se o primeiro-ministro.[14]

Dessalegn se demitiu em 2018, em uma conjuntura de instabilidade e intensos protestos populares de teor antigovernamental. Abiy Ahmed Ali se elege em abril de 2018, anunciando um projeto reformador, com ênfase na liberalização e diálogo. Implícito nessa reforma estava o plano de deslocar o FLPT do centro do poder, que ocupava dentro da coalização da Frente Democrática Revolucionária do Povo Etíope desde 1991. Foi iniciada, assim, uma campanha de retirada de tigrés dos altos cargos do Estado, como a inteligência, força aérea, chefes das forças armadas e da indústria estatal. A cúpula das forças de segurança era até então um lugar de forte presença tigraniana.[14]

Apresentada como uma campanha de abertura política e renovação dos quadros do Estado, e distanciamento do antigo regime, a reorientação se cristalizou na formação do Partido da Prosperidade (PP) no fim de 2019, um partido pan-etiope que visava cooptar as lideranças da FDRPE. O FLPT, por sua condição de hegemonia e defesa da autonomia regional do Tigrai, se recusou a integrar o novo partido, e se esforçou em defender um projeto federalista com uma nova coalização, o que resultou em um insucesso. As lideranças étnicas, igualmente representadas na antiga coalização da FDRPE, mas efetivamente marginais à liderança do Tigray, buscaram aproveitar a oportunidade de reequilibrar suas posições no quadro nacional. Abiy Ahmed é o primeiro lider Oromo do país. Um ponto de conflito era o sistema do federalismo étnico que fundamentava o Estado etiope, PP de Ahmed considerava esse federalismo a causa de tensões e fragmentação no país, ao qual buscou contrapor um novo projeto de uma Grande Etiópia.[14]

Nesse contexto, a tensão entre Adis Ababa e Mekele já era marcante. Em razão da Pandemia de COVID-19, o organismo eleitoral nacional adiou as eleições regionais e nacionais de agosto de 2020. Os parlamentares tigrés se retiraram do legislativo federal em protesto, e uma disputa midiática tomou o país. O parlamento declarou subsequentemente ilegais comícios, ao mesmo tempo que extendeu os mandatos do governo nacionais e dos regionais. A TPLF declarou que não reconhecia a extensão do mandato do governo de Abiy Ahmed. Ao mesmo tempo, o governo federal lançou um plano de suspender o repasse de fundos ao executivo do Tigray, que alegaram ser uma violação do acordo federal. O TPLF declarou que o plano significava efetivamente a retirada do Tigrai do sistema federal, e era uma declaração de guerra.[14] Eleições regionais realizadas no Tigrai - injustas, segundo muitos críticos, que alegavam manipulação por parte do TPLF e falta de supervisão nacional e internacional - expressaram um amplo respaldo popular à política de disputa, e levaram o partido a reforçar sua linha de nacionalismo tigré e mesmo reivindicação de secessão. A partir disso o consenso nacional se deteriorou gravemente. De maneira sintomática, o governo do Tigrai se opôs a transferir o comando norte das forças armadas da Etiópia à um oficial enviado pelo governo federal. As lideranças tigrés passaram a sustentar publicamente que Abiy Ahmed estava criando um novo monopólio do poder, ao invés da democracia multipartidária que havia prometido.[14] Forças do Tigrai atacaram uma base militar ao oeste da região e se apropriaram das armas, a ação causou intervenção imediata por parte das forças nacionais, em 4 de novembro, segundo Ahmed, eles haviam "cruzado uma linha roxa". No dia seguinte o parlamento aprovou um estado de emergência de seis meses no Tigrai, e decidiu dissolver a administração da região para substituí-la por enviados da capital.[14]

Conflito armado


Em 4 de novembro de 2020, a Força de Defesa Nacional da Etiópia lançou uma operação militar contra a Frente de Libertação do Povo Tigré (FLPT) na região Tigré.[7] A operação foi lançada depois que Abiy Ahmed, o primeiro-ministro da Etiópia, declarou que a Frente de Libertação do Povo Tigré havia atacado uma base militar, embora as autoridades estatais de Tigré tenham negado o lançamento do ataque, de acordo com um oficial tigrínio. Foi declarado um estado de emergência na região durante os seis meses seguintes ao ataque. Os serviços de eletricidade, telefone e Internet em Tigré foram encerrados pelas autoridades nacionais. No entanto, a Administração Regional de Tigré ameaçou retaliar contra qualquer forma de ataque, pois todos os aspectos de transporte, incluindo voos, foram proibidos.[15][16][17] Durante a investida, várias pessoas declararam terem sido martirizadas, incluindo propriedades destruídas, enquanto outras ficaram feridas.[15] Após o encerramento dos serviços de telefone e internet em Tigré, a Amnistia Internacional instou as autoridades etíopes a restabelecer rapidamente as comunicações, de modo a respeitar o direito das pessoas à liberdade de expressão.[18]

Em 5 de novembro de 2020, Debretsion Gebremichael, administrador-chefe da região Tigré, afirmou que as forças tigrínias haviam apreendido a maioria das armas do quartel general do Comando Norte do Exército da Etiópia.[19] Debretsion também afirmou que o próprio Comando do Norte havia desertado para o lado dos tigrínios, embora essa alegação fosse denunciada pelo governo etíope como "informação falsa", e que a Força Aérea da Etiópia estava bombardeando áreas perto de Mek'ele, a capital de Tigré.[20][7]

Em 6 de novembro de 2020, Ahmed revelou que seu governo havia lançado um ataque aéreo contra as forças da região fortificada de Tigré em vários locais.[21] De acordo com o anúncio de Ahmed, foguetes e outras armas foram gravemente danificadas, impedindo as forças tigrínias de realizar uma resposta substancial.[21] Em março de 2021, Michelle Bachelet, a 7.ª chefe de direitos da ONU, pediu à Etiópia que permitisse a entrada de investigadores para conduzir uma investigação em Tigré. Bachelet afirmou que foi verificado vários "relatos de graves violações e abusos dos direitos humanos", incluindo assassinatos em massa na cidade de Axum e em Dengelat, pelas forças armadas da Eritreia; e acrescentou que "se tratava de violações graves do direito internacional, possivelmente correspondendo a crimes de guerra."[22]

2021


No fim de novembro de 2021, o primeiro ministro Abiy Ahmed, ganhador do prêmio nobel da paz, afirmou que iria para a frente de batalha liderar o exército etíope, em um desdobramento que chocou a comunidade internacional. A ação é vista como uma medida de emergência, dado o avanço das forças do tigré, que se aproximaram da capital com vitórias recentes, e ameaçam tomá-la. Alguns chamaram de um 'sinal de desespero', em razão do fracasso inesperado do exército federal diante das milicias. O primeiro ministro também afirmou que o Ocidente busca sabotar a etiópia, intervindo em seus assuntos internos.[23] A mídia estatal apresentou uma mensagem de Abiy no que alegam ser a frente de batalha, em que o primeiro ministro prometeu uma vitória sobre os inimigos. Prometeu também assumir uma posição ofensiva, e reverter os ganhos da FLPT. [24] O uso extensivo de drones tem sido verificado na ofensiva iniciada pelo governo federal em novembro de 2021, essa tecnologia foi apontada como a base material da reversão dos ganhos feitos pelas forças do Tigré em sua campanha em direção à capital.[25] Relatos de que Abiy Ahmed negociou com diversas potencias produtoras de drones circularam por meses.[26] Evidências fotográficas demonstram a presença de drones chineses, turcos e iranianos nas bases militares do governo etiope.[25]

Outras forças envolvidas


Diversas outras forças políticas e militares da etiópia também se envolveram no conflito, formando alianças com algum dos lados. Esse multiplicidade de atores é expressiva da fragmentação nacional que o federalismo étnico buscava equilibrar em discurso, mas que também foi tensionada durante o período de vigÊncia da Frente Democrática Revolucionária do Povo Etíope.

Amhara


As Forças Regionais de Amhara e suas milicias alidas se entraram no conflito em conjunção com o governo federal. A região de Amhara, que faz fronteira com o Tigré ao sul, possui uma reivindicação histórica sobre territórios que considera que foram injustamente anexados pelo TLPT no início da década de 1980. No contexto da guerra, essas forças ocuparam esses territórios, e foram acusadas de conduzir campanhas brutais de limpeza étnica no Tigré ocidental, que causou uma migração de refugiados para o Sudão.[27]

Frente de Libertação Oromo


Grupos armados da região da Oromia se envolveram na guerra, principalmente a ala militar da Frente de Libertação Oromo, uma organização independentista que reivindica a autodeterminação do povo Oromo. Foram denunciados pelas autoridades de Amhara de conduzir uma guerra relâmpago, e acusada de massacres civis e destruição no território Amhara. A Frente rejeita e constituição vigente e defende uma nova constituição que garanta maior autonomia às etnias.[28]

Envolvimento da Eritreia


A relação entre Eritreia e Etiópia é uma fonte histórica de instabilidade, marcada por conflitos armados como a guerra entre 1998-2000. A guerra terminou em um impasse, sem resolução. Essa situação se alterou no encontro entre Abiy Ahmed e o primeiro ministro eritreo Isaías Afewerki em 2018, que marcou a retomada de relações bilaterais. A participação das Forças Eritreias de Defesa no conflito significou a internacionalição do conflito e sua possibilidade de escala, estas invadiram o Tigraí e mantiveram uma ocupação temporária em partes da região. A Eritreia é inimiga histórica da Frente de Libertação do Povo Tigré, e sua aproximação com o governo de Abiy pode ter sido motivada por essa inimizade comum e o desejo de eliminar o potêncial do Tigré. A aliança militar entre governo federal e Eritreia é, por outro lado, pouco esclarecida publicamente.[29]

Em retaliação ao ataque, o FLPT realizou um ataque ao aeroporto de Asmara, capital da Eritreia, em 15 de novembro.[29]

Desenvolvimentos políticos


A escalada do conflito na segunda metade de 2021, que tomou dimensões nacionais com o crescimento da aliança anti-governista para além da FLPT e pelas derrotas que colocaram o governo federal em uma situação defensiva, ficou expressa na declaração de estado de emergência pelo governo da etiópia, em 2 de Novembro de 2021, que concedeu à si mesmo o poder de restringir a manutenção dos direitos humanos, intervir na independência do judiciário, estabelecer barreiras rodoviárias, toques de recolher e a ocupações militares em qualquer área. Como também a detenção de qualquer pessoa vinculada ao "terrorismo" sem um mandato e a conscrição de qualquer cidadão em idade militar.[30] Uma desdobramento que causou repercussões nas organizações internacionais de direitos humanos.[31]

Autoridades do governo etíope convocaram os cidadãos da capital para se prepararem na hipótese de um ataque.[30]

Diversos países recomendam que seus cidadãos deixem a Etiópia o quanto antes. A embaixada estadunidense ordenou a saída de seus funcionários não essenciais. A Zâmbia repatriou 31 funcionários de sua embaixada após convocar seus cidadãos à deixar o país.[32]

Situação humanitária


Desde o início do conflito, múltiplas denúncias de assassinato em massa de civis, limpeza étnica - inclusive genocidio -, uso generalizado de violência sexual, e insegurança alimentar, vieram da região e repercutiram em organismos internacionais de direitos humanos. O governo federal etíope foi acusado de impedir o acesso de organismo de ajuda humanitária aos refugiados e pessoas em situação vulnerável no Tigraí, e também de impedir a supervisão por parte desses agentes.[33][34] Em 9 de Novembro de 2021, a ONU acusou o governo da Etiópia de prender 22 funcionários da organização que atuam na capital do país, Addis Ababa.[32] O governo não ofereceu nenhuma explicação imediata para as prisões, que foi vista como expressão da intensificação das tensões entre o país e as organizações internacionais, que tem se agravado desde o início da guerra e sua repercussão global negativa. Em Setembro o governo da etiópia já havia solicitado a expulsão de sete oficiais da ONU, sob a acusação de haviam se intrometido nas questões internas do país.[32] No dia seguinte, 10 de Novembro, foram detidos 72 pessoas que trabalhavam como motoristas do World Food Programme (WFP), mantido pela ONU. A organização disse que as prisões aconteceram na capital da provincia de Afar, de onde parte a única estrada em funcionamento para o Tigré, onde centenas de milhares de pessoas estão em situação de fome. O porta-voz da ONU expressou preocupação de que a razão dessas detenções seja étnica, dado que todos os funcionários previamente presos são do Tigré.[35]

Referências

  1.  Air strikes in Ethiopia's Tigray region will continue, PM saysReuters, 7 de novembro de 2020.
  2.  «Situation Report EEPA HORN No. 85 – 16 February 2021» (PDF)Europe External Programme with Africa. 16 de fevereiro de 2021. Consultado em 16 de fevereiro de 2021Cópia arquivada (PDF) em 16 de fevereiro de 2021
  3. ↑ a b «Viewpoint: From Ethiopia's Tigray region to Yemen, the dilemma of declaring a famine». BBC. Consultado em 27 de março de 2021
  4.  «Ethiopia's civil war: one man's journey from entrepreneur to militant»The Economist. 26 de novembro de 2021
  5.  «Next Africa: What Does Tigray Want From Ethiopian Civil War?»Bloomberg. 26 de novembro de 2021
  6. ↑ a b Tigray war has seen up to half a million dead from violence and starvation, say researchers. Por Geoffrey York. theglobeandmail.com, 14 de março de 2022.
  7. ↑ a b c Paravicini, Giulia; Endeshaw, Dawit (4 de Novembro de 2020). «Ethiopia sends army into Tigray region, heavy fighting reported»Reuters
  8.  Etiópia em guerra com região separatista de TigrayDeutsche Welle.
  9.  «Ethiopia: Unlawful Shelling of Tigray Urban Areas». Human Rights Watch. 11 de fevereiro de 2021. Cópia arquivada em 14 de fevereiro de 2021
  10.  Dahir, Abdi Latif; Hicks, Tyler (9 de dezembro de 2020). «Fleeing Ethiopians Tell of Ethnic Massacres in Tigray War»The New York TimesISSN 0362-4331Cópia arquivada em 10 de dezembro de 2020
  11.  «Rapid Investigation into Grave Human Rights Violation Maikadra - Preliminary Findings»Ethiopian Human Rights Commission. 24 de novembro de 2020
  12.  Nebehay, Stephanie; Endeshaw, Dawit (3 de novembro de 2021). «Joint UN, Ethiopia rights team: all sides committed abuses in Tigray». Reuters
  13.  BREAKING: Tigray war mortality: half a million people? Professor Jan Nyssen, Ghent University martinplaut.com, 13 de março de 2022.
  14. ↑ a b c d e f Molfino 2021.
  15. ↑ a b «Tigray crisis: Ethiopia orders military response after army base seized»BBC News. 4 de Novembro de 2020
  16.  Ali, Faisal (6 de Novembro de 2020). «What led to Abiy Ahmed's military operation in Ethiopia's Tigray region?»TRT World
  17.  Gebre, Samuel; Marks, Simon (4 de Novembro de 2020). «Ethiopia Risks Descent Into Civil War as Tensions Flare»Bloomberg
  18.  «Ethiopia: Authorities must ensure human rights are respected in Tigray military operation»Amnesty International. 4 de Novembro de 2020
  19.  «Tigray crisis: Ethiopia's Abiy Ahmed vows to continue military offensive»Yahoo! News. 5 de Novembro de 2020 – via BBC News
  20.  Meseret, Elias; Anna, Cara (5 de Novembro de 2020). «Ethiopia says forced into 'aimless war' as bombings alleged»AP News
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Bibliografia

Wikipédia