sexta-feira, 3 de maio de 2019

9 perguntas sobre Leonardo Da Vinci que nunca se calam | Clic Noticias

Da prática de bruxaria ao funeral seguido por 60 mendigos.

Por Tiago Cordeiro
1. O Santo Sudário é obra de Da Vinci?
Santo Sudário A peça de linho de 4,36 metros de comprimento e 1,1 metro de largura fica guardada na catedral de São João Batista, em Turim.
A peça de linho de 4,36 metros de comprimento e 1,1 metro de largura fica guardada na catedral de São João Batista, em Turim. (Reprodução/Divulgação)
O sudário é uma peça de linho com 4,36 metros de comprimento e 1,1 metro de largura. Conhecido desde meados do século 14, fica guardado na catedral de São João Batista, em Turim, e eventualmente é exposto ao público.
Há quem acredite que ele seja obra de Da Vinci, como os pesquisadores ingleses Lynn Picknet e Clive Prince. A tese virou notícia em 2006, quando eles lançaram em conjunto o livro Turin Shroud: How Leonardo da Vinci Fooled History (“O Sudário de Turim: Como Leonardo da Vinci Fraudou a História”, na versão brasileira).
Três anos mais tarde, a artista plástica norte-americana Lillian Schwartz endossou a história, depois de analisar imagens da mortalha em computador. E foi além, muito além: afirmou que o rosto impresso no tecido não era de Jesus Cristo, mas do próprio Da Vinci.
As teorias de Picknet, Prince e Schwartz podem até render um bom roteiro de cinema, mas não fazem nenhum eco entre os religiosos ou na comunidade científica. Para a Igreja, o Santo Sudário é e sempre será a representação do corpo de Cristo.
Já os cientistas – ou pelo menos a maior parte deles – preferem depositar suas fichas em uma datação de carbono-14 feita em 1988, segundo a qual o sudário teria sido confeccionado ente os anos de 1260 e 1390. Qualquer que seja a hipótese, ela não bate com a tese da autoria do renascentista.
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2. Ele era alquimista?
Provavelmente não. Em suas anotações, Da Vinci criticava quem “desperdiçava energia procurando por elixires da vida”. Uma das notas registra textualmente o seguinte: “Os antigos alquimistas não conseguiram, por sorte ou com experimentos, criar nem mesmo o menor elemento. (…) Merecem louvores por desenvolver coisas muito úteis para o uso das pessoas, mas mereceriam ainda mais se não fossem os inventores de produtos nocivos, como venenos.”
Destaque-se, todavia, que o gênio renascentista viveu uma época em que as fronteiras ente ciência, arte e misticismo não eram lá muito bem definidas. Por exemplo: astronomia e astrologia se emaranhavam tanto que eram consideradas um só campo de estudos – inclusive por intelectuais sofisticados como Da Vinci.
“As linhas mestras do pensamento renascentista, das quais Leonardo era não só seguidor, mas entusiasta, juntavam o humanismo grego com experiências alquimistas e conhecimentos herméticos”, diz Christopher Witcombe, professor do departamento de história da arte da Universidade de Virgínia, nos Estados Unidos. “Era esse o ambiente no fim do século 15, começo do século 16.”
3. Ele escondeu códigos de verdade em seus quadros?
Mona Lisa Nas pupilas de Mona Lisa há letrinhas miúdas, invisíveis a olho nu, pintadas por Da Vinci,
Nas pupilas de Mona Lisa há letrinhas miúdas, invisíveis a olho nu, pintadas por Da Vinci, (Reprodução/Divulgação)
Sim, escondeu. E o fez, inclusive, em uma de suas obras mais famosas, Mona Lisa. A descoberta foi feita em 2010 pelo pesquisador italiano Silvano Vinceti, presidente da comissão nacional de patrimônio cultural da Itália.
Ao analisar a pintura com a ajuda de um microscópio eletrônico, ele encontrou uma série de letras nas duas pupilas da moça retratada. Invisíveis a olho nu, elas foram pintadas com tinta preta sobre fundo verde e marrom escuros. As da pupila esquerda estão ligeiramente borradas. Na direita, identificam-se claramente as letas “LV” (de Leonardo da Vinci). Na esquerda, algo parecido com “CE” ou “CB”.
O que elas significam? Não se sabe. Vinceti acredita que as letras podem ser iniciais do nome da modelo, o que derrubaria a tese de que a retratada era a florentina Lisa Gherardini. O pesquisador está convencido de que a pintura não foi feita em Florença entre 1503 e 1506, como se supõe, mas em Milão na década de 1490. A modelo, portanto, provavelmente seria uma mulher da corte de Ludovico Sforza, o duque local.
4. Dormia só uma hora e meia por dia?
Muito já se especulou sobre o suposto hábito de dormir pouco de Leonardo da Vinci. Afinal, isso ajudaria a explicar a incrível produtividade do mestre renascentista. Pode ser, por exemplo, que ele fosse adepto do que se costuma chamar de sono polifásico – seis sonecas de 15 minutos tiradas a cada quatro horas. Assim, Da Vinci proporcionaria ao seu corpo todo o descanso necessário, sem ter de dormir as oito horas normalmente recomendadas.
A tese é boa, mas não há nas anotações do artista qualquer indício de que ele dormisse tão pouco. “Na verdade, isso é bem improvável, levando-se em conta justamente sua tremenda capacidade produtiva”, diz Susan Redline, professora de medicina do sono da Universidade Harvard, nos Estados Unidos.
Segundo Redline, ninguém seria capaz de produzir como Da Vinci produziu, durante uma vida inteira, dormindo apenas 90 minutos por dia. “O esgotamento físico e mental seria constante.” A propósito: acredita-se que o meste tenha morrido durante o sono.
5. Era maníaco-depressivo?
 Há quem diga que Da Vinci tinha transtorno bipolar ou mesmo déficit de atenção com hiperatividade (TDAH).
Há quem diga que Da Vinci tinha transtorno bipolar ou mesmo déficit de atenção com hiperatividade (TDAH). (montagem sobre reprodução/iStock)
Entre as várias suposições de algum problema mental, destaca-se uma: a de que Leonardo da Vinci sofria de transtorno bipolar, mal caracterizado por fortes oscilações de humor (da total euforia à mais profunda depressão).
Vários indícios apontariam nessa direção. Sabe-se, por exemplo, que Da Vinci alternava jornadas extenuantes de trabalho, do nascer ao pôr-do-sol, com dias inteiros de absoluto desinteresse pelo que estava produzindo. São notórios também o desapego ao cumprimento dos prazos acordados com seus contratantes, a obsessão pelo perfeccionismo e a dificuldade para se concentrar em um único assunto. Some-se a isso todo o comportamento excêntrico, típico dos gênios, e pronto, tem-se um quadro de aparente bipolaridade.
Acontece que não há provas, apenas suspeitas, e elas não necessariamente se aplicam a um possível quadro de transtorno bipolar. Pode ser que o meste sofresse de algum outo problema de natureza neurológica, como déficit de atenção com hiperatividade (TDAH). Ou que não tivesse problema algum. “É impossível cravar uma resposta”, dizem as pesquisadoras americanas Cynthia Phillips e Shana Priwer, autoras do livro Da Vinci: 101 Segredos do Maior Gênio da Humanidade (Ed. Alegro, 224 págs.). “O jeito errático do artista pode ter sido só uma manifestação da sua mente brilhante e nada ortodoxa.”
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6. Por que seu funeral foi seguido por mendigos?
Eis um mistério que talvez nunca seja desvendado. Foi Leonardo da Vinci quem quis assim. Ele registrou seu desejo em testamento, determinando que 60 mendigos acompanhassem seu caixão entre os familiares, amigos e nobres que lá também estariam.
Não foi difícil reunir os desvalidos. Nos arredores de Clos Lucé, em Amboise, onde Da Vinci morreu, em 1519, havia robusta população de miseráveis. Consta, inclusive, que um pequeno valor em dinheiro foi destinado a cada um dos 60 pelos serviços prestados.
Qual teria sido a intenção de Da Vinci ao armar esse jogo de cena? Ninguém faz ideia. O renascentista não deixou pistas. Até onde se sabe, também não comentou o desejo com ninguém antes de morrer. “Talvez ele quisesse ironizar ou agredir a nobreza que, embora tenha financiado seu trabalho, sempre tentou controlar sua verve criativa”, especula George Gorse, professor de história da arte do Pomona College, nos Estados Unidos. “O ressentimento com os ricos é plausível. Como filho bastardo, Leonardo custou a ser acolhido pela alta sociedade.”
7. O mestre era chegado a bruxarias?
A virgem das rochas Há duas versões de A Virgem das Rochas, ambas pintadas por Da Vinci. São pratica- mente idênticas. A que ficou pronta primeiro (foto) hoje está no Louvre, em Paris. A outra, poucos centímetros menor, pertence à National Gallery de Londres.
Há duas versões de A Virgem das Rochas, ambas pintadas por Da Vinci. São pratica- mente idênticas. A que ficou pronta primeiro (foto) hoje está no Louvre, em Paris. A outra, poucos centímetros menor, pertence à National Gallery de Londres. (Reprodução/Divulgação)
Pouco provável, levando-se em conta sua devoção ao conhecimento científico. Leonardo da Vinci tinha uma visão aristotélica do mundo, o que equivale a dizer que valorizava, acima de tudo, a investigação e a observação da natureza.
As especulações sobre o envolvimento de Leonardo da Vinci com magia possivelmente têm origem no uso que ele fez de alguns símbolos pagãos em suas obras. Exemplo: as plantas que aparecem na cena retratada em A Virgem das Rochas (1483-1486). Algumas delas, como as espécies popularmente conhecidas como aquilégia (Aquilegia vulgaris) e cimbalaria (Cymbalaria muralis), são tradicionalmente associadas aos rituais do paganismo europeu.
Mas isso não necessariamente quer dizer que Da Vinci fosse bruxo, é lógico. Na verdade, o mais provável é que o renascentista fosse apenas um sujeito fascinado por botânica e que nutria profundo interesse pela mitologia pagã – em particular a celta.
8. Ele se camuflou em alguma pintura?
Provavelmente sim. Acredita-se que Da Vinci tenha se autorretatado mais de uma vez ao pintar figuras bíblicas. Isso teria ocorrido, por exemplo, nas obras A Anunciação (1472-1475), em que ele seria o anjo Gabriel, e São João Batista (1508-1509), na qual teria emprestado suas feições ao próprio santo.
O caso mais famoso de todos, porém, talvez seja o de A Última Ceia, uma de suas obras mais conhecidas. Nesse afresco, o artista teria se colocado no lugar do apóstolo Judas Tadeu.
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9. O Código Da Vinci tem algum fundamento?
 Independentemente da veracidade dos fatos que inspiraram sua trama, O Código Da Vinci foi um enorme sucesso, com mais de 80 milhões de cópias vendidas ao redor do mundo. O filme baseado no livro também foi bem: cerca de 750 milhões de espectadores.
Independentemente da veracidade dos fatos que inspiraram sua trama, O Código Da Vinci foi um enorme sucesso, com mais de 80 milhões de cópias vendidas ao redor do mundo. O filme baseado no livro também foi bem: cerca de 750 milhões de espectadores. (Reprodução/Divulgação)
Por mais que Dan Brown siga afirmando que baseou sua história em fatos reais, quase nada do que o autor escreveu no livro tem fundamentação histórica. Para quem não se lembra: em O Código Da Vinci, o mestre renascentista é apresentado como chefe de uma sociedade secreta denominada Priorado de Sião, entre os anos de 1510 e 1519.
Esse grupo guardaria um segredo bombástico: diferentemente do que se lê na Bíblia, Jesus Cristo teria se casado com Maria Madalena e tido com ela dois filhos. Se revelada, essa história seria capaz de varrer do mapa a Igreja Católica. E Da Vinci teria espalhado referências a ela em várias de suas obras.
Algumas das pistas estariam em A Última Ceia. A trama de Dan Brown sugere que o apóstolo João, à direita de Cristo no afresco, na verdade é a esposa do profeta. A fisionomia de traços finos, quase “andrógina”, teria sido planejada pelo artista, de modo a não deixar claro se aquela figura era masculina ou feminina. Além disso, o espaço entre o profeta e sua suposta companheira formaria intencionalmente uma leta “M” – as iniciais de Maria Madalena.
“Nada disso corresponde à realidade”, garante Darrell L. Bock, professor de estudos do Novo Testamento do Seminário Teológico de Dallas, nos Estados Unidos, e autor de Quebrando o Código Da Vinci (Ed. Novo Século, 200 págs.), um livro que se propõe a desconstruir o best-seller de Dan Brown página por página. “Fatos avulsos relacionados à vida de Leonardo foram completamente tirados de contexto, ou mesmo alterados, para dar sentido à trama.”
Superinteressante

A nova face da plástica | Clic Noticias



A tendência é moldar o rosto com preenchedores.

Por Luiza Monteiro access_time22 abr 2019, 18h34 – Atualizado em 22 abr 2019, 18h35
Lábios carnudos, bochechas marcadas, mandíbula bem definida, queixo esculpido. Esses são os resultados prometidos por clínicas de estética facial que vendem o “pacote Kylie Jenner”: um festival de substâncias injetadas em todos os cantos da cara com o objetivo de reproduzir a transformação pela qual passou a americana de 21 anos e 131 milhões de seguidores no Instagram.
Nos últimos cinco anos, ela deixou para trás a carinha adolescente e adotou a mesma aparência de mulherão de sua irmã, a socialite Kim Kardashian. A pele clara, a boca fina e o nariz com sardas deram lugar ao rosto bronzeado, anguloso e com lábios volumosos. O visual é desejado (e copiado) por boa parte das mulheres que acompanham Kylie e sua família há 12 anos no reality show Keeping Up with the Kardashians, um dos programas de maior audiência da TV americana.
A metamorfose não tem mistério: Kylie recorreu a preenchedores para modificar seus traços. Assim como muitas outras pessoas que querem mudar algum aspecto do rosto sem cirurgia. Entre 2012 e 2017, procedimentos com injetáveis – que incluem, por exemplo, o ácido hialurônico e a toxina botulínica, o botox – aumentaram 40,6% nos Estados Unidos (1) . No Brasil, o crescimento foi ainda maior: 80%. Isso só entre 2014 e 2016 (2).
O ácido hialurônico é a substância mais requisitada por quem quer um nariz mais retinho ou sobrancelhas arqueadas sem precisar entrar na faca. Apesar de ser usado no Brasil desde 1996, ele se popularizou nos últimos anos com a onda da “harmonização facial”. O tratamento estético que caiu no gosto dos brasileiros (sim, homens também fazem) busca equilibrar as características do rosto apenas com preenchimentos. Se o que incomoda é a boca fina, algumas sessões de agulhadas do ácido garantem lábios com mais volume; caso seja o queixo pouco delineado, o produto dá uma redesenhada nele.
O último levantamento global de procedimentos estéticos da Sociedade Internacional de Cirurgia Plástica Estética (ISAPS) aponta que foram realizadas 254 mil aplicações de ácido hialurônico no Brasil apenas em 2017. O número é três vezes maior do que o total de rinoplastias. Não é para menos: modificar o nariz com um preenchedor é bem mais barato do que por meio de uma operação cirúrgica. Cada aplicação do ácido hialurônico custa, em média, R$ 2 mil; já uma rinoplastia não sai por menos de R$ 8 mil.
Mas não é só o preço que justifica o apelo dessa substância – a segurança também. Entre os preenchedores, é o método com menor risco de provocar uma reação alérgica (a probabilidade é de menos de 1%). Isso porque nós já produzimos ácido hialurônico naturalmente, então o organismo não o vê como algo estranho. Até os 30 anos, temos boas quantidades desse ácido, que confere mais elasticidade à pele e às articulações – ele atrai água, então funciona como um lubrificante. Na pele, é como se fosse a espuma de um colchão – assegura a derme firme e maleável que todo mundo tem aos 20 e poucos, e ninguém aos 40 e poucos.
A ciência sabe como produzir ácido hialurônico a partir de várias fontes. Está descoberta a fonte da juventude, então? Não. O ácido que o corpo produz é líquido. Não dá para aplicar de forma eficiente. “Se injetarmos a versão líquida, ele só vai hidratar a região, e será dissolvido em até 72 horas”, diz o médico Jardis Volpe, membro da Sociedade Brasileira de Dermatologia. O que a indústria faz é outra coisa: ácido hialurônico em gel. Ele não devolve a juventude, mas esculpe o rosto de forma segura, como dissemos lá atrás.
Cada aplicação dura de seis meses a dois anos. Há versões mais finas, usadas nos lábios, e outras mais espessas, para regiões com pele grossa – bochecha, nariz, contorno do rosto. Bônus: se o resultado não ficar bom, dá para dissolver o ácido com um antídoto, a enzima hialuronidase – que também é produzida no nosso organismo.
Outra classe de preenchedor que tem ficado mais popular é a dos estimuladores de colágeno. A proposta aí não é tanto dar volume, mas aumentar a espessura da pele. Funciona assim: o produto, quando injetado, causa uma inflamação leve, que dura algumas semanas. Esse processo ativa os fibroblastos, células que produzem colágeno, proteína que dá firmeza à pele.
O botox, mais um queridinho de quem não quer encarar o bisturi, age de forma bem diferente. Ele não preenche nada, só paralisa a contração muscular, para evitar rugas. A toxina botulínica faz isso bloqueando temporariamente a acetilcolina, neurotransmissor responsável pela movimentação dos músculos. Essa é a mesma origem do botulismo (daí a coisa chamar “toxina botulínica”). A dose nos tratamentos estéticos, porém, é cem vezes menor do que a necessária para causar problemas.
(1) Dados da Sociedade Americana de Cirurgia Plástica Estética.
(2) De acordo com o mais recente censo da Sociedade Brasileira de Cirurgia Plástica (SBCP)
Plástica sem caô
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(Yan Blanco/Superinteressante)
Não são só cirurgiões plásticos e dermatologistas que executam tratamentos de harmonização facial. Dentistas, farmacêuticos e biomédicos também. Isso é motivo de muita disputa entre a classe médica e as demais categorias. Cirurgiões plásticos e dermatologistas dizem que somente eles deveriam fazer esses procedimentos, já que seriam os mais preparados não só para lidar com questões técnicas, mas também com possíveis complicações. Os profissionais das outras áreas não concordam, naturalmente.
Em janeiro de 2019, o Conselho Federal de Odontologia publicou uma resolução que torna a harmonização facial uma especialidade da profissão. Significa que dentistas podem, oficialmente, se tornar especialistas em aplicações de preenchedores, botox e outros procedimentos com fins estéticos em qualquer região acima do pescoço. “A atuação do dentista e do médico se confunde nessa área. Alguns problemas são cuidados por médicos, outros por dentistas, e outros pelos dois”, pontua Marcelo Januzzi, do Conselho Regional de Odontologia de São Paulo.
Independentemente do profissional escolhido, é fundamental que ele tenha experiência com preenchimentos. Por mais seguros que sejam os produtos, aplicações feitas nos lugares errados, como em vasos sanguíneos, podem causar deformidades, necrose, cegueira. “Fazer boas injeções parece simples. A curva de aprendizado, porém, não é rápida”, observa Volpe.
A qualidade do material é tão importante quanto a do profissional. Fique com um pé atrás se a proposta for injetar substâncias não absorvidas pelo organismo, como o polimetilmetacrilato, mais conhecido como PMMA. Ele é liberado pela Anvisa para procedimentos estéticos, mas boa parte dos médicos é contra. Tanto a Sociedade Brasileira de Cirurgia Plástica como a Sociedade Brasileira de Dermatologia defendem que o uso e a comercialização do PMMA deveriam ser banidos no País.
O PMMA consiste em microesferas de acrílico, que rapidamente se espalham pela região onde foram aplicadas. É praticamente impossível removê-las totalmente, caso seja necessário. Por ser um material estranho ao organismo, as possíveis complicações vão de reações alérgicas a necrose da área contaminada. Em situações mais graves, o quadro evolui até para a morte. Muitos recorrem a esse método pelo preço – a aplicação sai por R$ 900, bem mais em conta do que o ácido hialurônico. O problema é que o barato pode sair (muito) caro.
Rosto preenchido
Nariz reto e empinado, bocão, olheiras discretas: os principais desejos das mulheres adeptas dos preenchedores faciais.
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(Yan Blanco/Superinteressante)
Olhos descansados
O ácido hialurônico ajuda a clarear o tom arroxeado das olheiras. Ao preencher a região, ele afasta a pele dos vasos sanguíneos, diminuindo a mancha escura.
Narizinho
A ideia é equilibrar a “corcunda” no dorso do nariz – aplicando um pouco de ácido acima ou abaixo do dorso. Também injetam na pontinha, para dar uma arrebitada.
Lábios de mel
O preenchedor garante mais volume labial. Aplicado no contorno dos lábios, o ácido pode definir melhor o desenho da boca.
Rosto anguloso
Preenchedores injetados no queixo e na mandíbula realçam o contorno da face em quem tem essas áreas pouco definidas.
Sobrancelha arqueada
A aplicação na lateral externa do supercílio eleva a região. Dá para fazer com ácido hialurônico, botox e estimulador de colágeno.
Bem na selfie
Nunca fotografamos tanto nosso próprio rosto. Uma pessoa que nasceu entre 1980 e meados da década de 1990 – um millennial, portanto – vai tirar mais de 25 mil fotos de si mesma até o fim da vida. Os integrantes dessa geração, que hoje têm entre 20 e 40 anos, passam uma hora por semana, em média, buscando o ângulo perfeito para clicar a própria cara.
E isso tem tudo a ver com o boom de procedimentos estéticos dos últimos anos. Pesquisadores da Universidade Kirikkale, na Turquia, publicaram, em 2017, um dos primeiros artigos sobre o tema. Eles analisaram o que mudou na rinoplastia após a era das selfies. A cirurgia de nariz ocupa o quarto lugar no ranking dos procedimentos cirúrgicos mais executados no mundo, segundo a ISAPS. Entre 2016 e 2017, foi a cirurgia que mais cresceu, com uma alta de 11%.
Para os cientistas turcos, a quantidade excessiva de fotos que as pessoas tiram delas mesmas tem grande participação nisso, justamente porque elas passam muito tempo reparando no próprio rosto. Se antes o que mais incomodava era a curvatura no dorso do nariz (aquela “corcunda” que alguns têm), hoje, há uma preocupação maior com detalhes como a assimetria entre os dois lados da face – algo que, em maior ou menor grau, todo mundo tem.
Pior. Um estudo americano publicado no ano passado no jornal científico Jama Facial Plastic Surgery concluiu que as fotos que tiramos de nós mesmos, geralmente a uma distância de 30 centímetros, aumentam em 30% o tamanho do nariz. A explicação: essa é a parte do rosto mais próxima da câmera – que, nos smartphones, costuma ter uma lente grande angular. A proposta é capturar cenas mais amplas (e, claro, caber todo mundo na selfie), então a lente destaca o que está no centro da imagem e comprime o que está nas bordas. Daí o nariz parecer maior do que ele realmente é. Quanto mais perto da câmera, mais esse efeito se intensifica. Na pesquisa, as proporções faciais se mantiveram corretas quando o clique foi a 1,5 metro do rosto. (Talvez o pau de selfie não seja uma ideia tão ruim, né?)
Os filtros do Instagram e do Snapchat – aqueles que aumentam os olhos, afinam o rosto etc. – também estão na mira da ciência. Algumas pessoas estariam desenvolvendo o que especialistas têm chamado de “dismorfia do Snapchat”. O termo foi cunhado por um cirurgião britânico após chegarem ao seu consultório pessoas querendo que seus olhos, nariz e pele ficassem iguais a quando elas recorriam aos filtros.
Em um artigo publicado em abril de 2018, também no Jama Facial Plastic Surgery, dermatologistas da Universidade de Boston afirmam que “a tendência é alarmante, porque algumas dessas feições são inatingíveis”. O comportamento já é percebido aqui no Brasil. “Tive alguns casos em que as pacientes queriam olhos de gato. Mas isso não existe!”, diz o cirurgião plástico Eduardo Sucupira, da Sociedade Brasileira de Cirurgia Plástica.
A preocupação com a aparência é algo tão natural quanto a preocupação com a saúde. Mas, da mesma forma que há hipocondríacos, também não falta quem eleve a preocupação estética ao patamar de obsessão. São os portadores daquilo que os médicos chamam de “transtorno dismórfico corporal”.
E não estamos falando apenas dos Michael Jacksons da vida, mas de qualquer pessoa que fique obcecada com supostos “defeitos” que só ela percebe. “Estudos mostram que até 15% daqueles que fazem cirurgia plástica podem ter esse transtorno”, diz a psiquiatra Albina Rodrigues Torres, professora da Faculdade de Medicina de Botucatu – Unesp. Em algumas situações, entrar na faca (ou injetar um preenchedor) ajuda a apaziguar um incômodo, de fato. Mas cuidado. Às vezes o problema não está no rosto. Está na cabeça.
Filtro eterno
Irmãs Kardashian, filtros e aplicativos que mudam o rosto inspiram o boom nas plásticas.
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(Yan Blanco/Superinteressante)
Olhão
Aplicações leves de botox ao redor da cavidade ocular podem aumentar a área dos olhos, e deixar seu rosto com um “filtro eterno” de Instagram. Mas cuidado: o risco de resultados desastrosos é alto.
Boca à la Kylie Jenner
A Kardashian é a musa inspiradora de quem quer ter bocão. Existe até um filtro no Stories do Instagram com o nome dela que aumenta instantaneamente os lábios – e ainda permite trocar a cor do batom.
Contorno facial
As Kardashian também popularizaram o contour, técnica de maquiagem que cria pontos de sombra e luz para refinar os traços do rosto. Dá para obter o resultado de forma mais definitiva com preenchedores e com a bichectomia, cirurgia que retira gordura da bochecha.
Sorriso brilhante
Apps de edição permitem deixar os dentes mais brancos. Mas muita gente tem recorrido às lentes de contato dentais: lâminas de cerâmica que clareiam e dão brilho. A plástica gengival também está se popularizando – a ideia é deixar menos gengiva aparente ao sorrir.
Superinteressante

Site envia spoilers de Game of Thrones para seus amigos (ou inimigos) | Clic Noticias

Se você é fã da série mas assiste os episódios um pouco atrasado, é melhor se preocupar — e muito — com seus SMS.

Por Maria Clara Rossini
(HBO/Reprodução)
Com o final de Game of Thrones se aproximando, fica difícil fugir dos spoilers. As redes sociais são a principal ameaça – mas se seus amigos forem malvados o suficiente, você não precisa nem desbloquear o celular para se dar mal: o aplicativo Spoiler.io manda, sob encomenda, mensagens de texto anônimas com revelações sobre a série para qualquer número de celular.
Ele cobra 0,99 dólares por vítima e por episódio. Todo domingo, assim que o episódio termina, as vítimas recebem um SMS com os principais acontecimentos da noite. O Spoiler.io é americano, mas envia mensagens para qualquer lugar do mundo. Ou seja: se você tem um amigo mala morando no exterior, é bom ficar de olho. As mensagens são enviadas em inglês, o que já é um alívio a mais para quem não fala a língua.
Tem um toque de crueldade: se o seu amigo (ou inimigo) ficar extremamente furioso e responder as mensagens com os piores xingamentos imagináveis, você também pode ter acesso à essas reações. O aplicativo envia um email com um link para todas as respostas da vítima. E tem mais: as melhores são postadas no Twitter do Spoiler.io
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Bom, é só bloquear o número para não receber mais as mensagens, certo? Não é tão fácil assim. O site utiliza diferentes números de telefone para o envio dos spoilers. Então nada garante que você não vá receber as mensagens na semana seguinte de um número diferente. Nem a polícia metropolitana de Londres conseguiu escapar.
A ideia para a criação do site vem de uma história cruel postada no Reddit: era uma vez um casal que sempre assistia aos episódios juntos. Foi a moça que apresentou a série ao namorado e ele logo se apaixonou. Depois de um tempo, ele traiu seu mozão com outra, e eles terminaram.
O rapaz passou a ver Game of Thrones com a nova namorada. Mas como precisava esperá-la chegar do trabalho, eles só podiam assistir os episódios no dia seguinte à estreia. Assim, depois de cada episódio, a ex passou a enviar mensagens com todos os spoilers, apelando para Facebook, Whatsapp e até celular de amigos. Ele nunca mais assistiu à série em paz.
Ainda restam três episódios até o final da série. Caso você queira destruir amizades e tenha alguns dólares sobrando, Pode entrar no site e inserir seu nome, email e o número da vítima. Mas se você for a pessoa que assiste atrasado, é melhor tomar mais cuidado com quem tem seu número de celular.
Superinteressante

Mecânica quântica e universos paralelos – a física de “Vingadores: Ultimato” | Clic Noticias

Saiu do cinema coçando a cabeça? Calma: Schrödinger vem te salvar. A SUPER explica, com ciência, como o plano – você sabe que plano é – dá certo.

(Marvel/Reprodução)
A SUPER nem precisa avisar que esta matéria é o maior poço de spoilers de Vingadores: Ultimato desde a embalagem de hambúrguer da thread abaixo. Se você não viu o filme ainda, só vai embora, por favor. Agradecemos a audiência, mas é para o seu bem.
eduardo saw endgame@eduaaaldo
o dia em que eu tomei spoiler de endgame dos funcionários do @BurgerKing, a thread
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Feito o aviso, vamos lá: Ultimato gira todo em torno de viagens no tempo. Mais do que isso: Ultimato é o primeiro filme da cultura pop que baseia suas viagens no tempo na hipótese do multiverso quântico.
Antes de começar a divagação pela física teórica, façamos uma revisão rápida do enredo: no fim de Guerra Infinita, o vilão Thanos mata 50% dos seres vivos da Terra e então destrói as Joias do Infinito – que permitiriam reverter a situação.
5 anos depois, Scott Lang, o Homem-Formiga, escapa do mundo quântico e vai ao QG dos Vingadores. Como, da perspectiva de Lang, apenas 5 horas se passaram, ele levanta a hipótese de que o quantum realm permite viagens no tempo. Com uma mãozinha da teoria de Schrödinger e Heisenberg, seria possível coletar as Joias do Infinito na época em que elas ainda existiam – e virar o jogo.
Calha que é uma boa hipótese: Tony Stark dá um jeitinho brasileiro tecnológico (essa parte, claro, é pura fantasia), e logo os Vingadores estão usando o domínio microscópico para pular para lá e para cá no calendário, sem errar.
Há muitas modalidades de viagem no tempo diferentes na ficção: em De Volta para o Futuro, todas as ações dos personagens que viajaram ao passado alteram instantaneamente o presente. Até as fotos se apagam para refletir a nova realidade.
Já no Prisioneiro de Azkaban, o terceiro filme da saga Harry Potter, o que aconteceu, aconteceu. Não dá para apertar o reset. Quando o Harry do presente arremessa um cascalho na cabeça do Harry do passado, é só porque ele já viveu aquilo – e está ciente de que deve dar a pedrada em si mesmo.
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Em Vingadores, por outro lado, toda vez que o passado é alterado, surge um universo paralelo em que tudo ocorre de maneira diferente graças a essa alteração. Esse mecanismo – diferente do adotado por J.K. Rowling e Robert Zemeckis – não deriva da física clássica de Einstein, e sim, como já mencionado, da física quântica, da qual o próprio Einstein duvidou.
Para entender esse mecanismo, imagine que uma personagem que acabamos de inventar, a Ana, se arrependeu de começar um namoro com Gabriel e quer voltar no tempo para impedir si própria de conhecê-lo. Ela pretende furar o pneu do ônibus que Gabriel pegou para ir à faculdade naquela fatídica tarde de 2014. Assim, eles nunca teriam formado uma dupla na aula.
Se o plano desse certo no mundo de De Volta para o Futuro, assim que Ana retornasse a 2019, veria sua vida completamente mudada. No mundo de Harry Potter, por outro lado, o plano não daria certo: Ana descobriria que, naquela dia, o pneu furado foi justamente o que fez com que Gabriel chegasse um pouco atrasado à aula – e fosse obrigado a formar dupla com ela em vez de escolher um amigo próximo.
Já na perspectiva quântica, Ana teria inaugurado um novo universo. Uma realidade paralela em que ela de fato não viveu com Gabriel – enquanto o outro universo, em que o namoro segue normalmente, continua existindo. Parece maluquice – é maluquice –, mas é uma consequência da maneira como o físico americano Hugh Everett III interpretou as equações de Niels Bohr (sim, o da sua aula de química) e Erwin Schrödinger (sim, o do gato). Calma que a gente explica.
O que é física quântica, afinal?
Ela é a única teoria que descreve de maneira bem sucedida o comportamento de átomos e das partículas menores que átomos – os quarks e elétrons que compõem os átomos, por exemplo, ou os fótons, as partículas que perfazem a luz. Se você tentar usar as equações da Relatividade de Einstein para explicar o que um elétron está fazendo, não vai dar certo. O mundo das coisas pequenas é inacessível às equações do alemão.
Isso porque é impossível determinar a posição de um elétron. O melhor que você pode fazer é criar uma espécie de gráfico que demonstra onde há maior ou menor probabilidade deste elétron estar em um determinado momento. A equação que gera essa gráfico foi a grande sacada de Erwin Schrödinger.
Essa é uma noção muito estranha, pois nada, na nossa experiência cotidiana, pode estar em dois lugares ao mesmo tempo. Se você está em casa, a probabilidade de que você esteja em casa é 100%, e de que você esteja fora de casa, 0%. Não dá para estar meio grávida, não dá para cometer meia infração de trânsito, não dá para estar 50% na cama e 50% no mercado.
Isso é tão verdade que até as próprias partículas concordam: quando você tenta estabelecer a posição de um elétron, ele imediatamente abandona sua incerteza e se manifesta em um lugar só. O gráfico, antes tão irregular, atinge 100% de garantia. Dureza: o mundo, na escala quântica, passa a perna nos cientistas. Quem descobriu que o elétron se nega a manifestar sua estranheza foi o dinamarquês Niels Bohr.
O que Everett concluiu foi: de fato, é extremamente tosco supor que um elétron esteja em dois lugares ao mesmo tempo, ou que o observador veja a partícula em vários lugares ao mesmo tempo. Mas não é tão tosco assim pressupor que existem vários universos, e que cada um deles contêm o elétron em uma das posições possíveis. Ou seja: o Gato de Schrödinger está vivo em um universo, e morto em outro. Acabou o paradoxo.
Mais recentemente, um físico chamado David Deutsch juntou algumas possibilidades de viagem no tempo quântica com a ideia do multiverso – gerando um cenário teórico mais ou menos parecido com o do filme. E é esse o Deutsch mencionado por Tony Stark no começo do filme.
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Quando o Hulk do futuro chega a Nova York e pede a joia do tempo à Anciã, ele cria automaticamente um universo paralelo em que os eventos ocorreriam de maneira diferente: nessa linha do tempo alternativa, o Dr. Estranho jamais teria tido acesso à pedrinha verde, o que viraria o Universo Marvel de ponta-cabeça.
Por isso, é crucial que a joia do tempo (e todas as outras joias) sejam devolvidas ao ponto exato do passado de onde foram retiradas: não adianta nada você salvar seu próprio universo se você criar dezenas de universos paralelos que vão dar errado no processo. É isso, claro, que o Capitão América faz no final do filme. Essa é a sutileza do multiverso quântico.
Se nós estivéssemos lidando com viagens no tempo comuns, como as de Harry Potter ou de Doc Brown, no momento em que Hulk tirasse a joia do tempo da anciã ele teria danificado irremediavelmente seu próprio futuro – que está entrelaçado com o do Dr. Estranho. Mas com uma ajudinha de Schrödinger, dá pra fazer tudo dar certo.
E dá pra viajar no tempo de verdade?
Não com física quântica.
Já na Teoria da Relatividade de Einstein – que, como já dissemos, explica o mundo em escalas maiores –, viagens no tempo não só são possíveis como são corriqueiras: toda vez que você entra em um ônibus para se deslocar pelas três dimensões do espaço – isto é, ir da sua casa até o trabalho ou o colégio –, o tempo necessariamente passa mais devagar da sua perspectiva do que da perspectiva de quem ficou parado.
Essa é uma ideia muito contraintuitiva, então vamos repetir com mais detalhes: o tempo é uma estrada que você é obrigado a percorrer. Nada que você faça pode impedi-lo de passar. Einstein descobriu que o tempo passa à velocidade da luz: 1,08 bilhão de quilômetros por hora. E essa é a velocidade máxima do Universo – nada pode ir mais rápido.
Ou seja: se você quiser se deslocar só um pouquinho nas três dimensões do espaço, você vai ser obrigado a tirar um pouquinho da sua velocidade no tempo e usá-la no espaço. E, quando você se desloca mais devagar no tempo, as pessoas que não se deslocaram envelhecem mais rápido que você.
Esse é o tipo de viagem no tempo de Interstelar, de Christopher Nolan. Ela só funciona no sentido do futuro: se você sair da Terra em uma nave espacial, passar um tempinho voando a uns 90% da velocidade da luz e depois voltar, verá que seus pais já morreram e seus filhos já estão na faculdade.
Se você estiver com preguiça de arranjar uma nave que alcance a velocidade da luz, você pode simplesmente chegar perto de um corpo com uma gravidade muito, muito absurda – como uma estrela de nêutrons ou um buraco negro. A maneira como eles dobram o tecido do espaço-tempo terá um efeito análogo: fazer você percorrer o tempo mais lentamente (a explicação completa não cabe aqui, vá para este post).
A viabilidade técnica disso é próxima de zero. Mas que dá, dá.
Superinteressante


SÓ UM “SNIPER” PODERÁ ABATER MADURO E LIBERTAR O POVO VENEZUELANO | Clic Noticias



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Após tanto tempo de desgaste, protestos, agressões , tumultos e agitações , que já mataram muitos venezuelanos ,objetivando a destituição do tirano local , Nicolás Maduro ,sucessor do outro tirano, Hugo Cháves , ficou mais que evidenciado durante todo esse tempo que as perspectivas de sucesso dessas mobilizações internas e internacionais, pelos métodos “tradicionais”, empregados desde o começo até agora, tendem à frustração total.
O povo venezuelano, apesar de “motivado”, porém totalmente desarmado e despreparado para essa “guerra” interna, jamais conseguiria enfrentar em igualdade de condições as forças militares e policiais de Maduro ,excepcionalmente bem alimentadas e treinadas,no meio de um povo que passa fome , bem como armadas até aos “dentes”, submetidas ao ditador.
As pressões “diplomáticas” dos países que apoiam a derrubada de Maduro , incluindo o Brasil e, por conseguinte , a reinstalação da democracia na Venezuela , já se mostraram totalmente infrutíferas. Por isso o resultado dos esforços e pressões diplomáticas nesse desiderato somam igual a “zero”.
Nicolás Maduro não cede um só centímetro, incentivado provavelmente pelas “costas quentes” que têm com a Rússia e a China , os quais , mesmo no período do meu enganoso socialismo “de juventude”, jamais eu poderia imaginar que pudessem ser tão “FDP” como efetivamente são , de modo a se omitirem e até apoiarem as atrocidades a que o tirano local submete o seu povo . Mas certamente essas duas potências mundiais colocam os interesses ideológicos e comerciais que têm com a Venezuela bem acima das justas reivindicações do povo venezuelano.
Restaria a alternativa de uma eventual intervenção militar nesse país, pelo grupo de nações que sentiu as “dores” pelo sofrido povo venezuelano, encabeçados pelos Estados Unidos. Mas essa eventual “intervenção” teria os mesmos efeitos de uma declaração de guerra, mesmo que informal, o que poderia esbarrar em demoradas e complicadas demandas e articulações políticas e jurídicas internas em cada país envolvido. O certo é que não poderia ser “para já”. E a caótica situação venezuelana exige um “já”. O seu povo está sendo “trucidado” pela violência da ditadura local, e necessita de permanente ajuda humanitária, inclusive remédios e comida, sob o olhar indiferente dos seus “parceiros” russos e chineses.
Resumidamente falando, a situação do vizinho pais é muito complicada para ser atacada pelos métodos “convencionais”,até agora empregados e imaginados.
Na verdade, não se deve atribuir valor de verdade absoluta ao lema segundo o qual “os fins justificam os meios”. Isso geralmente não é verdade, reforçando os abusos e arbitrariedades. Mas excepcionalmente procedimentos que se enquadrem nessa categoria podem ser cogitados com legitimidade, recebendo suporte moral e ético. Nenhuma “convenção” humana, ou mesmo lei, pode se sobrepor aos interesses maiores da humanidade , ou mesmo de qualquer povo. É mais ou menos, e só para exemplificar, o sentido da regra que está escrita na Constituição Brasileira: “todo o poder emana do povo…” (CF,art.1º,parágrafo único).
Por tudo que se observa portanto, o povo venezuelano não poderá contar com as alternativas da sua libertação cogitadas e “trabalhadas” até agora ,nem com a “sorte” de se livrar do seu tirano mediante causas “naturais”, como o seu “passamento”, por causas naturais ou acidentais. Seria necessário muita “sorte” desse povo para que isso acontecesse. E a vida, mais ainda de um povo inteiro, não pode depender só de sorte. A sorte tem que ser “buscada”.
Tudo leva a crer, portanto, que algum herói anônimo e voluntário, tipo “atirador de elite”, ”franco-atirador”, ou “sniper”, daria conta perfeitamente desse “recado” , sem maiores envolvimentos diplomáticos ou políticos, desperdícios econômicos, perda de mais vidas humanas, ou de risco de guerra regional ou generalizada ,envolvendo as Grandes Potências, sem contar o “baque” que seria para a economia do Brasil, já em situação de agonia ,por “herança” política, na sua condição de pais fronteiriço com a Venezuela, que de uma ou outra forma ,direta ou indiretamente, também estaria envolvido nesse possível conflito bélico.
Seria uma saída bastante simples . E prática ,para um problema tão complexo. E até parece que não haveria grande dificuldade desse povo ser “sorteado” com algum bom atirador, herói “sniper”, militar ou civil, preferentemente de outras terras, por razões óbvias, formalmente sem subordinação a qualquer país, capaz de assumir ,mesmo que na clandestinidade , essa “empreitada” de salvar o povo venezuelano do seu algoz.
Esse nosso possível “candidato” a herói teria que ter uma estrutura moral capaz rechaçar de início qualquer motivação relacionada a “mercenarismo” ,ou seja, fazer do seu objetivo, do “abate” de Maduro, um negócio com interesse financeiro ,porque se assim fosse esse objetivo de eliminação “humanitária” perderia totalmente qualquer legitimidade.
Mas os “métodos” mercenários e a desvinculação de complicados regulamentos ou hierarquias “oficiais”,não poderiam ser descartados, na possível ação desse “lobo solitário”. Seria uma vida “nociva” sacrificada, mas o seria pelo bem maior de um povo inteiro. Um “fim” justo que daria legitimidade ao “meio” empregado ,em resumo.
Não ousamos ir tão longe. Mas talvez a ação desse imaginário “libertador” do povo venezuelano pudesse buscar a sua legitimidade a partir da “doutrina metafísica” do UTILITARISMO PRAGMATISTA ,pela qual “uma ideia corresponde ao conjunto dos seus desdobramentos práticos”.
Portanto essa “doutrina metafísica” de certo modo poderia dar algum amparo filosófico à frase “os fins justificam os meios”, erradamente atribuída ao filósofo Nicolau Maquiavel , na sua imortal obra “O Príncipe”.
E bem longe da pretensão de fazer um estudo mais profundo sobre a “´´ética da morte” ,na verdade as regras morais e éticas incidentes sobre o direito de matar mudam radicalmente durante as guerras. E a Venezuela de fato está em estado de guerra, apesar de não ter preenchido ainda os requisitos formais exigidos pelo direito internacional para que se configure esse tipo de situação.
Sérgio Alves de Oliveira
Advogado e Sociólogo