quarta-feira, 1 de março de 2017

China: as quatro estações

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Líder
Período
Programa
Mao Tse-Tung
1949-1976
Grande salto para frente, crescer com os próprios pés, a Grande Revolução Cultural proletária
Deng Xiaoping
1976-1993
As quatro modernizações
Jiang Zeming
1993-2003
Abertura ao capitalismo internacional e inserção da China Popular no comércio mundial
Hu Jintao
A partir de 2003



Revolução cultural e terror

Programa esse produto de uma formidável reação de bom senso aos horrores que o país conheceu na época da Revolução Cultural (1996-1976), decênio em que Chiang Ching, a mulher e Mao, e mais uns três fanáticos, o Bando dos Quatro, quase arruinaram a nação. Época vergonhosa em matilhas de imberbes, fanatizados pelas leituras do Livro Vermelho do Camarada Mao, - citações selecionadas pelo extremista Lin Piao -, tomaram de assalto as ruas, ocupando escolas, fábricas e repartições por todo o país, dando caça a quem consideravam contrarrevolucionários. Quase toda a milenar cultura chinesa esteve ameaçada por hordas dos ultrarradicais insuflados pela Madame Mao, que não se detinham nem frente aos veneráveis tratados de Confúcio, de Mencio, ou de Lao Tse.

A lava humana formada por milhares de jovens enlouquecidos, marchando ao som de cornetas e tambores, embalados por cantorias revolucionárias, queimava tudo a sua passagem. Personagens consagrados do mundo das letras, da educação, das ciências & artes, denunciados como Yu Pai, direitistas conciliadores, foram submetidos à rituais públicos humilhantes, indignos, bestiais. Arrastados pelas ruas – vestidos com pateticos sambenitos, com cartazes infames pendurados no peito -, parecendo os sacrificados dos tempos da Santa Inquisição, as vítimas dos Guardas Vermelhos foram socadas e chutadas pelas turbas vociferantes, furiosas. Milhares foram linchados, em Xangai afogaram-nos em massa. Nem mesmo alguns mesmos alta hierarquia do partido comunista, os Zou Zi Pai, os dúbios, foram poupados. Como deu-se com Li Chao-Chi e Deng Xiaoping que além de exonerado e desterrado, teve um filho seu aleijado quando a malta invadiu-lhe o apartamento. Qualquer coisa que parecia diferente, melhor, com mais qualidade, aos olhos daqueles igualitários loucos, atraia-lhes um ódio cego.

Uma China devastada


A Grande Revolução Cultura Proletária, na sua essência, não foi senão a expressão incontrolável, violenta e doida de um milenar ressentimento até então sufocado. Energia negativa que Mao Tse-Tung (naquilo que foi talvez o seu maior equívoco como estadista), tratou de canalizar para o seu lado na luta pelo poder contra seus camaradas. Aquelas massas chinesas ignorantes, conscientes de que sabiam muito pouco ou que se de nada sabiam, resolveram por tudo abaixo Palácios, museus, quadros com belas paisagens, livros escritos com a maravilhosa caligrafia artística dos mandarins, vasos preciosos, porcelanas requintadas, cenários de ópera e de filmes, tudo foi varejado, incinerado ou varrido do mapa. Imagine-se o estrago que tal explosão vulcânica provocou!

Escolas e universidades ficaram fechadas por dez anos, todo o ensino técnico foi suspenso, fábricas paralisadas várias vezes, enquanto a lavoura foi abandonada à ação das pragas. Nenhum país, que se saiba, fez tanto mal a si mesmo como a China naquela trágica época de tumultos, tendo como resultado final a imposição da igualdade na miséria. A nação, passado o decênio de desatinos cometidos pela ultra esquerda, quase soçobrou arruinada. Agora, superados os tormentos, é a vez dos novos eleitos, os nove dragões (que na mitologia chinesa são benignos) pragmáticos de cabeça fria que receberam o Mandato do Céu para conduzir a nação dos Han frente aos imensos desafios dos próximos anos.




Chile, Argentina e a Guerra das Malvinas

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Chile

Os anos 70 foram extremamente difíceis também para os outros países da América Latina. Muita violência política aconteceu no Chile, onde o presidente socialista Salvador Allende foi derrubado por um golpe militar, em 1973. Tanto no Brasil como no Chile, o rumo dos acontecimentos foi acompanhado de perto por Washington. Na visão da Casa Branca, a imposição de ditaduras militares nos países latino-americanos fazia parte da luta contra o comunismo.

No Chile, a CIA colaborou com um golpe de Estado contra o presidente Salvador Allende, em 1973. Eleito democraticamente em 1970, Allende estava realizando a reforma agrária e promovendo uma série de programas sociais, como alfabetização e melhoria do sistema de saúde e do saneamento básico. Além disso, estava nacionalizando diversas empresas norte-americanas.

Em consequência, Allende passou a sofrer uma campanha de desestabilização estimulada por Washington, que resultou no golpe militar de setembro de 73. Depois dos confrontos armados, o presidente foi encontrado morto no Palácio de La Moneda, sede oficial do governo chileno. O poder passou às mãos de uma junta militar chefiada pelo general Augusto Pinochet. Num clima de forte repressão, Pinochet dissolveu os partidos políticos e perseguiu os adversários do novo regime. O Estádio Nacional foi transformado em campo de concentração, lotado de presos políticos. Muitos deles desapareceram. Houve casos de prisioneiros torturados até a morte, como o cantor Victor Jara, muito querido entre o povo chileno por suas canções sobre os ideais de justiça e solidariedade.

Pinochet devolveu aos antigos proprietários a maioria das empresas nacionalizadas por Allende. Governou com poderes absolutos e impôs, em 1980, uma nova Carta Magna institucionalizando o regime autoritário. Apesar da repressão, a ditadura começou a declinar a partir de 1983, com as manifestações contra os planos econômicos recessivos do governo, que comprimiram os salários cortaram subsídios à saúde e educação e geraram desemprego. A repressão policial já não era suficiente para intimidar os manifestantes.

Em 1988, o general sofreu uma séria derrota política. Num plebiscito sobre sua permanência no poder por mais oto anos, 55% dos votantes disseram não à proposta. O resultado forçou a transição do país para a democracia. As oposições se uniram para eleger à presidência o democrata-cristão Patrício Aylwin, em dezembro de 89. O general Pinochet, no entanto, assegurou sua permanência como chefe das Forças Armadas. Com isso, evitou seu próprio julgamento e o de militares acusados de tortura e de responsabilidade na morte de mais de 2.200 presos políticos durante o regime militar. Em março de 1998, Pinochet deixou o cargo e tornou-se membro vitalício do Senado, em meio a fortes protestos de políticos e de setores da opinião pública chilena.

Argentina

Na primeira metade da década de 70, Brasil e Chile eram os principais países da América do Sul onde vigoravam ditaduras. Em 1976, no entanto, a Argentina passaria a integrar o grupo. Durante sete anos, os argentinos viveram sob um regime militar repressivo que passaria à história como o período da “guerra suja” empreendida pela ditadura contra os seus opositores. No final dos anos 60, a Argentina vivia uma crise política e um período de mobilização popular contra o governo do general Juan Carlos Onganía. Em 1970, Onganía foi deposto. Vários militares se sucederam no poder até que, em 73, novas eleições livres foram convocadas.

O novo presidente, Hector Câmpora, permaneceria apenas 3 meses no cargo. Em junho de 73, renunciou à presidência para permitir a eleição de Perón, um líder carismático e populista que voltava à Argentina depois de um longo exílio na Espanha. Perón havia sido presidente de 1946 a 1952, quando foi deposto em meio a acusações de corrupção. No período, alcançou grande prestígio popular com a ajuda da esposa, Evita.

Eleito novamente em setembro de 73, com mais de 60% dos votos, Perón não conseguiu pacificar o país. Seu próprio partido, o Justicialista, dividiu-se em duas facções antagônicas que recorreram à violência para resolver suas divergências. Com a morte de Perón, em julho de 74, sua segunda mulher, a vice-presidente Isabelita, assumiu a chefia do governo e ampliou o espaço dos políticos conservadores do Partido Justicialista. Em consequência, os grupos guerrilheiros intensificaram a luta contra o governo.

Guerra suja e Malvinas

Isabelita foi deposta em março de 76 por um golpe liderado pelo general Jorge Rafael Videla. Uma junta militar passou a dirigir o país. Fechou o Congresso, dissolveu os partidos políticos e iniciou a chamada “guerra suja” contra os oposicionistas. Até o fim da ditadura, em 83, desapareceriam mais de 30 mil pessoas na Argentina.

Em 1982, o regime militar argentino enfrentava dificuldades políticas provocadas por uma forte crise econômica. Para desviar a atenção e apelar ao nacionalismo dos argentinos, o presidente, general Leopoldo Galtieri, ordenou a invasão das Ilhas Malvinas, ou Falkland, um território britânico situado no Oceano Atlântico e sudeste da Argentina.

Inicialmente, a decisão de Galtieri atingiu seu objetivo. Milhares de argentinos foram às ruas para apoiar a ocupação das Malvinas. A ação militar, no entanto, não teve apoio internacional. Além disso, Galtieri precisou enfrentar o poderio bélico da Grã-Bretanha, que possui uma das frotas navais mais sofisticadas do mundo. Os conflitos armados entre Argentina e Grã-Bretanha pela posse das Ilhas Malvinas, um arquipélago com cerca de duzentas ilhas sob domínio britânico desde o século XIX, duraram apenas dois meses, do início de abril a meados de junho de 82.

Anos 80: Argentina livre

Com a derrota, o general Galtiei foi forçado a renunciar. Em seu lugar assumiu o general Reynaldo Bignone, que iniciou as negociações para desenvolver o poder aos civis. Em dezembro de 83, o candidato da União Cívica Radical, Raul Alfonsín, venceria as eleições, ondo fim à ditadura na Argentina. Em 1984, os ex-presidentes militares foram presos. Uma comissão liderada pelo escritor Ernesto Sábato constatou a existência de campos de prisioneiros, onde quase 9 mil opositores do regime militar foram comprovadamente mortos entre 1976 e 1982. Em 85, cinco dos nove membros das juntas militares que governaram o país foram condenados a penas que variavam de 4 anos à prisão perpétua. No ano seguinte, os militares responsáveis pela Guerra das Malvinas foram condenados e pegaram de 8 a 14 anos de prisão.

Em 1989, o candidato Carlos Menem venceu as eleições e tornou-se o novo presidente da Argentina, marcando o retorno do peronismo ao poder. Contra a vontade da opinião pública, assinou um indulto beneficiando os militares condenados pela guerra suja.

Fonte: http://www.tvcultura.com.br/aloescola/historia/guerrafria/guerra11/terceiromundo-americas2.htm

EUA e o impacto da Revolução Cubana – O foquismo revolucionário

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Para as esquerdas em geral, Fidel Castro e seus companheiros da Sierra Maestra, haviam descoberto a álgebra da revolução. O sonho dos missionários da redenção continental materializou-se especialmente na pessoa do segundo homem da revolução cubana, Ernesto Che Guevara, o herói par excelence- que, como um cavaleiro andante, carregava a chama da insurgência, espalhando a esperança da igualdade social através da luta anti-imperialista. As novas esquerdas, particularmente compostas por estuantes e intelectuais, afastavam-se dos moderadíssimos Partidos Comunistas latino-americanos, já profundamente abalados e divididos pelo conflito ideológico entre a URSS e a China, aderindo à teoria do foquismo defendida por Che Guevara. Segundo a evidência exposta a a partir da experiência cubana, um grupo corajoso e audaz de revolucionários decididos a tudo, bravos e determinados, sem levar em considerações as condições objetivas mais gerais, poderia deflagrar a luta insurrecional num ponto qualquer de um país e, a partir dali, com seu exemplo heroico, incendiar os ânimos das massas para a causa da Revolução, tratava-se, para os demais revolucionários do continente, que começaram a brotar de todos os lados, de levar à prática o desejo de Guevara em vir a “transformar os Andes numa nova Sierra Maestra”.

O verdadeiro revolucionário, pois, devia dar as costas às práticas parlamentares tradicionais e ao jogo dos sistemas democráticos e embarcar logo na estrada da revolução armada. O que transformaria a sempre injusta realidade social latino-americana era o fuzil e não a palavra. A América Ltina por inteiro poderia ser convulsionada a partir de um foco revolucionário, tal como uma minúscula fogueira acesa numa clareira facilmente incendeia uma floresta. A crescente polarização das forças políticas, decorrente da Revolução Cubana, tornou-se impossível aos norte-americanos sustentarem políticas reformistas, mesmo que fossem modestas. Para as esquerdas latino-americanas elas eram insuficientes, não passavam de manobra propagandística ou senão paliativos inconsequentes, feitos apenas para dar uma boa publicidade aos norte-americanos junto à opinião pública internacional. Para a direita, mesmo a mais modesta concessão no campo econômico ou político era sinônimo de subversão social, um convite aberto à insubordinação das massas para com seus dirigentes, era abrir a perigosa Caixa de Pandora Social, liberando demandas que eram impossíveis de serem atendidas. A reforma, qualquer que fosse era o vestíbulo da revolução, a antessala do desastre. A prova da opção por uma política cada vez mais conservadora, já manifesta na etapa final do governo Kennedy, foi a gradativa adoção pela administração democrata dos pontos de vista defendidos por John Davis, um ex-diplomata que afirmava: “A questão básica não é ser o governo ditatorial ou representativo e constitucional. A questão é se o governo, a despeito do seu caráter, pode manter a sociedade estruturada o bastante para fazer a transição”. Desta maniera, já em 1963, estavam lançados os princípios fundamentais para a adoção dos ponto de vista de Thomas Mann, subsecretário de estado (em 1964), e do secretário de estado Robert McNamara (em 1967), que concordavam em sacrificar a democracia em favor da segurança continental. Se o que se alastrou por toda a América Latino nos anos de 60 do século passado, foi o responsável pelo congelamento e depois abandono da Terceira Via, não se deve esquecer a tradicional incapacidade política norte-americana em liderar reformas. Além disso, a política das reformas previstas pela Terceira Via deveria receber a entusiástica adesão por parte das oligarquias latino-americanas. Afinal, delas é que partiria parte ponderável dos recursos necessários às transformações pretendidas pela Aliança para o Progresso. Ora, tradicionalmente, estas oligarquias, sempre que ameaçadas pelas classes subalternos, inclinaram-se pela repressão e não pela reforma social.

7 SCHLESINGER Jr., A. Op. Cit, p. 201.

Uma política de improvisação

É, pois, suspeita a versão de que a Aliança para o Progresso teria sido uma continuidade da política de Boa Vizinhança de F. D. Roosevelt. Foi, muito antes, um improviso adotado por John Kennedy por temer sofrer uma derrota estratégica para os soviéticos numa região historicamente tributária dos Estados Unidos. Ela não passava, pois, de uma inversão abrandada da Doutrina de Segurança Nacional, da época de Harry Truman, podendo ser entendida como a continuação da Guerra Fria por outros meios.

Lázaro Cárdenas, o ex-presidente mexicano que ainda vivia aquela época, talvez tenha percebido com mais agudeza o que o governo Kennedy realmente desejou, quando definiu a Aliança para o Progresso ser “uma imoral tentativa de comprar as consciências latino-americanas para que assistissem sem mover um dedo ao estrangulamento de uma república irmã” [Cuba], pronosticando em seguida em seu total fracasso.

8KAROL, K. S. Los guerrilheiros em el poder. Barcelona: Seix Barral, 1972, p. 271.

Fonte: http://educaterra.com.br/voltaire/mundo/2002/08/12/000.htm

A Guerra Fria–História virtual

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A Guerra Fria foi um período em que a guerra era improvável, e a paz, impossível. Com essa frase, o pensador Raymond Aron definiu o período em que a opinião pública mundial acompanhou o conturbado relacionamento entre os Estados Unidos e a União Soviética.

A divisão do mundo em dois blocos, logo após a Segunda Guerra Mundial, transformou o planeta num grande tabuleiro de xadrez, em que um jogador só podia dar um xeque-mate simbólico no outro. Com arsenais nucleares capazes de destruir a Terra em instante, os jogadores, Estados Unidos e União Soviética, não podiam cumprir suas ameaças, por uma simples questão de sobrevivência.

A paz era impossível porque os interesses de capitalistas e de comunistas eram inconciliáveis por natureza. E a guerra era improvável porque o poder de destruição das superpotências era tão grande que um confronto generalizado seria, com certeza, o último. Hoje, podemos ver isso claramente. Mas, na época, a situação se caracterizava como o equilíbrio do terror.

Quando começou e quando terminou a Guerra Fria

Não existe um consenso sobre a data exata do início da Guerra Fria. Para alguns estudiosos, o marco simbólico foi a explosão nuclear sobre as cidades japonesas de Hiroshima e Nagasaki, em agosto de 1945. Outros acreditam que seu início data de fevereiro de 1947. Foi quando o presidente norte-americano Harry Truman lançou no Congresso dos Estados Unidos, a Doutrina Truman, que previa a luta sem tréguas contra a expansão comunista no mundo. E há também estudiosos que lembram a divisão da Alemanha em dois Estados, em outubro de 1949. O surgimento da Alemanha Oriental, socialista, estimulou a criação de alianças militares dos dois lados, tornando oficial a divisão da Europa em dois blocos antagônicos. Poderia ser esses o marco inicial da Guerra Fria. Não há consenso também sobre quando terminou a Guerra Fria. Alguns historiadores acreditam que foi em novembro de 1989, com a que da do Muro de Berlim, um dos grandes símbolos do período de tensão entre as superpotências. Nessa mesma perspectiva, o marco final da Guerra Fria poderia ser a própria dissolução da União Soviética, em dezembro de 1991, num processo que deu origem à Comunidade dos Estados Independentes. E outros analistas, ainda, consideram que o período terminou não em dezembro, mas em fevereiro de 1991, quando os Estados Unidos saíram da Guerra do Golfo como a maior superpotência de uma nova Ordem Mundial.

Quando se tenta delimitar os marcos da Guerra Fria, as pessoas escolhem datas que enfatizam aquilo que lhes parece ser o mais importante. Por exemplo, aqueles que acham que a questão nuclear é o principal,dirão que a Guerra Fria começou em 1945, com Hiroshima e Nagasaki, e terminou em 72, com os acordos de Salt-1.

Para aqueles que acham que o principal foi a relação entre os blocos, os marcos serão, provavelmente, a Doutrina Truman, em 1947, e a queda do Muro de Berlim, em 1989. Mas a Guerra Fria foi muito mais do que apenas uma disputa armamentista ou geopolítica. Ela teve uma importante dimensão cultural, que colocou em movimento um jogo simbólico do Bem contra o Mal.

Ela mexeu com a imaginação das pessoas, criou e reforçou preconceitos, ódios e ansiedades. Nesse sentido mais amplo, dois marcos parecem ser mais adequados quando se trata de dar à Guerra Fria seus conteúdos simbólico mais abrangente: o seu início foi a conquista de um novo poder, a bomba atômica, e o seu fim foi a Guerra do Golfo, quando os Estados unidos escolheram outros símbolos do Mal para ocupar o lugar que antes pertencia ao comunismo, como o chamado fanatismo islâmico ou o narcotráfico.”

José Arbex Jr., jornalista

Socialismo e capitalismo: dois ideais de felicidade

A Guerra Fria se manifestou em todos os setores da vida e da cultura, representando a oposição entre dois ideais de felicidade: o ideal socialista e o ideal capitalista. Os socialistas idealizavam uma sociedade igualitária. O Estado era o dono dos bancos, das fábricas, do sistema de crédito e das terras, e era ele, o Estado, que deveria distribuir riquezas e garantir uma vida decente a todos os cidadãos. Para os capitalistas, o raciocínio era inverso. A felicidade individual era o principal. O Estado justo era aquele que garantia a cada indivíduo as condições de procurar livremente o seu lucro e construir uma vida feliz. A solução dos problemas sociais vinha depois, estava em segundo plano. É por isso que a implantação de um dos dois sistemas, em termos mundiais, só seria viável mediante o desaparecimento do outro. Nenhum país poderia ser, ao mesmo tempo, capitalista e comunista. Esta constatação deu origem ao maior instrumento ideológico da Guerra Fria: a propaganda.

Fonte: http://www.tvcultura.com.br/aloescola/historia/guerrafria/guerra/guerra1/descricaopanoramica.htm

Fernanda Tedeschi, irmã de Marcela Temer

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