quarta-feira, 1 de fevereiro de 2017

O FRACASSO DO ESTADO E A ÉTICA DOS CRIMINOSOS

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Por Maria Lucia Victor Barbosa, publicado pelo Instituto Liberal

1 de janeiro de 2017. Em penitenciárias de Manaus (AM) a Família do Norte (FDN), facção que comanda o tráfico de drogas na fronteira com a Bolívia e é ligada ao Comando Vermelho (CV), esquartejou, decapitou, arrancou corações e vísceras de 60 homens, a maioria ligada ao Primeiro Comando da Capital (PCC). Tudo foi devidamente filmado e enviado para redes sociais, cujos frequentadores consumiram avidamente a selvageria digna do Estado Islâmico.
Houve mais mortes e fugas em outros Estados, além de uma carta do PCC. Alguns trechos foram publicados na Folha de S. Paulo, de 6 de janeiro, e curiosamente neles os bandidos se referiam ao seu “código de ética” rompido, pois “a meta sempre foi lutar contra o Estado corrupto e não contra nossos irmãos mesmo que de outras organizações fossem”.
A carta terminava com o lema da poderosa organização criminosa: “paz, justiça e liberdade”, algo de tom ideológico e cínico tratando-se de degoladores, daqueles que desgraçam famílias, dos que são fonte da violência que infelicita e aterroriza cidadãos honestos.

O gigantismo dos lucros e a organização impecável do PCC e do CV são também a prova mais cabal do fracasso do Estado. Onde estavam o Executivo, o Legislativo, o Judiciário enquanto as organizações criminosas se expandiam?
Com relação ao Executivo cito excelente artigo do professor Ricardo Vélez Rodríguez, publicado no O Estado de S. Paulo de 22/10/2016. No texto Rodríguez relembra que “o empurrão inicial dado pelo brizolismo ao narcotráfico veio a ser potencializado, em nível nacional, pelos 13 anos do populismo lulopetista que simplesmente abriram as portas para o mercado de tóxicos no Brasil”.

O professor também recorda “foto de Lula, no palanque em Santa Cruz de La Sierra, com Evo Morales, ambos ostentando no peito colares feitos de folhas de coca”. A imagem simbolizou um “liberou geral” para a produção e distribuição das drogas. “Rapidamente o Brasil viu aumentar de forma fantástica a entrada da pasta-base da coca boliviana”.
Após as chacinas, demonstração de quem de fato comanda o sistema prisional, busca-se o que fazer. Algumas soluções raiam à imbecilidade como o direito de fuga e a soltura de presos. Também, para palpiteiros inconsequentes não se deve prender os que cometeram cries menores (o que seriam crimes menores?), liberar as drogas e não construir mais prisões.

Ninguém sugeriu ao Judiciário o julgamento dos 40% dos detentos em prisão provisória. Parcerias público-privadas, diferentes de terceirizações, nas quais, a iniciativa privada constrói as prisões e administra de acordo com parâmetros estabelecidos em contrato com o poder público. Reforço considerável das Forças Armadas nas fronteiras para impedir a entrada de drogas e armas, lembrando que o papel do Exército não é o de fazer revista em presídios.
Enquanto o crime lucra e domina o país temos assistido a espetáculos dignos de uma republiqueta das bananas. Citando pouquíssimos exemplos para não alongar o artigo recordemos a cena de Renan Calheiros, então presidente do Senado e do Congresso, ao lado do na época presidente do Supremo Tribunal Federal, Ricardo Lewandowski, ambos rasgando a Constituição ao manter os direitos políticos de Dilma Rousseff mesmo depois desta ter recebido o impeachment.

Calheiros, que tem processos adormecidos no STF desde 2007, recentemente foi denunciado ao Supremo por Rodrigo Janot, procurador-geral da República, pelos crimes de peculato, corrupção passiva e lavagem de dinheiro. Mas o senador zombou da Justiça ao se recusar a sair do cargo por ser réu. Lá permaneceu salvo por uma gambiarra jurídica feita pelo próprio STF. Seu sonho ainda deve ser a aprovação da Lei de abuso de autoridade, que o livraria junto com quase 100 políticos envolvidos na Lava Jato. Se duvidar, Renan vira ministro da Justiça.

Na verdade, há um temor infundado dos que possuem foro privilegiado, porque enquanto o juiz Sérgio Moro, brilhante e rara exceção no mundo jurídico, tem cumprido a lei e mandado para a cadeia um número impressionante de figurões, o Supremo até agora não julgou ninguém da quase centena de políticos envolvidos na Lava Jato. E não se sabe quando isso acontecerá dada a morosidade da Justiça brasileira. Pode levar os anos suficientes para a prescrição dos crimes.

Com a morte em acidente de avião do ministro Teori Zavascki não se sabe o que acontecerá com as 77 delações premiadas da Odebrecht. Zavascki, com todo respeito pelo luto da família, não foi um herói, mas um ativista político como seus demais pares do Supremo. Por essa característica ele podia demorar anos a fio para homologar as delações, mas agora a situação está mais turva na medida em que tem que ser definido seu sucessor. Seguiremos com nossa tradicional insegurança jurídica? Nesse caso prevalecerá a ética da bandidagem.

TRUMP NÃO BANIU OS MUÇULMANOS: SEPARANDO OS FATOS DA HISTERIA

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Vai ficar cada vez mais difícil defender qualquer coisa do governo Trump, que tem tido erros e acertos, basicamente por dois motivos: 1) a forma pela qual ele anuncia suas medidas costuma ser terrível, apesar do conteúdo muitas vezes apontar na direção certa; 2) há um exército organizado pela esquerda e com o domínio da grande imprensa pronto para reagir, nem sempre (ou quase nunca) de forma honesta, a qualquer coisa que o “homem laranja” faça.

Trump já foi julgado antes de começar a governar direito, como aconteceu com Obama. Mas, ao contrário do democrata, que foi absolvido de qualquer pecado e ganhou até o Nobel da Paz antes de começar a autorizar bombardeios e restrições a imigrantes, o republicano já foi considerado culpado por tudo, não importa o que decida fazer, nem que tenha sido eleito de forma legítima pelo colégio eleitoral com essa plataforma de mudanças.

Já vejo até “liberais” pedindo sua cabeça, com dez dias de governo!, acusando-o de ser um “caudilho” e de desestabilizar a ordem da República. Ou seja, pregam uma reação claramente caudilhesca de republiqueta das bananas, e depositam pleno poder nos agitadores de esquerda, que poderiam desestabilizar qualquer governo de oposição.

Apontam para protestos coordenados como sinal de impopularidade, ignorando não só o resultado das urnas, como manifestações favoráveis igualmente relevantes, como a marcha pela vida em que o vice Pence participou. Todo poder a Soros, pedem esses “liberais” que não cansam de agir como idiotas úteis dos socialistas.

A ordem executiva sobre imigrantes foi um prato cheio para esse tipo de reação. Trump errou na forma mesmo, e nada como pegar um ou outro gato pingado com Ph.D., green card e emprego na Google ou no Facebook para entrevistar e mostrar o absurdo da medida “xenófoba”, “preconceituosa” e contra o Islã. Não obstante o fato de que Trump claramente defendeu o endurecimento com imigrantes muçulmanos mesmo, e venceu, vale ressaltar que não foi nada disso que ocorreu nessa medida.

David French escreveu um esclarecedor artigo para a respeitada “National Review” em que busca separar os fatos da histeria “generalizada” que tomou conta do país (a esquerda e a mídia sempre foram mestres em aparentar falar em nome de todos, mas se fosse o caso, Trump teria perdido a eleição). A conclusão do autor é direta: Trump não passou um banimento aos muçulmanos, nem nada perto disso!

Ao contrário até de sua plataforma de campanha, o novo presidente recuou bastante e passou uma ordem executiva moderada. Isso mesmo: não há nada de tão radical ali. São restrições temporárias a poucos países que afetam negativamente pouquíssimos indivíduos legitimamente detentores do green card. Não há como uma generalização impedir alguma injustiça pontual. Toda relação entre países é desta natureza: quando uma decisão é tomada para dificultar o visto de um povo, é evidente que indivíduos serão injustiçados. Mas só alguém muito infantil pode achar que dá para fazer diferente, caso a caso.

O foco dessa ordem de Trump foi nas zonas de conflito de países islâmicos. Primeiro, a ordem suspende por 120 dias a entrada de refugiados para aprimorar o processo de veto, considerado bastante frouxo na era Obama. Em seguida, restringe a 50 mil a quantidade de refugiados por ano, lembrando que os Estados Unidos são os que mais recebem esses refugiados. Parece absurdo?

Antes de 2016, quando Obama decidiu acelerar a entrada de refugiados, a ordem de grandeza era exatamente essa. Trump estaria, portanto, simplesmente retornando para o padrão, inclusive da gestão de Obama antes do ex-presidente resolver acelerar drasticamente a liberação de refugiados no país, sem o devido processo de seleção e filtro para impedir a entrada de potenciais terroristas. A população americana certamente está de acordo com a mudança de postura, que visa a aumentar a segurança interna.

Em segundo lugar, a ordem impõe um temporário banimento de 90 dias a pessoas vindo da Síria, Iraque, Irã, Líbia, Somália, Sudão e Iêmen, onde ocorreu a primeira operação militar bem-sucedida de Trump, com a morte de vários membros da Al Qaeda. São países ou destruídos pelos jihadistas ou sob o comando de regimes simpáticos aos jihadistas. O Departamento de Imigração pretende obter mais informações sobre esses imigrantes, por isso o banimento temporário. Quer verificar com mais calma e atenção se cada indivíduo é mesmo quem clama ser, ou se há risco de terrorismo disfarçado. Mesmo assim existe uma cláusula de exceção para certos casos que se mostrem evidentes.

Dados os recentes ataques terroristas no mundo por imigrantes ligados aos jihadistas, não soa tão radical assim uma medida que pede tempo para avaliar melhor quem é quem, em vez de abrir as fronteiras de forma irresponsável como fez Obama. French apresenta outros argumentos e fatos, como no caso específico dos refugiados da Síria, mas o leitor já entendeu o grosso da questão: pode existir um excesso aqui e acolá, o debate é legítimo, mas a reação histérica de muitos tem sido claramente manipulada ou fruto da ignorância.

Queira ou não a esquerda, o fato é que Trump venceu, e com um discurso claramente priorizando a questão da imigração. Querer impedir na marra e no grito qualquer mudança nessa direção é que soa autoritário, antidemocrático e anti-republicano. O “homem laranja” foi eleito para dificultar a entrada de imigrantes potencialmente perigosos ou ilegais. Isso não pode estar em dúvida. Logo, é natural que ele vá nessa direção, ainda que possa escorregar ou se exceder eventualmente.

Se a população americana desejasse seguir na política de abertura irresponsável de Obama, Hillary Clinton teria vencido. Mas ela perdeu, e de lavada nos colégios eleitorais, que capturam melhor a complexidade da população americana do que a simples maioria. Protestos são legítimos e parte saudável de qualquer democracia civilizada. Mas o que temos visto até aqui são “manifestações” muitas vezes violentas, e quase sempre manipuladas pelo establishment poderoso que foi derrotado por Trump.

Muita calma nessa hora! A Estátua da Liberdade não está em prantos, o governo Trump não é fascista e não declarou guerra a todos os muçulmanos. Flavio Quintela desabafou:

O primeiro dia de vigência da ordem executiva de Trump que restringiu a entrada de estrangeiros provenientes de uma lista contendo sete países – Irã, Iraque, Líbia, Síria, Somália, Sudão e Iêmen – foi descrito pela mídia em geral como um caos de proporções épicas. Na esteira desse sensacionalismo veio a turminha “massa de manobra” que sempre ajuda a povoar os protestos de esquerda. Esse pessoal foi às ruas e aos saguões de aeroportos aqui nos EUA, segurando cartazes com mensagens de amor a refugiados muçulmanos e de repúdio ao presidente americano.

Os fatos reais, no entanto, simplesmente não suportam a versão da imprensa, muito menos a histeria dos manifestantes. São eles:

1 – A lista de sete países não foi feita por Trump, e sim por Obama. A última administração compilou a lista e a aprovou no legislativo como sendo a lista dos países mais perigosos para a América, contra os quais o governo americano poderia determinar sanções econômicas e migratórias. Reiterando: foi Obama quem criou a porcaria da lista.

2 – Não se pode falar em perseguição religiosa justamente pelo fato de que os sete países juntos representam uma pequena porcentagem da população muçulmana do mundo. Se Trump quisesse banir os muçulmanos, teria que ter começado pela Indonésia ou por Bangladesh.

3 – Nesse primeiro dia, cerca de 325.000 estrangeiros entraram nos Estados Unidos através dos canais legais de ingresso. Apenas 108 foram barrados por conta da ordem executiva. A grande maioria destes eram pessoas com múltiplas idas e voltas aos sete países acima, ou seja, gente que levantou suspeitas.

Como vocês podem ver, não há nada de tão absurdo nessa medida tomada por Trump. Não fossem os idiotas úteis lotando os aeroportos com seus cartazes e a mídia fazendo uma cobertura jornalística totalmente suja, ninguém perceberia o que aconteceu. Teria sido apenas mais um dia comum nos portos e aeroportos americanos.

Leandro Ruschel foi na mesma linha: “Entre sexta-feira e hoje, mais de um milhão de viajantes entraram nos EUA. 360 foram atingidos pelas restrições impostas por Trump. É um país de imigrantes e continuará sendo. Há uma histeria produzida de forma artificial pela imprensa, para variar”.

Algumas pessoas estão fazendo análise, enquanto outras estão dando vazão a suas emoções, quase sempre histéricas. Os primeiros foram os mesmos que apontaram para as grandes chances de vitória de Trump, enquanto os últimos eram aqueles que gargalhavam quando falávamos dessa possibilidade. O leitor vai continuar confiando naqueles que erraram tudo?

Rodrigo Constantino

POR QUE VOCÊ DEVE SE PREOCUPAR COM A FLEXIBILIZAÇÃO DA LEI DE RESPONSABILIDADE FISCAL?

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Por Heitor Machado, publicado pelo Instituto Liberal

Você já deve ter ouvido falar da Lei de Responsabilidade Fiscal (LRF), ou lei complementar 101 do ano 2000 que está profundamente ameaçada. Por quê você deveria estar preocupado com isso? Qual a importância dessa lei na sua vida? E por quê ela se encontra ameaçada é o tema que vamos discutir aqui.

A LRF é parte importante do (infelizmente) abandonado tripé macro econômico. O Brasil passou por grandes problemas econômicos na década de 80 com inflação elevada a níveis de dezenas de pontos percentuais ao mês. O fato é que depois de vários planos econômicos fracassados – de controle de preços a cortes de zeros na moeda – o plano Real possibilitou que a economia demonstrasse certa estabilidade durante um longo período. Esse plano não funcionaria sozinho, pois apesar de descentralizar as decisões econômicas, ainda existiam sintomas que poderiam trazer de volta a instabilidade da chamada década perdida. Podemos dizer que a LRF fez pelo Brasil na primeira década de 2000 o quê a PEC 241 fará pelo país nos próximos anos.

Antes da criação da Lei de Responsabilidade Fiscal era possível que um ente da federação pagasse dívidas usando algum órgão que ele controlasse. O governo do RJ, por exemplo, usava o BANERJ como fonte de recursos para pagar seus gastos. Já imaginou ser dono de um banco público? Pois é, todos os Estados do Brasil eram há alguns anos. Não é necessário dizer que isso trazia irresponsabilidade nos gastos com dinheiro público e a grande impressão de moeda via crédito com juros artificialmente baixos. Estamos falando de um tempo em que tirar um extrato no banco levava uma semana. E uma (ou várias) operações de crédito eram feitas para pagar os servidores públicos e todos os outros gastos sem o menor controle. O resultado dessa combinação explosiva foi o empobrecimento de todos os brasileiros.

Se foi possível algum crescimento a partir do primeiro mandato Lula, isso se deve principalmente a essa lei. Sabemos que muitas explicações são frequentemente aproximadas do ciclo de commodities e do cenário internacional. Apesar disso, o Brasil sempre foi um péssimo player no mercado internacional, vendemos pouco e compramos ainda menos, logo esse argumento pode sim ter contribuído para o crescimento mas é insatisfatório perto da estabilidade econômica trazida pelo controle da inflação. Esse foi o ingrediente que precisávamos para planejamentos de longo prazo, algo que o investidor está muito interessado. Se mostramos alguma responsabilidade de gastos, significa que o retorno do investimento dos agentes está mais protegido. Isso nos deu segurança jurídica que não tínhamos na história recente.

Mas como estamos falando de Brasil, país de grandes incertezas, vários estados, principalmente Rio Grande do Sul e Rio de Janeiro colocaram seus limites de gastos sempre muito perto do limite superior das regras da responsabilidade. Acontece que para os estados, havia a falsa impressão de que a bonança nunca acabaria e ano após ano ficaram nos limites de gasto de pessoal e aumento dos seus orçamentos.

Estivéssemos nos anos 80, não ia ser uma grande discussão, o Governador Pezão ia fazer uma operação de crédito com o BANERJ, talvez 10 bilhões de reais, daqui a alguns meses iríamos acompanhar um grande aumento da inflação, os governantes culpariam a ganância dos empresários, algum economista da Unicamp diria que é necessário controlar os preços, os produtos iriam sair das prateleiras, os preços aumentariam mas a oferta diminuiria, a arrecadação cairia, o governo ficaria sem dinheiro para pagar os servidores do Estado e voltaríamos ao primeiro ponto em um looping infinito.

A realidade, no entanto, é outra. Não é mais permitido que os entes sejam financiados por órgãos que controlam. Certo? Não? Como assim. Clique aqui e veja mais detalhes.

Sim, o plano de recuperação fiscal foi um termo negociado entre a União, via ministro da fazenda, e os Estados endividados. Ele se dará da seguinte forma: estão cessados momentaneamente pagamentos de dívidas desses Estados com a União (Calote? Sim, calote), os estados deverão fazer cortes e privatizações, onde no caso do Rio de Janeiro, será privatizada a Companhia de Águas e Esgotos (CEDAE). Em regras gerais, os Estados deverão diminuir despesas e aumentar receitas (sim, os impostos vão aumentar). Essas notícias são ruins mas o pior ainda está por vir. A União se comprometeu de levar ao congresso uma flexibilização da LRF de modo a permitir que os entes federativos possam contrair empréstimos com bancos públicos. Isso muda tudo para muito pior. Os Estados estarão livres para aumentar suas dívidas e contrair empréstimos sem limites depois de 17 anos aumentando suas dívidas e contraindo empréstimos com algum limite.

Portanto, em pouquíssimos meses se nada for feito, voltaremos às mesmas condições da década de 80. Mostraremos ao mundo que ao experimentarmos a responsabilidade, não gostamos dela e escolhemos voltar à irresponsabilidade. É exatamente disso que o país não precisa nesse momento.

POR QUE A INFLAÇÃO BRASILEIRA CAIU?

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Por Adolfo Sachsida, publicado pelo Instituto Liberal

A inflação brasileira medida pelo IPCA fechou 2016 em 6,3%, dentro do intervalo da meta, e bem abaixo dos 10,6% de 2015. Não restam dúvidas que tal desempenho surpreendeu positivamente a esmagadora maioria dos analistas de mercado, jornalistas econômicos, e economistas em geral. Então resta a pergunta: por que a inflação brasileira, medida pelo IPCA, caiu?

Como a dívida pública e a questão fiscal continuam calamitosas, e a taxa de juros subiu ao longo do ano passado, me parece que a explicação de dominância fiscal não é a resposta. Note que a questão de dominância fiscal pode sim ter desempenhado papel importante entre 2014 e 2015, mas não parece ter sido a razão da queda da inflação em 2016. Aos que quiserem um estudo mais técnico, sugiro o artigo de Mendonça, Moreira e Sachsida (2016).

Outra explicação é a curva de Phillips: a enorme recessão puxou para baixo a inflação. Muitos defendem essa explicação, eu discordo. Vários de meus estudos técnicos mostram que a curva de Phillips não pode ser usada para explicar a inflação no Brasil. Aos que quiserem um estudo mais técnico, sugiro a leitura da revisão de literatura sobre o tema feito por Sachsida (2014) (publicado na Revista Brasileira de Economia).

Os estudos técnicos que realizei sobre a dinâmica da inflação no Brasil (medida pelo IPCA) me levam a apontar as expectativas de inflação como o principal componente da inflação brasileira. Você pode ler um desses estudos clicando aqui.

Em resumo, minha explicação para a queda da inflação brasileira foca nas expectativas de inflação. Com a mudança de governo no meio de 2016, e a consequente mudança nos rumos da política monetária, ocorreu um aumento significativo na credibilidade do Banco Central. Tal aumento de credibilidade ancorou as expectativas de inflação fazendo com que a mesma caísse ao longo do ano. Sendo assim, deixo aqui meus parabéns a toda equipe do Banco Central do Brasil. Outras vezes fui bem crítico com vocês, mas aqui não restam dúvidas (de minha parte) que o Banco Central do Brasil fez um excelente trabalho.

Justiça Federal em Curitiba retoma trabalhos da Operação Lava Jato

Justiça Federal em Curitiba - sede da 13 Vara Federal (Divulgação/Justiça Federal em Curitiba)

Justiça Federal em Curitiba - sede da 13ª Vara Federal -Divulgação/Justiça Federal em Curitiba

Os trabalhos da Operação Lava Jato serão retomados hoje (1º) na Justiça Federal em Curitiba. Cinco testemunhas de acusação devem ser ouvidas nesta quarta-feira, na ação penal que investiga o ex-ministro Antônio Palocci, o empresário Marcelo Odebrecht e mais 13 pessoas. Eles foram denunciados pelos crimes de corrupção e lavagem de dinheiro, após a 35ª fase da Lava Jato, chamada de Omertá, deflagrada em setembro do ano passado e que resultou na prisão de Palocci. Tanto o ex-ministro quanto Marcelo Odebrecht estão presos na carceragem da Polícia Federal (PF) na capital paranaense.

Saiba Mais

Estão previstos para hoje os depoimentos dos executivos da empresa UTC, Ricardo Pessoa e Walmir Santana, e dos empresários Vinícius Veiga Borin, Marco Pereira de Sousa Bilinski e Luiz Augusto França. Todos já assinaram acordos de delação premiada com a Justiça.

De acordo com a denúncia do Ministério Público Federal (MPF), Palocci e a construtora Odebrecht teriam estabelecido um “amplo e permanente esquema de corrupção” entre 2006 e 2015. O esquema envolveria o pagamento de propina ao Partido dos Trabalhadores (PT). Os procuradores do MPF afirmam que o ex-ministro teria atuado de modo a garantir que a empreiteira vencesse licitação da Petrobras para a contratação de 21 sondas.

Entre os denunciados no processo aparecem também o ex-assessor de Palocci, Branislav Kontic, o ex-marqueteiro do PT João Santana, a publicitária Mônica Moura, o ex-tesoureiro do PT João Vaccari Neto, o ex-gerente da Petrobras Eduardo Musa e João Carlos Ferraz, ex-presidente da Sete Brasil.

À época em que foram feitas, as prisões foram criticadas pela defesa de Palocci. Os advogados disseram que tudo ocorreu no estilo “ditadura militar”, de maneira secreta, e negaram as acusações, que consideraram vazias. O diretório nacional do partido classificou o fato como espetáculo pré-eleitoral, já que aconteceu seis dias antes das eleições municipais.

 

Agência Brasil

 

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