quarta-feira, 6 de janeiro de 2016

Inadimplência nas escolas chega a 25%; saiba como negociar os débitos

por Lucy Brandão Barreto


Veja os oito passos para negociar a mensalidade. Escolas não podem negar transferência de aluno e nem aplicar multa maior que 2%

A combinação entre inflação e desemprego em alta está fazendo com que muitos brasileiros tenham que cortar, além dos supérfluos, gastos até então considerados prioridade, como a educação dos filhos. A inadimplência atingiu a média 25% no ano de 2015, segundo dados  da Confederação Nacional dos Estabelecimentos de Ensino (Confenen).

“Como se esperava, a inadimplência está aumentando. Quanto mais subir, menos alunos com quem dividir os custos. Quanto menos alunos, maior o preço [da mensalidade]”, afirma o presidente da Confenen, Roberto Dornas, explicando que o preço pago à escola decorre da divisão do custo da instituição pelo número de alunos pagantes, daí a razão pela qual classes pequenas e poucas turmas aumentam os preços.

Uma pesquisa do Serviço de Proteção ao Crédito (SPC Brasil), mostrou que o número, em 2014, não passava de 8%. Já em 2015, o índice foi quatro vezes maior.

Livre das dívidas
Até o mês passado, o funcionário público José Augusto Menezes fazia parte das estatísticas. Ele estava devendo três mensalidades de cada um dos dois netos que mantém na escola particular, e mais a faculdade da filha. As dívidas chegavam a R$ 6.675, já com multa e juros.

“Surgiram muitos outros compromissos que não estavam programados. Então a gente termina tendo que pagar o que é mais urgente. Depois fui apertando daqui e dali para conseguir quitar tudo”, comenta ele, que usou o décimo terceiro salário e outros rendimentos extras para pagar o débito com a instituição.

Agora a preocupação é outra. As contas não param de chegar e a escola já anunciou um aumento de 11%. “Tive que pagar a matrícula de 2016 com um cheque pré-datado. Em fevereiro eu saio de férias e pretendo usar a antecipação para quitar as novas dívidas”, diz José Augusto.

Mesmo com grande dificuldade, ele afirma que pretende manter os netos na escola particular.

“A educação é a prioridade para deixar meus netos encaminhados na vida. Apesar do sacrifício, fico muito satisfeito porque antes dos 6 anos eles já estavam lendo e estão se desenvolvendo muito. Com fé em Deus, vai dá para manter eles na escola”.

Quem ainda não se livrou desta dívida e ainda vive o drama de ter que negociar com a escola da filha é a psicóloga Taís Santos.

Segundo ela, em razão de outros gastos precisou atrasar dois meses de mensalidade e agora pretende pagar tudo juntando a segunda parcela do décimo terceiro com a renda de um trabalho extra que arrumou.

“A intenção é que dê para pagar os dois meses atrasados (novembro e dezembro) e ainda sobre para pagar a matrícula. Porque este mês já tem a lista de material e muitos outros gastos”, prevê Taís.

A psicóloga tentou negociar uma prestação de serviços com o colégio para ter desconto na mensalidade. “Como trabalho na área de Recursos Humanos, já até conversei com a escola e pedi para prestar serviço em troca de um desconto. Prometeram tentar esta forma de permuta para este ano”, conta.

Em casa, os cortes já foram feitos em outras despesas e a escola integral sai mais barato do que pagar uma babá no contraturno para cuidar da criança.

“Não tenho outra opção. O jeito é continuar batalhando para manter a escola dela que é algo prioritário pra mim”, diz a mãe.

Diálogo e equilíbrio
De acordo com o diretor de fiscalização do Procon-BA, Iratã Vilas Boas, em reunião com o Sindicato dos Estabelecimentos de Ensino do Estado da Bahia -  Sinepe, o órgão aconselhou que fosse mantida a harmonia da relação de consumo.

“Este é o princípio do Código de Defesa do Consumidor (CDC), então é muito importante que as escolas e os pais busquem o diálogo e o equilíbrio na negociação das dívidas porque isso será bom para ambas as partes”, orienta.

Vilas Boas destaca ainda que a escola não é uma empresa comum.

“O serviço prestado é um serviço essencial, defendido pela nossa Constituição Federal, que é o direito à educação”, afirma ele.

O advogado do Confenen, Carlos Araújo, enfatiza, entretanto, os prejuízos causados aos estabelecimentos de ensino em razão da inadimplência.

“Desqualificação do ensino e do atendimento para todos os alunos, alta demissão de professores e funcionários, além do corte de despesas no que pode esperar ou ficar para depois”.

Escola não pode reter documento de transferência
Mesmo nos casos de inadimplência, a escola não pode se negar a fazer a entrega do documento de transferência do aluno para outra instituição de ensino. É o que garante o diretor de fiscalização do Procon-BA, Iratã Vilas Boas.

 “A retenção dos documentos de transferência é uma das reclamações mais constantes aqui no Procon. Isso é proibido por lei. É um dever da escola expedir, a qualquer tempo, o documento de transferência”, explica.

A lei 9.870/99 também garante aos alunos inadimplentes a renovação da matrícula, desde que o débito esteja em negociação e pelo menos a primeira parcela do acordo tenha sido quitada. No caso de negociação de débitos, as escolas podem aplicar multa máxima de 2% por mensalidade atrasada.

Mas o parcelamento não é obrigatório. “A negociação de dívidas é uma liberalidade que a empresa faz com o consumidor, eles não são obrigados a dar desconto”, afirma Vilas Boas. Se a regularização do débito não for negociada, os colégios não são obrigados a renovar a matrícula.

Entretanto, os alunos inadimplentes só podem ser desligados ao final do ano letivo, no caso do ensino fundamental e médio. Além disso, os alunos não podem sofrer qualquer tipo de constrangimento, como suspensão de provas, retenção de documentos escolares ou aplicação de penalidades pedagógicas motivadas pela inadimplência.

“O Código de Defesa do Consumidor diz que o consumidor, ainda que inadimplente, não pode ser exposto a ridículo, sofrer ameaça nem ser submetido a qualquer tipo de constrangimento”, complementa o representante do Procon-BA.

O órgão de defesa orienta que consumidores e instituições procurem solucionar o problema de maneira amigável, com dilatação de prazos e, se possível, parcelamento do débito. Mas se um acordo não for possível, ainda assim não são justificadas cobranças de mora e juros diferentes dos estabelecidos pela legislação. Cobranças indevidas por parte da escola implicam restituição dos valores pagos, em dobro e corrigidos.
Fonte: iBahia - 04/01/2016 e Endividado

FUNDOS DE PRIVATE EQUITY QUEREM SUBSTITUIR EMPREITEIRAS NAS CONCESSÕES PÚBLICAS!

(Mercado Aberto, Maria Cristina Frias - Folha de S. Paulo, 05) 1. Os fundos de private equity pretendem ocupar espaços que antes eram dominados pelas construtoras, como concessões de aeroportos e contratos de obras de infraestrutura, diz Fernando Borges, presidente da ABVCap, a associação que reúne esses gestores de recursos.

2. "Licitações e concessões vão ser feitas com mais holofotes e escrutínio do que no passado. Será um ambiente mais favorável" à atuação de private equity, afirma Borges. Esses fundos fizeram mais investimentos em aquisições em 2015 do que no anterior, segundo o executivo, que trabalha no Carlyle.

3. "Historicamente, houve um pico [de investimentos] em 2013, com R$ 18 bilhões. Em 2014, caiu para R$ 14 bilhões. Ainda não temos os números de 2015, mas será mais do que isso." A melhora aconteceu porque a incerteza sobre quem ganharia as eleições, em 2014, era um fator mais determinante para investimentos do que a recessão de 2015, diz.
 
4. O segmento tem cerca de R$ 123 bilhões comprometidos e R$ 30 bilhões não alocados. Uma parte desse dinheiro irá para aquisições, que devem ter momento favorável, afirma. Com a recessão "os preços finalmente diminuíram, caiu a ficha das empresas" na hora de precificar ativos. A perda de grau de investimento e as dúvidas políticas não influenciam tanto o setor. "Private equity olha para um horizonte maior".

Ex-Blog do Cesar Maia

PT X PT: ONDE ESTÁ A REAL DIFERENÇA SOBRE A POLÍTICA ECONÔMICA DE DILMA!

1. De forma cada vez mais explícita, o PT se divide em dois PTs no apoio e crítica à política econômica de Dilma. Só que não há o PT mais e o PT menos importante. Há, na verdade, dois focos cuja diferença entre eles está no tempo político.
       
2. O primeiro foco se refere ao interesse político de curto prazo, a começar pelas eleições municipais seguidas por eleições sindicais e gremiais. Uma política econômica de forte ajuste fiscal, monetário e cambial produz amplo desconforto, a começar pela crescente taxa de desemprego, pela precarização do emprego e pela rotatividade para emprego de menor remuneração.
       
3. A amplíssima maioria do PT disputa poder nessas eleições locais, mesmo que muitos estejam empregados em nível federal nas administrações direta e indireta. A Lava-Jato eliminou a renda informal (ou por fora) e emagreceu as finanças partidárias. Derrotas em eleições municipais, sindicais e gremiais impactariam terminalmente setores importantes do PT acostumados às amizades políticas coloridas.
       
4. O segundo foco é o que prioriza as eleições de 2018 e entende que os sacrifícios em curto prazo, tenham a intensidade que tiverem, são fundamentais para manter a competitividade do PT em nível presidencial, de senadores, governadores e deputados federais. É este segundo vetor que é naturalmente hegemônico no governo federal.
       
5. São dois focos, duas estratégias incompatíveis. Atuam como se fossem dois partidos, um no governo e outro na "oposição". Só se encontram e convergem na questão do impeachment de Dilma, pois isso anteciparia a debacle do conjunto.
       
6. É importante salientar que os estudos do politólogo Jairo Nicolau mostram que a vinculação, correlação maior entre todas as instâncias eleitorais se encontra nas eleições municipais e de deputados federais. Isso fortalece o primeiro foco.
       
7. O PT “curto prazista” defende uma política econômica e o exercício político de corte kircherista, alardeando que as críticas "neoliberais não foram confirmadas no ano eleitoral, seja pela popularidade ascendente da presidente Cristina Kirchner, como no resultado das eleições com vitória kircherista no primeiro turno e um quase empate no segundo, apesar de as pesquisas exaltarem uma vitória bem mais elástica de Macri.

Ex-Blog do Cesar Maia