domingo, 2 de novembro de 2014

PT e PMDB brigam por setor energético

Ministro Edison Lobão avisou a parentes e aliados que deixará o cargo
Lobão deve deixar Ministério de Minas e Energia | Foto: Valter Campanato / ABr / CP
Lobão deve deixar Ministério de Minas e Energia | Foto: Valter Campanato / ABr / CP
Integrantes do PMDB e do PT abriram a disputa pelo controle do setor energético no segundo mandato da presidente Dilma Rousseff. Peemedebistas do Senado querem manter o Ministério de Minas e Energia, que comandam desde 2005. O atual ministro, Edison Lobão, avisou a parentes e aliados que deixará o cargo para retomar, a partir de janeiro de 2015, seu mandato de senador pelo Maranhão. O PT defende a saída de Lobão, especialmente após o nome do ministro aparecer na delação premiada à Justiça Federal feita pelo ex-diretor da Petrobras Paulo Roberto Costa. Além disso, querem que o ministério, ao qual estão subordinadas a Petrobras e a Eletrobras, componha um “núcleo duro” da Esplanada com diálogo direto com os responsáveis pela formulação da política econômica.

O argumento dos petistas é que o ministério ganhou peso estratégico devido à crise hídrica que tem afetado o nível dos reservatórios, a geração de energia e os problemas de caixa das distribuidoras. Também as denúncias de corrupção na Petrobras assumiram um alto grau de importância. O partido acredita que retirar o PMDB do comando do ajudaria a transmitir a imagem de que o governo está interessado em apurar as denúncias de corrupção na Petrobras. Dessa forma, a Pasta precisaria estar mais próxima do Palácio do Planalto, atuando em sintonia com os futuros titulares da Fazenda e da Casa Civil.

O senador Walter Pinheiro (PT-BA) afirmou que, no próximo governo, a Pasta não pode ser vista como um “ministério qualquer”. “Precisa fazer parte do núcleo mais importante do governo”, argumentou. Não por acaso, um dos nomes cotados pelo partido para assumir o posto hoje ocupado por Lobão, afilhado político de José Sarney (PMDB-AP), é o do governador da Bahia, Jaques Wagner. Próximo à Dilma e fortalecido no PT por ter eleito seu candidato ao governo estadual ainda no primeiro turno, Wagner deverá ter papel de destaque no próximo mandato. O chefe de gabinete de Dilma, Giles Azevedo, que foi secretário de Minas e Metalurgia quando a petista comandou o ministério, é outro cotado.

O PMDB, no entanto, está decidido a lutar pelo ministério. O principal argumento é o de que Dilma precisará do partido, caso queira garantir o mesmo apoio político que teve no Senado em seu primeiro mandato.

Apoio é moeda de troca no Senado

A partir do próximo ano, com uma oposição mais forte no Senado, com a presença dos tucanos Aécio Neves (MG), José Serra (SP) e Tasso Jereissati (CE) e de Ronaldo Caiado (Dem-GO), o governo precisa garantir apoio na Casa. Como as condições da economia em 2015 não são das melhores, o respaldo no Senado para aprovação de medidas previstas pelo Executivo, algumas impopulares, é fundamental. O PMDB do Senado precisa ser bem tratado pelo governo.

Entre os nomes que o PMDB quer ver no ministério de Minas e Energia estão o líder do partido no Senado, Eunício Oliveira (CE), e o líder do governo na Casa, Eduardo Braga (AM), que é engenheiro elétrico. A bancada dos senadores quer manter os três ministérios da sua “cota” além de Minas e Energia, a Previdência e o Turismo, esse último cota do presidente do Senado, Renan Calheiros (PMDB-AL). Os deputados da sigla, por sua vez, controlam a Agricultura. O ministro da Secretaria de Aviação Civil, Moreira Franco, é indicação pessoal do vice de Dilma, Michel Temer.

Desde o início do governo Dilma, o PMDB se ressente da perda de espaço na área. A petista foi a primeira ministra de Minas e Energia de Lula e responsável pelo modelo de gestão do setor. No final do governo Lula, o partido chegou a ter praticamente uma “porteira fechada” no setor. Contudo, tão logo assumiu, Dilma acabou com o monopólio e indicou pessoas de sua confiança para uma gestão compartilhada de PT e PMDB. 

O PMDB do Senado até toparia perder Minas e Energia, desde que a compensação viesse em uma pasta de igual “envergadura”, como Cidades, Transportes ou Integração Nacional. 

Prêmio Jovens Insipiradores entrevista Bel Pesce: É fundamental aprender com seus erros

Publicado em 30/10/2014

Bel Pesce, de 26 anos, é um fenômeno. A menina do vale formou-se em cinco faculdades pelo MIT, já trabalhou no Google, na Microsoft e tem dois livros publicados. Em entrevista exclusiva ao Prêmio Jovens Inspiradores, ela conta sua trajetória e dá dicas para futuros empreendedores sociais.

 

Armadilha à espera de Lula

Publicado em 30/10/2014

Se Aécio Neves precisa vencer as eleições em Minas para ser candidato outra vez, Lula só voltará ao Planalto caso consiga ressuscitar o PT em São Paulo.

 

Mediadores internacionais pedem transição civil em Burkina Faso

Enviado da ONU afirmou que entidade quer evitar aplicação de sanções ao país

Mediadores internacionais pedem transição civil em Burkina Faso | Foto: Issouf Sanogo / AFP / CP

Mediadores internacionais pedem transição civil em Burkina Faso | Foto: Issouf Sanogo / AFP / CP

Os mediadores internacionais em Burkina Faso, em plena crise política após a queda nessa sexta-feira do presidente Blaise Compaoré, pediram neste domingo a adoção de um regime de transição liderado por um civil e de acordo com a ordem constitucional, sob pena de sanções.
"Queremos evitar a aplicação de sanções a Burkina Faso", declarou o enviado da ONU para a África Ocidental, Mohamed Ibn Chambas, em uma entrevista coletiva em nome da missão formada pelas Nações Unidas, a União Africana e a Comunidade Econômica dos Estados da África Ocidental.
No sábado, o exército do país designou o tenente-coronel Isaac Zida para dirigir a transição. A Constituição do país determina que o presidente da Assembleia Nacional é a pessoa que deve assumir o poder interino. Os partidos de oposição e as organizações da sociedade civil rejeitaram a nomeação e convocaram a população para um protesto neste domingo na capital, Uagadugu.
Compaoré se viu obrigado a renunciar na sexta-feira. Um dia antes, o exército assumiu o controle do país, depois de uma revolta popular contra a vontade do presidente de permanecer no poder, que ele havia tomado em um golpe de Estado em 1987. Segundo testemunhas, Compaoré está com a família na Costa do Marfim.

 

AFP e Correio do Povo

Se Dilma for reeleita, o presidente do Brasil acabará sendo Michel Temer

Blog

Reinaldo Azevedo

Análises políticas em um dos blogs mais acessados do Brasil

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24/10/2014

às 6:19

A CAPA DE VEJA – Ou: Se Dilma for reeleita, o presidente do Brasil acabará sendo Michel Temer. Ou: Além de dizer que a governanta sabia da roubalheira na Petrobras, doleiro diz que pode ajudar polícia a identificar contas secretas do PT no exterior. Parece que a casa caiu!

PÁGINA DUPLA VEA

O governo segurou dados negativos sobre o Ideb, a miséria e a arrecadação, entre outros, porque teme que eles possam prejudicar a votação da candidata do PT à reeleição. Já é um escândalo porque o estado brasileiro não pertence ao partido. Ao jornalismo não cabe nem retardar nem apressar a publicação de uma reportagem em razão do calendário eleitoral. A boa imprensa se interessa por fatos e disputa, quando muito, leitores, ouvintes, internautas, telespectadores. Na terça-feira passada — há três dias, portanto —, o doleiro Alberto Youssef, preso pela Operação Lava Jato, deu um depoimento estarrecedor à Polícia Federal e ao Ministério Público. A revista VEJA sabe o que ele disse e cumpre a sua missão: dividir a informação com os leitores. Se, em razão disso, pessoas mudarão de voto ou se tornarão ainda mais convictas do que antes de sua opção, eis uma questão que não diz respeito à revista — afinal, ela não disputa o poder. E o que disse Youssef, como revela VEJA, numa reportagem de oito páginas? Que Luiz Inácio Lula da Silva e Dilma Rousseff sabiam da roubalheira que havia na Petrobras.

Mais: Youssef se prontificou a ajudar a Polícia a chegar a contas secretas do PT no exterior. Segundo as pesquisas, Dilma poderá ser reeleita presidente no domingo. Se isso acontecer e se Youssef fornecer elementos que provem que a presidente tinha conhecimento das falcatruas, é certo como a luz do dia que ela será deposta por um processo de impeachment. Não é assim porque eu quero. É o que estabelece a Lei 1.079, com base na qual a Câmara acatou o processo de impeachment contra Collor e que acabou resultando na sua renúncia. O petrolão já é o maior escândalo da história brasileira e supera o mensalão.

O diálogo que expõe a bomba capaz de mandar boa parte do petismo pelos ares é este:

— O Planalto sabia de tudo!

— Mas quem no Planalto?, perguntou o delegado.

— Lula e Dilma, respondeu o doleiro.

Youssef diz ter elementos para provar o que diz — e, em seu próprio benefício, é bom que tenha, ou não contará com as vantagens da delação premiada e ainda poderá ter a sua pena agravada. A sua lista de políticos implicados no esquema já saltou, atenção, de 30 para 50. Agora, aparece de forma clara, explícita, em seu depoimento, a atuação de José Sérgio Gabrielli, presidente da Petrobras durante o califado de Lula e em parte do governo Dilma. Entre outros mimos, ele revela que Gabrielli o chamou para pagar um cala-boca de R$ 1 milhão a uma agência de publicidade que participava do pagamento ilegal a políticos. Nota: Youssef já contou à PF que pagava pensão mensal a membros da base aliada, a pedido do PT, que variavam de R$ 100 mil a R$ 150 mil.

Pessoas que conhecem as denúncias de Youssef asseguram que João Vaccari Neto — conselheiro de Itaipu, tesoureiro do PT e um dos coordenadores da campanha de Dilma — será fulminado pelas denúncias. O doleiro afirma dispor de provas das transações com Vaccari. Elas compõem o seu formidável arquivo de mais de 10 mil notas fiscais, que servem para rastrear as transações criminosas.

Contas no exterior

É nesse arquivo de Youssef que se encontram, segundo ele, os elementos para que a Polícia Federal possa localizar contas secretas do PT em bancos estrangeiros, que o partido sempre negou ter, é claro. Até porque é proibido. A propósito: o papel de um doleiro é justamente fazer chegar, em dólar, ao exterior os recursos roubados, no Brasil, repatriando-os depois quando necessário.

Por que VEJA não revelou isso antes? Porque Youssef só depôs na terça-feira. A revista antecipou a edição só para criar um fato eleitoral? É uma acusação feita por pistoleiros: VEJA publicou uma edição na sexta-feira anterior ao primeiro turno e já tinha planejada e anunciada uma edição na sexta-feira anterior ao segundo turno. Mas que se note: ainda que o tivesse feito, a decisão seria justificada. Ou existe alguém com disposição para defender a tese de que vota melhor quem vota no escuro?

Quanto ao risco de impeachment caso Dilma seja reeleita, vamos ser claros: trata-se apenas da legislação vigente no Brasil desde 10 de abril de 1950, que é a data da Lei 1.079, que define os crimes de responsabilidade e estabelece a forma do processo. Valia para Collor. Vale para Dilma. Se Youssef estiver falando a verdade — num processo de delação premiada — e se Dilma for reeleita, ela será deposta. Se a denúncia alcançar também seu vice, Michel Temer, realizam-se novas eleições diretas 90 dias depois do último impedimento se não tiver transcorrido ainda metade do mandato. Se os impedimentos ocorrerem nos dois anos finais, aí o Congresso tem 90 dias para eleger o titular do Executivo que concluirá o período.

Informado, o eleitor certamente decide melhor. A VEJA já está nas bancas.

Texto publicado originalmente às 4h25

Por Reinaldo Azevedo

Tags: Eleições 2014