domingo, 31 de agosto de 2008

A ciência comprova: você é escravo do seu cérebro

O livre-arbítrio não existe

Por Salvador Nogueira

 

A ciência comprova: você é escravo do seu cérebro

(iStock | utah778)

Você se interessou pelo tema desta reportagem e, por isso, resolveu dar uma lida. Certo? Errado! Muito antes de você tomar essa decisão, a sua mente já havia resolvido tudo sozinha – e sem lhe avisar. Uma experiência feita no Centro Bernstein de Neurociência Computacional, em Berlim, colocou em xeque o que costumamos chamar de livre-arbítrio: a capacidade que o homem tem de tomar decisões por conta própria.

As escolhas que fazemos na vida são mesmo nossas. Mas não são conscientes. Voluntários foram colocados em frente a uma tela na qual era exibida uma seqüência aleatória de letras. Eles deveriam escolher uma letra e apertar um botão quando ela aparecesse. Simples, não? Acontece que, monitorando o cérebro dos voluntários via ressonância magnética, os cientistas chegaram a uma descoberta impressionante. Dez segundos antes de os voluntários resolverem apertar o botão, sinais elétricos correspondentes a essa decisão apareciam nos córtices frontopolar e medial, as regiões do cérebro que controlam a tomada de decisões. “Nos casos em que as pessoas podem tomar decisões em seu próprio ritmo e tempo, o cérebro parece decidir antes da consciência”, afirma o cientista John Dylan-Haynes.

Isso porque a consciência é apenas uma “parte” do cérebro – e, como a experiência provou, outros processos cerebrais tomam decisões antes dela. Agora os cientistas querem aumentar a complexidade do teste, para saber se, em situações mais complexas, o cérebro também manda nas pessoas. “Não se sabe em que grau isso se mantém para todos os tipos de escolha e de ação”, diz Haynes. “Ainda temos muito mais pesquisas para fazer.” Se o cérebro deles deixar, é claro.

A pessoa decide

O livre-arbítrio não existe

O voluntário precisa tomar uma decisão bem simples: escolher uma letra. Enquanto ele faz isso, seu cérebro é monitorado pelos cientistas

1. Observa a tela… O voluntário olha para uma seqüência de letras, que vai passando em ordem aleatória numa tela e muda a cada meio segundo.

2. Escolhe uma letra… Na mesa, existem dois botões: um do lado esquerdo e outro do lado direito. O voluntário deve escolher uma letra – e, quando ela passar na tela, apertar um desses dois botões.

3. E aperta o botão. Pronto. A experiência terminou. O voluntário diz aos pesquisadores qual foi a letra que escolheu e em que momento tomou a decisão.

Mas o cérebro já resolveu

Mas o cérebro já resolveu

Bem antes de a pessoa apertar o botão, ele toma as decisões sozinho

10 segundos antes: Os córtices medial e frontopolar, que controlam a tomada de decisões, já estão acesos – isso indica que o cérebro está escolhendo a letra.

5 segundos antes: Os córtices motores, que controlam os movimentos do corpo, estão ativos. Olhando a atividade deles, é possível prever se a pessoa vai apertar o botão direito ou o esquerdo.

E já é possível prever pensamentos

Além de provar que o livre-arbítrio não existe, a neurociência acaba de fazer outro enorme avanço: pesquisadores da Universidade Carnegie Mellon, nos EUA, construíram um computador capaz de ler pensamentos. Ou quase isso. Cada voluntário recebeu uma lista de palavras sobre as quais deveria pensar. Enquanto ele fazia isso, um computador analisava sua atividade cerebral (por meio de um aparelho de ressonância magnética). O software aprendeu a associar os termos aos padrões de atividade cerebral – e, depois de algum tempo, conseguia adivinhar em quais palavras as pessoas estavam pensando. O sistema ainda tem uma grande limitação – ele só consegue ler a mente de uma pessoa se ela estiver totalmente concentrada. O que nem sempre é fácil. “Às vezes, no meio da experiência, o estômago de um voluntário roncava, ele pensava ‘estou com fome’”, e isso embaralhava o computador, conta o cientista americano Tom Mitchell, responsável pelo estudo.

 

Super Interessante

quarta-feira, 19 de março de 2008

Foi um soldado alemão quem atirou em Exupéry

Autor do célebre livro “O Pequeno Príncipe” foi abatido por um aviador quando pilotava durante a Segunda Guerra Mundial


O avião do escritor francês Antoine de Saint-Exupéry, autor do livro “O Pequeno Príncipe”, cujo desaparecimento em 1944 nunca foi esclarecido, foi abatido por um caça alemão, revelou o piloto do mesmo, 64 anos depois. 'Tudo aconteceu em Toulon (França)”, disse o ex-piloto da Luftwaffe (Força Aérea do Terceiro Reich) Horst Rippert.
Ele voava abaixo de mim, enquanto eu cumpria uma missão de reconhecimento no mar. Vi um emblema, virei o lado para me posicionar atrás dele e o derrubei. Nunca vi o piloto”, explicou Rippert, de 88 anos.
Tudo aconteceu em 31 de julho de 1944. Décadas após o misterioso de Saint-Exupéry, Rippert conta os detalhes em um livro que se´ra lançado na próxima quinta-feira na França.
Se soubesse que era Saint-Exupéry, jamais teria abatido o avião”, admite o ex-piloto da Lufwaffe, que acrescenta só ter descoberto muito tempo depois que era o responsável pelo desaparecimento do escritor. “Em nossa juventude, todos líamos e adorávamos seus livros”, revela.
A resolução do ministério de Saint-Exupéry e a localização de Rippert, que posteriormente foi jornalista do segundo maior canal de televisão alemão, ZDF, foi possível graças a uma longa investigação do submarinista francês Luc Vanrell e do fundador da Associação de Busca de Aviões Perdidos. Durante a Guerra, Lino von Gartzen.

HIPÓTESES – A história é contada em um livro escrito por Vanrell e pelo jornalista Jacques Pradel, que tem o título “Saint-Exupéry, o Último Segredo”. O misterioso sumiço do escritor motivou diversas hipóteses, desde suicídio até a história de um pescador de Marselha (França) que encontrou, em 1998, uma pulseira com o nome “Saint-Ex” em sua rede de pesca.
Dois anos mais tarde, Vanrell encontrou os destroços de um avião Lighting como o que era pilotado pelo escritor. Em 2003, depois de retirar do mar os destroços, o número de série do aparelho mostrou que se tratava do avião de Saint-Exupéry.
Ao lado do avião do autor também foram encontrados destroços de um avião Maserchmitt alemão, e as investigações se voltaram para esse país. “Porem parar de procurar. Eu derrubei Saint-Exupéry, disse Rippert, ao ser contatado por Lino von Gartzen.
Saint-Exupéry partiu do norte da ilha de Córserga em 31 de julho de 1944, a bordo de um Lightning P38. Ele pretendia uma missão de reconhecimento e observação fotográfica para preparar o desembarque em Provence. Porém, nunca retornou à base.
Nascido no dia 29 de junho de 1900, Saint-Exupéry se tornou famoso com a publicação de “O Pequeno Príncipe”, um sucesso de vendas em todo o mundo e lançado em 1943, um ano antes de sua morte. (AE).



Fonte: O Sul, Caderno de Reportagem, página 2 de 19 de março de 2008. 

segunda-feira, 12 de fevereiro de 2007

BRASIL É CAMPEÃO MUNDIAL DE AÇÕES TRABALHISTAS

Cerca de 2 milhões de processos são julgados por ano.
Resultado é conta astronômica para o país.


AGÊNCIA ESTADO


O Brasil conseguiu abocanhar mais um título para a sua extensa lista de conquistas negativas. Com cerca de 2 milhões de processos por ano, o país é campeão mundial em ações trabalhistas, segundo levantamento do sociólogo José Pastore, especialista em relações do trabalho há mais de 40 anos. Segundo ele, nos Estados Unidos o número de processos não passa de 75 mil; na França, 70 mil; e no Japão, 2,5 mil processos.

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Resultado disso é uma conta astronômica para o país. Para cada R$ 1.000 julgados, a Justiça do Trabalho gasta cerca de R$ 1.300, calcula Pastore. Para ter idéia, em 2005 foram pagos aos reclamantes R$ 7,19 bilhões e, em 2006, R$ 6,13 bilhões até setembro. Na média mensal, o volume de 2006 ficou 13% superior ao do período anterior, segundo dados do Tribunal Superior do Trabalho (TST).

Na opinião de especialistas, o quadro caótico é resultado de inúmeras falhas. Uma delas é a qualidade da legislação trabalhista, considerada anacrônica, ultrapassada, detalhista e irreal. “Quando vejo 2 milhões de ações na Justiça, começo a achar que há alguma inadequação na nossa lei, que não foi feita para um mundo moderno, globalizado. O elevado número de ações não é um bom sintoma”, avalia o advogado Almir Pazzianotto, ministro do Tribunal Superior do Trabalho até 2002. Para ele, houve uma banalização da Justiça do Trabalho no Brasil. Qualquer coisa é motivo para entrar com um processo trabalhista.

Contra a morosidade
Os pedidos de mudanças no sistema não significam retirar do trabalhador a possibilidade de reivindicar seus direitos. Segundo especialistas, o Brasil, a exemplo do que ocorre em vários países, deveria adotar mais os mecanismos de conciliação extrajudicial, como arbitragem e conciliação prévia.

Os dois canais já existem no Brasil, mas não ganharam a importância devida. “Esses mecanismos estão evoluindo de maneira muito lenta. Mas acredito que uma hora as pessoas vão se dar conta de que esse é o melhor caminho contra a morosidade”, afirma Pazzianotto, referindo-se à duração de um processo trabalhista. Se passar por todas as instâncias, uma ação leva cerca de sete anos para ser julgada, podendo chegar a dez anos.

Pazzianotto afirma que o quadro poderia ser ainda pior se os processos passassem por todas as instâncias. Segundo ele, cerca de 50% das ações terminam com acordo na primeira instância. E, mesmo assim, a situação é calamitosa. “A culpa não é dos juízes. Eles trabalham bastante. O problema é a legislação, que instiga o aumento de ações”, diz Pastore.

Na avaliação dele, a solução é uma reforma que elimine as distorções atuais e incentive as empresas a contratar os funcionários, reduzindo a informalidade. “Hoje muitas pessoas trabalham sem registro por causa da elevada carga tributária sobre os salários”.

Mas, apesar da situação complicada, alguns especialistas acreditam que houve melhora. “A informatização tem permitido que os números não avancem da forma acelerada como vinham crescendo”, afirma o advogado Estevam Mallet. Além disso, acrescenta, o interesse das empresas em abrir capital tem ajudado a reduzir os conflitos. “Companhias com grandes passivos trabalhistas não são bem vistas pelos analistas”.

Segundo dados do TST, hoje o país tem 1.364 varas instaladas. Em 2005, para cada 100 mil habitantes do País, 69 tinham ação no TST, 298 nos Tribunais Regionais (TRTs) e 1.050 nas Varas trabalhistas. Cada magistrado recebeu 949 processos. O TST recebeu o maior número: 4.408 processos por ministro e juiz convocado. A indústria foi responsável por 21% das ações. Na administração pública, a participação subiu de 3,3% em 2001 para 5,1% em 2005.

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G1