quarta-feira, 19 de março de 2008

Foi um soldado alemão quem atirou em Exupéry

Autor do célebre livro “O Pequeno Príncipe” foi abatido por um aviador quando pilotava durante a Segunda Guerra Mundial


O avião do escritor francês Antoine de Saint-Exupéry, autor do livro “O Pequeno Príncipe”, cujo desaparecimento em 1944 nunca foi esclarecido, foi abatido por um caça alemão, revelou o piloto do mesmo, 64 anos depois. 'Tudo aconteceu em Toulon (França)”, disse o ex-piloto da Luftwaffe (Força Aérea do Terceiro Reich) Horst Rippert.
Ele voava abaixo de mim, enquanto eu cumpria uma missão de reconhecimento no mar. Vi um emblema, virei o lado para me posicionar atrás dele e o derrubei. Nunca vi o piloto”, explicou Rippert, de 88 anos.
Tudo aconteceu em 31 de julho de 1944. Décadas após o misterioso de Saint-Exupéry, Rippert conta os detalhes em um livro que se´ra lançado na próxima quinta-feira na França.
Se soubesse que era Saint-Exupéry, jamais teria abatido o avião”, admite o ex-piloto da Lufwaffe, que acrescenta só ter descoberto muito tempo depois que era o responsável pelo desaparecimento do escritor. “Em nossa juventude, todos líamos e adorávamos seus livros”, revela.
A resolução do ministério de Saint-Exupéry e a localização de Rippert, que posteriormente foi jornalista do segundo maior canal de televisão alemão, ZDF, foi possível graças a uma longa investigação do submarinista francês Luc Vanrell e do fundador da Associação de Busca de Aviões Perdidos. Durante a Guerra, Lino von Gartzen.

HIPÓTESES – A história é contada em um livro escrito por Vanrell e pelo jornalista Jacques Pradel, que tem o título “Saint-Exupéry, o Último Segredo”. O misterioso sumiço do escritor motivou diversas hipóteses, desde suicídio até a história de um pescador de Marselha (França) que encontrou, em 1998, uma pulseira com o nome “Saint-Ex” em sua rede de pesca.
Dois anos mais tarde, Vanrell encontrou os destroços de um avião Lighting como o que era pilotado pelo escritor. Em 2003, depois de retirar do mar os destroços, o número de série do aparelho mostrou que se tratava do avião de Saint-Exupéry.
Ao lado do avião do autor também foram encontrados destroços de um avião Maserchmitt alemão, e as investigações se voltaram para esse país. “Porem parar de procurar. Eu derrubei Saint-Exupéry, disse Rippert, ao ser contatado por Lino von Gartzen.
Saint-Exupéry partiu do norte da ilha de Córserga em 31 de julho de 1944, a bordo de um Lightning P38. Ele pretendia uma missão de reconhecimento e observação fotográfica para preparar o desembarque em Provence. Porém, nunca retornou à base.
Nascido no dia 29 de junho de 1900, Saint-Exupéry se tornou famoso com a publicação de “O Pequeno Príncipe”, um sucesso de vendas em todo o mundo e lançado em 1943, um ano antes de sua morte. (AE).



Fonte: O Sul, Caderno de Reportagem, página 2 de 19 de março de 2008. 

segunda-feira, 12 de fevereiro de 2007

BRASIL É CAMPEÃO MUNDIAL DE AÇÕES TRABALHISTAS

Cerca de 2 milhões de processos são julgados por ano.
Resultado é conta astronômica para o país.


AGÊNCIA ESTADO


O Brasil conseguiu abocanhar mais um título para a sua extensa lista de conquistas negativas. Com cerca de 2 milhões de processos por ano, o país é campeão mundial em ações trabalhistas, segundo levantamento do sociólogo José Pastore, especialista em relações do trabalho há mais de 40 anos. Segundo ele, nos Estados Unidos o número de processos não passa de 75 mil; na França, 70 mil; e no Japão, 2,5 mil processos.

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Resultado disso é uma conta astronômica para o país. Para cada R$ 1.000 julgados, a Justiça do Trabalho gasta cerca de R$ 1.300, calcula Pastore. Para ter idéia, em 2005 foram pagos aos reclamantes R$ 7,19 bilhões e, em 2006, R$ 6,13 bilhões até setembro. Na média mensal, o volume de 2006 ficou 13% superior ao do período anterior, segundo dados do Tribunal Superior do Trabalho (TST).

Na opinião de especialistas, o quadro caótico é resultado de inúmeras falhas. Uma delas é a qualidade da legislação trabalhista, considerada anacrônica, ultrapassada, detalhista e irreal. “Quando vejo 2 milhões de ações na Justiça, começo a achar que há alguma inadequação na nossa lei, que não foi feita para um mundo moderno, globalizado. O elevado número de ações não é um bom sintoma”, avalia o advogado Almir Pazzianotto, ministro do Tribunal Superior do Trabalho até 2002. Para ele, houve uma banalização da Justiça do Trabalho no Brasil. Qualquer coisa é motivo para entrar com um processo trabalhista.

Contra a morosidade
Os pedidos de mudanças no sistema não significam retirar do trabalhador a possibilidade de reivindicar seus direitos. Segundo especialistas, o Brasil, a exemplo do que ocorre em vários países, deveria adotar mais os mecanismos de conciliação extrajudicial, como arbitragem e conciliação prévia.

Os dois canais já existem no Brasil, mas não ganharam a importância devida. “Esses mecanismos estão evoluindo de maneira muito lenta. Mas acredito que uma hora as pessoas vão se dar conta de que esse é o melhor caminho contra a morosidade”, afirma Pazzianotto, referindo-se à duração de um processo trabalhista. Se passar por todas as instâncias, uma ação leva cerca de sete anos para ser julgada, podendo chegar a dez anos.

Pazzianotto afirma que o quadro poderia ser ainda pior se os processos passassem por todas as instâncias. Segundo ele, cerca de 50% das ações terminam com acordo na primeira instância. E, mesmo assim, a situação é calamitosa. “A culpa não é dos juízes. Eles trabalham bastante. O problema é a legislação, que instiga o aumento de ações”, diz Pastore.

Na avaliação dele, a solução é uma reforma que elimine as distorções atuais e incentive as empresas a contratar os funcionários, reduzindo a informalidade. “Hoje muitas pessoas trabalham sem registro por causa da elevada carga tributária sobre os salários”.

Mas, apesar da situação complicada, alguns especialistas acreditam que houve melhora. “A informatização tem permitido que os números não avancem da forma acelerada como vinham crescendo”, afirma o advogado Estevam Mallet. Além disso, acrescenta, o interesse das empresas em abrir capital tem ajudado a reduzir os conflitos. “Companhias com grandes passivos trabalhistas não são bem vistas pelos analistas”.

Segundo dados do TST, hoje o país tem 1.364 varas instaladas. Em 2005, para cada 100 mil habitantes do País, 69 tinham ação no TST, 298 nos Tribunais Regionais (TRTs) e 1.050 nas Varas trabalhistas. Cada magistrado recebeu 949 processos. O TST recebeu o maior número: 4.408 processos por ministro e juiz convocado. A indústria foi responsável por 21% das ações. Na administração pública, a participação subiu de 3,3% em 2001 para 5,1% em 2005.

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G1

terça-feira, 21 de março de 2006

Educação sexual aos 10 anos

A realidade do país está a aconselhar, segundo psicólogos especializados em orientação sexual, a adoção de uma nova política de educação. Atualmente, a faixa etária compreendida entre os 13 e aos 24 anos é o público-alvo das ações governamentais destinadas à educação sexual. Agora, pretende o Ministério da Saúde que os programas de educação sexual priorizem os alunos de 10 a 15 anos, tendo em vista que é justamente nessa faixa etária em que o número de gestações não segue a tendência de queda do resto da população. Em conjunto, os ministério da Educação e da Saúde há um ano aplicam programas destinados a jovens de 13 e 24 anos em 482 escolas públicas, para prevenir Aids e outras doenças sexualmente transmissíveis, a gravidez precoce e os abortos clandestinos decorrentes.
Conforme dados colhidos nos registros do Sistema Único de Saúde, o número de partos de adolescentes entre 15 e 19 anos está em queda no país, mas, para as meninas de 10 e 14 anos, desde 1998 o número se mantém na média de 28 mil partos por ano. No ano passado, quase 49 mil jovens foram atendidas para curetagens pós-aborto na rede pública; destas, quase 3 mil tinham de 10 a 14 anos. São dados estarrecedores sobre uma realidade que precisa ser modificada. A educação sexual, principalmente na faixa dos 10 aos 15 anos, quando mais não seja por uma questão de saúde, deve ser adotada como política federal.
Entendem os psicólogos especializados em orientação sexual que ações educativas responsáveis e adaptadas à idade devem ser adotadas, já que não se pode presumir o início de atividades sexuais. A propósito, o professor Ânderson Costa, do Departamento de Psicologia Escolar da Universidade de Brasília, assegura que a política bem desenvolvida não gera permissividade nem viola a infância. E lembra que aos 10, 11 anos acaba a infância e a informação se torna oportuna. Os estudos sobre as ações que poderão fazer parte de uma nova política federal na questão da educação sexual estão em fase de conclusão nos ministérios da Educação e da Saúde e poderão ser anunciadas, ao que se informa, ainda no primeiro semestre deste ano.


Fonte: Editorial, Correio do Povo, página 4 de 21 de março de 2005.