Entre outras medidas, o Governo Federal anunciou criação de escritório permanente para atendimento de municípios atingidos
Visita às famílias e anúncios: veja como foi a visita de Janja e ministros ao Vale do Taquari | Foto: Mauro Schaefer
Com a maioria das cadeiras do auditório da Universidade do Vale do Taquari (Univates) ocupadas, teve início às 14h10min desta quinta-feira uma reunião com a primeira-dama Janja Lula da Silva, com ministros e representantes de municípios da região que foram afetados pelas enchentes. O foco do encontro foi a necessidade de reconstrução de residências e empresas, que geram emprego e renda, e que foram destruídas ou condenadas pelas cheias. Também foram entregues por Janja 20 mil cestas básicas adquiridas em parceria com o Sesc e Mesa Brasil.
A reunião aconteceu depois que Janja realizou visitas aos municípios de Estrela e Muçum, onde ela conheceu famílias afetadas pelo evento climático extremo. A primeira-dama representou o presidente Luiz Inácio Lula da Silva. Nesta sexta-feira, ele passará por uma cirurgia. Entretanto, Janja não falou com a imprensa. Após o encontro na Univates, ocorreu uma coletiva com ministros e secretários na sede da Caixa Econômica Federal de Lajeado, no Centro da cidade.
Com o anúncio de que está sendo criado um escritório fixo do Governo Federal na região do Vale do Taquari para atender líderes municipais, moradores, empresas e agricultores, o ministro-chefe da Secretaria de Comunicação Social da Presidência da República, Paulo Pimenta, falou sobre as políticas públicas implementadas e lembrou dos dias mais drásticos de enchente. "Estamos aqui por determinação do presidente Lula e temos atuado desde o primeiro dia da tragédia. Vamos utilizar o espaço da Caixa Econômica Federal de Lajeado para manter um QG de atendimento das prefeituras, empresários, agricultores, um ponto de referência onde os técnicos do governo estarão presentes pelo tempo necessário para dar apoio à comunidade", garantiu.
A prefeita em exercício de Lajeado, Glaucia Schumacher destacou que em um primeiro momento o primordial foi salvar vidas e agora o objetivo é salvar sonhos. "São pessoas que perderam tudo e por isso estamos aqui. Vamos continuar e vamos nos reerguer." Na sequência, o vice-governador do Estado, Gabriel Souza, agradeceu o apoio do Governo Federal para superar o momento. "O Rio Grande do Sul é o estado que mais sofreu impactos com eventos climáticos, como estiagens. E ciclones que causam chuvas, ventos fortes e, infelizmente, óbitos. Eu tive o desprazer de anunciar, dia após dia, a atualização de número de mortes. Mas também vimos muita solidariedade. É a hora da união e da superação das divergências", observou.
Mais cedo, o governador do Estado, Eduardo Leite, reuniu-se com ministros e com a primeira-dama, Janja Lula da Silva, na Univates. Leite afirmou que o goveno atua em várias frentes, mas com prioridade no salvamento das pessoas, depois no restabelecimento do serviços e em seguida na reconstrução. "Estamos encaminhando os planos de trabalho para o Ministério da Integração Nacional buscando validar isso. Começou a integração através do sistemas e plataformas do Governo Federal para ter os recursos e encaminhar obra de pontes, estradas a parte habitacional. Estamos alinhando também ações na área da manutenção de emprego e renda, pois muitas empresas foram afetadas e vão precisar de crédito facilitado", disse.
Leite salientou que o Banrisul lançou algumas linhas, mas o Governo Federal "tem fôlego para poder oferecer ainda mais linhas de financiamentos". O governador disse que a reunião com os ministros é essencial para alinhar a operação das ações e lembrou da medida provisória de liberação de R$ 1 bilhão que foi assinada pelo presidente da República. "Recursos não faltarão, a questão é estarmos alinhados para fazer com que esses recursos aconteçam na prática e não deixem de se apresentar como resultado", reforçou.
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O secretário-Executivo do Ministério da Cultura, Márcio Tavares, anunciou medidas para a área cultural. Entre as ações, está a prorrogação do prazo da Lei Paulo Gustavo e reconstrução das bibliotecas que perderam seus acervos. Além disso, foi destacado que a Caixa Econômica está trabalhando com as prefeituras para auxiliar na elaboração das propostas para o programa Minha Casa Minha Vida. Para isso, foi antecipada a vistoria dos terrenos e nesta sexta, às 10h30, ocorre uma live com as prefeituras para dar mais orientações a fim de que as propostas sejam encaminhadas, avaliadas e contratadas o mais rápido possível.
De acordo com o ministro da Integração e do Desenvolvimento Regional do Brasil, Waldez Góes, não faltarão recursos para isso. "O programa Minha Casa Minha Vida, criado pelo presidente Lula, tem um número de habitações para diminuir o déficit habitacional já determinado e, por determinação também do presidente, a questão a ser resolvida aqui é dar essa reposta para a sociedade gaúcha. Não vai diminuir em nenhuma casa a meta do que se propõe o Minha Casa Minha Vida. É recurso a ser colocado à disposição daqueles que perderam casa."
O ministro do Desenvolvimento Agrário e Agricultura Familiar, Paulo Teixeira, se solidarizou com as famílias que perderam entes queridos. Para o campo, o ministro salientou que as perdas na agricultura foram significativas. "O agricultor que tem Pronaf pode pedir que essa prestação vá para o final, seja ela de custeio ou investimento. No ponto de vista imediato ele já pode jogar para o final do contrato essa prestação. Mas se ele teve perdas e está no Pronaf ele é coberto pelo seguro rural." Segundo Teixeira, se o produtor rural precisa reconstruir instalações e comprar equipamentos, com o financiamento oferecido em medida provisória por Lula na quarta-feira, o agricultor poderá retirar o recurso e ele terá o desconto no pagamento.
Também presente na reunião e na coletiva, o ministro do Desenvolvimento e Assistência Social, Família e Combate à Fome do Brasil, Wellington Dias, falou na atenção à saúde mental das pessoas que passaram pela tragédia. "Vamos ampliar a capacidade de atendimento. Priorizamos a capacidade de salvar vidas e agora é o início da liberação de recursos para a parte de reconstrução. Temos essa preocupação com os seres humanos e essa força integrada será muito importante." Conforme a pasta, a força nacional do SUS está em atuação na região e já são mais de três mil atendimentos realizados. Dentro dessa equipe há uma área de atendimento psicossocial. A ampliação deste trabalho foi debatida nas reuniões realizadas nesta quinta-feira.
Correio do Povo