quinta-feira, 31 de dezembro de 2015
Dólar reage a cenário turbulento e ultrapassa R$ 4 em 2015
O dólar oscilou constantemente em 2015 e bateu recordes, reagindo às incertezas políticas e econômicas do país e à conjuntura internacional A moeda iniciou o ano perto dos R$ 2,70. Em março, já havia ultrapassado R$ 3 e, em junho, operou acima dos R$ 3,10.
No dia 22 de setembro, o dólar fechou acima dos R$ 4 pela primeira vez na história. No dia 24 do mesmo mês, chegou a R$ 4,24, outra máxima histórica, e depois recuou, encerrando o pregão a R$ 3,9914. Em dezembro, a moeda seguiu em alta e superou R$ 3,90 em alguns pregões.
O economista Luciano D'Agostini, do Conselho Federal de Economia (Cofecon) e pós-doutorando na Universidade Federal do Rio de Janeiro (UFRJ), explica que, no cenário doméstico, o dólar, valorizado em 2015, teve relação com as dificuldades de implementação do ajuste fiscal.
“O ajuste não deu certo porque parte dele não foi aprovada pelo Congresso. A entrega do objetivo não foi cumprida. Com isso, as agências de classificação de risco começaram a rebaixar as notas de crédito do país”, ressalta. Nesse quadro, diz, a crise política mostrou-se decisiva. Segundo o economista, além de ter travado a aprovação do ajuste, a crise criou um cenário de dúvidas.
“Deflagrou-se uma crise política, que também contribuiu para o câmbio subir. É uma variável, embora a gente não consiga medir o impacto disso na economia. Um processo de impeachment [aberto contra a presidenta Dilma Rousseff] é um risco para o país. A [operação] Lava-Jato também, pois você tem uma quebra de confiança nas instituições”, comenta.
Juros
Do lado internacional, dois fatores pressionaram o câmbio em 2015, na avaliação de Luciano D'Agostini. Um foi a possibilidade de um aumento dos juros pelo Federal Reserve (Fed, banco central norte-americano). O temor acabou se concretizando somente em dezembro, quando o Fed anunciou alta de 0,25% nas taxas de juros de referência. No entanto, ao longo de todo o ano, o mercado foi afetado pela expectativa.
“O mercado financeiro faz uma antecipação de fenômeno e estava esperando durante o ano. A expectativa e a efetivação do aumento contribuíram para depreciação do real frente ao dólar”, diz Luciano D'Agostini. O outro fator externo que contribuiu para a depreciação do real, segundo ele, foi a desaceleração do crescimento na China.
“Isso causou impacto nos países Brics [grupo de países em desenvolvimento formado por Brasil, Índia, China e África do Sul]”, explica o economista. Para ele, houve valorização do dólar ante as moedas de todos os países do grupo. Sobre o real, o efeito foi mais forte, devido aos problemas internos do Brasil.
Em 2016, o economista não vê o dólar recuando. Ele lembra que o Brasil sofreu rebaixamento da Standard&Poor's e da Fitch no segundo semestre, e que os efeitos dessas decisões devem se prolongar pelo ano que se inicia. Além disso, diz, as questões fiscal e política não se resolveram.
“O problema fiscal continua [em 2016] e será mais grave. O impeachment vai se prolongar. Não há mudança estrutural na macroeconomia, um plano de desenvolvimento. Ao mesmo tempo, do lado da política monetária americana, continua o movimento de valorização do dólar perante muitas moedas internacionais. Você vai ter mais uma ou duas rodadas de depreciação do real”, acredita.
Banda Guns N' Roses volta aos palcos em abril de 2016, com a formação original
Primeiro show de retorno será na próxima edição do festival Coachella, na Califórnia: http://glo.bo/1RbD37R
Africanos mantêm hegemonia na São Silvestre
Três brasileiros conquistaram posições no pódio da 91ª Corrida Internacional de São Silvestre, que ocorreu hoje (31) na capital paulista. No pelotão de elite feminino, Sueli Pereira da Silva e Joziane da Silva Cardoso ficaram em quarto e quinto lugar, respectivamente. No masculino, o mineiro Giovani dos Santos conquistou pela quarta vez um lugar no pódio, ficando em quinto lugar nesta edição. As primeiras colocações, no entanto, confirmaram a hegemonia dos atletas africanos na prova.
Entre as mulheres, a campeã foi a etíope Wude Aylew Yimer com o tempo de 54m01s, seguida por Delvine Relin Meringor, do Quenia. Em terceiro lugar, ficou Failuna Abdi Matanga, da Tanzania. As quatro primeiras posições no masculino foram divididos entre atletas quenianos e etíopes. O queniano Stanley Kipleting Biwott foi o campeão com 44m31s. Em seguida chegaram Leul Aleme e Feyisa Gemechu, ambos da Etiópia e, em quarto, Edwin Kipsang, do Quênia.
Antes da prova principal, às 8h, participaram atletas cadeirantes, mas ainda não divulgado o resultado oficial da categoria no masculino. No feminino, a única participante foi Aline dos Santos Rocha.
Os atletas que conquistaram uma posição no pódio disseram que agora vão trabalhar por uma classificação para os Jogos Olímpicos de 2016, no Rio de Janeiro, ou para melhorar o desempenho.
Entre os brasileiros, a quarta colocada Sueli Silva vai disputar a maratona nos jogos do próximo ano. “Vou correr lá fora para melhorar a minha marca”, disse ao informar que vai competir na Maratona de Pádua, na Itália.
Joziane Cardoso, quinta colocada na São Silvestre, ainda briga pelo índice para os Jogos Olímpicos. “Estou fechando o ano incrivelmente com um pódio. Agora vou tentar o 5 mil metros ou 10 mil para as Olimpíadas”, disse. Tentar a marca para os jogos também está nos planos de Giovani dos Santos, quinto colocado na prova. “O foco do ano que vem é fazer o índice, seja da maratona seja dos 10 mil metros”, declarou.
O queniano Stanley Biwott, campeão da prova masculina, pensa em voltar ao Brasil para disputar os jogos, mas reconhece que alcançar a marca no seu país não será fácil: “a seletiva da maratona no Quênia é muito difícil. Vou tentar, mas não sei se vou conseguir. É uma briga grande”. O terceiro colocado na prova, o etíope Feyisa Gemechu, disse que também espera voltar como maratonista. “A seletiva é em fevereiro. É muito difícil, mas vou tentar melhorar o meu tempo”, disse.
Disputa
Os brasileiros destacaram o alto nível da prova, tendo em vista que precisam disputar com atletas africanos. “Foi uma prova difícil, como sempre, mas não largo o osso fácil. Estou feliz pelo que fiz. Trabalhei bastante. Estamos competindo com vários atletas de nível forte e gosto de competir assim, porque cresço na prova também. A gente vencendo, vence em cima dos melhores”, avaliou Giovani.
Emocionadas, Joziane e Sueli comemoraram bastante a conquista do pódio. A quarta colocada destacou a dificuldade de correr ao lado das quenianas. “É muito difícil correr com elas”, apontou Sueli. Para Joziane, a vitória representa um sonho. “Até parece que estou sonhando. Fiz a chegada e não tinha mais forças. Parecia que estava flutuando, não sentia minhas pernas para falar a verdade”, relatou.
Circulação de trens na Estação da Luz é liberada após reforço da estrutura
O terminal de trens da Estação da Luz, em São Paulo, será reaberto amanhã (31), a partir das 4h, após interdição de nove dias por causa de um incêndio de grandes proporções que atingiu o Museu da Língua Portuguesa, que funciona no mesmo prédio. A liberação ocorreu após nova vistoria do Instituto de Pesquisas Tecnológicas (IPT) na tarde de hoje (30). Uma das quatro plataformas, no entanto, continuará bloqueada por ser a de maior proximidade com a área atingida pelo fogo e necessitará de mais obras.
“Após a emissão do terceiro laudo do IPT, foi constatada total segurança para que possamos operar as plataformas 1, 2 e 3. Também esteve aqui a Defesa Civil do município que liberou a estação para que possamos abrir ao público”, disse o secretário de Transportes Metropolitanos, Clodoaldo Pelissoni. O prédio, que data do século 19, é ponto final da Linha 11 (Coral), que interliga os municípios a leste da Grande São Paulo, e da Linha 7 (Rubi), que vai na direção noroeste da metrópole.
A Plataforma 4, segundo Pelissoni, deverá ser liberada em janeiro. “Nas plataformas 2 e 3, teremos operações que seriam na 4, mas acreditamos que não haverá problema para o usuário”, explicou. A entrada principal da estação continuará bloqueada e o acesso será feito apenas pela Avenida Cásper Líbero e ao lado da Pinacoteca. A circulação de trens de carga, por sua vez, necessitará de testes de vibração que serão feitos neste sábado (2), das 10h às 12h.
Além de afetar o transporte de passageiros, o incêndio que ocorreu por volta das 16h do último dia 21, causou a morte do bombeiro civil Ronaldo Pereira da Cruz, de 38 anos, e destruiu toda a área de exposição do Museu da Língua Portuguesa, que recebia a mostra temporária sobre o historiador, antropólogo e jornalista, Câmara Cascudo.
Localizada no centro de São Paulo, a Estação da Luz é uma das mais movimentadas da cidade. Por ali circulam em média 400 mil passageiros para embarques nos trens da Companhia Paulista de Trens Metropolitano (CPTM). Já nos três andares do museu, foram registradas mais de 300 mil visitas ao longo do ano passado.
Cade pede que 11 empresas sejam condenadas por formação de cartel internacional
Após investigação iniciada em 2006, a Superintendência-Geral do Conselho Administrativo de Defesa Econômica (Cade) recomendou hoje (30) a condenação de 11 empresas por formação de cartel internacional com atuação no mercado de venda de equipamentos eletroeletrônicos para o setor de transmissão e distribuição de energia no Brasil. Além dos prejuízos causados a concessionárias de energia e empresas privadas, a prática impactou um dos elementos que compõem o custo da energia elétrica paga pelo consumidor brasileiro.
As empresas comercializavam equipamentos de direcionamento de fluxo de energia elétrica com isolamento a gás, conhecido como GIS (do inglês - gas-insulated switchgear), utilizados para proteção e isolamento de equipamentos elétricos, sendo o principal elemento de uma subestação de força.
As investigações apontam que o cartel causou prejuízo para o sistema elétrico brasileiro e também para empresas concessionárias de energia como a Companhia de Transmissão de Energia Elétrica Paulista, Companhia Energética de Minas Gerais, Companhia de Eletricidade do Estado da Bahia, Companhia de Energia Elétrica do Paraná, LIGHT – Serviços de Eletricidade S/A, Eletropaulo, Eletrosul, dentre outras. Também foram afetadas pela prática criminosa a Petrobras, a Companhia Vale do Rio Doce e a Companhia Siderúrgica Nacional.
De acordo com o Cade, o cartel atuou com “impressionante profissionalismo” no período compreendido entre os anos de 1988 a 2004. Segundo o órgão, o cartel internacional atuava fixando preços e reservando áreas geográficas específicas para cada uma das empresas que integrava o grupo criminoso, com o objetivo de permitir que seus integrantes conquistassem e preservassem as participações de mercado previamente estipuladas.
“Durante os 16 anos seguintes, 1988 a 2004, os grandes fabricantes de GIS coordenaram a concessão de projetos GIS numa base internacional, de acordo com as regras e princípios acordados, respeitando quotas estimadas do mercado, fixando níveis de preços e reservando alguns territórios aos membros específicos do cartel”, diz trecho do processo de investigação do Cade.
As empresas integrantes do cartel são Alstom Holdings S.A., Alstom Hydro Energia Brasil Ltda, Areva T&D S.A, Alstom Grid Energia Ltda, Japan AE Power Systems Corporation, Mitisubishi Eletric Corporation, Siemens AG, Siemens Ltda, Toshiba Corporation, VA Tech Transmission & Distribuition GmbH & Co, VA Tech Transmissão e Distribuição Ltda.
Ainda de acordo com o órgão, o cartel internacional de GIS também atuava em outros países, tendo sido julgado e condenado em países membros da Comissão Europeia e Estados como a Nova Zelândia, Hungria, Israel e República Tcheca.
O processo administrativo segue agora para julgamento pelo Tribunal do Cade, responsável pela decisão final. Caso sejam condenadas, as empresas deverão pagar multa que pode alcançar até 20% de seu faturamento no ano anterior ao de instauração do processo no ramo de atividade afetado pelo cartel.
Diógenes
Diógenes
de Sinope, que viveu nas cidades gregas no século 4º antes de
Cristo. Filósofo cínico, Diógenes vivia numa barrica e desfilava
pelas ruas de Atenas e Corinto, em pleno dia, com uma lanterna na
mão, à procura de um homem honesto.
Quando Alexandre Magno o encontrou em
Corinto lhe perguntou o que queria, Diógenes, que tomava sol sentado
junto à sua barrica e estava irritado com a sombra que a comitiva do
general lhe fazia, respondeu com uma frase que ficaria famosa:
-Não me tires o que não pode me dar.
Estava Diógenes jantando seu costumeiro prato de lentilhas quando
Arístipos, que enriquecera bajulando os poderosos, lhe disse:
-Se aprendesses a bajular, não
precisarias reduzir a tua comida a um prato de lentilhas.
Ao que Diógenes retrucou:
-E tu, se satisfizesses com um prato
de lentilhas, não precisarias passar a vida bajulando o rei.
Dinossauro
O
termo dinossauro para designar o réptil de dimensões gigantescas do
período Mesozoico—foi cunhado em 1841 pelo cientista britânico
Sir Richard Owen (1804—1892).
Etimologicamente, do grego, significa
lagarto (sauros) assustador (deinos).
Presidenta enfrenta dificuldades no primeiro ano de seu segundo mandato
Em dezembro de 2014, ao ser diplomada pela Justiça Eleitoral para o segundo mandato, a presidenta Dilma Rousseff disse que cumpria ali o desejo da maioria dos brasileiros. Em seu discurso, ela fez referência à eleição presidencial mais acirrada dos últimos anos: “É da própria natureza da disputa eleitoral resultar em vitória e em derrota. Mas como uma eleição democrática não é uma guerra, ela não produz vencidos. O povo, na sua sabedoria, escolhe quem ele quer que governe e quem ele quer que seja oposição. Simples assim”.
O que a presidenta não sabia, até então, é que não seria tão simples conduzir o Brasil neste segundo mandato. Ao longo dos doze meses que se sucederam, ela enfrentou problemas que fizeram com que 2015 compactasse acontecimentos de vários anos em um só. Os ajustes fiscais, as mudanças na equipe em busca de apoio, as surpresas da Operação Lava Jato, a queda de popularidade e as alterações da meta fiscal deixaram Dilma em rota de colisão com o Congresso Nacional, com parte do eleitorado que a elegeu, com o mercado e com o próprio vice, Michel Temer.
Cunha
Logo no início do segundo mandato presidencial, a disputa pelo comando da Câmara dos Deputados colocou em lados opostos Dilma e o deputado Eduardo Cunha (PMDB-RJ). Ela e o governo decidiram apoiar o candidato Arlindo Chinaglia (PT-SP), movimento que teve repercussões nos acontecimentos que se seguiram. O peemedebista sempre mencionou o fato em entrevistas e declarações, inclusive em julho, quando anunciou rompimento com o governo e se declarou de oposição.
Lava Jato
Em meio às investigações da Operação Lava Jato, que desde 2014 apura denúncias de corrupção e superfaturamento na Petrobras, a presidenta da empresa, Graça Foster, deixou o cargo em fevereiro. A executiva da estatal já havia colocado o cargo à disposição mais de uma vez, mas Dilma recusava os pedidos de demissão dizendo conhecer a seriedade e a ética de Graça.
Ao longo do ano, os desdobramentos da operação da Polícia Federal e do Ministério Público atingiria outras peças do tabuleiro político. No mês de março, o Supremo Tribunal Federal (STF) atendeu ao pedido do procurador-geral da República, Rodrigo Janot, e decidiu abrir inquéritos para investigar autoridades com foro privilegiado. Os políticos que fizeram parte da chamada lista de Janot pertenciam, principalmente, aos partidos PP, PT e PMDB. Meses depois, o presidente da Câmara, Eduardo Cunha, e o senador Fernando Collor (PTB-AL) foram denunciados por Janot ao STF.
Os capítulos dessa fase da Operação Lava Jato, porém, não parariam por aí. Na manhã do dia 25 de novembro, o líder do governo no Senado, Delcídio do Amaral (PT-MS), foi preso por tentar obstruir as investigações penais. Delcídio e André Esteves, ex-controlador do banco BTG Pactual, que também foi preso mas libertado algumas semanas depois, foram denunciados posteriormente no Supremo.
Início de mandato
Compondo inicialmente um ministério que não agradou a todos os partidos da base aliada, a presidenta recebeu críticas de parte da sociedade. Integrantes de movimentos sociais e alguns membros do seu próprio partido, o PT, não gostaram da escolha de Joaquim Levy para o ministério da Fazenda. Para o ministério da Agricultura, Pecuária e Abastecimento, entidades ligadas ao campo rechaçaram a nomeação da senadora ruralista Kátia Abreu (PMDB-TO).
O discurso de posse de Dilma, em janeiro, deu o tom do que deveria ser o novo governo. Com o lema Brasil, Pátria Educadora, Dilma anunciou a educação como prioridade dos quatro anos de seu segundo mandato. Em apenas um ano, porém, o ministério da Educação teve quatro ministros (um deles interino). Cid Gomes (PDT) entregou o cargo em março após deflagrar uma polêmica com o Congresso Nacional e com o presidente da Câmara, Eduardo Cunha, e Renato Janine Ribeiro foi exonerado do posto no mês de setembro, quando a presidenta fez mudanças em sua equipe, nomeando Aloizio Mercadante novamente para o cargo.
Popularidade em baixa
Prática comum para um presidente da República, o pronunciamento em rede nacional de rádio e televisão, no Dia Internacional da Mulher, na noite de 8 de março, gerou protestos, panelaços e buzinaços em várias cidades do país.
Sete dias depois, mais de um milhão de pessoas promoveram manifestações contra o governo em várias capitais. Em menor escala, as pessoas também foram às ruas nos meses de abril, agosto e dezembro. O número de pessoas que aprovam o governo diminuiu, e houve aumento no percentual dos que acham o governo ruim ou péssimo, segundo pesquisas de opinião pública.
Vitórias no Congresso
Apesar das críticas à condução da política econômica, o governo conseguiu vitórias necessárias ao longo do ano. Após negociar durante todo o primeiro semestre, a base aliada viu serem aprovadas as principais medidas provisórias do ajuste fiscal, que alteraram as regras para a concessão de benefícios trabalhistas, previdenciários e a que aumentou as alíquotas da contribuição incidente sobre as importações.
Além disso, depois de adiar por algumas vezes a votação, o Congresso Nacional manteve vetos presidenciais que, se fossem derrubados, resultariam em mais despesas para a União: o reajuste dos servidores do Judiciário, a extensão da política de valorização do salário mínimo aos aposentados e o projeto alternativo ao fator previdenciário. No fim do ano, o governo ainda comemorou a aprovação do projeto que vai regularizar o retorno do dinheiro enviado ao exterior de forma não declarada à Receita Federal, mediante o pagamento de multa e imposto.
Depois de reduzir por duas vezes a meta de esforço fiscal para este ano, o governo conseguiu aprovar um déficit de R$ 119,9 bilhões, e com isso reverteu um bloqueio de gastos que havia impedido viagens presidenciais e que poderia atrasar o pagamento de despesas com água, luz e pagamento de terceirizados.
Articulação política
Durante os primeiros meses do ano, o presidente do Senado, Renan Calheiros (PMDB-AL), demonstrou que poderia causar mais problemas ao governo do que o próprio Cunha. Em março, devolveu uma medida provisória assinada pela presidenta Dilma que reduzia a desoneração da folha de pagamentos, alegando que a proposta deveria ser discutida por meio de projeto de lei. Um mês depois, quando foi anunciado que Dilma não faria o tradicional pronunciamento por ocasião do Dia do Trabalho, Renan disse que a decisão enfraquecia o governo e que “as panelas precisam se manifestar”. Ao longo do ano, porém, o presidente do Senado se tornou um importante aliado do governo.
Para negociar com o Congresso Nacional, a presidenta convidou o vice-presidente Michel Temer, que se tornou articulador político do governo. Desde abril, além de atuar pela aprovação das matérias de interesse do Executivo, Temer mediou a distribuição de cargos federais nos estados e agilizou a liberação de emendas parlamentares.
Em agosto, porém, o vice-presidente se afastou das atividades e deu espaço para que Dilma alterasse a equipe. Nas semanas seguintes, o governo começou a preparar uma reforma administrativa que cortaria oito dos 39 ministérios, diminuiria o número de cargos comissionados e reduziria gastos de custeio.
Michel Temer
Ao mesmo tempo, a presidenta iniciou conversas com o objetivo de colocar ministros que trouxessem mais apoio a ela no Congresso Nacional. Convidado a participar, Temer, que é presidente nacional do PMDB, preferiu não indicar nomes. A composição da nova equipe, com a concessão de mais uma pasta ao partido, foi obtida após conversas com lideranças da legenda na Câmara dos Deputados.
Outra mudança da reforma, anunciada em outubro, foi o ingresso no Palácio do Planalto de nomes mais próximos do ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva: Jaques Wagner, Ricardo Berzoini e Edinho Silva. Além disso, a presidenta passou a se encontrar de modo mais recorrente com o antecessor.
O desgaste com Temer, porém, se agravou em dezembro, depois que a Câmara aceitou um pedido impeachment contra Dilma. Dias depois da abertura do processo na Casa, sem antes ter feito nenhuma declaração pública sobre o assunto, o vice-presidente enviou uma carta de caráter pessoal a Dilma, se queixando de ter sido um “vice decorativo” no primeiro mandato. No comunicado, Temer enumera situações em que se sentiu menosprezado pela presidenta e que indicariam desconfiança dela em relação a ele e ao PMDB.
Impeachment
Demonstrando apoio ao mandato presidencial, movimentos sociais organizaram um ato contra o impeachment em dezembro, levando milhares de pessoas às ruas de dezenas de cidades em todas as regiões do país. Um dia depois, representantes de mais de sessenta entidades da sociedade civil se reuniram com Dilma e disseram que não há base legal para o afastamento da presidenta. Antes, manifestações semelhantes de apoio já haviam sido feitas por uma parcela dos governadores, de prefeitos de capitais e de juristas.
No final do ano, a presidenta trocou também o comanando do Ministério da Fazenda. No lugar de Joaquim Levy assumiu o então ministro do Planejamento Nelson Barbosa. Ao assumir o cargo, o novo ministro prometeu que vai cumprir a meta fiscal para o ano que vem e que os compromissos com o ajuste fiscal serão mantidos.
Uma das últimas apostas do governo no ano acabou surtindo efeito e dando alívio para a presidenta Dilma Rousseff. Ao definir o rito do procedimento de impeachment contra ela, o STF transferiu para o Senado a última palavra sobre o processo e definiu que a eleição da comissão na Câmara que vai analisar o assunto deverá ser aberta. Os desdobramentos desse e de outros acontecimentos, porém, só serão conhecidos em 2016.
Queda das importações beneficia balança comercial
A balança comercial, cujo saldo representa as trocas de produtos entre o Brasil e o resto do mundo, começou 2015 negativa. Logo em janeiro, houve déficit de US$ 3,174 bilhões. Isso significa que as importações no mês, ou seja, as compras do país no exterior, superaram as exportações, que são as vendas para outros países.
O saldo ainda refletia o quadro de 2014. A balança terminou aquele ano negativa em R$ 3,93 bilhões, o primeiro déficit anual desde 2000.
A situação da balança em 2015 começou a se reconfigurar a partir de março, quando foi registrado o primeiro saldo positivo do ano. Houve superávit, ainda modesto, de US$ 458 milhões.
Na ocasião, o governo informou que a virada já era esperada, devido ao início dos embarques de soja, um dos principais produtos brasileiros de exportação. O saldo positivo, entretanto, tinha ainda outro motivo: as importações estavam caindo em ritmo acelerado.
Queda
As exportações também estavam em processo de queda, em razão do recuo nos preços dascommodities (produtos básicos com cotação internacional) e da diminuição nas vendas de industrializados brasileiros, principalmente para a Argentina.
No entanto, as importações caíam mais intensamente e as quantidades embarcadas de soja e petróleo ajudavam a compensar a queda nos preços dos produtos básicos exportados. Com esse quadro, a balança ampliou o saldo positivo.
Ao fim de junho, reverteu o déficit acumulado, obtendo superávit de US$ 2,2 bilhões em seis meses. O resultado foi o melhor para o período desde 2012. Mais saldos positivos se seguiram e, na segunda semana de dezembro, o saldo acumulado da balança ficou positivo em US$ 15,8 bilhões, superando a expectativa do governo, que era encerrar 2015 com superávit de US$ 15 bilhões.
No entanto, José Augusto de Castro, presidente da Associação de Comércio Exterior do Brasil (AEB), considera que o resultado pode ser considerado um “superávit negativo”, por se dever, em parte, à queda de importações. “As importações despencaram. Caíram 23,3%, até a segunda semana de dezembro, enquanto as exportações caíram 14,6%. O mais pessimista não imaginaria que chegaríamos a essa queda das importações”, comenta.
Segundo ele, as compras de importados caíram em razão do recuo na atividade econômica e alta do dólar, que bateu recordes de crescimento em relação ao real em 2015.
Contratos
A moeda norte-americana reagiu à turbulência econômica e política no país ao longo do ano. O dólar baliza os contratos de exportação e importação e, portanto, influencia as operações. Quando está valorizado ante o real, os produtos brasileiros têm preços mais atraentes no exterior. Com as importações, é o contrário: o dólar alto aumenta o preço final dos importados no mercado brasileiro.
Se a aquisição de importados foi desestimulada pelo dólar em alta, José Augusto destaca que as exportações, que poderiam ter se beneficiado do movimento, não ganharam impulso suficiente.
“[A alta do dólar] não foi o suficiente para tornar nossos produtos competitivos. O impacto do câmbio sobre os manufaturados [industrializados] praticamente foi nulo. Alguns insumos da indústria são importados e a taxa de câmbio muito elevada não nos ajuda. Cada vez que sobe o dólar, os compradores pedem desconto”, comenta ele, que defende um câmbio equilibrado.
Para 2016, a AEB projeta comportamento da balança semelhante ao deste ano. A entidade prevê superávit de US$ 29,228 bilhões. Estima, ainda, que as exportações cairão 1% em relação a 2015 e as importações, 9,5%. Segundo José Augusto de Castro, a queda no valor exportado será menor que a deste ano porque, após um recuo acentuado, os preços das commodities tendem a se estabilizar.
“O cenário econômico continuará difícil. Temos perda do grau de investimento, elevação da taxa de juros dos Estados Unidos. O câmbio vai ficar em piso de R$ 4 e teto de R$ 4,50. As importações devem cair, bem como as exportações. Mas as exportações cairão de forma mais suave”, prevê.
Assinar:
Postagens (Atom)