segunda-feira, 8 de julho de 2024

Limpeza e retomada à espera da volta do futebol na zona Norte de Porto Alegre

 Bairro Humaitá e Vila Farrapos seguem em processo de limpeza enquanto empresários aguardam retorno de partidas na Arena do Grêmio

Empresária relata dificuldades para reabrir bar em frente à Arena do Grêmio em função da falta de jogos na praça esportiva 

Domingo, que é tradicionalmente o dia do futebol para os brasileiros, tornou-se mais um dia de espera das atividades esportivas na zona Norte de Porto Alegre. Em frente a Arena do Grêmio, proprietários de bares e lancherias seguem trabalhando na limpeza e na retomada de seus estabelecimentos, mas de olho no estádio, contando as horas para que as ruas voltem a ficarem tomadas de torcedores em dias de jogo.

Neste domingo gélido e chuvoso, mais um sem a ver a bola rolando no estádio à frente, a proprietária do bar Grêmio Maior, Maria Enilda Lopes Mendes, manteve a sua rotina de reorganizar aos poucos o estabelecimento, que também é a sua casa. “A situação segue ainda precária. Não tem nada no lugar. As geladeiras de bebidas seguem estragadas. Ainda tem muita coisa por fazer. Agora, estou limpando as garrafas para devolver ao fornecedor”, relatou.

Segundo ela, espaço é cedido, em dia de jogo, para o Consulado de Novo Hamburgo. No local, os gremistas do Vale do Sinos fazem churrasco e se preparam para apoiar o time do coração. “Sinto saudades do movimento em dia de jogo. Vou tentar retomar no final do mês, mas já perdemos de receber muitos torcedores nestes dias de jogos que não foram realizados aqui”, completou a empresária, que perdeu todos os móveis, tanto na casa quando no bar.

Além da região no entorno da Arena do Grêmio, a Vila Farrapos e o bairro Humaitá ainda convivem com as consequências da cheia histórica. Muitos entulhos seguem aguardando remoção nas ruas. Já algumas praças tornaram-se cemitério de veículos que foram atingidos pela enchente.



Correio do Povo

RS terá mais uma semana de frio intenso

 Reforço de ar polar fará a temperatura baixar no Estado, alerta a MetSul

Semana toda será fria no RS, com marcas baixas durante a noite e dia 

O frio seguirá intenso no Rio Grande do Sul nesta semana, com um poderoso reforço de ar polar, alerta a MetSul Meteorologia. Nesta segunda-feira, o sol deve aparecer no Oeste, no Centro e no Sul gaúcho, mas áreas do Norte e do Nordeste ainda terão tempo fechado, com garoa e nevoeiro em diferentes pontos.

O impacto do ar polar será maior na metade Sul, que experimentará semana extremamente fria. Oeste, fronteira com o Uruguai, Serra do Sudeste e o Sul enfrentarão as menores mínimas nesta segunda e nos próximos dias.

A influência deste reforço polar trará madrugada gélida na terça-feira, que deve ter as menores mínimas da semana no Estado. A semana toda será fria, com marcas baixas durante a noite e dia.

A previsão é de instabilidade com muitas nuvens, chuva e garoa em vários dias no Norte e no Nordeste do Estado, fazendo com que as tardes sejam muito frias principalmente na Serra.

Correio do Povo

domingo, 7 de julho de 2024

DAS 784 MIL VAGAS DE EMPREGOS CRIADAS, 717 MIL SÃO NO GOVERNO, OU SEJA, O NÍVEL DE EMPREGO É FAKE

 



Vídeo de Paulo Moura

Fonte: https://youtube.com/shorts/E9kIxN8HX7s?si=dVg3bljln2L2Lo57


Abandono das casas e esgoto nas ruas faz bairro Guarujá, em Porto Alegre, virar cenário de caos

 Neste sábado, mais uma vez vias da zona Sul foram tomadas pela água contaminada

Neste sábado, mais uma vez vias da zona Sul foram tomadas pela água contaminada 

O entorno das ruas Jacipuia e Oiampi, bairro Guarujá, na zona Sul de Porto Alegre, mais uma vez esteve neste sábado tomado pelo esgoto e, consequentemente, um irritante e forte odor. Após as históricas enchentes de maio, muitos moradores da área abandonaram suas casas, e, em muitos casos, quem sobreviveu ao caos está as vendendo a preços muito abaixo do mercado. Já alguns estão reformando para alugar a outras famílias.

Em ambos os casos, porém, a saída é também iminente, deixando para trás antigos sonhos e uma história de toda uma vida. “Moro aqui há 42 anos, e é a sexta vez em 42 anos que tivemos este problema”, contou a psicóloga aposentada Cléia Dutra Rocha, uma das que ainda mantém uma história no local, embora isto não deva mais durar muito, conta. “E o pior é que esta lama, este lodo, não deixam crescer mais nada. Está tudo acabado”. Em enchentes no passado, ela já havia perdido dois automóveis, porém a mais recente devastou o local em definitivo.

Ainda que o esgoto deste sábado não tenha relação direta com os alagamentos de outras épocas, conforme Cléia, o alagamento deste sábado também foi causado, segundo ela, pelo entupimento de bueiros. “A Prefeitura sabe do nosso problema, mas simplesmente não há resolução”, comenta ela. A tragédia de maio já havia destruído praticamente tudo em sua residência, onde a água entrou a cerca de um metro e meio de altura.


A psicóloga disse ainda que havia reformado sua cozinha por volta de seis meses atrás, porém a água danificou tudo. Móveis de uma biblioteca também foram danificados. Os livros ficaram intactos, porém serão doados. “Eu precisava muito ter uma casa com pátio. Ela era linda. Agora está tudo destruído”, desabafou Cléia, que tem uma filha, moradora do bairro Auxiliadora. “Tenho muito apego com esta casa. Só que preciso sair. Muita gente perdeu tudo aqui em termos de móveis”.

Procurado, o Departamento Municipal de Água e Esgotos (Dmae) disse que a rua Jacipuia fica em uma das partes mais próximas do Guaíba, e de nível mais baixo, do bairro Guarujá. Como, nesta área da cidade, não há muros ou diques, há demora para escoamento do nível do curso d’água devido a ele estar naturalmente mais alto.

Ainda, o Dmae afirmou que, na semana passada, o vento sul causou elevação das ondas na área, prolongando o problema. Hoje, o único serviço do órgão municipal ali é a limpeza e hidrojateamento da enchente, que é permanente, mas foi intensificada. O Dmae afirmou ainda que suas equipes estão neste momento no bairro Tristeza, e irão à rua Jacipuia “assim que o Guaíba recuar, permitindo a execução dos serviços”.

Correio do Povo

Jornalista e produtor musical gaúcho morre atropelado em Londres

 Apesar de estar equipado com capacete e outros dispositivos de proteção, Piovesan morreu no local, enquanto recebia os primeiros socorros



Na madrugada deste sábado (6), Matheus Peixoto Piovesan, 36 anos, jornalista e produtor musical gaúcho, morreu após ser atropelado em Londres enquanto retornava de bicicleta para casa. O acidente foi causado por um carro desgovernado conduzido por duas mulheres, que não prestaram socorro e fugiram, conforme relatado pela imprensa britânica.

O atropelamento ocorreu próximo ao cruzamento da Cable Street com a Cannon Street Road, em Shadwell, na zona leste de Londres.

Apesar de estar equipado com capacete e outros dispositivos de proteção, Piovesan morreu no local, enquanto recebia os primeiros socorros. Segundo o site MyLondon, um helicóptero foi acionado na tentativa de salvamento, mas a morte aconteceu antes da chegada do aparelho.

A polícia foi chamada ao local do acidente por volta das 0h30, assim como o Serviço de Ambulância de Londres e a Ambulância Aérea de Londres. Apesar dos esforços, Piovesan não resistiu e foi declarado morto no local.

Um porta-voz da polícia confirmou que o carro envolvido no acidente não parou para prestar socorro. As duas mulheres foram presas sob suspeita de causar morte por direção perigosa e por não parar no local da colisão. Elas permanecem sob custódia policial.

*Com informações do East London Advertiser

Correio do Povo

Sábado Solidário arrecada alimentos para famílias atingidas por enchente em 20 municípios gaúchos

 Campanha da Rede de Bancos de Alimentos do RS ocorre em parceria com a Associação Gaúcha de Supermercados (AGAS)



A Rede de Bancos de Alimentos do Rio Grande do Sul promove, neste sábado, mais uma edição do Sábado Solidário, com foco na doação alimentos para milhares de famílias que foram afetadas por enchentes no estado. A iniciativa ocorre em 20 cidades gaúchas participando desse grande movimento fraternal chamado Sábado Solidário, que oportuniza que toda a sociedade colabore com os mais necessitados. O movimento conta com a parceria da Associação Gaúcha de Supermercados (AGAS), e, em Porto Alegre, se somam o Sindicato das Empresas de Transportes de Carga e Logística no Estado do Rio Grande do Sul (SETCERGS) e o Centro Empresarial Porto Seco (Ceporto).

Em frente ao supermercado Asun do bairro Higienópolis, na zona Norte da Capital, a ação é liderada por uma idosa de 91 anos. Nascida em Portugal, mas morando em solo gaúcho há 70 anos, Irene Abrantes encara o trabalho voluntário como missão de vida.

"Sempre tive uma vida extremamente confortável e abastada. Em certo momento, decidi que iria me dedicar integralmente a auxiliar os que mais precisam. Por isso sai de casa, apesar do clima frio, para arrecadar alimentos para a população que perdeu tudo”, destacou a idosa.

Foi com esse intuito que ela fundou a Casa do Excepcional Santa Rita de Cássia, uma organização não governamental, sem fins lucrativos, que atende crianças, adolescentes e adultos com lesões cerebrais há mais de 40 anos no bairro Rubem Berta. Nesta manhã, o empenho na arrecadação dos alimentos se somava ao esforço das amigas Lídia de França Rocha, de 56 anos, e Maria de Lurdes Ávila, de 72, que também auxiliam dona Irene nos trabalhos da ong.

Além de Porto Alegre, a campanha conta com a participação dos Bancos de Alimentos de Alvorada, Cachoeirinha, Capão da Canoa, Caxias do Sul, Cruz Alta, Encruzilhada do Sul, Guaíba, Porto Alegre, Região do Calçado (Novo Hamburgo, Campo Bom, Estância Velha, Sapiranga), Rio Grande (Rio Grande e São José dos Ausentes), Santa Maria, Tramandaí (Tramandaí, Imbé e Osório), Vale do Sinos (Esteio e Sapucaia do Sul) e Viamão. Todas as instituições também têm presença confirmada na ação seguinte edição do projeto, que está prevista para ocorrer no próximo sábado.

Correio do Povo

A OBSESSÃO DE LULA EM PROVOCAR A ALTA DÓLAR PODE TER MOTIVOS OCULTOS

 



Fonte: https://youtube.com/shorts/DuGLhnZJl9A?si=Lc5b3UHhNPZa5O1e

Rompimento de adutora da Corsan provoca interdição de ponte provisória em Guaíba

 Dependendo das condições climáticas, o trânsito poderá ser liberado, sobre parte das galerias, na segunda-feira



Uma adutora da Corsan rompeu, resultando em um jato de água intenso que causou o desbarrancamento de terra na estrutura abaixo da ponte provisória da avenida Ismael Chaves Barcellos, em Guaíba. Houve comprometimento da sustentação da ponte, que passou a apresentar maior flexibilidade. Com isso, os pregos utilizados na fixação da estrutura se desprenderam.

Devido à desestruturação da ponte, a Prefeitura decidiu interditar o local até que sejam instaladas parte das galerias de concreto necessárias para garantir o fluxo de trânsito e a segurança da travessia. De acordo com a Secretaria Municipal de Infraestrutura, o trabalho de instalação de parte dessas galerias deve ocorrer ainda neste final de semana.

Dependendo das condições climáticas, o trânsito poderá ser liberado no local, sobre parte das novas galerias, até o final da próxima segunda-feira. A Prefeitura recomenda que a população evite transitar pelo local, tanto a pé quanto de carro, uma vez que a área está interditada e apresenta riscos significativos. Assim que as galerias estiverem instaladas e a segurança for restabelecida, o trânsito será liberado.

Correio do Povo

Brasil perde para Uruguai nos pênaltis e está fora da Copa América

 Éder Militão e Douglas Luiz erraram suas cobranças nas penalidades



Acabou cedo, nas quartas de final, a participação da seleção brasileira na Copa América. Burocrático, inócuo, ineficiente e incapaz de ser criativo, o time de Dorival Júnior foi eliminado pelo Uruguai com derrota nos pênaltis após empate sem gols no tempo normal, em Las Vegas, nos Estados Unidos, na noite deste sábado.

Éder Militão e Douglas Luiz erraram suas cobranças. Alisson defendeu a batida de Giménez, mas não adiantou.

O rival do Uruguai nas semifinais será a embalada Colômbia, dona do melhor futebol desta Copa América e que avançou de fase ao massacrar o Panamá por 5 a 0. O duelo está marcado para quarta-feira, às 21h (de Brasília), em Charlotte. O outro finalista sairá do confronto entre Argentina e Canadá.

 Uruguai venceu por pênaltis por 4 a 2 | Foto: FREDERIC J. BROWN / AFP

O opulento Allegiant Stadium, segundo estádio mais caro do mundo, erguido na pandemia com investimento de R$ 11 bilhões, foi palco de um típico Uruguai x Brasil.

Faltas em profusão, cartões, discussões, provocações, divididas e uma peitada de Ronald Araújo em Endrick como forma de intimidar o atacante de 17 anos. Foram, porém, poucos os momentos de bom futebol em Las Vegas, já que foi baixa a produção ofensiva das suas seleções.

Tivesse Suárez em campo, provavelmente o Uruguai teria ido às redes no primeiro tempo porque Darwin Núñez perdeu de cabeça, quase na pequena área, chance que o ex-atacante do Grêmio, hoje parceiro de Messi no Inter Miami, raramente perde. Alisson viu a bola passar por cima do gol.

O goleiro brasileiro não trabalhou na etapa inicial. Já Rochet, o goleiro uruguaio que defende o Inter, fez uma importante intervenção na melhor oportunidade da equipe comandada por Dorival Júnior. Ele defendeu chute de Raphinha, que ganhou na velocidade do zagueiro e foi protagonista do lampejo de maior brilho dos primeiros 45 minutos. O azar do canhoto foi que a bola caiu em seu pé direito.

O segundo tempo foi uma repetição do primeiro. O cenário não se alterou nem nos minutos finais, quando o jogo parecia que ficaria mais aberto e os treinadores lançaram mão de todas suas alternativas no banco de reservas, como o flamenguista Arrascaeta e o talentoso Savinho. Não houve criação, mas, sim, destruição.

O jogo não fluía dos dois lados e a bola mal chegava aos atacantes. Os meio-campistas, entregues à marcação, quase nada produziram. Quando conseguiam algo diferente, eram parados por algum marcador.

O jogo mais faltoso da Copa América teve mais de 40 infrações e pobre futebol. Uma das faltas rendeu vermelho a Nandéz. O defensor uruguaio havia recebido o amarelo mas o árbitro argentino Dario Herrera mudou a cor do cartão depois que viu no monitor do VAR que o lateral havia acertado o tornozelo de Rodrygo com a sola de sua chuteira.

Nos minutos finais, o desespero imperou, o zagueiro Militão virou atacante, mas o 0 a 0 prevaleceu. Um jogo tão brigado e de tão pouca inspiração não poderia ter mesmo gols. Restou a uruguaios e brasileiros decidir a vaga nos pênaltis. Da marca da cal, os uruguaios foram mais eficientes. Apenas Giménez perdeu. O Brasil errou com Militão e Douglas Luiz e volta pra casa mais cedo.

Estadão Conteúdo e Correio do Povo

30 anos de motim: fuga, mortes e hotel invadido em Porto Alegre

 Presos renderam funcionários do presídio e iniciaram o motim, que seguiu tomando as ruas de Porto Alegre



Há exatos 30 anos, a Seleção Brasileira se preparava para entrar em campo para as quartas de final da Copa do Mundo dos EUA. A equipe, que mais tarde viria a conquistar o tetra da competição, enfrentaria, no sábado (9 de julho), a Holanda. Ao mesmo tempo, a população ainda se adaptava aos impactos da mudança da moeda. No primeiro dia daquele mês, entrava em circulação o real. Somado a isso tudo, os dias mais frios de um rigoroso inverno castigavam, ao mesmo tempo que atraíam as atenções da população gaúcha.

Em meio a esse cenário, o mais famoso motim penitenciário do RS tomava as ruas de Porto Alegre até terminar com cinematográfica invasão do hall do hotel Plaza São Rafael. O caso deixou o saldo de cinco mortos, sendo quatro criminosos e um policial civil, além de 11 feridos e a marca de 48 horas que não sairão das mentes dos envolvidos, em uma cidade que parou para acompanhar os desdobramentos. Tudo começou dias antes. Com supostos problemas de saúde, alguns presos pediram para serem levados ao Hospital Penitenciário do Presídio Central – hoje Cadeia Pública de Porto Alegre. Entretanto, as enfermidades não passavam de um plano para que fosse dado o pontapé inicial para a rebelião.

Pedro Ronaldo Inácio, vulgo Bugigão, que dizia ter problemas pulmonares. Em uma quinta-feira, 7 de julho, no setor de atendimento especializado, ele conseguiu imobilizar um dos funcionários. Ao mesmo tempo, Vladimir Santana da Silva, o Sarará da Vovó, rendeu o então diretor do Hospital Penitenciário, Claudinei dos Santos. Armados com armas de fogo, além de Bugigão e Sarará, os detentos Francisco dos Reis Cavalheiro (o Chico Cavalheiro), Nairo Ferreira Soares (o Boró) e José Carlos Pureza (o Pureza), também se amotinaram. Os criminosos eram liderados pelo também preso Fernando Rodolfo Dias, o Fernandinho, e mantiveram, ao todo, 27 reféns dentro da unidade.

O grupo exigia a presença de autoridades ligadas aos Direitos Humanos. Por isso, o deputado estadual Marcos Rolim e o juiz da Vara de Execuções Criminais, Marco Scapini, foram enviados ao Central, assim como a Brigada Militar e a Polícia Civil. Em viagem à Brasília, o então governador Alceu Collares também retornou ao Estado e determinou a criação de uma comissão para que tivesse início a negociação, que contou ainda com a participação de membros do Executivo e do Judiciário.

Durante o processo inicial de negociação, os amotinados exigiram que fossem trazidos de outro pavilhão os presos Luiz Paulo Schardozin Pereira, o Chardozinho, e Carlos Jeferson Souza dos Santos, o Bicudo, que assumiu a liderança e manteve o motim ao longo de todo o dia seguinte. Já na noite de sexta-feira, dia 8, após nova exigência dos criminosos, ocorreu a transferência de Dilonei Melara e Celestino dos Santos Linn, que estavam na Penitenciária de Alta Segurança de Charqueadas (Pasc). Nas horas seguintes, os presos exigiram veículos Ômega para que pudessem fugir do presídio. Com medo de que algo mais grave pudesse ocorrer, Brigada Militar e Polícia Civil foram voto vencido na decisão das autoridades de liberar os amotinados. Foram enviados três carros, todos modelo Gol e alterados para que tivessem pane logo após sair do Central. Tão logo iniciada a fuga, também começou a perseguição policial.

Em um dos três carros embarcaram Melara, Fernandinho, Bicudo e Linn. No segundo automóvel ficaram Chardozinho, Chico Cavalheiro e Bugigão, enquanto no terceiro estavam Pureza, Boró e Sarará da Vovó. Cada veículo rumou para uma direção diferente e, em todos, havia reféns. Contrariados pela liberação dos presos, os policiais civis iniciaram uma caçada pelas ruas da Capital.

Chardozinho, Chico Cavalheiro e Bugigão colidiram o carro nas proximidades do Shopping Iguatemi, abandonaram o Gol e invadiram uma festa no Country Club. Chardozinho foi capturado durante as buscas e os outros dois conseguiram fugir em outro carro roubado. Na Lomba do Pinheiro, Pureza, Boró e Sarará da Vovó morreram em confronto com a polícia. Um dos reféns, o filho do diretor do Hospital Penitenciário, ficou ferido.

No terceiro carro, Melara, Bicudo, Fernandinho e Linn levavam o diretor do Hospital Penitenciário, Claudinei dos Santos, e as estagiárias de psicologia Simone Munareto e Luciana dos Santos. O veículo sofreu uma pane na rua Ivo Corsseiul, bairro Petrópolis, e Claudinei foi baleado durante a troca de tiros entre os bandidos e a polícia. Ferido pelo tiro que viria a deixá-lo paraplégico, ele foi colocado para o lado de fora do carro, em uma cena que também ficou marcada na história. O tiroteio também resultou na morte de um policial civil.

Com os reféns, os criminosos exigiram um novo carro para a fuga e receberam uma Parati de uma emissora de televisão. Na avenida João Pessoa, saíram de veículo e embarcaram em um táxi, seguindo até invadir o hall Hotel Plaza São Rafael, na avenida Alberto Bins, onde era realizado um congresso de psiquiatria.

Linn correu para o local do evento, onde fez alguns reféns e foi baleado. Hospitalizado, ele morreu dias depois. Melara e Fernandinho ficaram no hotel com as estagiárias e uma funcionária até o momento da rendição, já no sábado, horas antes de a Seleção superar a Holanda por 3 a 2, no jogo marcado pelo histórico gol de falta do lateral esquerdo Branco.

Cobertura da imprensa foi ‘adrenalina pura'

A imprensa acompanhou de perto toda a situação do motim, com repórteres correndo riscos ao lado das forças de segurança e, em alguns casos, sendo usados como reféns e escudos humanos pelos criminosos. Entre eles estava Luciamem Winck. Hoje coordenadora de Produção, prestes a completar um ano de empresa, ela reportou todo o caso para o Correio do Povo.

Luciamem destaca que foram três dias e duas noites que pareciam intermináveis. “Lembro que saí de casa para trabalhar e só retornei três dias depois. Adrenalina pura em meio a uma Copa do Mundo. Naquela época não tínhamos celulares, apenas rádios transmissores que funcionavam com baterias”, relembra a jornalista. “No momento da fuga, havia muitos jornalistas na frente do Presídio Central e poucos carros de imprensa. Foi um momento em que todos pareciam pertencer ao mesmo time. Os carros de imprensa partiam lotados atrás das viaturas e dos veículos que levavam os fugitivos”, acrescenta.

Durante a fuga, ela se viu em meio à guerra estabelecida entre a polícia e os amotinados. “Entre a casa prisional e a chegada ao Plaza São Rafael, foram vários confrontos. O primeiro foi no Jardim Botânico. A ‘bala pegando’ e me vi na linha de tiro. Escapei ao avistar um muro baixo e me lancei para dentro do terreno. E literalmente despenquei, uma vez que o terreno era muito mais baixo do que o nível da calçada. Tentava me reerguer quando avistei dois furiosos cães correndo na minha direção. Saí correndo, subi as escadas e saltei para fora, escalando o portão”, recorda.

A jornalista precisou pegar carona em um carro de outra equipe de imprensa para continuar a cobertura. “Para sair dali peguei carona no carro da concorrência. Nas imediações do acesso à Reitoria da Ufrgs, novo confronto. Corri na direção da avenida João Pessoa e uma mulher parou o veículo e me ofereceu ajuda. Embarquei e não percebi que ela me levava para o lado oposto ao conflito. Desembarquei, peguei um táxi e segui atrás da caçada aos fugitivos que, a estas alturas, seguiam na direção do Palácio Piratini, também em um táxi”, observa.

O ponto culminante foi a invasão do Plaza São Rafael. “Eis que invadiram o Plaza, colocando abaixo as portas de vidro e lá permaneceram amotinados. Permaneci no hotel até a rendição, em um sábado, na hora em que Brasil e Holanda disputavam uma partida de futebol. Transformamos a recepção do Plaza em vários ambientes. Em momentos, era estúdio de rádio e TV e redação de jornais. Fazíamos os textos em manuscritos e ditávamos para os colegas que estavam na redação através de ligações telefônicas a cobrar, em orelhões”, detalha Luciamem.

Mesmo em meio às condições adversas de trabalho, os veículos de imprensa permaneceram no local até a rendição dos participantes. “A recepção também servia de local para o descanso – de olhos abertos – e era onde fazíamos nossas refeições, compradas nos bares do entorno. Loteamos as tomadas da recepção para carregar as baterias dos rádios e ali ficamos”, conclui.

Delegado avalia problemas durante as negociações

Na comissão instalada para acompanhar o motim estava o delegado Alexandre Vieira. Por ser o único delegado de plantão naquele momento e pela experiência adquirida ao longo de anos, foi ele o escolhido pela chefia da Polícia Civil para se dirigir ao Presídio Central. Conforme Vieira, ele tentou tomar as rédeas da negociação, ao lado da Brigada Militar. A situação era tensa e as exigências dos criminosos não seriam atendidas pelas forças policiais. “Eu não negocio com bandido”, garante.

Estratégias táticas eram idealizadas pela polícia, que se tornou voto vencido na comissão, segundo ele. Com o passar do tempo e a gravidade das ameaças dos criminosos, a interferência política teria se tornado um fator determinante no desenrolar do caso. Em determinado momento, um dos amotinados disse que, se o grupo não fosse atendido, uma das vítimas seria degolada e a cabeça seria jogada nos pés dos negociadores, algo que teria assustado alguns dos integrantes da comissão, que decidiram fazer a transferência de Dilonei Melara e Linn, e liberar os carros para a fuga.

A consequência de todo o saldo poderia ter sido distinta, caso a situação tivesse sido conduzida pela Brigada Militar e Polícia Civil, na avaliação do delegado. “Se a negociação tivesse sido conduzida pela polícia, que era a parte técnica do caso, com certeza saberíamos resolver o assunto. Ia ser demorado, ia ser desgastante, mas nós conseguiríamos equacionar e eles não sairiam de dentro do Presídio. O conflito ficaria restrito ao Presídio Central”, afirma o policial.

Vieira também criticou a presença de autoridades não especializadas na operação. “A negociação não caberia a eles, a operação em si não caberia a eles. Eles poderiam até ficar num patamar de negociação apartado. Houve uma falta de preparo emocional. Parte dessas pessoas, e eu não digo isso de crítica, mas de uma questão de cada um enxergar as coisas”, ressalta.

O delegado acrescenta que a polícia é treinada para lidar com esse tipo de situação e que está acostumada a enfrentar os criminosos. “Nós policiais já arriscamos a vida mil vezes. O juiz, o promotor, o defensor público, e muito menos o deputado, não são treinados para isso. A gente conhece esses bandidos, a gente sabia do que eles eram capazes”, conclui.

Motim revela facção criminosa

Além de tudo o que envolveu o caso, o motim também trouxe ao grande público a ascensão da Falange Gaúcha, a primeira grande organização criminosa do Estado. Seguindo o exemplo do crescimento deste tipo de facção em São Paulo e no Rio de Janeiro, ela surgiu como um pontapé inicial de uma organização central responsável por diversos crimes.

Já conhecido como uma liderança dentro do sistema prisional, Melara virou um dos mais conhecidos prisioneiros da história do Rio Grande do Sul e também tomou o protagonismo após o motim. É conhecido, também, por ser o primeiro a fugir da Pasc. Foi ainda o primeiro a escapar do local uma segunda vez.

Nos anos seguintes ao motim, a Falange deu origem à facção “Os Manos”, hoje uma das principais do Estado. Apesar de ser um dos fundadores, Melara não chegou a desfrutar por muito tempo do sucesso futuro que a organização criminosa viria a ter. Da ascensão e do protagonismo, chegou a um fim trágico aos 46 anos.

Em janeiro de 2005, enquanto estava novamente foragido, foi assassinado. Na localidade Colônia Japonesa, entre as cidades de Ivoti e Dois Irmãos, no Vale do Sinos, o corpo do criminoso mais procurado do Estado foi localizado desfigurado pelos diversos tiros recebidos. O caso nunca chegou a ser elucidado.

Correio do Povo