segunda-feira, 11 de dezembro de 2023

Cinco pontos para entender a Revolução de 1923 no Rio Grande do Sul

 Por quase um ano, a última guerra civil provocou conflitos em quase todo território gaúcho




A Revolução de 1923 foi a última guerra civil em solo gaúcho. Passado um século, parte do conflito ficou resumido ao combate entre maragatos e chimangos. Porém, há muitos outros elementos que integram essa história. A reportagem, que integra o especial Revolução de 1923 - Combates & Consequências, entrevistou historiadores e traz uma síntese.  

1. O que foi a revolução de 1923?

Um movimento político que buscava interromper o borgismo no comando do Rio Grande do Sul. A tensão começou em 1922, quando ocorreu a eleição para a presidência do Estado. Em uma disputa marcada pelo acirramento, foram diversas as denúncias de fraudes. Apesar das acusações, no dia 25 de janeiro de 1923, Borges de Medeiros foi empossado mais uma vez. O seu adversário, Assis Brasil, não aceitou o resultado.

A partir disso, intensificaramm-se os conflitos e combates em diversas regiões do Estado. Os grupos revolucionários buscavam com a guerra fazer com que Borges deixasse o cargo. Como reação, as forças governistas, formadas também pela Brigada Militar, tentava conter as ações e manter a paz. Porém, com o avançar do tempo, o acirramento ficou cada vez mais intenso, deixando rastro de mortes e destruição.  

2. Quem foram os principais personagens? 

No campo político, três personalidades se destacam.

Borges de Medeiros (Partido Republicano Rio-Grandense), então presidente do Rio Grande do Sul, equivalente hoje ao cargo de governador. Em 1922, ele concorria para permanecer no cargo. Com a vitória declarada por uma comissão da Assembleia, ele ocupava pela quinta vez, sendo a terceira em sequência, o comando do Estado. 

Assis Brasil (Aliança Libertadora), que liderando a oposição a Borges, foi candidato ao governo do Estado, em 1922. Não aceitou a derrota, alegando fraudes, e tornou-se o líder dos revolucionários. Mesmo assim, historiadores contestam o discurso de que ele seria um maragato.

Setembrino de Carvalho, ministro da Guerra, foi indicado pelo presidente da República, Artur Bernardes, para pacificar o Estado. Na prática, conseguiu articular o Tratado de Pedras Altas, que encerrou os conflitos. 

3. Como eram os  combates?

Os revolucionários estavam organizados nas chamadas colunas, que tinham as suas lideranças. As colunas eram divididas por região. O tamanho dos grupos variava de região para região, indo de 700 a 1,7 mil integrantes. Sem aporte financeiro, muitos usavam armas antigas. Segundo registros, eles abasteciam-se ainda com munições de guerra desviadas de quarteis.

Ao mesmo tempo, as forças de governo eram formadas pela Brigada Militar, que havia sido organizada no governo de Júlio de Castilhos e tinha treinamento e armamento, como metralhadoras, e pelos 'corpos provisórios', que foram grupos montados para ampliar a repressão aos opositores. 

A estratégia dos revolucionários passava muito por manter o constante clima de tensão, similar ao "ataca e foge". Assim, vilas e cidades eram invadidas e, em um curto espaço de tempo, desocupadas. Porém, com o avançar do tempo, os combates foram ficando mais intensos e sangrentos. Estima-se que 70 localidades vivenciaram conflitos. 

4. Por que a intervenção federal não ocorreu? 

Diante da posse de Borges de Medeiros, Assis Brasil buscou apelo do presidente da República, Artur Bernardes para que interviesse no Rio Grande do Sul. Porém, apesar das manifestações, Bernardes optou por outro caminho: reconheceu o governo borgista, que havia apoiado candidatura adversária na disputa presidencial. 

Segundo os historiadores, Bernardes já enfrentava desgastes, especialmente com os conflitos ocorridos no Rio de Janeiro. E será apenas em outubro, com o agravamento da situação, que enviará o ministro da Guerra, Setembrino de Carvalho, para articular uma pacificação. O movimento não representaria uma intervenção. 

5. Como a guerra terminou?

Após quase 11 meses de intensos conflitos, o Tratado de Pedras Altas selou o acordo entre governistas e oposicionistas e terminou o conflito. A pacificação só foi possível após dias de negociações e com recuos dos dois lados. Enquanto a oposição queria que Borges de Medeiros deixasse o cargo, o mesmo não abria mão da função. Ao fim, o tratado previa que Borges não poderia tentar mais se reeleger, ao mesmo tempo permitia que ele terminasse o seu governo, em 1928.

Correio do Povo

domingo, 10 de dezembro de 2023

Atirador abre fogo em Las Vegas

 


#OsPingosNosIs | Atirador abre fogo em Las Vegas
Beraldo: “Não é a questão da arma. Elas precisam ser acessíveis para aqueles que cumprem determinados requisitos […] Temos que entender o porquê alguém usou a arma para cometer este ato”

EUA vetam resolução no Conselho de Segurança da ONU que exigia cessar-fogo na Faixa de Gaza

 Vice-embaixador criticou o conselho após a votação por não ter condenado o ataque do Hamas a Israel em 7 de outubro

Os Estados Unidos vetaram nesta sexta-feira, 8, uma resolução da Organização das Nações Unidas (ONU) apoiada por quase todos os outros membros do Conselho de Segurança e muitas outras nações que exigiria um cessar-fogo imediato em Gaza, onde os civis palestinos enfrentam o que o chefe da ONU chama de "pesadelo humanitário".

O vice-embaixador dos EUA na ONU, Robert Wood, criticou o conselho após a votação por não ter condenado o ataque do Hamas a Israel em 7 de outubro, no qual os militantes mataram cerca de 1,2 mil pessoas, a maioria civis, ou por não ter reconhecido o direito de Israel de se defender. Declarou que a suspensão da ação militar permitiria ao Hamas continuar a governar Gaza e "apenas plantar as sementes para a próxima guerra".

"Por essa razão, embora os Estados Unidos apoiem fortemente uma paz duradoura, na qual tanto israelenses como palestinos possam viver em paz e segurança, não apoiamos os apelos a um cessar-fogo imediato", explicou Wood.

Em um esforço fracassado para pressionar Washington a abandonar a sua oposição a um cessar-fogo, os ministros das Relações Exteriores de Arábia Saudita e outras nações árabes importantes, além da Turquia, estiveram em Washington nesta sexta-feira. Mas a reunião com o secretário de Estado, Antony Blinken, estava marcada para ocorrer somente após a votação na ONU.

A campanha militar de mais de dois meses de Israel matou mais de 17,4 mil pessoas em Gaza - 70% delas mulheres e crianças - e feriu mais de 46 mil, segundo o Ministério da Saúde do território palestino, que afirma que muitas outras estão presas sob os escombros. O ministério não diferencia entre mortes de civis e combatentes.

O conselho convocou a reunião de emergência para ouvir o secretário-geral António Guterres, que pela primeira vez invocou o Artigo 99 da Carta da ONU, que permite a um chefe da ONU levantar ameaças à paz e segurança internacionais.

Agência Estado e Correio do Povo

Âncora da BBC inicia telejornal mostrando dedo do meio para câmera

 Maryam Moshiri apresenta o programa diariament na BBC News londrina



A apresentadora Maryam Moshiri, que apresenta o programa The Daily Global na BBC News londrina, chamou a atenção após abrir o telejornal de forma inusitada. Ela estava sorrindo e mostrando o dedo do meio para a câmera quando o programa se iniciou, e a rápida gafe repercutiu nas redes sociais.

Segundo ela, o momento era uma "brincadeira" e ela não percebeu que seria capturada pela câmera.

"Pouco antes do início [do jornal], eu estava brincando um pouco com a equipe na galeria. Eu estava fingindo fazer uma contagem regressiva, enquanto o diretor contava de 10 a 0... incluindo os dedos para mostrar os números", contou ela, em publicação no X (antigo Twitter).

"Quando chegamos ao um, eu virei o dedo de brincadeira e não percebi que isso seria capturado pela câmera", disse. "Era uma piada interna com o time e eu sinto que isso tenha ido ao ar".

"Não era minha intenção que isso acontecesse e eu sinto muito se eu ofendi ou chateei alguém. Eu não "mostrei o dedo do meio" para os expectadores ou até mesmo para alguma pessoa, na verdade", explicou. "Foi uma piada boba destinada a um pequeno número de amigos meus".

Agência Estado e Correio do Povo

Alessandro Barcellos é reeleito presidente do Inter

 Atual mandatário superou candidato da oposição, Roberto Melo



Alessandro Barcellos foi reeleito presidente do Inter para o triênio 2024-2026 e seguirá no comando do Colorado pelos próximos três anos. O atual mandatário superou o candidato da oposição, Roberto Melo, no segundo turno da eleição realizada neste sábado. Barcellos conquistou 15.994 votos (53,68%) dos votos, enquanto Roberto Melo somou 45,41% (13.531 votos). 

O Conselho de Gestão comandado por Barcellos na Chapa 1 conta com: Presidente: Dalton Schmitt Junior, Ivandro Rodrigo Morbach, Victor Grunberg e Miguel de Sampaio Dagnino como vice-presidentes. 

De acordo com a Comissão Eleitoral, mais de 29 mil colorados participaram do pleito. Um recorde superior à eleição anterior.

Resultados do Conselho Deliberativo:

Chapa 2 - 29% (44 conselheiros)
Chapa 4 - 26% (41 conselheiros)
Chapa 1 - 21% (32 conselheiros)
Chapa 3 - 14% (21 conselheiros)

Correio do Povo

Essequibo: presidentes de Venezuela e Guiana se reunirão na próxima quinta-feira

 Presidente Lula foi convidado para participar do encontro


Os presidentes de Venezuela e Guiana se reunirão na próxima semana em São Vicente e Granadinas, em meio às tensões pela disputa entre os dois países pelo território do Essequibo, que chegou ao Conselho de Segurança das Nações Unidas.

O primeiro-ministro do país anfitrião, Ralph Gonsalves, informou, em carta direcionada ao presidente venezuelano, Nicolás Maduro, e seu contraparte guianense, Irfaan Ali, que o encontro será realizado em 14 de dezembro às 10h (11h de Brasília) na ilha caribenha.

"Dados os eventos e as circunstâncias sobre a controvérsia territorial (...), avaliamos, no interesse de todos (...), a necessidade urgente de distender o conflito e instituir um diálogo adequado, cara a cara, entre os presidentes da Guiana e da Venezuela", destacou o texto.

"Ambos (os presidentes) se mostraram favoráveis a esta posição na busca por uma coexistência pacífica", acrescentou. A reunião é impulsionada pela Comunidade dos Estados Latino-americanos e do Caribe (CELAC), presidida em caráter pro tempore por Gonsalves, e pela Comunidade do Caribe (CARICOM).

"Firme"

Maduro informou mais cedo sobre a realização desta reunião bilateral, à qual o presidente Luiz Inácio Lula da Silva foi convidado a pedido dos mandatários.

"Estou ativando ao máximo a Diplomacia Bolivariana de Paz, sempre em defesa dos direitos históricos da Venezuela. Uma vez mais, derrotaremos a mentira, as provocações e as ameaças contra o nosso povo. Nossa Pátria Venezuela!", escreveu Maduro na plataforma X (antigo Twitter).

"Mantenho-me firme em que a controvérsia está com a CIJ (Corte Internacional de Justiça) e não está em negociações, e isto não vai mudar", disse Ali à AFP.

Venezuela e Guiana disputam o território do Essequibo há mais de um século, mas as tensões se intensificaram desde que o governo de Maduro realizou um polêmico referendo no domingo passado, no qual 95% dos eleitores apoiaram declarar a Venezuela como a detentora legítima da região, segundo os resultados oficiais.

Nos últimos dias, países da América do Sul, assim como Rússia, Reino Unido e Estados Unidos pediram uma distensão e uma solução pacífica para a disputa.

"A maior desgraça"

Mais cedo, o presidente Lula conversou por telefone com Maduro e lhe pediu para evitar "medidas unilaterais" que intensifiquem a disputa. O Brasil reforçou a presença militar em sua fronteira norte.

Por meio de nota, o governo venezuelano informou, ainda, que o presidente Maduro também conversou com o secretário-geral das Nações Unidas, António Guterres, que "se comprometeu em impulsionar os esforços a favor do diálogo direto entre as partes".

Agora, a disputa territorial pelo Essequibo está nas mãos da Corte Internacional de Justiça (CIJ), cuja jurisdição a Venezuela não reconhece.

E embora os dois países tenham descartado um conflito, a tensão bilateral chegou ao Conselho de Segurança da ONU, que abordou o tema a portas fechadas na sexta-feira, a pedido da Guiana, em uma reunião que terminou sem a emissão de comentários. "A maior desgraça para a América do Sul é que eclodisse uma guerra entre seus povos", escreveu o presidente colombiano, Gustavo Petro, no X. "A Venezuela e a Guiana devem desescalar o conflito, convido os governos da América do Sul a construir uma equipe mediadora", acrescentou.

Petróleo e tensão

A Guiana administra o Essequibo há mais de um século, mas a Venezuela reivindica este território há décadas. Caracas sustenta que o Essequibo integra seu território, como em 1777, quando era colônia espanhola. O governo venezuelano apela ao acordo de Genebra, assinado em 1966, antes da independência guianense do Reino Unido, que estabelecia as bases para uma solução negociada e anulava um laudo de 1899.

A Guiana, por sua vez, defende este laudo e quer que a CIJ o ratifique. A disputa se reacendeu em 2015, quando a gigante americana de energia ExxonMobil descobriu enormes reservas de petróleo na região. A Guiana, com 800.000 habitantes, ficou com reservas estimadas em 11 bilhões de barris de petróleo, as maiores per capita do mundo.

Com esse potencial, a Venezuela começou a insistir em sua demanda e desde o referendo de domingo passado, Maduro ordenou que a petroleira estatal PDVSA emita licenças para autorizar a extração de petróleo na região.

Do mesmo modo, Maduro decretou que Tumeremo, cidade do sul do estado de Bolívar (sudeste), fronteiriço com o território reivindicado, seja a capital do eventual estado da Guiana Essequiba, e abriu um escritório do organismo de identificação (Saime) para que os moradores da região possam reivindicar a nacionalidade e documento de identidade venezuelanos.


AFP e Correio do Povo

Confronto entre polícia e manifestantes na Alesp

 


#OsPingosNosIs | Confronto entre polícia e manifestantes na Alesp; grupo contra a privatização da Sabesp tumultuou sessão

Maduro diz que Guiana terá que "sentar e conversar" sobre Essequibo

 Venezuela quer ampliar sua fronteira sobre o território do país vizinho


Em um post na rede social X (antigo Twitter), o presidente da Venezuela, Nicolás Maduro, disse que a Guiana e a ExxonMobil "terão que sentar e conversar conosco". "De coração e alma, queremos paz e compreensão para garantir, tudo! Deixe o mundo ouvi-lo, com o Acordo de Genebra, tudo!", escreveu o chefe de Estado.

A manifestação de Maduro ocorreu logo após seu telefonema ao presidente Lula (PT), na manhã deste sábado. De acordo com o Planalto, Lula externou a "crescente preocupação" de países da América do Sul com a disputa entre a Venezuela e a Guiana em torno da região de Essequibo, conflito que tem aumentado a tensão entre os dois países vizinhos do Brasil.

No dia 3 de dezembro, Maduro anunciou vitória em um plebiscito no qual os venezuelanos votaram de forma majoritária a favor da anexação de Essequibo, um território que pertence à Guiana, mas é disputado pelos dois países.

O ditador da Venezuela determinou que a estatal PDVSA distribuísse licenças para exploração de petróleo na região e ordenou que a Assembleia Nacional aprovasse uma lei para criar o Estado de Guiana Essequiba, sob o domínio venezuelano. A empresa de petróleo ExxonMobil, dos Estados Unidos, é uma das maiores do mundo e extrai petróleo na Guiana.


Agência Estado e Correio do Povo

Marcelo Teixeira vence eleição no Santos e tem missão de levar time de volta à Série A

 Candidato recebeu 53% dos votos, superando outros quatro concorrentes, e vai comandar o clube entre 2024 e 2026



Marcelo Teixeira confirmou o favoritismo e foi eleito o novo presidente do Santos. Em votação realizada neste sábado, no Ginásio Athiê Jorge Cury e no salão de mármore da Vila Belmiro, o candidato recebeu 53% dos votos, superando outros quatro concorrentes, e vai comandar o clube entre 2024 e 2026. A primeira missão de Marcelo Teixeira será levar o clube de volta à primeira divisão. O time ficou entre os quatro piores do Brasileirão e amargou, nesta semana, o primeiro rebaixamento de sua história centenária.

Teixeira recebeu 4.762 mil votos, contra 1.378 de Maurício Maruca. Rodrigo Marino (1.073), Ricardo Agostinho (1.011) e Wladimir Mattos (562) aparecem logo atrás. Cerca de 17 mil sócios do Santos estavam aptos à votação. Esta será a terceira vez que Marcelo Teixeira assumirá a presidência do Santos. O advogado Fernando Gallotti Bonavides será o seu vice no próximo triênio.

Após o pleito, Teixeira demonstrou otimismo na retomada do clube à elite do futebol brasileiro e afirmou que vai propor ao conselho deliberativo que a histórica camisa 10 do Rei Pelé, morto em decorrência de um tumor no cólon, em dezembro do ano passado, seja "aposentada" durante a disputa da Série B.

"Enquanto (o Santos) não subir e estar no seu patamar digno, nós não atuaremos com a camisa 10. Em memória e em honra", disse o presidente eleito. "Nós vamos reconstruir o Santos e reconduzir o clube ao seu devido lugar, ao patamar de um clube vencedor, com uma marca forte em nível nacional e internacional."

O presidente eleito assume no dia 1º de janeiro, mas já inicia na próxima semana a transição com atual mandatário Andres Rueda. Em entrevista ao Estadão, Teixeira reconheceu que terá a obrigação de reduzir os gastos do clube, mas não pretende se desfazer dos jogadores por qualquer valor.

O clube tem encaminhado um patrocínio com valores que podem bater os R$ 100 milhões, além da transformação da Vila Belmiro para uma moderna arena com 35 mil lugares, em parceria com a WTorre, e um acerto para mandar jogos no Pacaembu, que será reaberto em janeiro.

Teixeira comandou o Santos pela primeira vez em 1992, ficando até o ano seguinte. Voltou a comandar o clube de 2000 a 2009, quando o clube conquistou o bicampeonato brasileiro (2002 e 2004) e do Paulistão (2006 e 2007). Em 2003, o time da Vila também foi vice-campeão da Copa Libertadores, perdendo para o Boca Juniors na final.

Após o rebaixamento do Santos para a segunda divisão, na quarta-feira, o pleito deste sábado foi marcado por tensão e violência. Membros de uma torcida organizada tentaram invadir o local de votação, o ginásio Athié Jorge Cury, na Vila Belmiro. Houve confusão, e a Tropa de Choque da Polícia Militar precisou intervir.

Os integrantes da uniformizada queriam chegar até o atual presidente, Andres Rueda, e o presidente do Conselho Deliberativo, Celso Jatene. Momentos antes da confusão estourar, Jatene tentou conversar com alguns membros da torcida, mas foi alvo de ameaças e xingamentos.

O grupo foi retirado da área em que estava no ginásio, mas pouco tempo depois os torcedores retornaram, tentando abrir o portão do local à força. Uma equipe de seguranças conteve o avanço de quem tentava invadir. A PM conteve os torcedores na área externa. A votação chegou a ser interrompida, mas retornou 40 minutos depois. Segundo a Secretaria de Segurança Pública (SSP/SP), cerca de 20 torcedores estavam envolvidos. A situação foi controlada e ninguém foi detido. Também não houve registro da ocorrência junto à Polícia Civil.

O rebaixamento foi marcado por tumulto e confusão na Vila Belmiro, após a derrota por 2 a 1 para o Fortaleza. De acordo com a SSP, 11 policiais foram feridos e duas viaturas, danificadas. Seis ônibus e quatro automóveis foram incendiados pelos torcedores, que também avançaram contra os policiais, arremessando garrafas, pedras e fogos de artifício. Ninguém foi preso.

Agência Estado e Correio do Povo

"Perdi tudo, mas não quero sair", diz morador das ilhas que ficou com água pelo pescoço nas cheias

 Norton Rodrigues Ávila afirmou ter sido um dos únicos da Mauá a não deixar o local mesmo com a enchente



A situação no bairro Arquipélago, em Porto Alegre, continua extremamente difícil para uma parcela dos moradores que ainda não se recuperou dos efeitos das cheias do final de novembro. Na Comunidade Mauá, a nova ponte que ligará o local ao restante da Ilha da Pintada estava na manhã deste sábado com a construção já avançada. Ali, os habitantes da localidade ainda precisam conviver com o excesso de entulhos retirados das residências, já que não é possível o acesso por carro.

Em um canto da ilha, no final de um longo beco, o morador Norton Rodrigues Ávila afirmou ter sido um dos únicos moradores da Mauá a não deixar o local nas duas grandes enchentes, tanto a mais recente, quanto a anterior, de setembro. “Fiquei com água aqui no pescoço, mas não saí. Com a água barrenta, não era possível ver nada. Andei na ponta dos pés”, disse ele. Ainda assim, ele disse ter encarado as ondas formadas pelos navios que passavam pelo Guaíba e seguido adiante, a fim de oferecer auxílio para sua mãe, de 68 anos, que também voltou à casa simples depois.

Morador da localidade desde sempre, Ávila comentou que pensou em “várias coisas” no momento das tormentas, mas, como não havia muitas opções para si, resolveu permanecer. Os demais foram removidos pela Defesa Civil Municipal. Foi uma decisão arriscada, visto que, sua casa, à qual o único acesso é por uma ripa de madeira posta a cerca de um metro e meio de altura da água, poderia ter tido o mesmo destino de outras próximas, que foram destruídas pela força do Guaíba.

A construção da residência de madeira ocorreu sobre tijolos que servem como pilares da mesma. Com o vento, a chuva forte e as ondas, a estrutura deslocou sobre o alicerce, ampliando enormemente o perigo. O morador sabe disto, mas, com certa resiliência, comenta que não deseja sair. “Perdi geladeira, televisão, máquina de lavar e todos os eletrodomésticos”, lamenta. Suas companhias incluem ainda quatro cães filhotes, nascidos logo depois da primeira cheia, e uma adulta, mãe deles. “Esses aqui só viram cheia até agora”, afirma Norton, apontando para eles.

No sábado, no começo da tarde, o nível do Guaíba na régua de medição do Cais Mauá, no Centro Histórico, mantida pela Secretaria Estadual do Meio Ambiente e Infraestrutura (Sema), marcava 1,63 metro, abaixo da cota de cheia no local, e em tendência de estabilidade. Não foi o menor índice da semana, já que o curso d’água chegou a marcar 1,47 metro na quarta-feira, antes dos episódios de chuva em Porto Alegre no mesmo dia e na quinta-feira.

Correio do Povo