Solução inovadora de startup de Campo Bom é apresentada no Parque de Exposições Assis Brasil
Larvas de Tenebrio Molitor são ricas em proteínas e se tornaram uma solução inovadora para dieta animalPalco de carnes nobres, a Expointer também pode ser o local para degustações inusitadas. A startup Insect Protein apresenta no espaço RS Inovation, na casa da Febrac nesta 46ª edição da feira, uma solução sustentável de proteína derivada de insetos. Para os curiosos com uma dose de coragem, é possível provar tanto as larvas desidratadas apresentadas no local quanto a farinha integral produzida a partir da moagem dos insetos.
Incubada no Feevale Techpark em Campo Bom desde janeiro de 2022, a startup desenvolve soluções inovadoras a partir da larva do Tenebrio Molitor, nome científico dado ao besouro de hábitos noturnos conhecido como bicho-da-farinha. Segundo explica Mauro Ávila Nunes da Silva, responsável comercial da empresa, os produtos são utilizados na composição de dietas para animais monogástricos como cães, gatos, peixes, répteis, anfíbios, pássaros, aves e suínos.
Um dos diferenciais é o baixo impacto ambiental, com utilização reduzida de água e energia, além de área, tornando a produção viável para espaços pequenos em centros urbanos. O ciclo completo de vida do inseto também alavanca as potencialidades do negócio, segundo explica Silva. “Após o acasalamento, cada fêmea pode colocar de 400 até mil ovos que, entre 20 a 30 dias, vão eclodir em larvas, que são as que possuem valor comercial. A gente deixa elas crescerem de três a quatro meses. Uma parte vira produto e o restante deixamos seguir o ciclo para renovar o rebanho”, detalha.
O abate é feito por congelamento, quando as larvas são desidratadas e parte é destinada para a moagem que viabiliza a produção da farinha integral. Com alto valor proteico, a larva do Tenébrio também é uma excelente fonte de ácidos graxos e aminoácidos. “Comparada ao whey protein, extraído do soro do leite, a proteína do inseto oferece mais nutrientes a um custo de produção muito inferior”, avalia Silva, que vê potencial para este mercado nos próximos anos.
A empreitada é acompanhada por Adriana Bender, à frente da gestão administrativa e financeira da startup, e Lucas de Marques Vilela, responsável técnico e pesquisador. É ele quem explica que o foco atual da empresa está na alimentação de animais, uma vez que a comercialização de produtos para consumo humano derivado de insetos ainda carece de autorização e regulamentação da Agência Nacional de Vigilância Sanitária.
Ainda assim, quem visita a Expointer pode degustar as larvas, a título de curiosidade. Com um cheiro semelhante ao cacau, a farinha que visualmente lembra terra preta tem gosto forte. Já a larva desidratada é crocante e tem degustação fácil, incapaz de provocar náuseas nem nos mais sensíveis paladares.
Correio do Povo