Líder indígena e pessoa com deficiência protagonizam cerimônia
Um dos momentos mais aguardados na cerimônia de posse neste domingo, o da entrega da faixa presencial, emocionou o público presente na Praça dos Três Poderes, em Brasília. Com a viagem do presidente Jair Bolsonaro ao exterior pouco antes do fim do mandato, havia muita expectativa e especulações sobre quem passaria a faixa a Lula no ritual tradicionalmente realizado no alto da rampa do Palácio do Planalto.
A equipe organizadora da posse, liderada pela primeira-dama Janja da Silva, optou por um ato carregado de simbolismo. Um grupo oito de pessoas representativas da sociedade brasileira subiu a rampa ao lado do presidente Lula e do vice-presidente Geraldo Alckmin. No alto da rampa, a faixa presidencial passou de mão em mão até ser entregue a Lula por uma mulher negra catadora de materiais recicláveis. No grupo, havia ainda uma criança negra, uma pessoa com deficiência, o cacique Raoni, líder indígena reconhecido internacionalmente, e pessoas que participaram da vigília permanente durante os 580 dias que Lula permaneceu preso em Curitiba, entre 2018 e 2019.
Os brasileiros que subiram a rampa do Planalto
Francisco Carlos do Nascimento - criança negra de 10 anos, moradora de Itaquera, periferia de São Paulo. É corintiano roxo, faz natação e, em 2022, ficou em primeiro lugar no campeonato da Federação Aquática Paulista (1ª Região). Em 2019, participou em Curitiba da vigília pela liberdade do então ex-presidente Lula, com o qual se encontrou, em outra ocasião, em São Paulo. Francisco é filho de uma assistente social e um advogado que atuam em causas sociais. Depois de assistir ao filme que conta a vida do presidente Lula e com a atenção e carinho que recebeu do presidente no Natal dos catadores, Francisco diz que também pode ser presidente.
Aline Sousa - Aos 33 anos, ela é catadora de recicláveis desde os 14 anos, é da terceira geração de catadores na família. A mãe e a avó materna de Aline são catadoras da mesma cooperativa. Mãe de filhos sete filhos, Aline atuou na direção da Rede Centecoop-DF. ingressou no Movimento Nacional de Catadoras como articuladora nacional em 2013, representando os catadores do Distrito Federal. Atualmente é responsável pela Secretaria Nacional da Mulher e Juventude da Unicatadores. Coube a Aine receber a faixa das outras pessoas e vesti-la em Lula.
Raoni Metuktire - dedica sua vida à defesa da Amazônia e dos povos da floresta e tem grande reconhecimento internacional. Da aldeia Kraimopry-yaka, onde nasceu, o cacique de 90 anos rodou o mundo pedindo paz.
Weslley Viesba Rodrigues Rocha - Metalúrgico do ABC Paulista desde os 18 anos. Atualmente trabalha na Delga, no município paulista de Diadema, onde nasceu. Wessley, 36 anos, é casado e tem dois filhos. Formou-se em educação física com o auxílio do Programa de Financiamento Estudantil (Fies).
Murilo de Quadros Jesus- Professor, 28 anos, formado em letras português e inglês e mora em Curitiba. Foi professor de português como língua adicional na Universidad de La Sabana, em Bogotá, capital da Colômbia, entre 2016 e 2017 e foi bolsista Fulbright como professor de português na Bluefield College (West Virginia, Estados Unidos entre 2021 e 2022.
Jucimara Fausto dos Santos - A paranaense nascida em Palotina, dedicou sua vida à cozinha e contribuiu voluntariamente na Vigília Lula Livre, durante o período em que Lula esteve preso em Curitiba.
Ivan Baron - é um jovem influencer potiguar que tem paralisia cerebral. É referência na luta anticapacitista e considerado um dos embaixadores da inclusão. Com forte presença nas redes sociais, Baron publica conteúdos educativos sobre direitos, curiosidades e temas de interesse de pessoas com deficiência e para o público em geral se informar melhor e trabalhar contra o preconceito.
Flávio Pereira- é natural de Pinhalão, no Paraná. Aos 50 anos, trabalha como artesão e esteve na vigília Lula Livre nos 580 dias da prisão de Lula em Curitiba, ajudando em atividades do cotidiano.
Agência Brasil e Correio do Povo