domingo, 16 de outubro de 2022

Partido Novo repudia apoio de Amoêdo a Lula no segundo turno

 Em nota, legenda diz que sempre será oposição ao 'lulopetismo'; Amoêdo foi um dos criadores do partido

Um dos fundadores do Novo, João Amoêdo disse que vai votar em Lula no segundo turno 

O Partido Novo repudiou neste sábado (15) o anúncio de João Amoêdo de que vai votar no candidato Luiz Inácio Lula da Silva (PT) no segundo turno da eleição presidencial. Amoêdo, um dos fundadores da legenda, anunciou o apoio em entrevista a um jornal de São Paulo.

"Os fatos, a história recente e o resultado do 1º turno, que fortaleceram a base de apoio de Bolsonaro, me levam à conclusão de que o atual presidente apresenta um risco substancialmente maior", disse o político e empresário. Em resposta, o Novo alegou que a declaração "é lamentável e incoerente". O Novo alegou ainda que a posição não representa a escolha do partido e que o posicionamento "vai contra tudo o que sempre defendemos."

João Amoêdo foi candidato a presidente pelo Novo em 2018 e terminou as eleições na quinta colocação, com 2,5% dos votos válidos. O sucesso do empresário nas urnas, que nunca havia disputado eleições e acabou à frente de nomes como Marina Silva (Rede) e Henrique Meirelles (à época no MDB), surpreendeu o mundo político na ocasião.

Em abril, o empresário foi um dos signatários do "manifesto dos presidenciáveis", uma carta em defesa da democracia que também contou com as assinaturas do ex-ministro da Saúde Luiz Henrique Mandetta (DEM), do então governador de São Paulo, João Doria (PSDB), do então governador do Rio Grande do Sul, Eduardo Leite (PSDB) e do ex-ministro Ciro Gomes (PDT).

R7 e Correio do Povo

Candidatos não poderão ser presos ou detidos a partir deste sábado

 Única exceção concedida aos concorrentes em função do segundo turno é em caso de flagrante delito, de acordo com decisão do TSE



Nenhum candidato que participará da disputa no segundo turno destas eleições poderá ser preso ou detido a partir deste sábado (15). A única exceção concedida é em caso de flagrante delito, de acordo com decisão do Tribunal Superior Eleitoral (TSE).

A determinação consta no Código Eleitoral. "Os membros das mesas receptoras e os fiscais de partido, durante o exercício de suas funções, não poderão ser detidos ou presos, salvo o caso de flagrante delito; da mesma garantia gozarão os candidatos desde 15 (quinze) dias antes da eleição", estabelece o parágrafo 1° do artigo 236.

A medida envolve os dois candidatos à Presidência da República, Jair Bolsonaro (PL) e Luiz Inácio Lula da Silva (PT), além dos 24 concorrentes ao cargo de governador.

Confira abaixo os estados e os candidatos que disputarão o cargo de governador:

1 - Alagoas: Paulo Dantas (MDB) e Rodrigo Cunha (União)
2 - Amazonas: Wilson Lima (União) e Eduardo Braga (MDB)
3 - Bahia: Jerônimo Rodrigues (PT) e ACM Neto (União)
4 - Espírito Santo: Renato Casagrande (PSB) e Carlos Mannato (PL)
5 - Mato Grosso do Sul: Renan Contar (PRTB) e Eduardo Riedel (PSDB)
6 - Paraíba: João Azevedo (PSB) e Pedro Lima (PSDB)
7 - Pernambuco: Marília Arraes (Solidariedade) e Raquel Lyra (PSDB)
8 - Rio Grande do Sul: Onyx Lorenzoni (PL) e Eduardo Leite (PSDB)
9 - Rondônia: Marcos Rocha (União) e Marcos Rogério (PL)
10 - Santa Catarina: Jorginho Mello (PL) e Décio Lima (PT)
11 - São Paulo: Tarcísio de Freitas (Republicanos) e Fernando Haddad (PT)
12 - Sergipe: Rogério Carvalho (PT) e Fábio Mitidieri (PSD)

Eleitores

No caso dos eleitores, a proibição da prisão ou da detenção — também com exceção dos casos de flagrante delito — começará a partir do próximo dia 25, cinco dias antes da votação.

R7 e Correio do Povo

Jair Bolsonaro em Fortaleza / Ceará (15OUT22) (6)

 



Fonte: https://www.facebook.com/jairmessias.bolsonaro/videos/511876067110794/

Ministro da Justiça e presidente do Cade terão 3 dias para explicar inquéritos sobre pesquisas

 TSE tornou sem efeito investigações sobre os institutos na última quinta (13) e também quer ouvir responsáveis pelas apurações

TSE tornou sem efeito investigações sobre os institutos na última quinta (13) e também quer ouvir responsáveis pelas apurações 

O corregedor-geral da Justiça Eleitoral, ministro Benedito Gonçalves, quer ouvir o ministro da Justiça, Anderson Torres, e o presidente do Conselho Administrativo de Defesa Econômica (Cade), Alexandre Macedo, sobre as investigações abertas referentes aos erros dos institutos de pesquisa eleitoral no primeiro turno das eleições.

Anderson Torres e Alexandre Macedo terão três dias para se manifestar sobre a abertura das investigações e a motivação das apurações. Para o corregedor do TSE, há "indícios de desvio de finalidade em tese caracterizado pelo uso de órgãos administrativos para lograr objetivos eleitorais".

A decisão do corregedor é da noite de sexta-feira (14) e o prazo passa a ser contado a partir do recebimento da intimação.

O R7 tenta contato com o Ministério da Justiça e com o Cade. O espaço está aberto para manifestações.

Na última quinta-feira (13), o presidente do Tribunal Superior Eleitoral (TSE), Alexandre de Moraes, tornou sem efeito inquéritos abertos sobre supostas irregularidades. Para ele, compete à Justiça Eleitoral a fiscalização das entidades de pesquisa e, no caso do Cade e da Polícia Federal, há "incompetência absoluta de seus órgãos prolatores e a ausência de justa causa".

As empresas responsáveis pelos levantamentos tornaram-se alvo de críticas após divergências entre as estimativas e os resultados das urnas, e o Cade e a PF, que é comandada pelo Ministério da Justiça, abriram investigações separadas para apurar as supostas irregularidades.

Ao saber da decisão de Moraes, na última semana, o presidente e candidato à reeleição, Jair Bolsonaro (PL), voltou a criticar o presidente do TSE por ter tornado sem efeito os inquéritos abertos sobre supostas irregularidades dos institutos de pesquisa eleitoral.

"O que ele fez? Não pode investigar. Os institutos vão continuar mentindo. E, nessas mentiras, quantos votos se arrastam para o outro lado? Geralmente vota em quem está ganhando. Dois, três milhões de votos. Parabéns, Alexandre de Moraes", afirmou Bolsonaro durante entrevista a youtubers de clubes de futebol.

R7 e Correio do Povo

Cotação de produtos agrícolas na palma da mão

 Em dois meses de utilização, aplicativo gratuito desenvolvido por agrônomos e produtores gerou negócios de R$ 50 milhões ao permitir a cotação de fertilizantes, entre outros insumos e serviços, junto a mais de 80 fornecedores

Foto: Cota Agro / Divulgação / CP


Que a tecnologia facilita a administração dos negócios do produtor rural não é novidade, mas o apuro das ferramentas para isso também é notório. Lançado há cerca de dois meses, o aplicativo Cota Agro é mais uma possibilidade de conexão do agricultor com seus fornecedores de insumos, que agiliza as compras e a gestão da propriedade. O app, de forma rápida e prática, pesquisa os preços entre diversas revendas de defensivos, fertilizantes, máquinas, implementos agrícolas, produtos e serviços agropecuários e veterinários. As revendas recebem a solicitação e fazem suas propostas ao produtor, que pode seguir a negociação pelo aplicativo ou diretamente com o fornecedor. 

Disponível para os sistemas Android e iOS, a plataforma tem registrado crescimento acima do esperado. São quase 900 produtores rurais cadastrados em 192 municípios do Rio Grande do Sul e 81 revendas e fornecedores. No espaço de dois meses foram efetivadas mais de 1.750 cotações que geraram 670 propostas e resultaram em R$ 50 milhões em oportunidades de negócios. 

Uma das cotações mais solicitadas é para aquisição de fertilizantes, em razão, principalmente, da alta dos preços deste tipo de insumo decorrente da guerra no Leste Europeu, um dos principais exportadores de adubo do mundo. Segundo estatísticas da Cota Agro, defensivos agrícolas foram buscados quase 320 vezes, seguidos por fertilizantes, com pouco mais de 66 vezes. Por enquanto, a maioria dos produtores cadastrados é do Rio Grande do Sul, assim como fornecedores, que ao ingressarem no sistema devem informar as regiões geográficas atendidas no Estado. Assim, a plataforma dispara as cotações de maneira otimizada. 

Há intenção de expandir o uso do app para outros estados do Brasil. De acordo com o criador da plataforma, o agrônomo Gerson Sartori, há um grande potencial de desenvolvimento. “Na busca por eficiência e sustentabilidade, ampliamos a oferta de produtos e serviços, bem como oferecemos aos revendedores uma gama maior de clientes e a possibilidade de expandir fronteiras,” argumenta Sartori.

O Cota Agro conta ainda com o desenvolvedor Augusto Farias e o também agrônomo Anderson Vedelago, como sócios. Os demais investidores são os produtores rurais Daniel Gonçalves da Silva e João Paulo Silveira, que também são usuários da ferramenta. “É um mercado de gigantes onde nos posicionamos pelo direito do produtor de cotar. Antes ele precisava contatar várias revendas, isso facilitou a vida dele. Agora, ele pode fazer isso de forma prática e organizada. Nosso negócio é aumentar o poder de compra do produtor, de maneira independente,” explica Silva.

Correio do Povo

Porto Alegre anuncia reforma de R$ 2 milhões no Ginásio Tesourinha

 Previsão de conclusão da primeira fase é de oito meses



Ao completar 31 anos neste sábado, o Ginásio Municipal Osmar Fortes Barcellos, o Tesourinha, foi palco do anúncio de investimentos de R$ 2 milhões para a realização de várias reformas. Conforme a secretaria municipal de Esporte, Lazer e Juventude (SMELJ), Débora Garcia, o local passará por uma série de melhorias em toda sua estrutura.

“Na primeira fase, com previsão de início a partir de novembro, buscaremos reformar metade do elo inferior do ginásio, trocando aberturas, janelas, parte elétrica colocando uma subestação de energia e hidráulica, além de reestruturar o vestiário e a parte administrativa”.

A previsão de conclusão dessa fase é de oito meses. Serão investidos R$ 2 milhões, com R$ 1,2 milhão de emenda parlamentar e o restante (R$ 800 mil) como contrapartida da Prefeitura de Porto Alegre.

Conforme a secretaria, uma segunda etapa de obras está prevista para 2023 e focará na reforma da outra metade dos elos inferior e superior, com a troca de telhados, cabines de televisão e rádio, iluminação interna de LED, além de novos pontos de acessibilidade (elevador e rampas) em diversos locais do ginásio. A parte externa também passará por mudanças, principalmente na pracinha e na iluminação. O valor estimado para a reforma completa é de R$ 10 milhões.

Festa para crianças

Na tarde desta sábado, o Ginásio contou com apresentação de rapel cênico, seguido de apresentações de danças flamenca (La Negra), tango (Edi e Carlos Le Pêra) e contemporânea (Espaço N). As crianças puderam se divertir nos brinquedos e nas diversas atividades. No local teve ainda uma feira com exposição de artesanato dos alunos do ginásio e plantio de mudas nos jardins externos. Também foi realizado um abraço coletivo ao ginásio, seguido dos parabéns e distribuição de bolo aos participantes. O evento terminiu às 17h30min com um aulão de ritmos pelo professor Rondon.

Correio do Povo

Jair Bolsonaro em Fortaleza / Ceará (15OUT22) (5)

 



Fonte: https://www.facebook.com/jairmessias.bolsonaro/videos/2153081601520011/

Entenda o que acontece com Thiago Brennand, solto nos Emirados Árabes após pagar fiança

 Libertação não afeta o processo de extradição do empresário para o Brasil, que está em andamento

Thiago Brennand, de 42 anos, pagou fiança e foi solto em Abu Dhabi 

O empresário e herdeiro Thiago Brennand, de 42 anos, pagou fiança e foi solto em Abu Dhabi na sexta-feira (14), horas após a prisão em uma operação coordenada pela Polícia Federal. Ele era considerado foragido e chegou a ter o nome incluído na lista de difusão vermelha da Interpol. Brennand segue nos Emirados Árabes, onde deve aguardar o julgamento do processo da extradição.

O pagamento da fiança impede a extradição?

Um delegado de Polícia Federal com expertise na área internacional disse reservadamente ao Estadão que o pagamento da fiança garante que o empresário aguarde o julgamento em liberdade, mas não afeta o processo de extradição. “Não significa que não haverá extradição. O país mantém um bom controle de fronteiras”, explica.

Do que depende a extradição?

O Ministério da Justiça e Segurança Pública é o órgão responsável pela condução dos processos de extradição. Antes de agir, normalmente a pasta aguarda o pedido formal de repatriação feito pelo Poder Judiciário, para então encaminhar a solicitação ao governo do país estrangeiro.

O Estadão procurou o Ministério para saber o andamento do caso, mas não teve retorno até o fechamento do texto.

Brennand precisa obedecer alguma regra?

No lugar da prisão, o empresário deve cumprir medidas cautelares alternativas, como informar um endereço fixo, não deixar os Emirados Árabes Unidos sem comunicar a Justiça e comparecer a audiências sempre que for notificado.

Quais são as acusações que pesam contra o empresário?

Até momento, a Justiça de São Paulo recebeu duas denúncias contra o empresário. A primeira por agressões contra a modelo Helena Gomes, no dia 3 de agosto, em uma das academias mais caras da capital paulista. O caso foi registrado por câmeras de segurança e viralizou nas redes sociais. Brennand responde por lesão corporal e corrupção de menores - por supostamente ter incentivado o filho adolescente a também ofender a modelo.

A segunda denúncia foi aceita na sexta-feira (14). Brennand foi acusado de mandar tatuar a força as iniciais do seu nome em uma mulher com quem se relacionou. Os crimes imputados são estupro, cárcere privado, tortura, lesão corporal, coação no curso do processo, constrangimento ilegal, ameaça, registro não autorizado da intimidade sexual e divulgação de cena de estupro ou sexo.

O empresário teve a prisão preventiva decretada nos dois processos.

O que diz a defesa?

O advogado de Brennand disse que não comentaria a soltura do empresário.

Agência Estado, R7 e Correio do Povo

Caso Genivaldo: policiais acusados por morte em 'câmara de gás' são presos

 Eles foram detidos na sexta (14). Crime foi em maio, quando os três policiais rodoviários abordaram homem por estar sem capacete

Os três policiais rodoviários envolvidos na abordagem que causou a morte de Genivaldo de Jesus Santos foram presos preventivamente nesta sexta-feira, 13, por determinação da Justiça Federal em Sergipe.

William de Barros Noia, Kleber Nascimento Freitas e Paulo Rodolpho Lima Nascimento foram presos pela Polícia Federal (PF). Eles passaram por exame de corpo de delito e audiência de custódia e, na sequência, foram transferidos para o Presídio Militar de Sergipe, em Aracaju.

A ordem de prisão é assinada pelo juiz Rafael Soares Souza, da 7.ª Vara Federal de Sergipe, que atendeu a um pedido do Ministério Público Federal (MPF). Ele também recebeu a denúncia por abuso de autoridade, tortura e homicídio qualificado oferecida pelo órgão no início do mês.

“A custódia cautelar tem o objetivo de garantir a ordem pública e instrução do processo”, informou a Justiça Federal.

O crime aconteceu em maio deste ano em um trecho da BR-101 na altura de Umbaúba, município de 25 mil habitantes no interior de Sergipe. Os policiais rodoviários pararam Genivaldo porque ele vinha de moto sem capacete. Ele foi trancado no porta-malas de uma viatura da Polícia Rodoviária Federal (PRF) e asfixiado com gás de pimenta. A abordagem foi filmada por pessoas que tentaram intervir em favor do motociclista. Após o crime, a família informou que ele sofria de transtornos mentais e já havia sido diagnosticado com esquizofrenia.

A Secretaria de Segurança Pública de Sergipe concluiu, no mês passado, as perícias sobre o crime. Os laudos cadavérico e toxicológico confirmaram que Genivaldo morreu por asfixia mecânica com reação inflamatória das vias aéreas.

Antes de serem denunciados pelo MPF, os policiais rodoviários já haviam sido indicados pela Polícia Federal (PF) por homicídio qualificado e abuso de autoridade.

O caso também levou a Justiça Federal a determinar a volta ensino de Direitos Humanos nos cursos de formação e reciclagem da PRF. Até a publicação deste texto, a reportagem entrou em contato com a defesa dos policiais e ainda aguardava resposta. O espaço está aberto para manifestação.


R7 e Correio do Povo

Pressão dos custos reduz área do arroz

 Com rentabilidade prejudicada, produtores estão optando por rotacionar o plantio do grão com culturas como as da soja e do milho, além de apostarem em boas práticas que resultem no aumento de produtividade por hectare

Foto: Pedro Trevisan / Irga / Divulgação / CP


Por Camila Pessôa

O cultivo de arroz está em fase de implantação no Rio Grande do Sul. Já foram semeados 322,91 mil hectares, ou seja, 37,44% da área total esperada, com a Zona Sul e a Fronteira Oeste mais avançadas, com respectivamente 81,23 mil hectares (58,21% da área esperada) e 136,25 hectares (52,54%), de acordo com o último levantamento do Instituto Rio Grandense do Arroz (Irga), publicado em 14 de outubro. A autarquia se baseou nas intenções de semeadura da safra 2022/2023 para os cálculos da área. Também são a Zona Sul e a Fronteira Oeste que têm projeção de maior produtividade e produção do Estado, explica a diretora técnica do Irga, Flávia Miyuki Tomita. 

Com uma estimativa de 862,4 mil hectares para 2022/2023, também baseada na intenção de semeadura verificada pelo Irga, a redução na área plantada em comparação à última safra, com 957,1 mil hectares, deve ser de 9,9%. A produtividade esperada, segundo a Emater/RS-Ascar é de 8.226 quilos por hectare, 2,1% a mais que a produtividade sobre a área semeada da última safra, de 8.053 quilos por hectare. Isso resulta numa produção total de 7,09 milhões toneladas, 7,95% a menos que em 2021/2022, com 7,70 milhões de toneladas.

O que dizem as autoridades

Para o presidente da Federação das Associações de Arrozeiros do Rio Grande do Sul (Federarroz), Alexandre Velho, o motivo da diminuição de área é a falta de rentabilidade do arroz, o que faz com que o produtor opte por alternativas como a soja e o milho. “O produtor está se reinventando para trazer sustentabilidade à produção”, afirma. Velho acredita no aumento de produtividade esperado para essa safra, consequência de uma adesão maior a práticas como a rotação de culturas, o que torna os solos mais férteis.

“Essa nova lavoura de arroz, usando um sistema mais integrado, e não mais a monocultura, trouxe muitas vantagens devido ao uso mais adequado dos nutrientes e ao controle de plantas daninhas, que continua sendo o ponto crítico da lavoura do arroz. Sem dúvida o sistema de produção integrada veio para ficar”, pontua o doutor em Fitopatologia e professor da Universidade Federal do Rio Grande do Sul Marcelo Gravina. A produtividade do arroz, diz ele, se manteve estável, uma vez que a estimativa do Irga para as últimas três safras, de 2019/20, 2020/21 e 2021/22, foi de 8.401, 9.010 e 8.315 quilos por hectare, respectivamente. “Ou seja, apesar da pequena variação devido às questões ambientais, existe uma tendência à estabilidade”, explica. Conforme o professor, a utilização de cultivares de alta produtividade, além de um manejo que prioriza a fertilidade, antecipação do plantio, e, mais recentemente, a integração lavoura-pecuária, foi o que resultou nessa tendência. 

“Tirando o ano passado, essa última safra, a gente vinha com uma crescente muito boa, tivemos duas sequências em que nós batemos recorde de produtividade”, avalia Flávia Tomita, do Irga. Segundo ela, a produtividade, nos meses de estiagem, baixou menos que o esperado, com algumas regiões que mantiveram alta produção, como a Zona Sul. Para 2022/2023, com a possibilidade de um terceiro ano de La Niña, a preocupação se mantém. Flávia antecipa que a área de meteorologia do Irga avaliou que os problemas de falta de água podem começar já na fase de semeadura, com a germinação da semente. Por isso, ela reforça que os produtores devem adotar boas práticas de manejo desde o início do plantio, começando pelo uso de cultivares produtivas. “E isso a gente tem bastante, o Irga 424 RI vai ser plantado com certeza na maior parte da área do Estado, vai passar de 50%”, comemora. A diretora ressalta, ainda, que a expectativa de boa produtividade se mantém e vai ser confirmada se houver condições climáticas favoráveis. 

Produtores devem ter atenção na utilização de cultivares para que sejam resistentes a doenças como a brusone e também no uso de sementes certificadas que impedem o avanço do arroz vermelho, praga que compete com o arroz  cultivado e provoca perdas de produtividade | Foto: Arquivo pessoal / CP.

Mesmo com a confirmação de uma alta produtividade, a produção deve diminuir, com a menor área plantada, já que hoje os produtores de arroz têm dividido suas áreas com a produção de outros grãos. Isso foi inclusive incentivado por iniciativas como o Programa Duas Safras, com o objetivo de ampliar a renda do produtor, intensificar a produção sustentável e otimizar áreas produtivas. “O produtor de arroz não é mais somente produtor de arroz, ele é um produtor de grãos”, enfatiza o presidente da Federarroz. Alexandre Velho assegura que não existe risco de desabastecimento do mercado em função da diminuição da área plantada, por conta justamente do aumento da produtividade, favorecido pela rotação de culturas, consideração reforçada pelo presidente da Associação de Arrozeiros de Alegrete, Gustavo Thompson Flores. 

Porém, representantes da indústria não expressam a mesma tranquilidade. Segundo o presidente do Sindicato da Indústria do Arroz (Sindarroz), Élio Coradini Filho, essa redução vai contribuir para um aumento de importações do grão do Paraguai e de outros estados brasileiros. “A diminuição da área de produção preocupa muito a indústria porque é uma consequência da falta de competitividade do arroz gaúcho”, pontua Coradini Filho. 

O problema da competitividade também é apontado por Flores, que destaca os preços abaixo do custo de produção: enquanto a média de preços do saco de 50 quilos calculada pela Emater/RS foi de R$ 75,22 na semana entre 10 e 14 de outubro, a média de custos de produção para o arroz irrigado na safra 2021/2022 divulgada pelo Irga foi de R$ 93,28. “A lavoura está sem margem e o produtor espera uma reação para que volte a ter”, afirma o dirigente da associação de Alegrete. Ainda segundo ele, a diminuição de área não será suficiente para aumentar os preços. “Sinceramente acho difícil que a área tenha impacto no preço. Para reagir precisa que o mercado internacional mude seus patamares”, considera.

Melhor remuneração passa por ajuste fiscal

Entidades defendem revisão de impostos e identificação de origem do alimento importado de outros países, o que aumentaria a segurança para o produtor, e, além disso, avaliam que o mercado de arroz exige mais planejamento

O presidente da Federarroz, Alexandre Velho, destaca que uma das principais dificuldades do arrozeiro, além do elevado custo, é a ausência de um mercado futuro para a cultura, o que aumenta a insegurança. Esses problemas fazem com que o produtor precise ter uma forte gestão de seu processo produtivo, calculando seu custo de produção exato, sem depender de números externos, destaca ele. O presidente da Associação de Arrozeiros de Alegrete, Gustavo Flores, defende que uma equalização do ICMS seria uma pauta válida para que a remuneração ficasse justa para todos. A mesma medida é defendida pelo presidente do Sindarroz, Élio Coradini Filho, que acrescenta a concretização de uma reforma tributária nacional como parte da solução do problema. 

Essas questões foram discutidas no dia 5 de outubro, quando Velho esteve em reunião com o ministro da Agricultura, Marcos Montes, para falar sobre problemas estruturais e abertura de novos mercados. Entre as pautas discutidas estão a questão tributária e o aumento de custos de produção nos últimos dois anos, em especial de fertilizantes e combustíveis. Além disso, foi tratada a questão da identificação de origem do arroz importado pelo Brasil para maior segurança do consumidor, medida que já é exigida por lei mas que por vezes não é cumprida. Em relação aos novos mercados, tratou-se da abertura para o Panamá e apoio comercial do México, o qual o Uruguai já tem. “O Brasil depende de uma diminuição de imposto para ter vantagem em relação aos americanos”, destaca Velho. No mercado externo, há no geral uma expectativa de exportação de grandes volumes e de preços acima do custo, segundo Velho. Já no mercado interno, o presidente da Federarroz afirma que deve diminuir a pressão por conta da redução da área plantada.

Atenção à Bruscone

Doenças e pragas também podem ser empecilho para a produtividade. Além de ter uma boa gestão de custos, o agricultor precisa estar atento às doenças causadas por fungos, em especial à brusone do arroz, às manchas foliares e à queima-da-bainha, como destaca o doutor em Fitopatologia e professor da Universidade Federal do Rio Grande do Sul Marcelo Gravina. “A brusone é a doença que deve preocupar mais o produtor”, enfatiza. A doença pode ocorrer tanto durante a fase de desenvolvimento vegetativo quanto na fase reprodutiva da cultura. “É nesse segundo período que as perdas podem ser muito elevadas pois uma epidemia severa da doença pode chegar até a inviabilizar a colheita”, explica. 

O professor ressalta que a brusone é beneficiada quando há períodos de clima quente, úmido e com nebulosidade. Ele explica que o plantio tardio, próximo ao mês de dezembro, favorece a doença. “Outra questão que preocupa a todos é a das cultivares, porque não há uma grande disponibilidade de cultivares resistentes”, acrescenta Gravina. Ele ressalta que a variedade Irga 424 RI, muito utilizada no Estado, não tem mais a mesma eficácia para esse propósito. “Praticamente metade da área de arroz é com essa cultivar, mas ela perdeu a resistência e era a grande ferramenta contra a brusone”, relata. Isso, de acordo com o especialista, causa uma maior dependência de fungicidas para os produtores. 

As manchas foliares também são causadas por fungos e afetam a fotossíntese, prejudicando a produtividade e a qualidade dos grãos. “Não existem cultivares resistentes às manchas, por isso existe maior dependência do uso de fungicidas”, alerta Gravina. Por fim, a queima-da-bainha é causada por um fungo que sobrevive no solo. “Essa era uma doença pouco importante, porém tem aumentado a incidência nas últimas safras”, explica o professor. Segundo ele, esse crescimento se deve ao aumento da rotação de culturas entre soja e arroz, uma vez que o fungo afeta as duas culturas. “Essa doença preocupa pois não existem boas soluções em termos de cultivares resistentes e de fungicidas até o momento. Nesse caso, o produtor necessita monitorar a ocorrência e alterar práticas de manejo das culturas para evitar o aumento da incidência em sua área”, diz Gravina. “É importante o produtor ter mais opções de cultivares resistentes, pois o uso contínuo de uma mesma cultivar pode levar à perda de resistência devido à seleção de fungos mutantes”, completa.

Além das doenças, o produtor também deve estar atento ao arroz vermelho, praga que compete por nutrientes com o arroz cultivado, como explica Gravina. “Durante a colheita ele é perdido por debulha, ou seja, não contribui para o produto final”, complementa. O professor destaca que o arroz vermelho sobrevive por longos períodos no solo e é resistente a alguns herbicidas, o que dificulta seu controle em áreas altamente infestadas. Para contê-lo, o uso de tecnologias genéticas e químicas não basta. De acordo com Gravina, “a rotação de culturas com a soja e a sucessão com cultivos de inverno, como uso de espécies forrageiras ou de cobertura do solo, contribuem muito para reduzir a infestação na área”. O professor recomenda ainda que o produtor nunca use sementes não certificadas, pois elas são a porta de entrada do arroz vermelho na propriedade. 

Agricultores têm feito a conta do custo por hectare e da remuneração por saca para diminuir a área plantada nas propriedades com o arroz e aumentar o cultivo de grãos como o milho e a soja | Foto: Igor Khols / Irga / Divulgação / CP.

Produtores aderem ao Programa Duas Safras

Em Camaquã, na Região Sul do RS, agricultores aderiram à iniciativa da Farsul que fomenta a diversificação de culturas entre os arrozeiros, como forma de ampliar a produção gaúcha de grãos e também de melhorar a renda das propriedades

O agricultor e presidente da Associação dos Arrozeiros de Camaquã, Volzear Longaray, está plantando no município e em Arambaré 410 hectares de lavouras do grão. A produtividade média de Longaray é de 200 sacos por hectare, mas, como diminuiu o terreno plantado este ano, eliminando áreas marginais, o produtor espera ter uma produtividade maior. Na última safra ele plantou 500 hectares de arroz. Também ampliou os cultivos de soja e milho, com 200 hectares e 30 hectares de lavouras, respectivamente. O produtor participa ativamente do Programa Duas Safras, iniciado pela Federação da Agricultura do Rio Grande do Sul (Farsul) destinado a fomentar a produção e melhorar a rentabilidade dos agricultores.

De acordo com o dirigente, o peso dos custos está diminuindo em comparação à última safra. “A realidade do custo é muito diferente hoje, estão caindo os preços dos insumos”, considera. Longaray afirma que um dos principais empecilhos para uma maior rentabilidade do cultivo é a ausência de um mercado firme de exportação. Pondera que a saída é a regulação do mercado para valorizar o produto, considerando os altos investimentos necessários para implantar a produção, e uma redução na carga tributária, em especial do ICMS.

Já o agricultor José Carlos Gross, também de Camaquã, já plantou cerca de metade dos 400 hectares de arroz planejados. Ele pretende terminar o plantio antes do dia 30 de outubro. Além do arroz, hoje Gross planta 600 hectares de soja, mas não foi sempre assim. “Eu cheguei a plantar quase mil hectares de arroz e hoje eu planto mais da metade de soja”, relata. O motivo é o alto custo de produção e preço do arroz que não compensa. “A soja é mais atrativa que o arroz em termos de custo e rendimento”, considera. O produtor acredita que, com a expectativa de redução de área plantada, vai haver uma redução de preços. “Eu sou um exemplo da área plantada menor e eu vejo que vai haver uma diminuição de oferta”, afirma. 

Gross acompanha o programa Duas Safras e pretende variar mais os cultivos. “Eu não era plantador de milho e vou me tornar plantador de milho este ano já, e talvez de alguma cultura de inverno, como o trigo, estou pensando em entrar nesse sistema”, conta. “Éramos simplesmente plantadores de arroz, mas aprendemos a drenar as áreas e agora nos transformamos em produtores de culturas de sequeiro”, finaliza. 

“Éramos simplesmente plantadores de arroz, mas aprendemos a drenar as áreas e agora nos transformamos em produtores de culturas de sequeiro”, diz José Carlos Gross | Foto: Arquivo pessoal / CP.

Uma parte da produção de soja de Gross é em sulco-camalhão, técnica que confere mais produtividade ao cultivo. Além disso, ele realizou o plantio direto do arroz sobre a soja, o que também pode oferecer benefícios em produtividade. Assim, Gross pretende produzir um pouco mais que o ano passado. “Eu espero colher acima dos 10 mil quilos por hectare. Ano passado foi 9,9 mil”, comenta. 

Gross planta a cultivar IRGA 424 RI. “É uma variedade muito boa, muito estável, mas eu vejo que nós vamos ter que fazer no mínimo uma aplicação de fungicida, por causa da brusone”, comenta. Além dos gastos maiores com agroquímicos, o produtor se preocupa com uma possível estiagem, visto que há previsão de La Niña novamente este ano. “Há preocupação de que talvez venha a ter alguma restrição de água, mas por enquanto está tranquilo”, relata.

Para controlar seus custos, o agricultor está implementando o uso do software AgroSim. “Hoje em dia, realmente, se tu não tiver uma compreensão dos custos tu não vai conseguir ter uma boa rentabilidade”, reflete Gross. “Eu sei hoje que os meus custos do arroz estão mais altos do que ele remunera porque eu tenho esse software que está me dando esse apoio, então eu mantenho um apontamento de custos dentro do software”, complementa. A aplicação ajuda, inclusive, a descobrir qual o custo de produção total por cada talhão da propriedade.

Correio do Povo