Seguiremos com boas notícias? Depende do que o eleitor brasileiro decidir neste domingo
Guilherme Baumhardt
Em 2022, a economia brasileira crescerá mais do que a chinesa. E é a primeira vez que isso acontece em 42 anos. Não, não é uma comparação com os áureos tempos chineses, com o período em que os orientais expandiam a atividade econômica na casa dos dois dígitos. Não é. Mas não é um dado a ser desprezado. Pelo contrário. Previsões bastante realistas apontam para algo, no Brasil, em torno de 3%, ao final do ano. Menos pelo número e muito mais pelas circunstâncias, é um feito digno de nota.
O dado ganha importância se levarmos em consideração alguns fatores especiais. Ele não foi produzido com base em populismo barato, com a injeção de crédito na economia, sem critérios e sem garantias. Houve redução de impostos, mas não com prazo determinado e data para acabar – como ocorria nas reduções da linha branca e carros, nos tempos petistas, que produziam apenas uma antecipação de compra. O crescimento do PIB ocorrerá por força do setor produtivo nacional, não porque o governo decidiu abrir as torneiras do investimento público. E 2022 é o primeiro ano em que a pandemia não trouxe o famigerado “fecha tudo”, protagonizado por alguns governadores e prefeitos. É pouco? Não, não é.
Vamos além. O mês de agosto encerrou com a criação de 278 mil empregos formais, segundo o Caged. E ainda nem entramos no período em que as contratações de final de ano esquentam de fato – resultado do aumento de produção e vendas mirando Natal e Ano Novo. Há outro elemento que merece destaque: muitos decidiram empreender, abrir o próprio negócio – reflexo, também, das leis de liberdade econômica, que retiraram o peso do Estado e da burocracia de quem queria apenas trabalhar. Ou seja, são pessoas que não têm mais carteira assinada, mas não estão desempregadas. E este número não aparece no cadastro geral de empregados e desempregados. O próximo passo, após a recuperação dos postos de trabalho, é a melhoria do poder de compra, com aumento da renda per capita.
Há mais no horizonte. As obras de infraestrutura, concedidas para a iniciativa privada sem a necessidade de outorga, ainda não foram finalizadas. Portanto, ainda não produziram o impacto positivo que certamente trarão ao ambiente de negócios do país.
E isso vai continuar nos próximos anos? Seguiremos com boas notícias? Depende do que o eleitor brasileiro decidir neste domingo.
Comandante Nádia...
Havia na disputa ao Senado um cenário que dificultava uma tomada de decisão do eleitor. Partindo do princípio de que Hamilton Mourão e Ana Amélia Lemos têm afinidade ideológica, era natural e previsível que, em uma disputa de turno único, o voto útil em um ou outro ocorresse agora, no dia 2 de outubro. A definição viria a partir das pesquisas. A pergunta a ser respondida era: qual têm maior potencial para ser o anti-Olívio? O problema estava justamente aí. A imensa maioria das pesquisas apontava na direção de Mourão, mas um dos institutos (leia-se Ipec, o antigo Ibope) encontrava números que favoreciam Ana Amélia Lemos.
... decide a eleição
A desistência da Comandante Nádia e o apoio a Mourão tem potencial para ser o fator decisivo, a favor do atual vice-presidente da República. Sem exageros e sabendo que faltam poucos dias para a votação, Nádia criou o fato novo que faltava. Muito menos pelos índices da candidata nas pesquisas (até porque transferência de voto não é algo automático), mas muito mais pelo simbolismo do movimento. Mourão agradece. E provavelmente sairá vitorioso no domingo. A conferir.
Um domingo tranquilo
Se cabem algumas dicas para este domingo, aqui vão elas. Vote cedo, leve uma cola com os números dos seus candidatos. Isso facilita e agiliza a votação. Espere o nome, número e foto do seu candidato aparecerem na urna. E aí aperte o botão verde, confirmando. Não brigue com os mesários. Eles não estão lá a serviço de partidos. São cidadãos como eu e você e que foram convocados pela Justiça Eleitoral. Manifestações silenciosas são permitidas. Use as cores que você achar mais conveniente, sejam elas o verde e o amarelo ou o vermelho. Importante: capriche na escolha de deputados e senadores. Eles têm muito mais poder do que muita gente imagina. Bons legislativos fazem toda diferença. E o mais importante: não caia em provocações. Quando éramos crianças e eu brigava com meu irmão, na hora de apartar a dupla, minha mãe dizia: quando um não quer, dois não brigam. Bom domingo, bom voto.
Correio do Povo