quarta-feira, 8 de setembro de 2021

Poupança tem resultado negativo pela primeira vez desde a volta do auxílio emergencial

  por Larissa Garcia

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Após quatro meses positivos, caderneta registra em agosto saída líquida de R$ 5,46 bilhões, diz BC

Após quatro meses de resultados positivos, os saques em caderneta de poupança superaram os depósitos em R$ 5,46 bilhões em agosto. O dado foi divulgado pelo BC (Banco Central) nesta segunda-feira (6).

Este é o primeiro resultado negativo desde o retorno do auxílio emergencial, em abril.

 

Em julho, a poupança teve entrada líquida de R$ 6,37 bilhões.

Nos três primeiros meses de 2021, quando ainda não haviam começado os pagamentos da nova rodada do benefício, os números vieram negativos em R$ 27,5 bilhões. A partir de abril, a captação da caderneta voltou a ser positiva, com R$ 3,8 bilhões.

Em maio, a entrada líquida foi mais baixa, de R$ 72,6 milhões, mas permaneceu positiva. Em junho, a poupança registrou a maior captação do ano, com R$ 7 bilhões.

Em agosto, os brasileiros depositaram R$ 295,9 bilhões na poupança e sacaram R$ 301,3 bilhões, segunda maior retirada do ano.

Mesmo com o resultado negativo, o saldo, que é todo o montante investido na modalidade, permaneceu superior a R$ 1 trilhão no mês. O estoque alcançou a marca pela primeira vez na história em setembro do ano passado com o aumento expressivo da captação líquida —diferença entre entradas e saídas.?

Desde o início da pandemia, os resultados da caderneta são impactados pelo pagamento do auxílio emergencial.

Os valores são pagos por meio de conta-poupança digital da Caixa Econômica Federal, o que ajudou a explicar o movimento de forte alta na captação líquida ao longo de 2020, que bateu recorde com R$ 166,3 de entradas líquidas.

Após a chegada do vírus ao país, em março do ano passado, a caderneta registrou valores elevados em captação líquida nos meses seguintes, em comparação ao restante da série.

No ápice da crise, em abril de 2020, a captação da poupança bateu recorde, com R$ 30,4 bilhões. O resultado foi superado em maio daquele ano, com R$ 37,2 bilhões, o maior da série histórica até agora.?

Em agosto, no entanto, mesmo com o pagamento do benefício, que manteve o nível de depósitos elevado, os brasileiros sacaram mais recursos da modalidade.

A caderneta rende a TR (Taxa Referencial), hoje zerada, mais 70% da Selic, que está em 5,25% ao ano.

A regra prevê que, quando a taxa básica de juros estiver acima de 8,5% ao ano, o rendimento da poupança seja de 0,50% ao mês, mais a TR. Caso a taxa Selic esteja menor ou igual a 8,5% ao ano, o investimento é remunerado a 70% da Selic, acrescida da TR.

O economista Marcelo Neri, diretor do centro de estudos FGV Social, atribuiu o resultado negativo da poupança em agosto à inflação, que corrói o poder de compra, ao desemprego e a perda de renda do trabalhador nos últimos meses.

Com o orçamento mais apertado, os brasileiros precisaram recorrer à poupança para conseguir pagar as contas.

"São perdas e as pessoas precisam recorrer aos fundos que possuem. A maior parte recorre a amigos e parentes. 61% dos mais pobres dizem que essa é a principal forma de lidar com incertezas, mas como todos passam por dificuldade, um não consegue ajudar o outro e é preciso sacar das reservas. A poupança continua sendo o ativo mais popular", ressaltou.

Neri pontuou que a perda média de renda na pandemia foi de 9,4%.

"Os indicadores são ainda piores nas classes de renda mais baixa. A taxa de desemprego entre os mais pobres chega a 35% e a perda de renda a 21%, em relação ao começo da pandemia [de Covid-19]", explica.

O economista lembrou ainda que a primeira rodada do auxílio, paga entre abril e dezembro do ano passado, tinha valor maior e permitiu que alguns guardassem dinheiro para fazer frente a dificuldades financeiras no futuro.

"Passamos por uma situação de extrema incerteza, a taxa de pobreza foi multiplicada por três de agosto de 2020, no auge do auxílio, para março de 2021, quando foi interrompido. Essa montanha russa implicou na necessidade das pessoas pouparem recursos e a poupança teve captação recorde no ano passado", disse Neri.

A nova rodada do auxílio, que começou a ser paga em abril deste ano e vai até outubro, tem valor menor que a primeira versão, inicialmente de R$ 600 e depois reduzido para R$ 300. Dessa vez, o benefício tem valor médio de R$ 250, mas pode ser de R$ 150 ou R$ 375, dependendo do tamanho da família de quem recebe.

Arnaldo Lima, economista e diretor de estratégias públicas do MAG (Mongeral Aegon Group), ponderou que o rendimento da poupança é menos atrativo que de outros investimentos, o que pode ter incentivado os saques.

"Desde 2012 a rentabilidade da poupança está atrelada à 70% da Selic quando está abaixo de 8,5%, o que não deve mudar até o ano que vem. Nesse último ano a rentabilidade foi negativa, porque a taxa de juros ficou baixa e a inflação não permitiu que houvesse ganho real", disse. 

Fonte: Folha Online - 06/09/2021 e SOS Consumidor

Edimburgo - Escócia

 



Fonte: https://www.facebook.com/culturaemdoses/posts/1302466146835388

Empresa deve indenizar motociclista atingido por fiação solta na via pública

por Tábata Viapiana

É dever da concessionária de serviços públicos fiscalizar e conservar os seus equipamentos, garantindo a segurança dos usuários. O entendimento foi da 1ª Câmara de Direito Público do Tribunal de Justiça de São Paulo ao manter a condenação de empresa de telefonia por um acidente envolvendo um motociclista e cabos de sustentação de fiação telefônica que estavam soltos na rua.

O motociclista ajuizou ação indenizatória contra a Vivo alegando que, enquanto dirigia por uma via pública, foi atingido por um cabo de telefonia que estava solto e que pertencia à empresa. Ao recorrer da condenação de primeiro grau, a Vivo negou que o fio era de sua propriedade e disse que no local do acidente havia compartilhamento de rede com outras companhias.

 

Segundo a Vivo, seria impossível concluir a quem pertencia o cabo que atingiu o motociclista. Além disso, a empresa sustentou a impossibilidade de aplicação do Código de Defesa do Consumidor, "haja vista que não houve qualquer relação de consumo estabelecida entre as partes". No entanto, por unanimidade, a turma julgadora negou provimento ao recurso.

Para o relator, desembargador Rubens Rihl, embora a Vivo sustente que o fio solto não era de sua propriedade, não se verificou nos autos a comprovação cabal de tal argumento, o que cabia à empresa. Rihl disse que o caso se enquadra nas hipóteses de responsabilidade objetiva por fato de serviço, nos termos do artigo 14 do CDC, uma vez que o autor se tratava de um consumidor bystander, conforme o artigo 17 do CDC.

"O Código Civil aponta como objetiva a responsabilidade do prestador de serviços pelo risco da atividade, igualmente aplicável aos serviços públicos prestados a título singular, mediante remuneração específica, como é o caso dos autos. De semelhante modo, o Código de Defesa do Consumidor responsabiliza, independentemente da existência de culpa, os prestadores de serviço em geral pelo defeito na prestação correlata", disse.

Sendo assim, afirmou Rihl, verificado o nexo de causalidade entre o prejuízo experimentado pelo motociclista e o defeito na segurança relacionado aos serviços prestados pela empresa, está configurada sua responsabilidade objetiva pela reparação do dano: "Portanto, patente é o dever de indenizar o autor".

O relator manteve a indenização por danos morais em R$ 10 mil, "diante da dor psicológica resultante da angústia e aflição impostas à pessoa que se acidenta e tem a perda de seus dentes", e também a reparação por danos materiais, fixada em R$ 25 mil, com base em laudo pericial que atestou as lesões sofridas pelo motociclista. 

Clique aqui para ler o acórdão
1008163-06.2016.8.26.0126

Fonte: Conjur - Consultor Jurídico - 05/09/2021 e SOS Consumidor