segunda-feira, 6 de setembro de 2021

Guerra Civil Chinesa - História virtual

 

Guerra Civil Chinesa
ChineseCivilWarCollage.PNG
Data1 de agosto de 1927 – 22 de dezembro de 1936
(9 anos, 4 meses e 3 semanas)

31 de março de 1946 – 7 de agosto de 1950
(4 anos, 4 meses e 1 semanas)[1]

LocalChina
Desfecho
Beligerantes
Flag of the Republic of China.svg República da China

Apoio:


De 1946-1949:
Flag of the Republic of China.svg República da China

Apoio:


De 1949-1961:
Flag of the Republic of China.svg República Chinesa em Taiwan

Apoio:

 Partido Comunista da China

 Segunda República do Turquestão Oriental (1944-1946)

Apoio:




Depois de 1949:
 República Popular da China

Apoio:

Comandantes
Commander-in-Chief Flag of the Republic of China.svg Chiang Kai-shek

Flag of the Republic of China.svg Bai Chongxi
Flag of the Republic of China.svg Chen Cheng
Flag of the Republic of China.svg Li Zongren
Flag of the Republic of China.svg Yan Xishan

Flag of the Republic of China.svg He Yingqin
 Mao Zedong
 Zhu De
 Peng Dehuai
 Lin Biao
 He Long
Forças
4 300 000 (Julho de 1945)[4]
3 650 000 (Junho de 1948)
1 490 000 (Junho de 1949)
1 200 000 (Julho de 1945)[4]
2 800 000 (Junho de 1948)
4 000 000 (Junho de 1949)
Baixas
1,5 milhões de mortos, feridos, desaparecidos ou capturados (1948–49)c. 250 000 mortos ou feridos (1948–49)
Total: 8 milhões de mortos[5]
(civis e combatentes)

Guerra Civil Chinesa (1927193719461949) foi uma série de conflitos entre forças chinesas nacionalistas e comunistas. Sua localização temporal é discutível, e de modo geral refere-se à Guerra Civil Chinesa apenas como a fase final ocorrida após o término da Segunda Guerra Mundial; no entanto o conflito remonta ao fim da dinastia Qing, em 1911.

As hostilidades irromperam em 1927, durante a Expedição do Norte de Chiang Kai-shek, com o expurgo de antiesquerdistas do Kuomintang ("Partido Nacional do Povo", nacionalista, fundado pelo médico Sun Yat-sen) e uma série de levantes comunistas urbanos fracassados. O poder comunista foi então melhor estabelecido na área rural, e os seus defensores utilizavam táticas de guerrilha para neutralizar a força nacionalista, que era superior. Após uma campanha de três anos, Chiang finalmente conseguiu destruir os sovietes Jiangxi (bases rurais comunistas) criados por Mao Tsé-Tung, mas após a Grande Marcha (1934-1935), os comunistas conseguiram reinstalar-se em Yan'an, no norte do país.

Os confrontos entre os dois lados reduziram-se com a invasão japonesa de 1937, e, até o final da Segunda Guerra Mundial, em 1945, uma difícil trégua foi mantida, enquanto se lutava contra um inimigo comum. A violência interna irrompeu logo após o final da guerra, ressurgindo em uma base muito maior em abril de 1946 - depois de o general norte-americano George Marshall ter fracassado em conseguir um acordo estável.

Durante o primeiro ano do conflito, as tropas nacionalistas obtiveram ganhos territoriais, incluindo a capital comunista de Yan'an. Entretanto, logo em seguida, o moral do Kuomitang começou a desmoronar face às bem-sucedidas operações militares dos comunistas, diminuindo a confiança em sua administração, e no final de 1947 uma vitoriosa contra-ofensiva comunista estava a caminho. Em novembro de 1948Lin Piao completou a conquista da Manchúria, onde os nacionalistas perderam meio milhão de homens, muitos dos quais desertaram para o lado comunista. Na China Central, os nacionalistas perderam Xandong e em janeiro de 1949 foram derrotados na batalha de Huai-Huai (perto de Xuzhou). Pequim caiu em janeiro, e Nanjing e Xangai em abril. A República Popular da China foi proclamada (1 de outubro de 1949) e a vitória comunista completou-se quando o governo nacionalista fugiu de Chongqing para Taiwan, em dezembro daquele ano.


A Primeira Frente Unida


Ver artigo principal: Primeira Frente Unida

Sun Yat-sen, líder do Kuomintang (KMT), procurou a ajuda de potências estrangeiras para derrotar os senhores da guerra que tinham tomado o controle do norte da China após a queda da dinastia Qing em 1911 com a Revolução de Xinhai. As democracias ocidentais ignoraram os esforços do líder nacionalista para atrair ajuda. No entanto, em 1921, Sun Yat-sen voltou-se para a União Soviética. Fazendo uso do pragmatismo político, os líderes soviéticos lançaram uma política ambígua apoiando o KMT de Sun ao mesmo tempo que o recém-fundado Partido Comunista da China (PCC). Os soviéticos esperavam a consolidação dos comunistas, mas estavam preparados para a vitória de qualquer lado. Assim começou a luta pelo poder entre os nacionalistas e comunistas.

Em 1923, numa declaração conjunta em Xangai de Sun e um representante soviético a União Soviética se comprometeu a ajudar na unificação nacional da China. Conselheiros soviéticos - o mais importante dos quais, Mikhail Borodin, um agente da Komintern - começaram a chegar à China em 1923 para apoiar a reorganização e consolidação do KMT com as linhas defendidas pelo Partido Comunista da União Soviética. O PCCh recebeu as instruções da Komintern para cooperar com o KMT e os seus membros foram encorajados a se juntar a eles, desde que as partes mantivessem suas identidades, formando assim a Primeira Frente Unida entre as duas partes. O PCC ainda era um agrupamento pequeno na época: tinha 300 membros em 1922 e em 1925 possuía apenas 1 500 militantes. O KMT possuía 150 000 soldados em 1922. Conselheiros soviéticos ajudaram os nacionalistas a criar um instituto de políticas para a formação de propagandistas em técnicas de mobilização de massas e em 1923 Chiang Kai-shek é enviado a Moscou para a realização de estudos políticos e militares durante vários meses. Chiang havia sido um dos tenentes de Sun Yat-sen, desde os tempos da Sociedade da Aliança, o movimento político precursor do KMT. Ao retornar no final de 1923, Chiang Kai-shek participou da criação da Academia Militar de Whampoa fora de Cantão, cidade sede do governo durante a aliança KMT-PCC. Em 1924, Chiang Kai-shek passa a liderar a academia e começa sua ascensão ao cargo de sucessor de Sun Yat-sen como líder do KMT e unificador de toda a China sob o governo nacionalista.


Expedição do Norte (1926 - 1928) e o cisma no Kuomintang


Ver artigo principal: Expedição do Norte
O Generalíssimo Chiang Kai-shek em março de 1945.

Apenas alguns meses depois da morte repentina de Sun, Chiang Kai-shek, na sua qualidade de comandante-em-chefe do Exército Nacional Revolucionário, iniciou a Expedição do Norte, que há muito era adiada. Foi uma ação contra os senhores da guerra e pretendia a unificação da China sob a liderança do KMT.

No entanto, em 1926, o KMT foi dividido em facções de esquerda e direita, enquanto a facção comunista interna também crescia. Em março de 1926, após abortar uma tentativa de rapto, Chiang Kai-shek despediu seus consultores soviéticos, impôs restrições à participação dos membros do PCC na liderança, e ascendeu como líder proeminente do KMT. A União Soviética, ainda querendo evitar uma cisão entre Chiang e o PCC, ordenou que os comunistas facilitassem a Expedição do Norte, através de atividades clandestinas. A expedição foi finalmente iniciada por Chiang em Cantão (cidade), em Julho de 1926.

A princípios de 1927, a rivalidade entre o KMT e o PCC levou a uma ruptura nas fileiras revolucionárias. O PCC e a facção esquerdista do KMT decidiram transferir a sede do governo nacionalista de Guangzhou a Wuhan. Mas Chiang, cuja Expedição do Norte estava resultando em êxito, ordenou às suas tropas destruir o aparato do PCC em Xangai. Chiang, com a ajuda do submundo de Xangai, alegando que as atividades comunistas eram socialmente e economicamente destrutivas, pegou de surpresa os comunistas e sindicalistas, em Xangai, prendendo e executando centenas deles em 12 de abril de 1927. O expurgo aprofundou o abismo entre Chiang e o governo de Wuhan de Wang Jingwei (batalha finalmente vencida por Chiang Kai-shek) destruindo também a base urbana do PCC. Chiang, expulso do KMT por estes eventos, estabeleceu um governo rival em Nanquim. Naquela época a China teve três capitais: o regime dos senhores da guerra reconhecido internacionalmente e com sede em Pequim, os comunistas e esquerdistas do KMT em Wuhan, e o regime civil-militar de direita em Nanquim, que continuaria sendo a capital nacionalista durante a próxima década.

As previsões da Komintern pareciam fadadas ao fracasso. Estabeleceu-se uma nova política em que o PCC deveria promover levantes armados nas cidades e no campo como um prelúdio para uma futura onda revolucionária. Os comunistas tentaram em vão tomar cidades como NanchangChangshaShantou e Cantão, e os camponeses da província de Hunan empreenderam uma revolta rural conhecida como Levantamento da colheita de outono. A insurreição foi liderada por Mao Tse-tung.

Mas, em meados de 1927, o PCC estava atravessando sua pior fase. Os comunistas tinham sido expulsos de Wuhan por seus aliados da esquerda do KMT, que, por sua vez, foram derrubados por um regime militar.

O KMT retomou sua campanha contra os senhores da guerra e capturam Pequim em junho de 1928, na sequência do qual a maior parte da China Oriental estava sob o comando de Chiang e do Governo da Nanquim que se tornou internacionalmente reconhecido como o único governo legítimo da China. Os nacionalistas anunciaram que tinham alcançado a primeira fase das três previstas pela doutrina de Sun Yat-sen para a revolução, ou seja, a unificação militar, a tutela política, e, finalmente, a democracia constitucional. Sob a liderança do KMT a China estava se preparando para iniciar a segunda fase.



Campanhas Anticomunistas (1927 - 1937)


Ver artigo principal: Expedição do Norte

Durante a Revolução Agrária, os ativistas do Partido Comunista recuaram a clandestinidade ou ao interior, onde promoveram um levante militar (o Levante de Nanchang em 1 de Agosto de 1927), uniram forças aos rebeldes camponeses remanescentes e passaram a gerenciar várias áreas do sul da China. Os esforços dos nacionalistas para sufocar a revolta fracassaram, mas danificou seriamente o campo comunista.

Depois de Chiang Kai-shek abortar um golpe para derrubá-lo conduzido por Feng YuxiangWang Jingwei e Yan Xishan, dedicou seus esforços para desfazer os focos de atividade comunista. As duas primeiras campanhas falharam e a terceira foi abortada devido ao incidente de Mukden. A quarta campanha (1932-1933) começou com algumas vitórias, mas as tropas de Chiang cometeram grande erro em tentar atingir o coração da República Soviética da China sob Mao Tse-tung. Finalmente, no final de 1933, Chiang lançou uma quinta campanha orquestrada pelos seus consultores alemães que implicaram no cerco sistemático da região soviética de Jiangxi com fortins fortificados. No outono de 1934, os comunistas enfrentam a possibilidade real de serem completamente derrotados. Parecia que era chegada a hora de dar o golpe de misericórdia no PCC, para atacar depois os últimos senhores da guerra antes de possam começar a atacar seus ocupantes japoneses na Manchúria.

Mapa da Longa Marcha das forças de Mao.

Em outubro de 1934, os comunistas decidiram realizar uma grande retirada para o oeste para escapar das forças do KMT que os perseguiam. Esta retirada terminou quando os comunistas chegaram a Shaanxi, foi prorrogada por um ano e 6 000 quilômetros, passou a ser conhecida posteriormente como a Longa Marcha. Foi durante esse episódio, que Mao Tse-tung chegou à frente como líder comunista. Em sua retirada, o exército comunista confiscou bens e armas dos senhores locais e proprietários de terras, além de recrutar os camponeses e os pobres, solidificando seu apelo entre o povo.



Guerra Sino-Japonesa (1937 - 1945)


Ver artigo principal: Segunda Guerra Sino-Japonesa
Soldados japoneses lutam em Xangai durante a Segunda Guerra Sino-Japonesa.

Durante a invasão e ocupação da Manchúria pelos japoneses, Chiang Kai-shek se recusou a aliar-se com os comunistas para lutar contra os japoneses, já que considerava os primeiros uma ameaça maior. Em 12 de dezembro de 1936, os generais Zhang Xueliang e Yang Hucheng, ambos do KMT, seqüestraram Chiang Kai-shek e ordenaram-lhe para assinar uma trégua com os comunistas. Esse episódio se tornaria conhecido como o Incidente de Xi’an. As duas partes concordaram em suspender as hostilidades e formar uma Segunda Frente Unida, que se concentrariam todas as suas energias contra os japoneses.

No entanto, a aliança era apenas nominal. A verdadeira colaboração e coordenação entre o KMT e o PCC foram mantidas minimamente durante toda a Segunda Guerra Mundial. No meio da Segunda Frente Unida, os comunistas e o Kuomintang ainda estavam procurando obter ganhos territoriais na "China Livre" (ou seja, áreas não ocupadas pelos japoneses ou governadas por governos fantoches). A situação atingiu a um ponto que no final de 1940 e início de 1941, confrontos de considerável importância tiveram lugar entre as forças comunistas e do KMT. Em dezembro de 1940, Chiang Kai-shek exigiu a retirada do Novo Quarto Exército do PCC, nas províncias de Anhui e Jiangsu. Os novos comandantes do Exército Quarto fizeram à retirada exigida pelo KMT, mas foram emboscados por forças nacionalistas que infligiram-lhes uma retumbante derrota em janeiro de 1941. Este conflito, conhecido como o Incidente do Novo Quarto Exército, enfraqueceu a posição do Partido Comunista da China central e acabou com qualquer possibilidade de cooperação entre as duas facções que já se apressavam em tomar posições à frente de uma guerra civil inevitável.


Fim da guerra e a luta pelo poder (1945-1947)


O lançamento da bomba atômica sobre as cidades japonesas e a entrada da URSS na Guerra do Pacífico levou os japoneses a se renderem muito mais rápido que os chineses tinham imaginado. Os termos da rendição incondicional do Japão, emitidos pelos Estados Unidos, as tropas japonesas foram requisitadas a não se entregarem aos comunistas, mas ao KMT.

O súbito fim da Segunda Guerra Mundial no Extremo Oriente, levou à entrada de tropas da União Soviética para as províncias manchus com o objetivo de tomar as posições japonesas e receberem a rendição de 700 000 soldados nipônicos estacionados na região. Naquele mesmo ano, Chiang Kai-shek teria se convencido de que não dispunha de meios para evitar a influência que o PCC teria na Manchúria após a retirada prevista dos soviéticos. Para evitar isso, chegou-se a um acordo com os soviéticos para que atrasassem sua retirada até que o KMT tivesse transferido para a região uma quantidade suficiente dos seus melhores homens e equipamentos. Os soviéticos usaram a prorrogação de permanência para desmantelar todo o parque industrial Manchu e remover para o seu país devastado pela guerra.

O general George Marshall chegou à China, participando de negociações para uma cessação das hostilidades entre o KMT e o PCC, segundo termos se formaria um governo de coalizão que acomodaria todas as facções políticas e militares da China. Nem os comunistas (representados por Zhou Enlai) nem os enviados por Chiang Kai-shek estavam dispostos a cederem em determinados fundamentos e abandonarem os territórios adquiridos após a rendição japonesa. A trégua fracassou na primavera de 1946 e, embora as conversas fossem retomadas, Marshall recebeu a ordem de se retirar em janeiro de 1947.


Últimas etapas do conflito (1946-1949)


Com o colapso das negociações de paz entre o Kuomintang e o Partido Comunista Chinês, a guerra total entre estas duas forças são retomadas. A União Soviética forneceu ajuda limitada para os comunistas, e os Estados Unidos ajudaram os nacionalistas com centenas de milhões de dólares em suprimentos, equipamentos militares e munições, bem como o transporte aéreo de muitas tropas nacionalistas da região central da China à Manchúria, uma área que Chiang Kai-Shek via como estrategicamente vital para a defesa Nacionalista nas zonas controladas contra um avanço comunista.

Tardiamente, o governo nacionalista também tentou obter o apoio popular através de reformas internas. O esforço foi em vão, no entanto, por causa da corrupção desenfreada no governo, que vinha acompanhada ao caos político e económico, incluindo hiperinflação maciça. No final de 1948, a posição nacionalista era desoladora. As tropas nacionalistas desmoralizadas e indisciplinadas não mostraram-se páreo para o Exército de Libertação Popular dos comunistas. Os comunistas estavam bem estabelecidos no norte e nordeste, enquanto os nacionalistas, que tinham uma vantagem em número de homens e armas, controlavam território e população muito maior do que os seus adversários, e contava com o apoio internacional considerável, no entanto, sofreu com a falta de moral e a corrupção desenfreada que reduzia grandemente a sua capacidade de luta e o seu apoio civil. Especialmente durante a II Guerra Mundial, o melhor das tropas nacionalistas ou foram feridos ou mortos, enquanto os comunistas haviam sofrido perdas menores.

Depois de inúmeros reveses operacionais na Manchúria, em especial a tentativa de tomar as grandes cidades, os comunistas foram finalmente capazes de aproveitar a região e capturar grandes formações nacionalistas. Isso lhes forneceu os tanques, artilharia pesada, e outros armas combinadas ativas necessárias para processar as operações de ofensiva ao sul da Grande Muralha. Em janeiro de 1949Pequim foi tomada pelos comunistas, sem uma luta. Entre abril e novembro, as grandes cidades passaram do controle nacionalista para o controle comunista, com resistência mínima. Na maioria dos casos, a zona rural circundante e as pequenas cidades estavam sob influência comunista, muito antes das cidades - parte da estratégia da guerra popular. Uma das batalhas decisivas foi a Campanha de Huai Hai.

Finalmente, o Exército de Libertação Popular saiu vitorioso. Em 1 de outubro de 1949, Mao Tse-tung proclamou a República Popular da China. Chiang Kai-shek, 600 000 tropas nacionalistas, e cerca de dois milhões de refugiados simpatizantes dos Nacionalistas, predominantemente do governo anterior e as comunidades de negócios do continente, recuaram para a ilha de Taiwan e proclamaram a República da China. Depois disso, só restava bolsões isolados de resistência aos comunistas no continente, como no extremo sul. Em dezembro de 1949, Chiang proclamou Taipei, Taiwan, a capital provisória da República, e continuou a afirmar que seu governo era a única autoridade legítima de toda a China, enquanto o governo da República Popular da China fez o mesmo.


Os dois lados depois de 1950


Em geral, se esperava a queda do governo nacionalista como resultado de uma invasão comunista de Taiwan. Em princípio, os Estados Unidos não demonstraram um grande interesse em apoiar artificialmente o governo de Chiang Kai-shek em seu julgamento final. A situação mudou completamente após a invasão da Coreia do Sul por tropas norte-coreanas em janeiro de 1950, que resultou na Guerra da Coreia. Nestas circunstâncias, foi considerado politicamente inviável nos Estados Unidos permitir uma vitória comunista sobre o KMT. O presidente dos EUA Harry S. Truman ordenou à Sétima Frota dos Estados Unidos que evitassem qualquer possibilidade de invasão comunista de Taiwan.

Alguns historiadores norte-americanos têm postulado que a perda da China continental para os comunistas deu ao senador Joseph McCarthy a possibilidade de depurar o Departamento de Estado dos Estados Unidos. Além disso, é possível que John Fitzgerald Kennedy não contasse com verdadeiros especialistas no Extremo Oriente, ao formular a sua política em relação ao Vietnã, o que se pode concluir que a Guerra Civil Chinesa podia ter uma relação causal com a Guerra do Vietnã.

Enquanto isso, na década de 1950 e 1960, ocorreram confrontos intermitentes nas zonas costeiras do continente. No entanto, a falta de vontade norte-americana de serem arrastados para um conflito de maior importância deixou Chiang Kai-shek longe de poder "reconquistar o continente", como gostava de repetir constantemente. Aeronaves da República da China bombardearam alvos no continente e sucessivos grupos de operações especiais norte-americanos desembarcaram com frequência na China continental, matando soldados da República Popular da China, sequestrando membros do PCCh, destruindo infra-estruturas e apreendendo documentos. A República Popular da China perdeu cerca de 150 homens em um ataque em 1964.

O Exército da República da China realizou incursões de baixa intensidade naval, perdendo alguns navios em várias escaramuças com o Exército de Libertação Popular. Em junho de 1949, a República da China declarou o bloqueio de todos os portos na China comunista e sua marinha tentou interceptar todos os navios estrangeiros, principalmente de origem britânica e do bloco soviético. Como a rede ferroviária do continente era subdesenvolvida, o comércio Norte-Sul dependia fortemente do tráfego marítimo. As atividades navais da República da China também causaram sérias dificuldades para os pescadores do continente.

Depois de perderem a guerra no sul da China, cerca de 1 200 soldados do KMT conseguiram fugir para a Birmânia, de onde continuaram a travar os ataques da guerrilha contra o sul da China. Seu líder, o general Li Mi permaneceu na folha de pagamento do governo da República da China, que lhe concedeu o título nominal de governador de Yunnan. No início, os Estados Unidos apoiaram os rebeldes e a CIA emprestou a sua ajuda. Após os protestos emitidos pelo governo birmanês na ONU, os EUA pressionou a República da China para retirar a sua guerrilha. Até o final de 1954 cerca de 6 000 soldados teriam deixado a Birmânia e Li Mi afirmou que dissolveu suas tropas. No entanto, milhares de homens mantiveram firmes e continuaram a receber materiais e ordens secretas da República da China, e às vezes reforços. As incursões na China comunista foram cessando gradualmente até o final de 1960, com a melhoria da infra-estrutura da RPC. Restos das tropas do Kuomintang mantiveram-se permanentemente na área participando do comércio de ópio.

As Crises no Estreito de Taiwan

Embora os Estados Unidos a considerassem um fardo militar, a República da China via as suas ilhas de Fujian como fundamentais para qualquer futura tentativa de reconquistar a China continental. Em 3 de setembro de 1954, eclode a Primeira Crise do Estreito de Taiwan após bombardeios realizados pelo Exército de Libertação Popular sobre o arquipélago de Quemoy, ameaçando tomar as Ilhas Dachen. Em 20 de janeiro de 1955, o Exército Popular tomou Kiang Yi Shan produzindo baixas na guarnição nacionalista de 720 homens que defendiam a ilha. Em 24 de janeiro do mesmo ano, o Congresso dos Estados Unidos aprovou a Resolução Formosa, que autorizou o presidente a defender as ilhas menores pertencentes à República da China. O presidente Dwight Eisenhower, em vez de embarcar em sua defesa, pressionou Chiang Kai-shek a evacuar os seus 11 000 soldados e 20 000 civis das Ilhas Dachen, deixando-as cair nas mãos da República Popular da China. A Ilha Nanchi também foi abandonada, mantendo a defesa apenas para as maiores ilhas do Arquipélago de Quemoy e para as Matsu. A Primeira Crise do Estreito de Taiwan terminou em março de 1955 com a cessação dos ataques realizados pelo Exército Popular diante das ameaças norte-americanas de usar armas nucleares.

Segunda Crise do Estreito de Taiwan começou em 23 de agosto de 1958, após um intenso bombardeio de artilharia contra o o Arquipélago de Quemoy, que terminou em novembro do mesmo ano. A marinha da República Popular da China fez um bloqueio marítimo às ilhas, cortando suas linhas de fornecimento. Embora os Estados Unidos descartassem um plano nacionalista para bombardear as baterias de artilharia do continente, foram entregues imediatamente caças e mísseis antiaéreos. Também foram fornecidos navios de assalto anfíbio para garantir a chegada de suprimentos às Ilhas bloqueadas o bloqueio, já que um navio nacionalista tinha sido afundado na entrada do porto, bloqueando-o completamente. Em 25 de Outubro, a República Popular anunciou um cessar-fogo que deveria ser realizado apenas em dias ímpares, de modo que Quemoy seria bombardeado em dias pares. No final da crise, Quemoy tinha recebido 500 000 impactos de artilharia que resultaram em 3 000 civis e 1 000 soldados mortos ou feridos. Os acontecimentos de Quemoy e Matsu foram extremamente importantes durante a campanha eleitoral para eleições para a presidência dos Estados Unidos de 1960. À medida que iam transcorrendo a década de 1960 o fogo da artilharia foi sendo substituído por panfletos.

Em janeiro de 1979, a República Popular da China anunciou a sua intenção de parar de atacar Quemoy e Matsu. Os confrontos entre os dois lados continuaram, apesar do aumento de tensões e manobras militares e disparos de mísseis por parte da República Popular da China que caracterizaram a Terceira Crise do Estreito de Taiwan. Desde a década de 1980 tem havido um crescente intercâmbio econômico entre ambas as partes, embora a área do estreito de Taiwan continua a ser muito sensível capaz de acolher um conflito armado entre as duas Chinas. O clima político mudou após a democratização de Taiwan e de uma maior visibilidade do movimento de independência de Taiwan na década de 1990.


Consequências


O conflito envolve a coexistência de duas Chinas: a República Popular da China, de frente para o estado de Taiwan, continuação oficial da "Primeira República". Taiwan aparece inicialmente frágil, mas a Guerra Fria faz novamente Chiang Kai-shek como um aliado essencial dos Estados Unidos na Ásia. A decolagem econômica do país contribui em seguida para manutenção do regime, que se democratizou progressivamente. Nenhum tratado de paz foi assinado entre os dois países. Em 1991, o regime de Taiwan declara considerar o conflito como acabado. O consenso de 1992 constitui uma primeira tentativa de aproximação. Em 2005, ocorre o contato oficial mais importante e pacífico desde 1945, entre o Partido Comunista Chinês e o Kuomintang, levando ao acordo KMT- PCC.

Em 2009, a China comunista ainda não reconhece Taiwan, considerada uma “província rebelde”, e Taiwan não declara formalmente a sua independência, embora ambos os países doravante vinculem relações comerciais e o Kuomintang e o Partido Comunista Chinês efetuam uma reconciliação. O estatuto político de Taiwan continua a ser um grande problema geopolítico.


Personalidades


Kuomintang

Partido Comunista

Senhores da Guerra


Ver Também


Referências

  1.  News.bbc.co.uk
  2.  Tsang, Steve. Government and Politics. [S.l.: s.n.] 241 páginas
  3.  Tsang, Steve. The Gold War's Odd Couple: The Unintended Partnership Between the Republic of China and the UK, 1950–1958. [S.l.: s.n.] 62 páginas
  4. ↑ Ir para:a b Hsiung, James C. Levine, Steven I. [1992] (1992). M.E. Sharpe publishing. Sino-Japanese War, 1937–1945. ISBN 156324246X.
  5.  http://www.scaruffi.com/politics/massacre.html


Wikipédia


Saiba mais:


Guerra Civil Chinesa - InfoEscola

Guerra Civil Chinesa - Infopédia


Revolução Chinesa - Escola Kids


Revolução Chinesa - Brasil Escola


Revolução Chinesa - História do Mundo


Revolução Chinesa - Mundo Educação


Revolução Chinesa: o que foi, resumo e mais! - Stoodi


Exercícios sobre a Revolução Chinesa - Mundo Educação



Militares capturam presidente e dão golpe de Estado na Guiné

 Líderes do Exército informaram que vão dissolver constituição e decretaram toque de recolher



As forças de elite do Exército da Guiné afirmaram neste domingo ter capturado o presidente Alpha Condé, conquistado a capital Conacri e "dissolvido" as instituições. Depois disso, anunciaram um toque de recolher nacional. O golpe de Estado deve tirar do poder um veterano da política africana que se encontrava cada vez mais isolado.

Não foram registradas até então mortes durante o golpe, apesar do intenso tiroteio ouvido pela manhã na capital do país da África Ocidental, que há meses atravessa uma grave crise econômica e política. O possível fim de mais de dez anos de governo de Condé provocou cenas de júbilo em várias partes da capital.

O secretário-geral da ONU, Antonio Guterres, condenou "veementemente" o anunciado golpe e exortou os oficiais que afirmam ter tomado o poder e dissolvido o governo a libertarem o presidente de 83 anos. "Decidimos, depois de prender o presidente, que atualmente está conosco, suprimir a Constituição em vigor, dissolver as instituições, e também o governo, assim como fechar fronteiras terrestres e aéreas", declarou um dos líderes da insurreição, o tenente-coronel Mamady Dumbuya.

Os golpistas transmitiram um vídeo do presidente preso. Ao ser questionado sobre se foi maltratado, Condé, de jeans e camisa, sentado em um sofá, negou-se a responder. "Temos toda Conacri e estamos com todas as forças de defesa e segurança para acabar de uma vez por todas com o mal guineense", declarou o tenente-coronel Dumbuya, uma personalidade até então desconhecida, à rede de televisão France 24.

AFP e Correio do Povo


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"Em nenhum momento fomos notificados de que eles não poderiam jogar", diz técnico argentino



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Público volta ao estádio em jogos da Divisão de Acesso do Gauchão


Regulamento da Fifa deixa dúvidas sobre medidas após Brasil x Argentina


Paraguai e Colômbia empatam em confronto direto no Defensores del Chaco


Ypiranga vence o Oeste por 2 a 0 e volta à liderança na Série C


Brasil pode perder pontos, diz jornal argentino


Uruguai reage nas Eliminatórias com vitória de 4 a 2 sobre a Bolívia

Morre João Sayad, ministro do Planejamento do governo Sarney

 Economista foi um dos mentores do Plano Cruzado, em 1986



O economista João Sayad, que foi ministro do Planejamento no governo José Sarney, morreu neste domingo. Ele foi um dos mentores do Plano Cruzado, em 1986, uma das tentativas de se combater a hiperinflação que assolou a economia brasileira na década de 1980. Ele tinha 75 anos e sofria de um câncer. O velório será nesta segunda-feira, em São Paulo.

Sayad foi professor da Faculdade de Economia, Administração e Contabilidade da Universidade de São Paulo (FEA-USP), mesmo local onde se graduou em Economia em 1967 e fez seu mestrado. Em 1973, mudou-se para os Estados Unidos, onde obteve, na Universidade Yale, o PhD em economia.

Além de ministro do Planejamento, Sayad ocupou outros cargos públicos, como o de secretário da Fazenda do Estado de São Paulo na gestão Franco Montoro, secretário municipal de Finanças de São Paulo, no governo de Marta Suplicy, e secretário estadual de Cultura de São Paulo no governo José Serra.

Agência Estado e Correio do Povo


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Fonte: https://www.facebook.com/culturaemdoses/posts/1300542337027769

Porto Alegre segue vacinando maiores de 18 anos nesta segunda-feira

 Rolê da Vacina estará no bairro Arquipélago durante o dia



A vacinação contra a Covid-19, em Porto Alegre, será mantida nesta segunda-feira para toda a população adulta, com 18 anos ou mais. Não haverá drive-thru. Será retomada a imunização de adolescentes com comorbidades de 12 anos a 17 anos e a aplicação da segunda dose da Pfizer. As equipes volantes do Rolê da Vacina estarão no bairro Arquipélago durante o dia e em quatro unidades de saúde no período noturno (São Carlos, Modelo, Tristeza e Ramos), sem a necessidade de agendamento prévio.

Para receber a primeira dose, todos os públicos devem apresentar documento de identidade com CPF e comprovante de residência em Porto Alegre. Para profissionais de saúde ou da educação, é preciso documento que comprove o vínculo de trabalho na Capital. No caso dos adolescentes com comorbidades, é necessário comprovar a condição (receita, laudo de exame, laudo ou relatório médico, etc). O comprovante de residência poderá ser no nome dos pais ou responsáveis.

Segunda dose

A aplicação da segunda dose segue disponível em 30 unidades de saúde e 12 farmácias parceiras para quem recebeu AstraZeneca há pelo menos dez semanas e em 13 unidades de saúde para todos que receberam a primeira dose de Coronavac há 28 dias. Já a aplicação da segunda dose da Pfizer estará disponível em 12 unidades de saúde para quem recebeu a primeira dose há dez semanais ou mais. Para segunda dose, é necessário levar identidade com CPF e carteira com registro da primeira aplicação.

Confira os locais de vacinação:

O quê: primeira dose contra a Covid-19

Público: pessoas com 18 anos ou mais

Onde: em 11 unidades de saúde (Álvaro Difini, Assis Brasil, Belém Novo, Camaquã, IAPI, Moab Caldas, Modelo (Colégio Júlio de Castilhos), Morro Santana, Santa Cecília, Santa Marta e São Carlos)

Horário: 8h às 17h

O quê: segunda dose da Coronavac/Butantan

Público: pessoas que receberam a primeira dose há 28 dias

Onde: em 13 unidades de saúde (Clínica da Família Álvaro Difini, Assis Brasil, Belém Novo, Camaquã, Glória (Igreja Nossa Senhora da Glória), Clínica da Família IAPI, Moab Caldas, Modelo, Morro Santana, Panorama, Santa Cecília, Santa Marta e São Carlos

Horário: 8h às 17h

Onde: App 156+POA (agendas para a unidade Bananeiras)

O quê: segunda dose da AstraZeneca/Oxford

Público: pessoas que receberam a primeira dose há dez semanas

Onde: em 30 unidades de saúde (Clínica da Família Álvaro Difini, Assis Brasil, Bananeiras, Barão de Bagé, Belém Novo, Camaquã, Chácara da Fumaça, Cristal, Diretor Pestana, Glória (Igreja Nossa Senhora da Glória), Clínica da Família IAPI, Ilha da Pintada, Jardim Leopoldina, Navegantes, Milta Rodrigues, Moab Caldas, Modelo, Moradas da Hípica, Morro Santana, Panorama, Parque dos Maias, Passo das Pedras 1, São Cristóvão, Santa Cecília, Santa Marta, Santo Alfredo, São Carlos, Sarandi, Tristeza e Vila Ipiranga) e em 12 farmácias parceiras

Horário: 8h às 17h (unidades de saúde) e das 9h às 17h (farmácias parceiras)

Onde: App 156+POA (agendas para as unidades Belém Novo, Diretor Pestana, Nossa Senhora de Belém, Santo Alfredo, São Cristóvão e Vila Jardim)

Horário: 10h às 19h

O quê: segunda dose da Pfizer/BioNTech

Público: pessoas que receberam a primeira dose há dez semanas ou mais

Onde: em 12 unidades de saúde (Álvaro Difini, Assis Brasil, Belém Novo, Camaquã, Glória, IAPI, Moab Caldas, Modelo (Colégio Júlio de Castilhos), Morro Santana, Santa Cecília, Santa Marta e São Carlos

Horário: 8h às 17h

Rolê da Vacina

Marina Navegantes São João (BR-290, nº 1.300 – Arquipélago)

Horário: 18h às 21h

Unidade de Saúde São Carlos (avenida Bento Gonçalves, 6670 – bairro Partenon)
Unidade de Saúde Modelo (avenida Jerônimo de Ornelas, 55 – bairro Santana)
Unidade de Saúde Tristeza (avenida Wenceslau Escobar, 110 – bairro Tristeza)
Unidade de Saúde Ramos (rua K esquina rua R C, s/nº – Vila Nova Santa Rosa, bairro Rubem Berta)

Rádio Guaíba e Correio do Povo


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“O salário vai atrasar e vou dizer o porquê”, diz Melo sobre greve dos rodoviários

 A mobilização seguirá até a votação na Câmara do projeto



Os rodoviários da Carris permanecem em vigília na frente da sede da empresa na rua Albion, no bairro Partenon, na zona Leste de Porto Alegre. A mobilização seguirá até a votação na Câmara do projeto que trata sobre a desestatização da companhia, o que poderá ocorrer já na sessão que reunirá os vereadores nesta segunda-feira. Além de se oporem à privatização, os funcionários são contra a demissão de trabalhadores e a extinção gradual do cargo de cobrador.

As deliberações contidas no projeto de lei enviado pelo prefeito Sebastião Melo ao Legislativo afetam diretamente pessoas como Leandro Nascimento, 38 anos, cobrador há sete. Conhecido como Náufrago, ele iniciou na vigília ainda na madrugada de domingo e ficaria mobilizado até as 19 horas junto a outros colegas, que se revezam desde quarta-feira do lado de fora da garagem da Carris. “Cravamos o pé aqui, organizamos uma estrutura básica e só arredamos com a retirada do projeto da votação”, garante. Nem a chuva incessante que começou no sábado tirou o foco dos funcionários, que exibiram faixas com os dizeres “Carris Unida jamais será vendida!” e “Prefeito Melo# A Carris é do povo de Porto Alegre” integram a mobilização. “Foi um perrengue de noite, mas conseguimos uns gazebos para nos proteger. Estamos fortes”, contou.

O projeto de lei prevê um período superior a um ano em que os rodoviários da Carris poderão escolher entre um plano de demissão voluntária (PDV), a aposentadoria ou a requalificação por meio de cursos. Nem mesmo a ideia de um improvável reaproveitamento em outra função atrai Nascimento. “Apesar da aprovação do fim do cargo de cobrador em Porto Alegre, ainda não desisti, vamos rumo à vitória”, diz, otimista, apesar de não esconder a tristeza com o resultado de 1º de setembro. “É cruel. Aquelas pessoas que votaram ‘sim’ ganham em um mês o que eu levo um ano para receber”, lamenta. Casado, mas ainda sem filhos, o cobrador lembra que as mudanças não afetam somente os funcionários da Carris. “Serão milhares de pessoas, incluindo as famílias, diretamente atingidas”, completou.

Sebastião Melo reafirmou a posição de cortar de ponto e salário imediatamente de trabalhadores se não for cumprido o acordo judicial na greve da Carris. A Justiça do Trabalho determinou a manutenção de, no mínimo, 65% da frota de ônibus operando em Porto Alegre e multa diária de R$ 20 mil ao sindicato da categoria em caso de descumprimento. O Sindicato dos Trabalhadores em Empresas de Transporte de Porto Alegre (Stetpoa) reiterou que o movimento, “de dentro para fora” da empresa por parte dos funcionários, não pode ser considerada greve de fato, já que “não é 100% e foi achatada” após a mediação.

Melo disse esperar uma manifestação “concreta” por parte dos rodoviários. “Abri um prazo de dez dias mas se dizer contra a privatização sem apresentar proposta não me comove. Eu falei para eles ‘vocês têm propostas para zera o déficit da Carris? Assumem a diretoria?’, os dez dias passaram e não teve manifestação neste sentido”, garantiu o prefeito. Ele diz lamentar a greve dos rodoviários. “É injusta e inoportuna, feita por quem está recebendo em dia. A empresa tem um prejuízo de R$ 500 mil por dia com a greve. Então, no final do mês, o salário vai atrasar e vou dizer o porquê”, advertiu.

Segundo o prefeito, a privatização resultará em uma tarifa mais barata. “Dois motivos explicam por que a passagem de ônibus de Porto Alegre seja a mais cara das capitais brasileiras: o número excessivo de isenções, que chegam a 30%, e o custo-Carris, que é 21% mais alto do que qualquer quilômetro rodado por empresas privadas. Essa empresa tem um faturamento de R$ 6 milhões por mês e custo no bolso do cidadão é o dobro disso. Esse valor eu colocaria na questão dos moradores de rua”, frisou. “O serviço é publico, mas pode ser prestado por um parceiro. Está cheio de bons exemplos por aí na saúde e na cultura”, disse Melo.

Correio do Povo


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Devido à greve da Carris, prefeitura mantém esquema especial de ônibus para segunda-feira

 As linhas de lotação estão liberadas para circular com passageiros em pé no interior dos veículos


Em razão de manifestação de rodoviários da Carris, a Prefeitura de Porto Alegre informou que vai manter para segunda-feira o esquema especial para o transporte coletivo. A operação correrá ao longo de todo o dia e a noite, com parte das linhas de ônibus operadas pelos consórcios privados.

A Carris vai atender as linhas T3, T9, T13, 353, T2, T5, T7, T8, 375, T2A, T11A e T12A, enquanto as outras linhas da companhia serão atendidas pelos consórcios Viva Sul, Leste e MOB. As linhas de lotação estão liberadas para circular com passageiros em pé no interior dos veículos. 

Confira como vai funcionar:

Consórcio Viva Sul: T11, T12
Consórcio  Via Leste/Mais:T6, 343
Consórcio MOB: T4, T1
Carris: T3, T9, T13, 353, T2, T5, T7, T8, 375, T2A, T11A e T12A


Correio do Povo


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QUEM É VIKTOR FRANKL E POR QUE VOCÊ DEVERIA LÊ-LO HOJE MESMO

 Por Paulo Polzonoff Jr _ Gazeta do Povo

A tragédia dos campos de concentrações nazistas não se restringe à morte de milhões de judeus, homossexuais e dissidentes políticos de todos os tipos. E ela tampouco terminou quando os últimos prisioneiros foram liberados. Pelo contrário, foi aí que os campos de concentração abandonaram o plano da realidade e ganharam as mentes de incontáveis pessoas ao redor do mundo.
Porque é nisso que os campos de concentração e, mais tarde, os gulags e toda a sorte de morte institucionalizada e em escala industrial perpetrada por regimes tirânicos se transformaram: em medo. Um medo permanente de ver a vida esmagada por forças incompreensíveis e injustas, bem como o medo de viver uma vida incontrolável e sem sentido. É esse medo pandêmico que dá origem a dois dos maiores males psiquiátricos do século XX: a ansiedade e a depressão.
Mas há salvação. Pelo menos era nisso que acreditava o psiquiatra e psicólogo austríaco Viktor Frankl, ele próprio um sobrevivente dos campos de concentração que usou suas terríveis experiências nas mãos dos nazistas para escrever um dos livros mais influentes do século XX e uma leitura necessária em tempos de confinamento e incertezas como os de hoje: "Em Busca de Sentido".
Contra o suicídio
Viktor Frankl nasceu em 1905, num lar vienense de classe média. Ainda na adolescência, ele começou a se interessar pelo promissor campo da psicologia e até trocou cartas com o pai da psicanálise, Sigmund Freud. Na faculdade de medicina, ele se dedicou à neurologia e à psiquiatria. Antes mesmo de se formar, Frankl organizou grupos de ajuda para tratar de um problema que persiste até os dias de hoje: o suicídio entre adolescentes.
Seu trabalho para evitar o suicídio entre os jovens vienenses foi um sucesso tal que, em 1931, a cidade não registrou nenhuma ocorrência do tipo. A notícia de seu trabalho chegou aos ouvidos de Wilhelm Reich, uma das estrelas da psicologia, que o convidou a trabalhar em Berlim.
Mas aí os nazistas chegaram ao poder, anexaram a Áustria e começaram a perseguir os judeus. Até 1940, Frankl conseguiu trabalhar e, num hospital de Viena, conseguiu impedir que vários de seus pacientes considerados deficientes mentais fossem assassinados pelo programa de eutanásia nazista.
Os seguidores de Hitler acharam que a solução para todos os problemas do mundo era eliminar judeus como Viktor Frankl. A esposa, os pais e os irmãos foram todos exterminados. Ao ser libertado, Frankl se percebeu sozinho no mundo e com uma experiência traumática que tinha tudo para lhe tirar a vontade de viver.
Mas não tirou. Daí nasceu “Em Busca de Sentido”. O livro teria sido escrito em apenas 9 dias, numa espécie de fluxo de consciência, e pretendia responder a uma única pergunta: “como o cotidiano num campo de concentração afetava o prisioneiro?”. Da resposta nasceram um best-seller, com mais de 10 milhões de cópias vendidas, e a chamada Terceira Escola da Psicanálise, a logoterapia.
Simples e revelador
“Em Busca de Sentido” foi lançado na Alemanha logo depois da guerra, em 1946, e ganhou o mundo a partir de sua edição norte-americana, em 1959. Muito mais do que as crônicas de um prisioneiro dos campos de concentração e mais do que um simples livro de autoajuda, "Em Busca de Sentido" é quase um compêndio filosófico que há mais de 70 anos vem ajudando as pessoas a enfrentarem as muitas manifestações do medo gerado pela simples existência de instalações industriais destinadas a matar pessoas.
A conclusão a que Frankl nos induz durante a leitura é de uma simplicidade absurda e ao mesmo tempo relevadora. Bebendo fartamente na antiquíssima fonte do estoicismo, Frankl propõe que o sentido da vida seja reafirmado a todo instante, mesmo diante do sofrimento inconcebível dos campos de concentração e mesmo diante da morte aleatória da tirania nazista.
O sentido da vida, para Frankl, está em oferecer consolo às pessoas próximas. Ele próprio, durante sua experiência nas mãos dos nazistas, manteve-se são ao direcionar seus esforços para o simples ato cotidiano de respirar a fim de que, um dia, pudesse reencontrar a esposa – o que infelizmente não aconteceu. A verdadeira felicidade, para Frankl, está na esperança ativa, e não exatamente na realização do sonho.
“Em Busca de Sentido” é um livro que fala ao coração dos liberais também por sua defesa entusiasmada da liberdade de escolha diante do sofrimento. É neste momento que o livro ganha complexidade, porque as melhores escolhas livres muitas vezes estão sujeitas ao fomento de uma vida espiritual rica. A liberdade sem esse estofo espiritual, para Frank, se traduz em desespero.
Sim para a vida
Agora três palestras de Viktor Frankl foram reunidas em livro pela primeira vez em inglês. Em “Yes to Life: Despite Everything” [Sim para a vida: apesar de tudo], Frankl fala especialmente para as pessoas que buscam no suicídio a saída para as aparentemente insolúveis dificuldades cotidianas.
E ele o faz reforçando algo que parece ter sido esquecido desde que os campos de concentração foram revelados ao mundo. Algo de que em tempos de isolamento social e crise econômica nos lembramos com apreensão: o sofrimento também faz parte da vida. Mais do que isso, ele é onipresente e quase cotidiano. Abdicar completamente do sofrimento, portanto, seja buscando uma felicidade de propaganda de margarina, seja se entregando aos prazeres mundanos, não é uma opção.
Repetindo, a obra de Frankl se comunica bastante com a filosofia de Marco Aurélio e Sêneca no que ela tem de mais pragmática: a aceitação da realidade (em vez da criação patológica de uma realidade alternativa, de um ideal inalcançável) e a liberdade de pensamento e ação como única forma de enfrentar os dissabores inerentes à vida.
Porque você muitas vezes não tem como evitar que o Estado, com seus ditames aleatórios e autoritários, faça um estrago na sua vida. Mas, tendo encontrado na vida o sentido, é possível evitar que ele reduza a pó sua alma, sua obra, sua biografia e todas as coisas imateriais que compõem sua existência.




Fonte: https://www.facebook.com/culturaemdoses/posts/1301876873560982