domingo, 5 de abril de 2020

Educação domiciliar durante a quarentena tem sido desafio para pais




Escolas também estão se reinventando para continuar atividades

Com a suspensão das aulas na maioria dos estados devido à pandemia do novo coronavírus, muitos estudantes estão em casa com os familiares, que tentam conciliar o trabalho formal e as tarefas domésticas com as atividades escolares que mantenham os alunos na rotina de estudos. 
Segundo dados do Censo Escolar, em 2019 havia 47,9 milhões de alunos matriculados na educação básica (educação infantil, ensino fundamental e ensino médio) em todo o país, nas redes pública e particular.  
Com tantos estudantes em casa, algumas instituições de ensino tentam manter as aulas e as lições a distância, o que também representa um desafio para os pais, muitas vezes, sobrecarregados. E o desafio tem sido grande, relatam muitos pais e mães. Como destaca a vendedora Silvia Cainelli Zicchella, mãe do Caio de 10 anos e da Eva de 6, “Essa pandemia não veio com nenhum manual né?”. Para ela, que sempre trabalhou fora desde que o primeiro filho nasceu, este momento tem sido também de conhecimento mútuo.  
“Tenho conhecido meus filhos agora, sempre trabalhei fora e desde que tive o Caio, nunca tive oportunidade de ficar com ele, estive sempre terceirizando a educação. Isso me doía muito, queria ter meio período com eles, mas sempre gostei de trabalhar fora, e quando a gente tem essa oportunidade a gente até se assusta. É uma experiência diferente, estou conhecendo as pessoas que eu mais amo na vida, porque você tem que ficar trancafiado com eles, sem eles poderem também fazer uma atividade diferente.”
Ela conta que a primeira semana foi a mais difícil, pois queria tentar conciliar tudo. “Confesso que na primeira semana eu até surtei, porque eu queria fazer tudo. Mas de uma semana para cá eu pus na minha cabeça que minha casa não é prioridade, a atenção que eu tenho que dar para eles é maior e em relação ao trabalho, caiu o movimento e a empresa deu férias”, detalha.
Na escola em que os filhos dela estudam, o Colégio Soter, na zona leste da capital paulista, todos os dias eles assistem duas aulas de vídeo com a professora online. O restante das atividades é enviado pelo aplicativo. “A parte da escola estou fazendo na medida do possível, quando as coisas normalizarem vamos ver como fica, mas eles têm uma vida toda pela frente para recuperar esse tempo”, analisa Silvia.
A jornalista Keila Mendes, de Belo Horizonte (MG), está mantendo a rotina com seus dois filhos, Davi de 13 anos e Daniel de 3 anos. “Aqui em casa, eu procurei logo de início estabelecer rotinas para que eles não perdessem muito o ritmo e incrementei algumas coisas. De amanhã a gente tem um momento para cantar e relaxar. Para o Davi, que está no 8º ano, o Colégio Santa Maria já voltou com as aulas online, no horário normal, e o Daniel, que está no maternal, só brinca. E os dois estão envolvidos comigo nas atividades de casa, e assim o dia passa rápido, quando a gente estabelece essas atividades”.
Para ela, a rotina não tem sido pesada. “Até que para a gente não estão penosos esses dias, mas tomara que passe logo porque daqui para frente talvez eles sintam a falta dos colegas. Mas, a princípio eles estão gostando, mas espero que tudo volte ao normal até pela segurança de todos”.
Já o analista de sistemas Leonardo Inácio, de Muriaé, interior de Minas Gerais, disse que está com uma rotina puxada com a filha Isis, de 7 anos. Ele está gerenciando a própria empresa em home office em tempo integral, mas considera o momento importante para ficar com a filha. Leonardo “Estou em home office em horário normal, mas na hora do almoço, eu paro, vou para cozinha com minha filha e ela me ajuda a fazer a refeição”.
A escola em que a filha estuda, o Colégio Santa Marcelina, está oferecendo também as aulas pela internet. “Depois do almoço, ela vai fazer a aula remota, a classe dela começou a ter aula pela internet em videoconferência e a professora passa algumas tarefas. Está sendo muito bom ficar com a minha filha o tempo inteiro, em casa, fazendo as coisas juntos, mas está apertado, porque a gente tem que dar conta do trabalho, o telefone não para, e ainda arrumar a casa. Mas estamos respeitando bem a quarentena, e estamos os dois aqui, nos divertindo também”, detalha.

Férias antecipadas

Outras escolas optaram por antecipar as férias, já que muitos pais não conseguiram usar as plataformas de ensino. É o caso do Colégio Santa Clara, em São Paulo, onde estuda o Luiz Gustavo, de 6 anos, no primeiro ano do ensino fundamental. “O colégio passou exercícios que puderam ser acessadas pelo Portal Pitágoras, que a escola já usava, e pelo Google Classroom. Mas a partir de 1º de abril a direção decidiu antecipar as férias de julho, pois alguns pais não estavam conseguindo usar as plataformas e outros reclamaram que precisavam trabalhar em casa e não conseguiam dispor de tempo para ministrar as aulas dos filhos pequenos”, disse a mãe do estudante, a nutricionista Thais Doblado Prodomo, que também é trader, e já trabalhava de casa com ações na bolsa de valores.
Ela diz que enquanto isso o filho tem feito atividades livres. “Ele brinca, joga jogos no computador e leio livros junto com ele. Aqui está bem tranquilo”, completa Thais.

Fortalecer laços

Na opinião da professora de educação infantil Angélica dos Santos Benith Belo, mais do que estudar com os filhos, o momento deve ser usado também para fortalecer os laços familiares. “Iniciamos o recesso escolar enviando sugestões de atividades para os pais. A maioria participou com entusiasmo na primeira semana, já na segunda semana relataram certa dificuldade em aplicar as atividades e demonstravam em sua fala um anseio pela volta das aulas. Percebendo isso, enviamos vídeos que demonstravam a importância do vínculo familiar e dinâmicas de afeto. Neste momento de incertezas, orientamos as famílias para que aproveitem esse tempo juntos sem a correria da vida e do dia a dia com seus filhos”, aconselha.  

Agência Brasil e Correio do Povo


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Paciente com coronavírus faz viagem intermunicipal de Porto Alegre até Minas do Leão

Mulher recebeu alta do Hospital de Clínicas na manhã de sexta-feira após realizar o teste pela segunda vez

Paciente recebeu o diagnóstico positivo para Covid-19 nessa sexta-feira

Uma mulher pode ter transmitido o novo coronavírus para pelo menos mais três pessoas que estavam no mesmo ônibus que ela na manhã de sexta-feira. A paciente, que é de Minas do Leão, na região Carbonífera, estava desde a noite de quinta-feira, no Hospital de Clínicas de Porto Alegre (HCPA) onde foi testada para Covid-19. Como seu estado de saúde era bom, ela foi liberada para voltar para casa, e pegou um ônibus de volta para a cidade natal às 6h15min.
De acordo com a Veppo, que administra a rodoviária da Capital, mais duas pessoas estavam no coletivo. Por volta das 22h, a mulher recebeu uma ligação do HCPA confirmando o contágio pelo novo coronavírus, e avisou a Secretaria Municipal de Saúde (SMS) de Minas do Leão. Ela já havia sido testada para o Covid-19 no dia 20 de março, no próprio Clínicas, onde faz tratamento contra um câncer no pâncreas. O primeiro exame deu negativo. Porém, nessa quinta-feira, ela começou a passar mal, com muita falta de ar, e decidiu procurar o Clínicas novamente.
Poucas horas depois de confirmado o diagnóstico a notícia se espalhou pela cidade, que tem uma população de aproximadamente oito mil pessoas. Um áudio do prefeito, Miguel Almeida, começou a circular pelo WhattsApp, no qual ele relatava o caso e reclamava por não ter sido comunicado para buscar a paciente. “É uma irresponsabilidade não termos sido avisados por nenhum órgão, teríamos mandado uma ambulância para buscar ela.” A viagem do município até Porto Alegre leva cerca de uma hora. 
Almeida também se mostrou preocupado com a transmissão para outras cidades, já que o ônibus faz paradas pelo caminho. “Colocou muita gente em risco, já que o ônibus também traz passageiros para Butiá”, avaliou o prefeito falando da cidade vizinha. 
O HCPA declarou, através de nota, que a liberação seguiu os protocolos corretos. “O Hospital de Clínicas de Porto Alegre não fornece informações pessoais de atendimentos a terceiros, respeitando o sigilo do paciente. Em casos da Covid-19, não é diferente.” No texto, é explicado que a internação não é recomendada a todos. “Só ficam internados em situação de maior gravidade ou complexidade. Os demais recebem todas as instruções e recomendações das equipes assistenciais para cumprirem o período de isolamento em casa.

Correio do Povo



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