Judite Sandra La Cruz
(51) 9 8502.8080
AQUELE QUE NÃO É CAPAZ DE SE GOVERNAR A SI MESMO NÃO SERÁ CAPAZ DE GOVERNAR OS OUTROS.
por João Ker
Medida foi anunciada pelo prefeito Bruno Covas em janeiro deste ano e vale para todas as infrações cometidas na cidade de São Paulo
A partir desta segunda-feira, 15, o motorista que tiver multas na cidade de São Paulo já pode parcelar seu débito em em até 12 vezes pelo cartão de crédito. O pagamento pode ser feito online, através dos sites Zapay e Parcele na Hora.
Anunciado pelo prefeito Bruno Covas em setembro do ano passado, o parcelamento vale para todos os débitos registrados pelo Departamento de Operação do Sistema Viário (DSV) desde 2013 e pode ser realizado para mais de uma multa vinculada ao veículo.
O parcelamento não é aplicável, entretanto, para multas inscritas em dívida ativa com a Prefeitura de São Paulo ou para pagamentos já em negociação com o órgão (em cobrança administrativa), além das infrações cometidas com veículos de outros Estados ou anotadas por outros órgãos.
A mudança era prevista em resolução publicada em julho de 2018 pelo Conselho Nacional de Trânsito (Contran), que liberou os órgãos de trânsito dos Estados e municípios a receberem pagamento de multas de trânsito e impostos relacionados aos veículos por meio de cartão de crédito.
O parcelamento de multas de trânsito em São Paulo já é uma realidade desde janeiro do ano passado, quando começou a ser realizado através de boletos bancários. Em dezembro, os pagamentos já eram aceitos por cartão de crédito, mas era necessário comparecer ao posto do DSV em Bom Retiro.
Para quem preferir o parcelamento presencial das multas, ainda é possível se dirigir aos postos do DETRAN na Armênia (Avenida do Estado, nº 900); em Aricanduva (Av. Aricanduva, 5555); e no Shopping Fiesta (Avenida Guarapiranga, nº 752).
Fonte: Estadão - 15/07/2019 e SOS Consumidor
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Por A. J. Oliveira
(Julia Simina, Olga Zarytska/Getty Images)
De uns tempos para cá, a Lua tem roubado a cena como destino preferido para as primeiras missões tripuladas ao espaço profundo. Antes disso era Marte quem detinha esse título. De qualquer forma, independentemente de onde nossa espécie decida se estabelecer fora da Terra, será preciso pensar como fazer uma eventual colônia espacial prosperar. E um novo estudo acaba de revelar uma técnica promissora para reforçar o crescimento populacional extraterrestre.
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Pesquisadores descobriram que o esperma humano pode resistir à microgravidade quando congelado. Trabalhos anteriores sugeriam que amostras frescas acabavam sendo comprometidas na ausência do campo gravitacional terrestre — principalmente quanto à mobilidade dos espermatozoides. Mas os resultados de uma pesquisa preliminar conduzida por estudiosos da Espanha indicam que temperaturas abaixo de zero preservam os gametas.
O estudo foi liderado pela embriologista Montserrat Boada, da clínica de saúde da mulher Dexeus, em Barcelona. Ela apresentou algumas de suas principais conclusões em um congresso da área realizado neste domingo (23) em Viena, na Áustria. Ao todo, dez homens saudáveis forneceram amostras de esperma. Parte delas foi colocada em um avião acrobático que simulou as condições de microgravidade do espaço, e parte permaneceu no chão.
Testes de fertilidade, concentração, mobilidade e fragmentação do DNA não identificaram diferenças significativas entre um grupo e outro. Com isso, os pesquisadores concluíram ser possível criar um banco de esperma humano fora da Terra. Os resultados são interessantes, mas será preciso aprofundar o trabalho para entender se as condições se mantêm em períodos prolongados no espaço. Um experimento na ISS, por exemplo, seria uma boa.
Certos aspectos, como os altos níveis de radiação, não podem ser testados em aviões — só fora da Terra. Por enquanto, cientistas ainda têm de disputar a tapa as raras oportunidades de fazer pesquisa na órbita terrestre. Empresas estão apostando em desenvolver espaçonaves e estações espaciais comerciais para democratizar experimentos em microgravidade nos próximos anos. Assim a equipe de Boada pode ganhar uma chance.
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Esse estudo é particularmente relevante porque corre o boato de que um relatório não divulgado da Nasa cogita mandar tripulações do mesmo gênero para Marte — só homens ou só mulheres. Desse jeito os times são mais coesos, diz o tal documento. O banco de esperma congelado é uma opção interessante para as astronautas se reproduzirem no espaço. Pode ser a solução para viabilizar a colonização de outros mundos no futuro.
Superinteressante
Por André Jorge de Oliveira
(Josh Spradling / The Planetary Society/Divulgação)
Ela é a mais romântica das tecnologias espaciais. Seu apelo vem de uma mistura de simbolismo, simplicidade e do potencial de se tornar um dos principais meios de locomoção pelo Sistema Solar — ou até mesmo para fora dele. Era a propulsão favorita de Carl Sagan, que frequentemente falava sobre o tema em público. Décadas depois, a sociedade que ele ajudou a fundar acaba de lançar uma sonda para testar a tecnologia no espaço.
Chamado de vela solar (solar sail), esse engenhoso mecanismo de transporte espacial consiste em usar uma grande vela de material refletivo e deixar a boa e velha lei da ação e reação fazer sua parte. Luz solar nada mais é do que uma porção de fótons viajando lado a lado. Essas partículas não têm massa, mas carregam energia. É ela que acelera a espaçonave conforme os fótons batem na vela e voltam na direção oposta. A princípio, trata-se de uma bela forma de economizar combustível em viagens espaciais.
Na madrugada desta terça (25), a Planetary Society lançou a bordo do foguete Falcon Heavy a LightSail 2: sua missão é se tornar o primeiro pequeno satélite movido única e exclusivamente a partir de luz solar. Ao todo, o lançamento noturno do gigantesco lançador da SpaceX colocou em órbita 24 satélites para a Força Aérea dos EUA, liberando lotes de cargas em três alturas diferentes conforme subia estrondosamente pelos céus da Flórida.
Foi na segunda “parada”, a 720 km do chão, que o foguete soltou a LightSail 2 acoplada ao pequeno satélite Prox-1, construído por estudantes do Instituto de Tecnologia da Geórgia. Ela permanece grudada em seu companheiro por uma semana enquanto os controladores testam sua saúde, e depois de mais uma semana devem acionar a abertura de suas grandes velas. Medindo 5,6m por 4m, são dez vezes mais finas que um cabelo humano.
As “velas”, de 5,6 m por 4 m, são dez vezes mais finas que um cabelo humano.
O satélite é pequeno, pesa cinco quilos, tem menos de meio metro de comprimento — suas dimensões parecem a de um pacote de pão de forma. Há muito tempo a Planetary Society investe no conceito. “Isso remonta aos primórdios, a Carl Sagan, Bruce Murray e Lou Friedman”, disse o popular divulgador científico e CEO da instituição, Bill Nye, ao site Ars Technica. “Estamos levando adiante um legado. É uma tecnologia intrigante porque baixa o custo de ir para qualquer lugar no Sistema Solar.”
Em 2005, a sociedade cujo objetivo é mobilizar a população para fortalecer a exploração espacial tentou lançar sua primeira vela solar, a Cosmos 1, mas o foguete russo Volna que a levaria ao espaço após ser lançado de um submarino acabou explodindo no caminho. Cinco anos mais tarde, em 2010, o Japão lançou a sonda IKAROS ao espaço interplanetário na missão Akatsuki, que foi até Vênus. Foi a primeira e única espaçonave a testar a vela solar como único método de propulsão. Mas a LightSail foca em outro nicho.
Basicamente, o objetivo do projeto é demonstrar a viabilidade da tecnologia para cubesats — os pequenos e poderosos satélites miniaturizados que estão revolucionando a indústria espacial. Se puderem fazer manobras na órbita terrestre usando apenas a luz solar em vez de combustíveis químicos, vão se tornar ainda mais acessíveis. Quando estiver operando, o plano é fazer a sonda usar um dispositivo para virar a vela de acordo com sua posição.
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Nos momentos em que sua trajetória for de encontro ao Sol, será preciso deixar a “quina” da vela naquela direção, senão os fótons iriam frear a espaçonave e arrastá-la para baixo. Já quando estiver contra o Sol, a vela deixa toda sua superfície exposta à radiação (entenda neste gif). Essa fase vai durar um mês: a aceleração fará parte da órbita subir um pouco, e o lado oposto baixar. Um ano depois, o cubesat vai queimar na atmosfera.
Essa missão é sucessora da LightSail 1, que testou as tecnologias da Planetary Society em órbita mais baixa em 2015. Outro aspecto bacana do projeto é que os recursos foram inteiramente privados. Quem pagou pelos US$ 7 milhões da LightSail 2 foram os próprios membros e parceiros da sociedade, além de aportes em campanhas de financiamento coletivo. Um DVD com os nomes de todos eles e selfies de apoiadores está na sonda.
Apesar de sempre ter inspirado bastante fascínio, a tecnologia da vela solar nunca foi levada muito a sério pelas agências espaciais, que preferiam apostar em meios mais tradicionais de propulsão. Ao contrário do propelente clássico, que dá bastante impulso pontual mas queima rápido, os fótons empurram bem pouquinho, mas o fluxo não para. A aceleração, portanto, fica cada vez maior. Por isso a ideia é maravilhosa: com velocidades cada vez maiores, pode-se chegar às estrelas — velejando como nos mares.
Superinteressante
por Marina Cardoso
Interessados têm a oportunidade de concorrer às vagas oferecidas, conforme o perfil profissional
Rio - Além da possibilidade de buscar oportunidades de emprego por meio dos postos SINE-RJ/Secretaria de Desenvolvimento Econômico, há outros meios disponíveis para procurar postos de trabalho. Dessa forma, os desempregados não precisam sair de casa para concorrer às chances, poupando deslocamento e gastos. No Portal Emprega Brasil, da Secretaria Especial de Produtividade, Emprego e Competitividade (Sepec), os interessados têm a oportunidade de concorrer às vagas oferecidas, conforme o perfil profissional.
Através da plataforma, é possível ver todos os detalhes referentes as ocupações divulgadas na ferramenta. O candidato pode digitar a ocupação que deseja pesquisar no quadro de vagas de emprego. Ao abrir, aparecerá todas as possibilidades correspondentes ao cargo escolhido. É possível filtrar por faixa salarial, localidade, tipo de contrato (permanente, temporário ou estágio), requisitos, para ver se requer experiência ou é exclusivo a pessoas com deficiência, e benefícios. As vagas são divulgadas diretamente pelos empregadores, que podem verificar o currículo dos trabalhadores.
Para concorrer às vagas e acessar a plataforma, O pretendente deve se cadastrar no portal. É preciso informar dados pessoais, por exemplo, CPF, nome completo, data de nascimento, nome da mãe e estado de nascimento. Quem é estrangeiro pode se inscrever. Para isso, é necessário clicar na tecla ‘Não sou brasileiro’.
QUESTIONÁRIO
As informações serão validadas nas bases de dados do governo federal. Em seguida, a pessoa será direcionada para um questionário com cinco perguntas sobre informações da vida profissional e previdenciária.
Após responder a listagem, o trabalhador receberá uma senha temporária que precisará ser trocada no primeiro acesso ao site Emprega Brasil. Caso tenha dificuldade em responder as perguntas, é necessário aguardar 24 horas para uma nova tentativa ou entrar em contato com a central 135 para auxílio, que
funciona de segunda a sábado das 7h às 22h para esclarecimento de dúvidas.
TOME NOTA
Como funciona
O trabalhador pode pesquisar vagas de emprego disponibilizadas na rede Sine de todo o Brasil, além de se candidatar às vagas, que estejam de acordo com o perfil profissional e agendar entrevistas.
Vagas
As vagas devem estar de acordo com o perfil profissional, com o interesse manifestado no cadastro feito no Posto do Sine, em participar de processos seletivos.
Atualização
Caso o trabalhador não encontre vagas no seu perfil, ele pode atualizar o cadastro profissional. Basta ir em ‘Menu Trabalhador’ e ‘Vagas de Emprego’. Se você já possuir cadastro, clique em ‘Visualizar o Cadastro do Trabalhador’. Caso não possua, clique em ‘Cadastrar Trabalhador na Intermediação de Mão de Obra’.
Fonte: O Dia Online - 15/07/2019 e SOS Consumidor
Por A. J. Oliveira
(NASA/Reprodução)
Se há uma lição que ficou clara após décadas de exploração espacial, esta é a necessidade de prevenir acidentes — que nessa área são sempre fatais. Na manhã desta terça-feira (2), a Nasa deu um passo importante para garantir que seus astronautas consigam ir até a Lua e retornar à Terra em segurança nos próximos anos.
Durante um teste que levou cerca de três minutos, a agência avaliou o desempenho de um dos sistemas criados para a cápsula Orion, veículo em desenvolvimento para transportar tripulantes ao espaço profundo. Um protótipo simplificado da espaçonave foi acoplado no topo de um míssil modificado, e o lançamento ocorreu no Cabo Canaveral às 7h, hora local (8h, no horário de Brasília). Segundo a Nasa, o procedimento foi bem-sucedido. Você pode assistir ao momento do lançamento no vídeo abaixo.
O teste serviu para demonstrar o funcionamento do sistema de aborto, ou escape, no lançamento. Sua função é fazer com que a cápsula se afaste o máximo possível do foguete durante os primeiros minutos de ascensão. Esse mecanismo faz toda a diferença caso qualquer tipo de emergência aconteça — três motores desprendem a cápsula do lançador e promovem uma guinada na direção oposta. Assim, uma eventual explosão não mata os astronautas no interior do veículo.
Menos de um minuto depois da decolagem, os motores do sistema foram acionados a uma altura de 10 quilômetros. A cápsula continuou subindo sozinha por outros três quilômetros e depois foi desviada para baixo, em um movimento para aterissar no Oceano Atlântico. O “pouso” no mar não foi nada suave: o módulo se espatifou na água a 480 km/h. Isso porque, para ganhar tempo e cortar gastos, a Nasa dispensou os sistemas de paraquedas no teste.
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Sensores documentaram cada etapa do processo nos mínimos detalhes — engenheiros e técnicos da agência passarão os próximos meses avaliando a imensa quantidade de dados para definir a performance do sistema de aborto. É um passo fundamental para o programa Artemis, que pretende mandar a primeira mulher e o próximo homem para a superfície lunar em 2024. A primeira missão não-tripulada, prevista para o ano que vem, vai orbitar a Lua.
Mas antes de tudo isso, a Nasa precisa concluir o desenvolvimento da própria Orion e do Space Launch System (SLS), o foguete mais poderoso do mundo, que vencerá a gravidade terrestre em grande estilo para catapultar astronautas mais longe do que nunca no espaço. Com o sucesso do teste de segurança realizado hoje na Flórida, a humanidade está um passo mais perto de inaugurar uma nova era da exploração espacial.
Superinteressante
Por Bruno Vaiano
(Guilherme Asthma/Superinteressante)
Em 24 de julho de 1990, dezenas de cópias de uma carta misteriosa saíram da mesa de Richard Anderson – funcionário do SNL, um laboratório americano dedicado à pesquisa nuclear: “A WIPP (…) será o primeiro depósito de lixo nuclear desta nação. Alguma intrusão humana inadvertida, porém, pode resultar na liberação de radioatividade. Precisamos evitar essa intrusão por meio do desenvolvimento e implantação de um sistema de marcos. Os participantes desse estudo vão identificar a forma e o conteúdo das mensagens que serão colocadas nesses marcos. Se suas qualificações forem apropriadas para esse estudo, nós o encorajamos a se candidatar.”
Corta. A tal WIPP (Waste Isolation Pilot Plant, unidade piloto de isolamento de resíduos) fica no deserto do Novo México, a 400 quilômetros de Albuquerque. Vistas de fora, suas instalações são discretas: um prédio bege geométrico, uma porção de galpões menores e um estacionamento. As coisas começam a ficar interessantes a 650 metros de profundidade: o terreno esconde 20 quilômetros de túneis, com 4 metros de altura e 10 metros de largura cada um. Eles são ligados à superfície por meio de quatro poços e têm capacidade para armazenar 400 mil recipientes com roupas, luvas, ferramentas e outros objetos contaminados durante a fabricação de bombas nucleares.
Os túneis estão encravados em um estrato geológico repleto de sal que se se formou na época em que o sertão americano era mar, há 250 milhões de anos. Por volta de 2035, quando as instalações atingirem a capacidade máxima e os poços forem selados, as cavernas serão demolidas. O sal, que se fragmenta facilmente, preencherá os espaços livres, contendo a radiação. É o plano perfeito. Não fosse por um detalhe: ele precisa ser o plano perfeito por 10 mil anos. É isso que os elementos mais barras-pesadas da tabela periódica levam para decair a um patamar seguro de radioatividade. Até lá, ninguém pode acessar a rede de cavernas.
No top ten de sacanagens com o futuro, deixar um aterro de lixo nuclear de brinde para os seus tataranetos só não ganha do aquecimento global. Por isso, a agência de proteção ambiental dos EUA determinou que, após o fim das atividades da WIPP, os avisos de que o local é perigoso deverão permanecer eficazes até o ano 12035 d.C. É difícil ter uma noção real de quanto tempo são 10 mil anos – e do quanto é difícil bolar uma mensagem de perigo que dure tudo isso sem perder significado. Era hora de pedir ajuda aos universitários.
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Videntes com PhD
Frederick Newmeyer, professor de linguística da Universidade da Colúmbia Britânica, hoje com 74 anos, foi um dos convidados para participar do projeto. “Eu estava cético desde o começo, mas feliz de ganhar US$ 10 mil para colaborar. Eu e meus colegas nos encontramos uma vez em Albuquerque, e de lá pegamos um avião para o sul do Estado, para conhecer o lugar e entrar nas cavernas de sal. Foi divertido.”
Além dele, outros 28 pesquisadores e intelectuais foram intimados a discutir o problema. Em outubro de 1990, 16 deles formaram o painel dos futuros (assim mesmo, no plural). O objetivo dos sujeitos era fazer um exercício de ficção científica sofisticado: tentar adivinhar qual seria a situação geopolítica do sul dos EUA nos próximos 10 mil anos. Será que o território em que hoje está a WIPP continuará sob controle americano? Será que o México o invadirá um dia? No longo prazo, será que a civilização vai avançar absurdamente– e o mundo vai virar um Blade Runner? Ou vamos viver no pós-apocalipse empoeirado de Mad Max?
É importante saber disso se você quer evitar que as pessoas do século 31 perfurem o solo sem querer. Em uma sociedade avançada como a de Admirável Mundo Novo, detectar os resíduos tóxicos e se livrar deles seria um desafio banal. Os arqueólogos dariam risada dos esforços de comunicação de seus ancestrais. Já num mundo empobrecido e decadente, a busca por recursos minerais – ou simplesmente água de lençóis freáticos – poderia levar um grupo de nômades que nem sabem o que é radiação a penetrar no depósito.
Essa conversa de bar financiada pelo governo rendeu uma pilha de relatórios sobre o futuro, que serviram de base para o trabalho de 13 acadêmicos de diversas áreas – arquitetura, linguística, arte etc. Eles foram divididos em duas equipes (chamadas simplesmente “A” e “B”), e ficaram com a tarefa de projetar o tal marco. De criar um monumento – com jeitão de ponto turístico mesmo – que informasse a humanidade do perigo do lixo nuclear por 10 mil anos.
Era um baita desafio. “Se os avisos fossem escritos em uma linguagem humana, eles se tornariam ilegíveis com o passar do tempo. Nós não conseguimos ler nem o inglês de 500 anos atrás [da época de Shakespeare]. O latim clássico ainda é ensinado, mas cada vez menos – e ele tem só 2 mil anos de idade”, diz Newmeyer, que era da equipe A.
Em 1984, anos antes da WIPP, o governo americano já havia convidado pesquisadores a projetar marcos para outro depósito de lixo nuclear, em construção na montanha de Yucca (também no Novo México). Após a análise das sugestões, o Dep. de Energia projetou trio de tótens que você vê na ilustração – com baús que contêm documentos sobre a construção e função do local.
Em 1984, anos antes da WIPP, o governo americano já havia convidado pesquisadores a projetar marcos para outro depósito de lixo nuclear, em construção na montanha de Yucca (também no Novo México). Após a análise das sugestões, o Dep. de Energia projetou trio de tótens que você vê na ilustração – com baús que contêm documentos sobre a construção e função do local. (Guilherme Asthma/Superinteressante)
Recado antipático
Tudo bem: já deu para entender que o futuro não vai falar inglês, nem nenhuma língua de hoje. Mas sugerir que o local simplesmente não fosse identificado não era uma opção. Foi aí que um arquiteto chamado Michael Brill, também da equipe A, começou a esboçar soluções não verbais. O primeiro passo era modificar a paisagem de maneira a deixar claro que ela foi alterada pelo ser humano com um objetivo específico. O segundo, modificá-la da maneira mais ameaçadora possível – para transmitir a ideia de que ninguém deveria estar ali.
Essas mensagens ocupariam uma área de 5 quilômetros quadrados diretamente acima do lixo enterrado, e poderiam assumir várias formas: uma floresta de espinhos de pedra gigantes e afiados (conforme ilustrado na abertura desta reportagem). Uma cidade fantasma de ruas estreitas e blocos de rocha irregular pintada de preto, como na pág. 38. Ou até uma superfície de granito lisa e escura, que absorveria o calor do deserto e tornaria o solo insuportavelmente quente. O importante era ser hostil. Esses avisos, no jargão da equipe, foram chamados de “mensagens de nível I e II”.
O explorador do futuro que se aventurasse para mais perto do lixão nuclear veria as mensagens de nível III e IV. As de nível III, distribuídas pela paisagem apocalíptica, seriam quiosques de granito protegidos por paredes de concreto. Nessas superfícies, entalhadas em baixo relevo, mensagens em várias línguas – como chinês, russo e francês – contariam só o essencial: por quem, por quê, como e quando aquele memorial foi construído. O objetivo é criar pedras de Rosetta artificiais. A pedra de Rosetta é um artefato arqueológico que contém um decreto governamental outorgado em 196 a.C. no Egito. O tirano Ptolomeu V mandou escrever a lei de três jeitos: em grego antigo, em hieróglifos e em demótico (um sistema de escrita egípcio mais simples). Como o grego era conhecido, foi possível decifrar os hieróglifos por comparação – e assim aprendemos a ler as inscrições nas pirâmides.
Os linguistas chamam esse princípio de “redundância”. Todo turista o aplica quando repete uma informação várias vezes, de jeitos diferentes, até o gringo entender. Quanto mais amostras de uma mensagem você tem em mãos, mais chances tem de decifrá-la.
Já as mensagens mais complexas, de nível IV, ficariam em uma câmara subterrânea. Além de pedras de Rosetta mais completas, com dados detalhados sobre a construção e a função da WIPP, ela conteria um mapa astronômico – para mostrar a data de construção do depósito usando a posição das estrelas como referência – e uma tabela periódica – para apontar quais elementos perigosos estão ali. A inspiração é pré–colombiana: o ponto de partida para decifrar o sistema de escrita maia foi justamente compreender seu calendário. Isso porque os astros se movem sempre igual: a astronomia une povos de crenças e épocas diferentes.
Será que uma rede de recados tão excêntrica vai dar certo? O jeito é viver para ver. Em 2004, o Departamento de Energia dos EUA finalmente publicou um plano de implementação dos marcos (que só começarão a ser construídos em 2035). Esse plano inclui muitos elementos propostos pela equipe de Brill – mas preferiu soluções mais discretas, com tótens no formato de obeliscos tradicionais, em vez de uma selva de espinhos. Os critérios básicos para redigir uma mensagem atemporal, porém, estarão lá: deixar claro que ela é produto de um ser inteligente, e não algo natural. Ser redundante. E usar conceitos científicos, que são universais.
(Guilherme Asthma/Superinteressante)
Boa noite, alienígenas
Superar barreiras culturais com esses critérios é uma ideia antiga. Inclusive quando o destinatário, em vez de ser ser de outro lugar no tempo, é de outro lugar no espaço. O lendário matemático Carl Friedrich Gauss acreditava que existissem seres vivos inteligentes em Marte ou na Lua. Consta que, em 1818, ele bolou um método para se comunicar com os marcianos e selenitas – e informá-los de que existe vida inteligente na Terra. A ideia era desenhar imensas formas geométricas, ilustrativas do teorema de Pitágoras, na planície siberiana. Elas seriam grandes o suficiente para serem vistas pelos telescópios dos astrônomos alienígenas (que assim saberiam que dominamos a matemática).
Outra proposta do gênio alemão era criar um aparato de espelhos que concentrasse a luz solar e então a refletisse em uma única direção. Esse feixe seria apontado na direção de outros planetas e luas, cujas civilizações veriam o pontinho brilhante na superfície da Terra.
Décadas depois, durante a belle époque, Paris fervilhava com inventores e escritores de ficção científica. Alguns, como Camille Flammarion e Charlie Cros, pegaram a ideia dos espelhos de Gauss, juntaram com o recém-inventado código Morse e criaram o primeiro telefone cósmico da história. A ideia era simples: bloquear o feixe de luz refletido pelos espelhos em certo ritmo – de forma que o pontinho na superfície da Terra piscasse como uma lanterna aos olhos dos alienígenas. Isso preencheria o primeiro pré-requisito: deixar claro que a mensagem foi produzida artificialmente. Que é uma tentativa consciente de comunicação – ainda que de eficiência zero. Se você olhar a Terra a partir de um planeta distante, tudo o que você verá do nosso planeta é a sombra diminuta que ele faz no Sol.
Quando a humanidade finalmente decidiu montar um instrumento para se comunicar com eventuais alienígenas, acabou usando um princípio parecido com esse. Só que mais eficiente: em vez de enviar luz visível, mandamos ondas de rádio para o espaço – o mesmo tipo de onda que o seu celular envia e recebe; ou seja, ondas capazes de carregar informação por longas distâncias.
A primeira tentativa real de mandar mensagens para outras civilizações aconteceu em 16 de novembro de 1974, o dia da inauguração do telescópio de Arecibo, em Porto Rico. Ele não se parece em nada com um telescópio comum. Consiste em um disco côncavo gigante – com aparência de antena parabólica e diâmetro equivalente à altura da Torre Eiffel –, e fica deitado em uma cratera no meio da floresta tropical. Ele não é feito para captar luz visível, e sim para monitorar ondas de rádio emitidas por certos fenômenos cósmicos (por isso, ele é chamado de “radiotelescópio”).
Para comemorar o início das operações, porém, nada de observações passivas. Ficou combinado que seria mais divertido usar o gigante ao contrário, para enviar uma mensagem de rádio ao aglomerado de estrelas M13, a 25 mil anos-luz da Terra. Foi um tiro no escuro: a suposição de que haja vida inteligente naquela região da Via Láctea talvez seja considerada tão inocente daqui a 200 anos quanto hoje consideramos Gauss por achar que havia alienígenas em Marte. Não interessa: o experimento, muito mais do que uma tentativa efetiva de comunicação, era um teste. Um comitê liderado pelo astrônomo Frank Drake, da Universidade Cornell – e que incluia nomes como Carl Sagan – ficou responsável por bolar o recado interestelar.
A mensagem de Arecibo – que não foi enviada com legenda, só para deixar claro.
A mensagem de Arecibo – que não foi enviada com legenda, só para deixar claro. (Arte/Superinteressante)
Os pulsos que o radiotelescópio transmitiu para o espaço representavam uma sequência de código binário. Os “zeros” correspondiam a quadradinhos brancos; os “uns”, a quadradinhos pretos. Cada linha de código tinha 23 dígitos. Eram, ao todo, 73 linhas. Se os alienígenas que recebessem a mensagem fossem malandros o suficiente, eles distribuiriam o código em uma espécie de tapeçaria pixelada, com 23 quadradinhos de largura por 73 de altura. Esses dois números foram escolhidos por serem primos – uma propriedade que qualquer sociedade avançada reconheceria (tal como a astronomia, e todas as outras ciências exatas, a matemática também é universal; dois mais dois sempre dá quatro, seja na Terra, seja em Alpha Centauri).
Os desenhos que surgiriam nesse mosaico são um breve manual da vida na Terra. Algumas partes, como a do corpo humano, do telescópio e do DNA, são óbvias, fáceis de entender. Outras são mais complicadinhos – como aquele bloco que você vê centralizado no topo, logo no comecinho da mensagem.
Ele funciona assim: cada coluna representa o número de um elemento na tabela periódica escrito na forma de código binário. No caso, hidrogênio, carbono, nitrogênio, oxigênio e fósforo – os tijolos atômicos que formam os nossos genes. A partir desse ponto, em que os alienígenas já sabem de que átomos somos feitos, os blocos que vêm abaixo indicam (sempre em código binário) qual quantidade de cada um desses átomos vai em uma molécula de DNA. Em bom português: enviamos uma receita para fazer material genético terráqueo.
Será que alguém está mesmo do outro lado para recebê-la? Dada a vastidão do Universo, é extremamente provável que sim. A questão é outra: será que eles vão entender mesmo o que a gente quis dizer? Boa sorte para nós.
Superinteressante