segunda-feira, 8 de julho de 2019

JOÃO GILBERTO TEVE UMA VIDA DEDICADA A APERFEIÇOAR A PERFEIÇÃO!

(Ruy Castro – Especial - Folha de S.Paulo, 07) Sua gravação do samba “Chega de Saudade”, de Antonio Carlos Jobim e Vinicius de Moraes, feita no Rio a 10 de julho de 1958 e distribuída sem alarde ou expectativa dois meses depois, tinha 1 minuto e 59 segundos de duração. Mas nunca tão pouco tempo de música significou tanto —dividiu a cultura brasileira em antes e depois. No mesmo espaço de tempo, João Gilberto, cantor e violonista baiano, 27 anos, saltou do nada para o centro das discussões.
Num país de comunicações precárias, aquele disco de 78 rpm alterou corações e mentes, a favor ou contra, onde fosse tocado. O canto a seco e sem ornamentos de João Gilberto não era propriamente novidade, mas, aliado ao violão que produzia um ritmo contagiante e inesperado —logo depois chamado de bossa nova—, à complexidade harmônica de Jobim e à sofisticação coloquial da letra de Vinicius, resultaram num todo revolucionário.
Meses depois, ainda em 1958, novo 78 rpm de João Gilberto, contendo o samba “Desafinado”, de Jobim e Newton Mendonça, consolidou a proposta. Havia uma nova música no ar, e João Gilberto era seu intérprete. Outras faixas, de novos e velhos compositores, foram gravadas nos meses seguintes, formando o LP “Chega de Saudade”, lançado em 1959, e que está para a bossa nova como a carta de Pero Vaz de Caminha para o Brasil.
O lançamento desses discos (e dos dois LPs seguintes, “O Amor, o Sorriso e a Flor”, em 1960, e “João Gilberto”, em 1961) provocou uma onda de shows semiprofissionais em universidades, despertou o interesse maciço de rapazes e moças pelo violão, revelou inúmeras vocações vocais e pareceu tornar “antiga” a música que se fazia até então no Brasil. De súbito, a bossa nova era um “movimento” --- um novo estilo, uma nova música, algo com que uma geração inteira sonhara, e que acontecera.
E da maneira mais espontânea possível. A bossa nova não apenas não contou com a TV, ainda incipiente no país, como enfrentou a resistência das emissoras de rádio, então poderosíssimas e dirigidas a um gosto mais popular --- mas até elas tiveram de se render. A imprensa, a publicidade, o comportamento, tudo de repente tornou-se “bossa nova”.
No rastro de João Gilberto, jovens compositores como Carlos Lyra, Roberto Menescal, Baden Powell e Marcos Valle, letristas como Ronaldo Bôscoli, cantores como Alayde Costa, Claudette Soares, Leny Andrade, Pery Ribeiro, Wilson Simonal, Nara Leão e Wanda Sá, músicos como os arranjadores Moacir Santos e Eumir Deodato, pianistas Luiz Eça, Luiz Carlos Vinhas e Sergio Mendes, contrabaixistas Bebeto Castilho e Tião Neto, bateristas Milton Banana e Edison Machado, e muitos, muitos outros, se revelaram.
Era toda uma geração surgindo e decretando uma espécie de verão permanente na música brasileira.
Os grandes artistas que, no decorrer dos anos 50, haviam preparado o terreno para a bossa nova, como Sylvia Telles, Dick Farney, Lucio Alves, Doris Monteiro, Miltinho, Luiz Bonfá, Johnny Alf, João Donato, Billy Blanco, Dolores Duran, Maysa, Tito Madi e Os Cariocas, não ficaram imunes. Alguns se integraram com naturalidade ao movimento; outros foram injustamente condenados pelo público a um quase segundo plano. Mas, cedo ou tarde, todos tiveram seu vanguardismo reconhecido. A chegada de João Gilberto tirara tudo do lugar.
De certa forma, isso se refletiu também no plano internacional. Sua descoberta pelos músicos e cantores internacionais garantiu-lhe um culto que, começando em 1962, nunca mais parou. O LP “Getz/Gilberto”, lançado em 1964, é até hoje o álbum de jazz mais vendido da história —o que é surpreendente, por ser, na verdade, um disco de bossa nova e cantado em português! De Peggy Lee e Doris Day, naqueles tempos, a Diana Krall e Stacey Kent, passando por Frank Sinatra, não houve um grande artista, vocal ou instrumental, que não se deixasse influenciar pelo seu “blend” de voz e violão. João Gilberto teria ficado bilionário se ganhasse US$ 0, 01 por cada vez que, desde então e em qualquer país, alguém emulou ou emula seu estilo.
No Brasil, ao contrário, dedicamo-nos a cobrá-lo —por faltar a compromissos mal combinados, por não querer que o ar condicionado desafinasse seu violão, por pedir à plateia que o deixasse cantar baixinho. E por se manter fiel a um estilo e repertório que levou anos construindo e, com razão, não queria malbaratar. Esquecemo-nos de que, sempre que João Gilberto deixou seu eremitério no 30º andar de um apart-hotel no Rio, foi porque alguém o arrancou de lá— agentes, empresários, gravadoras.
Enquanto o criticávamos por faltar a shows, deixamos de ouvir o seu legado, exposto em 13 álbuns de estúdio e, até agora, quatro ao vivo. Está tudo lá —o homem por trás daquelas maravilhas nem precisava aparecer.
Assim como criou a batida de violão da bossa nova tocando sozinho no banheiro de sua irmã, em Diamantina, MG, em 1956, João Gilberto passou as últimas décadas tocando para as paredes de seu apartamento, entregue a uma missão, por definição, maluca e impossível —aperfeiçoar a perfeição.


Ex-Blog do Cesar



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Publicado em 4 de jul de 2019

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A televisão 8K

Ela está chegando. E nós testamos.

Por Bruno Garattoni

As TVs do novo padrão alcançam 400% mais definição do que as atuais telas 4K – e têm 16 -

(Rodrigo Damati/Superinteressante)

Fabricar TVs é um negócio ingrato. As pessoas trocam de celular a cada dois ou três anos. De carro, a cada cinco ou seis. Já a televisão… você só troca quando pifa (o que chega a demorar 15 anos ou mais), quando quer uma tela maior (algo cada vez mais raro, pois hoje a maioria das casas já tem uma TV de tamanho razoável) ou quando aparece alguma tecnologia realmente irresistível – o que raramente acontece. Para complicar ainda mais a vida dos fabricantes de TVs, a margem de lucro costuma ser pequena: enquanto a Apple embolsa mais de 60% do valor de cada iPhone, eles ficam com 5% a 10%.

Para continuar existindo, precisam inventar motivos para convencer você a comprar uma TV nova. E vivem tentando: telas 3D, telas curvas, smart TVs, comandos de voz, inteligência artificial, resolução 4K… e, agora, as televisões 8K. Sony e LG já lançaram modelos no exterior, mas ao Brasil a primeira a chegar é uma Samsung: a Q900, que tem versões de 65, 75 e 82 polegadas. Estou sentado em frente a esta última, a maior de todas, na sede da Samsung em São Paulo. Ela custa R$ 65 mil.

Você deve estar pensando: “jamais gastaria esse dinheiro numa televisão, nem se fosse rico”. Eu também não. Mas a Q900 interessa, e muito, porque é o começo de uma nova era. Nos próximos anos, as televisões 8K deverão cair de preço até se tornarem produto de massa. E elas são um salto tecnológico inquestionável: sua tela é formada por 33 milhões de pixels. É quatro vezes mais do que as telas 4K (8 milhões de pixels), e equivale a 16 vezes a resolução das TVs Full HD, que a maioria das pessoas tem (2 milhões de pixels).

O pulo chega a ser maior, até, do que na transição da TV analógica para a TV digital – quando a resolução cresceu “apenas” dez vezes. Um estudo feito pela emissora japonesa NHK1 analisou a acuidade visual de 82 pessoas, que tinham de comparar objetos reais, observados através de um visor, com imagens capturadas em vários níveis de resolução. Os cientistas constataram que o olho humano é capaz de perceber os ganhos proporcionados por telas 4K e 8K. Para que isso aconteça, precisa estar perto delas: você deve ficar a no máximo três vezes a altura da tela (para quem tem uma televisão 4K de 60 polegadas, por exemplo, isso significa colocar o sofá a 2m dela).

UM SALTO DE 110 VEZES

Televisões 8K têm 33 milhões de pontos na tela; veja diferença em relação às gerações anteriores.

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(Rodrigo Damati/Superinteressante)

  • 8K

Lançamento 2018***

Resolução 33,2 milhões de pixels

  • 4K

Lançamento 2012**

Resolução 8,3 milhões de pixels

  • Full HD Lançamento 1998

Resolução 2 milhões de pixels (1080p)

  • HDTV

Lançamento 1998

Resolução 921 mil pixels (720p)

  • Analógica Lançamento 1954*

Resolução 220 a 300 mil pixels

*Estreia do padrão NTSC (National Television Systems Committee), utilizado nos Estados Unidos.

**Lançamento da primeira televisão 4K nos Estados Unidos.

***Início das transmissões em 8K no Japão.

Me acomodo em frente à Samsung Q900, e um funcionário da empresa coreana aparece com uma caixinha branca. Tira de dentro dela um pendrive, conecta à TV e aperta o play. Aquele enorme retângulo preto, do tamanho de uma cama de solteiro, ganha vida.
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E. no primeiro instante, uma era começa. A força bruta das imagens em 8K estraçalha qualquer ceticismo, a ponto de me deixar atordoado – e maravilhado. Plantas, insetos, filhotes de tartaruga. Um jacaré, um tigre, um husky siberiano correndo na neve. Champanhe estourando, Nova York, o mar. Já vi essas coisas. Mas não assim. Olhar a TV 8K não é como enxergar por uma janela. É como tomar uma droga alucinógena, abrir essa janela e ver um mundo mais detalhado, colorido e brilhante, entre o hiper-real e o surreal (o jacaré, por exemplo, é tão vívido que chega a parecer uma montagem feita em chroma key).

Esse esplendor visual não se deve apenas à resolução. Há três outros fatores em jogo: brilho, contraste e pontos quânticos. Segundo a Samsung, a TV é capaz de produzir 3.000 nits de luz (cinco a dez vezes o brilho de uma televisão comum, dependendo do modelo). Seu contraste, medido com um colorímetro XRite i1 (coralis.com.br), é de 5200:1, excelente para uma tela LCD. E as cores da Q900 são saturadas e profundas, melhores que nos LCDs comuns – graças aos pontos quânticos. “Eles são dispositivos que conseguem confinar elétrons, como se fossem caixinhas”, explica Gabriel Landi, professor do Instituto de Física da USP. Os pontos quânticos são cristais muito pequenos, feitos de cádmio ou índio, que limitam o movimento dos elétrons e aproveitam isso para gerar luz [veja infográfico na próxima página]. Foram descobertos em 1982, e não são exclusividade da Samsung – outras marcas, como TCL e Philips, também os utilizam.

OS PONTOS QUÂNTICOS

Tecnologia presente em televisões LCD 4K e 8K usa partículas extremamente pequenas – e um fenômeno da Física.

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(Rodrigo Damati/Superinteressante)

1 O material

Os pontos quânticos são cristais feitos de cádmio (Cd) ou índio (In). Cada cristal mede menos de 10 nanômetros – e contém 15 a 150 átomos.

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(Rodrigo Damati/Superinteressante)

2 A energia

Se você disparar um raio de  luz ultravioleta nesses átomos, os elétrons deles ganham energia.

Quando isso acontece, o elétron vai para uma camada mais externa. É o chamado salto quântico.

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(Rodrigo Damati/Superinteressante)

3 O confinamento

Porém, como o cristal é muito pequeno, acontece o “confinamento quântico”: os elétrons excitados não têm espaço, voltam para a posição inicial – e emitem luz.

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(Rodrigo Damati/Superinteressante)

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(Rodrigo Damati/Superinteressante)

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(Rodrigo Damati/Superinteressante)

4 A luz

Dependendo do tamanho do cristal, e da quantidade de átomos dentro dele, a luz emitida tem uma cor diferente.

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(Rodrigo Damati/Superinteressante)

5 A tela

Os pontos quânticos ficam numa camada interna (QDEF). Eles recebem luz ultravioleta do iluminador, brilham e emitem luz colorida – que é usada para iluminar a placa de LCD, à frente, e formar a imagem.

A) Iluminador (backlight)

Conjunto de LEDs que emite luz.

B) QDEF (Quantum Dot Enhancement Film)

Camada que reúne os pontos quânticos.

C) Cristal líquido (LCD)

Microcélulas que abrem e fecham, barrando ou liberando a passagem da luz.

D) Filtro de cores (CF)

É um filme plástico colorido pelo qual a luz passa. Na TV 8K, ele é pintado com 99,6 milhões de retângulos.

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(Rodrigo Damati/Superinteressante)

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(Rodrigo Damati/Superinteressante)

6 A vantagem

A tela produz cores mais profundas e saturadas – pois os pontos quânticos geram
luz colorida (as TVs de LCD tradicionais geram luz branca, que só ganha tonalidade ao passar pelo filtro de cores).

Os vídeos de demonstração se sucedem na tela 8K, um mais incrível do que o outro, numa apoteose irresistível. Mas eles terminam – e, infelizmente, chega a hora de voltar para a vida real. Isso porque, tirando os seis clipes produzidos pela Samsung, não temos mais nenhum vídeo nessa resolução. A empresa diz estar negociando uma parceria com a Globo, que já fez gravações no novo formato, mas ainda não tem nada para exibir. Netflix, Amazon Video, Blu-ray, consoles de games: nada disso está em 8K. Por bastante tempo, quem comprar uma tela 8K terá de se contentar com vídeos em 4K e Full HD mesmo. A TV da Samsung emprega uma técnica inteligente para fazer upscaling, ou seja, aumentar a resolução desses vídeos. Resta saber como isso funciona na prática. Vamos descobrir agora.

Começo plugando um Xbox One X, o console de videogame mais potente hoje – e único capaz de operar em 4K real. No primeiro game, F1 2018, dá para ver detalhes nos quais eu nunca havia reparado, como a granulação do asfalto e o desgaste nos pneus do carro. Em Fifa 19, enxergo detalhes dos jogadores e os gominhos da bola enquanto ela gira. Em outros games, como Forza 7 e Star Wars Battlefront II, nada demais: a imagem é ótima, mas não revela nenhum detalhe novo (se comparada a uma TV 4K).

Hora de rodar um Blu-ray 4K: Planeta Terra 2, a superprodução da BBC. A cena de abertura, com bichos lutando, é incrível. Mas revela um problema. A função Auto Motion Plus, que a televisão usa para tentar deixar os movimentos mais fluidos, causa microtravamentos e distorções em partes da imagem (em cenas de ação mais intensa, as patas dos animais dão “pulinhos”, em vez de fazer movimentos contínuos). A mesma coisa acontece no próximo vídeo: um episódio da série The Grand Tour, da Amazon, em 4K. As mãos do apresentador Jeremy Clarkson tremem um pouco, e não porque ele, notório beberrão, esteja precisando de um drinque. Nos dois casos, o culpado é o mesmo: o Auto Motion Plus. Ao desligá-lo, os tremores e travamentos somem.

Esse recurso não é exclusividade da Q900. Todas as televisões fabricadas nos últimos dez anos vêm com ele, cujo nome técnico é interpolador de quadros. A TV aberta, os serviços de streaming e os videogames geram vídeo a 30 ou 60 quadros por segundo (fps). O interpolador analisa a imagem e inventa novos quadros, gerando 60, 120 ou até 240 fps. Costuma funcionar bem com games e esportes, e meio mal com todo o resto. Também pudera. Não é fácil criar alguma coisa a partir do nada.

Mas a situação mais difícil, para uma televisão 8K, é ter de exibir vídeos em Full HD (1080i/p), que são de longe os mais comuns. A TV é obrigada a inventar, via upscaling, nada menos do que 94% dos pixels exibidos na tela.

COMO INVENTAR O QUE NÃO EXISTE

Há pouquíssimo conteúdo gravado em 8K. Na esmagadora maioria dos casos, a TV precisa se virar com um truque: o upscaling

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(Rodrigo Damati/Superinteressante)

1 O problema  As televisões digitais só trabalham numa resolução: a “nativa”. Isso significa que, quando você vê um vídeo cuja resolução é inferior à da TV, ela tem que se virar – e literalmente inventar conteúdo, em tempo real, para preencher os pixels da tela.

2 A solução  Normalmente, a TV resolve isso fazendo uma aproximação. Ela analisa a imagem, identifica as cores de cada elemento, e simplesmente adiciona pixels daquelas mesmas cores, ao lado dos pixels já existentes.

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(Rodrigo Damati/Superinteressante)

3 Novo problema  Acontece que, na era 8K, só isso não é o suficiente – pois o upscaling necessário é gigantesco. Quando você assiste a um vídeo Full HD (1080) numa TV 8K, por exemplo, ela precisa inventar conteúdo para preencher 94% dos pixels – e fazer isso 30 vezes por segundo. O método tradicional, de aproximação, não dá bons resultados (a imagem poderia ficar distorcida, borrada ou com ruído).

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(Rodrigo Damati/Superinteressante)

4 Nova solução  As TVs 8K possuem uma biblioteca com milhões de imagens (pessoas, objetos, alimentos, veículos etc). Usam inteligência artificial para identificar os elementos do vídeo que você está vendo, consultam a biblioteca – e, a partir daí, aplicam regras para melhorar o upscaling. Quando a TV identifica uma maçã, por exemplo, já sabe que ela é vermelha e redonda – e usa essas informações para gerar um resultado mais natural.

E o primeiro teste em Full HD, com uma gravação do jogo São Paulo x Flamengo, é desalentador.

A imagem fica bem ruinzinha, com distorções evidentes (as silhuetas dos jogadores ficam borradas). A culpa é das câmeras da Globo, não da TV 8K – mas o tamanho da tela, e a tarefa hercúlea que o upscaler precisa desempenhar, pioram o problema. Com uma corrida de Fórmula 1, o resultado é um pouco melhor, mas ainda aquém do ideal: a imagem tem granulações e pequenas distorções, que parecem “sujeira” nos carros (e não aparecem em telas 4K). A TV se recupera no Jornal Nacional: Bonner e Renata ganham definição incrível. Mas Maju, a apresentadora do tempo, fica um pouco distorcida. Como as câmeras a enquadram mais de longe, seu rosto é capturado em poucos pixels, e o upscaler da televisão se atrapalha: quando Maju mexe a cabeça, seus olhos e boca vibram e dão pequenos saltos.

Conclusões: a TV 8K é espetacular com vídeos 8K, razoável com gravações 4K, e tem lá seus problemas com imagens em 1080i/p – que, hoje, são a maioria. É um efeito colateral inevitável do aumento de resolução. Lembra quando você comprou sua primeira televisão Full HD, mas a maioria dos canais de TV ainda não transmitia nesse padrão? A imagem ficava sofrível. Foi necessário esperar até que o mundo migrasse para o novo formato; e a mesma coisa valerá para a era 8K. O PlayStation 5 e o próximo Xbox, que serão lançados ano que vem, vão rodar nessa resolução. E a NHK vai passar as Olimpíadas de 2020 em 8K, mas só no Japão. Por enquanto, é isso.

A televisão 8K é incrível. Mas, enquanto não houver conteúdo nesse formato, não haverá grandes motivos para comprar uma. E, se ninguém comprar uma, os produtores de conteúdo não vão abraçar o novo padrão (pois ele requer investimento). É um ciclo difícil, mas não impossível, de romper. Já aconteceu antes, e pode acontecer agora. Em nome dos jacarés e dos huskies, tomara que sim.


Superinteressante

Imparcialidade é juiz decidir com base nas provas, diz Moro

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Sergio Moro foi questionado pelo Correio Braziliense se é possível um juiz ser totalmente imparcial. Ele respondeu:

“O que define a imparcialidade é o juiz decidir conforme aquilo que se encontra nos autos, com base na prova e na lei. Um juiz nunca pode se despir da condição de ser humano e dos valores que ele carrega. Mas ele sempre vai decidir com base na lei e nas provas. Essa é a questão da imparcialidade”, afirmou.

“Evidentemente, o juiz vai formando a sua convicção com o tempo, no decorrer do processo. Ele não é um ser estranho que vai chegar somente no momento da sentença. O  que define a imparcialidade é o juiz estar sempre disposto a mudar de opinião até o final do processo, porque novas provas e novos argumentos podem ser apresentados. Então, assim, ele nunca é um super-humano. Carrega seus valores, mas tem que estar vinculado à prova, à lei, e, até proferir a sentença, à possibilidade de mudar de opinião em relação ao que viu antes. Isso foi feito no processo muito claramente, até pelo percentual, um número de mais de 20% de absolvições. E aqui temos que acrescentar o fato de que são decisões que já passaram por várias instâncias e, normalmente, têm sido mantidas.”


O Antagonista

Por que as plantas de Chernobyl não morreram com a radiação?

Spoiler: a vegetação é naturalmente propícia a lidar com mutações genéticas, e ainda desenvolve mecanismos para se proteger da radiação

Por Maria Clara Rossini

(Edward Neyburg/Getty Images)

Quem assistiu à série Chernobyl, da HBO, pode ter se questionado o que aconteceu com as vegetação local depois do acidente. Os episódios mostram pessoas queimadas pela radiação e animais que tiveram que ser mortos por estarem contaminados, mas nenhuma árvore seca ou murcha, como é típico de filmes apocalípticos. Não foi falha do roteiro: as plantas de Chernobyl realmente não morreram com a radiação. E vamos explicar o porquê.

Após o acidente de 1986, foi criada a Zona de Exclusão — um perímetro de 2.600 quilômetros quadrados em que a moradia e acesso público são restritos — o que corresponde a uma área quase tão grande quanto as cidades de São Paulo e Rio de Janeiro juntas. Essa medida foi necessária para evitar que a população local tivesse contato com a radiação e pudesse desenvolver câncer posteriormente. As plantas, por outro lado, não podiam simplesmente fugir de lá, então precisaram se adaptar.

A radiação emitida por Chernobyl afeta a estrutura celular dos seres vivos. Algumas dessas estruturas podem se regenerar, mas não o DNA. Mesmo em doses baixas, a radiação pode causar mutações genéticas e alterar a maneira como a célula funciona, tornando-as cancerígenas e fazendo com que elas se multipliquem e se espalhem pelo corpo.

Os humanos, assim como outros animais, possuem células com funções muito específicas. As células do estômago, por exemplo, são diferentes das células do cérebro, e precisamos das duas para sobreviver. Se um animal sofre uma mutação cancerígena nas células do estômago, as células do cérebro ou de qualquer outro órgão não são capazes de se transformar para substituí-las — e aí uma das funções vitais fica comprometida.

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Nas plantas a situação é um pouco diferente. Suas células possuem, sim, diferenciação entre si — as células da raiz são diferentes das células da folha, por exemplo — mas elas são mais flexíveis. De acordo com Stuart Thompson, professor de bioquímica das plantas da Universidade de Westminster, a maioria das células vegetais consegue criar tipos diferentes de células, dependendo do que a planta precisa. Isso explica por que é possível plantar uma árvore usando tanto uma semente quanto um galho daquela espécie. Dessa forma, a planta pode substituir células afetadas de maneira bem mais fácil do que os animais.

A parede celular vegetal também possui um papel importante na sobrevivência das plantas: ela ajuda a barrar a disseminação das células mutadas pela radiação. As plantas podem ter tumores, mas eles não se espalham da mesma forma que o câncer nos humanos. A parede celular vegetal é bem mais rígida do que a animal, evitando que o tumor chegue em outros tecidos vegetais.

Como se todos esses mecanismos não fossem suficientes, as plantas presentes na zona de exclusão de Chernobyl criaram formas de proteger o próprio DNA da radiação. Elas alteram o próprio funcionamento químico para se tornarem mais resistentes e consertarem o dano causado.

Hoje, 33 anos após o desastre, algumas populações de plantas são maiores do que antes do acidente, devido à ausência de interferência humana no local. A cidade de Pripyat, na Ucrânia, é um exemplo disso. A chamada “cidade fantasma”, que fica dentro da zona de exclusão, foi coberta de vegetação após a saída de seus habitantes.

A radiação pode, sim, afetar negativamente as plantas e encurtar seu tempo de vida. Porém, se as condições externas — água, luz, temperatura e nutrientes — forem favoráveis e os mecanismos de defesa permitirem, o prejuízo de um acidente nuclear pode ser menor do que anos de intervenção humana.


Superinteressante

Sem querer, Folha mostra que não há conluio

Ao tentar mais uma vez insinuar conluio entre Sergio Moro e o MPF, a Folha dá um tiro no pé.

A reprodução do diálogo entre Moro e Deltan Dallagnol mostra que o juiz não avaliza a sugestão do procurador sobre eventual acusação de lavagem de dinheiro internacional.

“Acusação daí vcs tem que estudar viabilidade”, escreveu o juiz.

Simples assim.


O Antagonista


Parlamentares franceses contra acordo com Mercosul
Moro e Guedes acompanharão Bolsonaro na final da Copa América
Governo estuda flexibilizar validação do diploma de médicos cubanos

Efeito Verdevaldo

Jair Bolsonaro consolidou seu eleitorado.

Entre os que votaram nele no segundo turno, a taxa de bom e ótimo subiu de 54% para 60%, de acordo com o Datafolha.

É o efeito Verdevaldo, que atrelou a Lava Jato ao presidente e aglutinou mais uma vez o eleitorado anti-Lula, que havia se dispersado depois da disputa eleitoral.


O Antagonista

Frase da semana–08.07.2019

"Eu pego um bloco de mármore e corto fora tudo o que não quero ver ali"

– Auguste Rodin, escultor (1840-1917)

O salto de 11 pontos de Bolsonaro

“Uma pesquisa do Datafolha divulgada nesta segunda-feira aponta um salto de 11 pontos da aprovação do presidente Jair Bolsonaro na parcela mais rica da população brasileira”, diz O Globo.

“De acordo com o levantamento, o percentual dos que avaliam a gestão como ótima ou boa é de 52% na faixa dos que ganham acima de dez salários mínimos. No levantamento anterior, em abril, este percentual era de 41%.”

É o efeito Verdevaldo, que uniu a parcela mais instruída do eleitorado, composta por aqueles que rejeitam a soltura de Lula e o retorno ao poder da ORCRIM.


O Antagonista