terça-feira, 2 de julho de 2019

Presidente da OAB vê Lava Jato em risco após diálogos de Moro

Publicado em 2 de jul de 2019

O presidente da Ordem dos Advogados do Brasil (OAB) Felipe Santa Cruz avalia que todos os processos da operação Lava Jato podem ser questionados a partir dos diálogos divulgados pelo site The Intercept Brasil entre o então juiz federal Sergio Moro e o procurador Deltan Dallagnol, do Ministério Público Federal (MPF) e que colocam em xeque a atuação do ex-magistrado.
“Não é só um detalhe. É o prédio que sustenta todo o sistema de Justiça: a imparcialidade”, disse em entrevista ao colunista de VEJA Augusto Nunes no programa Páginas Amarelas, ponderando que a análise deve ser feita caso a caso. Santa Cruz também cobrou o afastamento de Moro do Ministério da Justiça para esclarecer as mensagens — “inclusive pelo fato de ele ser hoje o superior hierárquico da Polícia Federal” — e do procurador da República Deltan Dallagnol.
“Cada vez acho isso mais necessário [o afastamento] porque os fatos vão se agravando, as informações vão deixando claro essa relação entre Ministério Público e magistratura na Lava Jato”, analisa o presidente da OAB, complementando que o afastamento é uma recomendação da entidade.
O presidente da OAB também disse não considerar a divulgação dos diáligos um crime, uma vez que interessa a imprensa e a sociedade. Ele comparou a situação à interceptação telefônica, feita com autorização de Moro, que revelou uma conversa entre os ex-presidentes Luiz Inácio Lula da Silva e Dilma Rousseff em março de 2016.
Naquela ocasião, o ex-juiz derrubou o sigilo das mensagens às vésperas da noemação do petista como ministro da Casa Civil — e que não se concretizou por ordem do Supremo Tribunal Federal. “O próprio ministro Moro no episódio disse que, em determinado momentos, quando se trata de agentes públicos, o importante é a informação”, disse o advogado.

Terraplanismo, negação das mudanças climáticas, movimentos antivacina. Entenda por que, apesar de tantos avanços na ciência, vivemos numa época tão propícia à ignorância.


Texto: Bruno Vaiano | Reportagem: Maria Clara Rossini e Ingrid Luisa | Edição: Alexandre Versignassi | Design: Juliana Caro | Fotos: Studio Oz


O aquecimento global é uma farsa, de acordo com o ministro das Relações Exteriores, Ernesto Araújo. Em 30 de maio, ele declarou que o aumento registrado na temperatura média da Terra seria uma consequência do fato de que ruas, estacionamentos e outras superfícies asfaltadas foram construídos nas redondezas de estações meteorológicas que antes ficavam em áreas de vegetação nativa, mais frescas. Como o asfalto absorve mais calor, os termômetros estariam apenas registrando a acentuada urbanização que ocorreu desde o início do século 20.

A hipótese de Araújo foi refutada em 2011 pela Universidade da Califórnia em Berkeley. De 37 mil estações meteorológicas analisadas, 16 mil ficam em zonas perfeitamente rurais. E os dados de dois terços delas – rurais ou urbanas – indicam aumento de temperatura. Para não falar nas medições feitas por satélites, que estão em órbita, longe do asfalto.

Infelizmente, não são só membros do governo que preferem ignorar evidências científicas: os eleitores também. 46% dos brasileiros não concordam com a afirmação de que a espécie humana compartilha um ancestral comum com os chimpanzés. 89% defendem que o criacionismo seja ensinado nas escolas.1

Uma pesquisa indicou que 4,5% dos pais se recusam a vacinar suas crianças, e outros 16,5% têm receio, ou não acham que a imunização tenha qualquer importância para a saúde de seus filhos. Entre os jovens, esse número sobe para 23%. O SUS oferece terapias sem eficácia comprovada. Picaretas publicam livros de autoajuda que distorcem a física quântica para fins motivacionais. Água sanitária é vendida como cura para o autismo.

Tal crise de confiança na ciência não corresponde ao quanto nossas vidas dependem dela. Cada vez que você toma um analgésico, pede um Uber ou liga a TV, você está se beneficiando do trabalho de centenas de cientistas (o GPS só existe por causa da Teoria da Relatividade de Einstein). Mesmo assim, extremistas dos dois lados do espectro político negam abertamente as evidências científicas sempre que elas não correspondem às suas visões de mundo.

As consequências dessa atitude são velhas conhecidas: em 1984, de George Orwell, o protagonista é torturado por agentes de um regime totalitário até se convencer de que 2 + 2 é igual a 5. Os exemplos não vêm só da ficção.

Na União Soviética da década de 1930, o camponês Trofim Lysenko, alçado a guru científico de Stalin, propôs a hipótese de que sementes aprenderiam a lidar com o frio se expostas a ele (de maneira análoga à ideia atribuída a Lamarck, de que o pescoço da girafa cresce porque ela se estica para alcançar árvores altas). Ele negava a genética e a evolução por seleção natural.

Por influência de Lysenko, Stalin declarou a teoria de Darwin ilegal. Na prática, sua doutrina contribuiu para uma agricultura ineficaz, que prolongou surtos de fome na URSS e na China. Fica a lição: basear políticas públicas em impressões pessoais, e não em ciência de verdade, é um jeito eficaz de jogar dinheiro no lixo, reforçar preconceitos, desacelerar a economia e piorar a qualidade de vida.

Em 1948, Stalin declarou a biologia evolutiva e a genética ilegais na URSS.

Como navegar, então por mundo em que as impressões falam mais altos que os fatos? Fazer uma pesquisa no Google é como adentrar uma sala com um milhão de vozes urrando versões contraditórias sobre um fato. Em meio à bagunça, é natural que você ouça só as vozes que reforçam suas pré-concepções: é o viés de confirmação. Quando somos bombardeados por contradições, ficamos anestesiados ao valor da verdade.

Isso não é só divagação teórica: pode ser verificado na prática. Hélio Schwartsman destacou na Folha de S. Paulo que, em 1998, 47% dos eleitores republicanos e 46% dos democratas concordavam com a afirmação de que os efeitos do aquecimento global já se faziam sentir. Em 2018, os números eram 34% para os republicanos e 82% para os democratas. O alinhamento político passou a importar mais que o dado bruto.

“As pessoas sentem que o ataque às suas convicções é pessoal, que sua identidade está sob ameaça”, afirma Michael P. Lynch, filósofo da Universidade de Connecticut e autor do livro In Praise of Reason (“Um elogio à razão”, sem tradução no Brasil).

O jeito mais fácil de lidar com o ruído ensurdecedor é se abraçar às suas crenças e não soltá-las mais. E a internet é ótima em personalizar nossa experiência: seus algoritmos nos enterra em bolhas onde todos pregam para os convertidos. A ciência é a melhor ferramenta para combater esse mar de incerteza, e é imprescindível entender por quê.

O método científico se baseia na noção de falseabilidade, introduzida pelo filósofo Karl Popper em 1934. Ela é simples: você começa levantando uma hipótese – por exemplo, a de que todo esquilo tem rabo. Essa hipótese só pode ser considerada válida cientificamente se for possível refutá-la – isto é, se for possível encontrar um esquilo que não tenha rabo. Sabemos que isso é possível; basta procurar um.

Se um número razoável de buscas, feitas por pesquisadores diferentes em lugares diferentes, tentar encontrar um esquilo sem rabo e falhar, a hipótese de que todo esquilo tem rabo ganhará força. Perceba que é impossível provar algo definitivamente. Só dá para reduzir a incerteza sobre um determinado assunto. Você pode encontrar dezenas de esquilos com rabo: nenhum deles é capaz de provar, sozinho, que você está certo. Mas se você encontrar um único esquilo sem rabo, ele será suficiente para provar que você está errado. Essa é uma espécie de mão invisível da ciência. Ela regula a si própria.

Seria inocência defender que a ciência está imune à má-fé: o movimento eugênico e o nazismo, assim como o lamarckismo de Lysenko na URSS, provam que cientistas com motivação política são capazes de manipular dados para atingir conclusões estabelecidas de antemão. A ciência é uma atividade humana, que sofre de imperfeições humanas.

Mesmo assim, ela ainda é o método de busca do conhecimento mais capaz de se atualizar, admitir os próprios equívocos e seguir em frente. A frase mais famosa de Winston Churchill – “A democracia é a pior forma de governo, com exceção de todas as outras” – se aplica igualmente bem ao método científico.

Nas próximas páginas, vamos apresentar a história e o presente dos principais movimentos anticientíficos atuais – e entender por que é essencial basear políticas públicas na razão.

1. Número extraído do livro A Goleada de Darwin, de Sandro de Souza (Record, 2009).

Homeopatia

O médico alemão Samuel Hanehmann criou a homeopatia no início do século 19 como uma alternativa razoável à medicina convencional da época, cuja terapia mais comum era a sangria: abrir cortes nos doentes na esperança de que a hemorragia reestabelecesse o equilíbrio aos fluidos corporais. Tal insanidade era tida como cura para qualquer coisa, de gripe a convulsões, e foi praxe na Europa por 2 mil anos.

Hanehmann baseou sua tese em dois princípios. O primeiro é o de que semelhantes curam semelhantes: a crença de que o remédio ideal para um sintoma é alguma substância que cause esse sintoma. Por exemplo: se você tem rinite alérgica, a ingestão de uma pequena quantidade de cebola supostamente faria seus olhos pararem de lacrimejar. O antraz, toxina produzida pela bactéria Bacillus anthracis que causa feridas na pele, seria capaz de curar espinhas, furúnculos etc. Há até um caso documentado de médico que receitou pedaços do muro de Berlim para uma mulher depressiva – afinal, é inegável que a construção deprimiu os berlinenses.

O segundo princípio é o da potenciação, isto é: a substância é diluída em água, álcool ou açúcar. Muitas e muitas vezes. A diluição mais comum é a chamada C30, o que significa que a substância ativa foi diluída 30 vezes na proporção de 100 para 1. “Para conter uma única molécula de substância ativa, a pílula homeopática nessa diluição teria que ter o diâmetro equivalente à distância entre o Sol e a Terra [149,6 milhões de quilômetros]”, diz Edzard Ernst, professor emérito da Universidade de Exeter, na Inglaterra. “Ou seja: os remédios homeopáticos mais comuns não contêm uma única molécula de princípio ativo.”

150 milhões de quilômetros é a distância entre a Terra e o Sol. Esse é o diâmetro que precisaria ter um comprimido de homeopatia para conter uma única molécula de princípio ativo.

Não é à toa que a homeopatia se popularizou: entre sangrar até a morte e ingerir algumas gotas de água ou álcool, a segunda alternativa é melhor. Cebola, antraz ou muro de Berlim não farão nenhum efeito – principalmente na diluição C30 –, mas uma consulta com um médico atencioso, que prescreve repouso e deixa seu sistema imunológico funcionar é mais recomendável do que passar uma navalha no braço.

De lá até aqui, felizmente, muita coisa mudou. Da mesma forma que a tecnologia aeronáutica foi do 14 Bis ao pouso na Lua em 60 anos, a medicina convencional superou Heródoto e as sangrias. Atualmente, toda droga passa por três rodadas de verificação em humanos antes de chegar às farmácias. Eles servem para determinar como ela é metabolizada e excretada, descobrir seus efeitos colaterais, estabelecer a dosagem ideal para cada doença e faixa etária etc.

Ao longo de todo o processo, os médicos e farmacêuticos tomam três precauções para evitar conclusões enviesadas. Primeiro, a amostra de voluntários é divida em dois (grupos de comparação). Metade toma o remédio em fase experimental, a outra metade toma um remédio já existente no mercado ou um placebo – isto é, um comprimido ou injeção falsos, que não contêm o princípio ativo.

Os voluntários devem ser sorteados entre os dois grupos (aleatorização). Por fim, o ideal é que o experimento seja duplo-cego, ou seja: que durante sua realização, nem os cientistas nem os voluntários saibam qual é o grupo que tomou placebo e qual é o grupo que tomou o remédio real. Assim, a chance de uma falcatrua passar batida é baixa. Ou o remédio funciona, ou não.

Dado que a homeopatia permanece popular de sua criação até hoje, é imprescindível que sua eficácia seja analisada com o mesmo critério e cuidado dos remédios convencionais. Da mesma forma que a sangria caiu em desuso quando foi estabelecido que ela faz mais mal do que bem, é essencial que a população tenha acesso a estudos confiáveis sobre a eficácia da técnica de Hanehmann para decidir se deve usá-la ou não.

Felizmente, a homeopatia – assim como a acupuntura, a aromaterapia e outras Práticas Integrativas e Complementares (PICs, na nomenclatura do SUS) – podem passar pelos mesmos testes por que passam os medicamentos vendidos em uma farmácia comum.

Um dos vários pesquisadores que se dedicam a essa tarefa é Edzard Ernst – apresentado alguns parágrafos atrás. Em 20 anos anos como professor e pesquisador na Universidade de Exeter, ele e sua equipe submeteram 29 Práticas Integrativas e Complementares a ensaios clínicos rigorosos, tomando as três precauções de praxe: grupos de comparação, aleatorização e testes duplo-cegos. Em muitos casos, era necessário criar placebos elaborados. É simples prensar um comprimido de açúcar para substituir um analgésico, mas como simular uma agulha de acupuntura ou um curandeiro?

“Para a acupuntura, projetamos uma agulha que parece penetrar a pele, mas enrola dentro de si própria. É como uma faca falsa, de lâmina retrátil, dessas usadas no teatro”, conta Ernst. “Ela comprovou que acupuntura não funciona. Tem o mesmo efeito do placebo”. A prova da cura espiritual também saiu caro:  “Tivemos a ideia de usar cinco curandeiros de verdade e, depois, recrutar cinco atores muito parecidos com eles. Cada ator aprendeu com seus respectivos curandeiros como simular o procedimento.” Em todos os casos, a conclusão foi uma só: nenhuma das terapias funciona melhor que o efeito placebo.

Mesmo assim, no Brasil, a homeopatia é considerada uma especialidade médica pelo Conselho Federal de Medicina (CFM) desde 1980, e é financiada pelo Sistema Único de Saúde (SUS) desde 2006 – bem como a acupuntura. Desde 2017, outras PICs que sequer são reconhecidas pelo CFM também passaram a ser oferecidas. A lista inclui aromaterapia, reiki, florais de bach, cromoterapia, biodança etc. São, ao todo, 29. Hoje, 9,3 mil estabelecimentos do SUS em 3,1 mil municípios (entre postos de saúde, hospitais etc.) oferecem pelo menos uma PIC.

Consultado pela SUPER, o Ministério da Saúde argumenta que há demanda da população, mas uma pesquisa de representatividade nacional encomendada ao Datafolha pelo Instituto Questão de Ciência indica o contrário: 70% da população brasileira afirma procurar um médico convencional quando tem um problema de saúde. Em segundo e terceiro lugar, com 7% e 6%, vêm terapeutas espirituais e benzedeiras. Só em quarto lugar, com 5%, vem o médico homeopata.

Também requisitamos artigos científicos comprovando a eficácia das PICs, que recebemos às dezenas. Todos, porém, haviam sido publicados em periódicos que são editados (e citados, pois o número de citações é uma métrica de qualidade relevante para os cientistas) por membros da própria comunidade que pratica as PICs.

Além disso, esses estudos são, em sua maioria, exploratórios, e não confirmatórios, isto é: são realizados para avaliar se há algum efeito dos medicamentos que mereça ser investigado a fundo, e não para investigar o efeito e tentar confirmá-lo ou refutá-lo. Quanto maior o rigor científico do estudo (aleatorização, testes duplo-cegos etc.), mais a eficácia das PICs se aproxima da do placebo.

“O efeito placebo é real”, explica Natália Pasternak, professora do Instituto de Biociências da USP e fundadora do Instituto Questão de Ciência. “As pessoas não acham que se sentem melhor: elas realmente se sentem melhor. Também há o fato de que, em doenças crônicas, há picos de dor seguidos de vales. Se o paciente procura o médico no pico e toma o remédio em sequência, ela acaba associando o vale ao efeito do remédio.” Esses e outros efeitos tornam as PICs convincentes para os médicos que as praticam, e veem seus clientes saírem satisfeitos do consultório. Assim, o argumento de que o Estado deve oferecê-las em hospitais públicos soa atraente.

O problema é que o Estado financia o SUS com coleta de impostos. Dado que este dinheiro não pertence à União, e sim à população, sua obrigação é gastá-lo da maneira mais racional possível. No Brasil, em que o sistema público está sucateado e 69,7% da população não possui plano de saúde privado, as prioridades devem ser outras: “Insulina, anticoncepcional e luvas de borracha para usar nos procedimentos”, lista o jornalista científico Carlos Orsi, também do Instituto Questão de Ciência. “Eu adoraria passar no posto de saúde e tratar minha ansiedade com uma garrafa de Jack Daniels, mas os recursos públicos são finitos.”

Seguindo essa lógica, Austrália e Reino Unido baniram a homeopatia dos sistemas públicos de saúde. Na França, as Academias Nacionais pediram o fim do reembolso para remédios homeopáticos. “É central para o debate é saber em que medida essas práticas [homeopatia, acupuntura etc.] estão prejudicando o tratamento tradicional, baseado em evidência científica”, diz o patologista Paulo Saldiva, diretor do Instituto de Estudos Avançados (IEA) da USP e apresentador do programa Urbanite na TV Cultura. “Se elas não estiverem atrapalhando, podem até ajudar certos indivíduos, de acordo com suas suas crenças e valores. Mas se elas forem implantadas às custas das terapias comuns, aí é um pecado.”

Esse não seria um dilema tão grande se as pessoas realmente encarassem esses tratamentos como complementares ao invés de alternativos, como é indicado pela Organização Mundial da Saúde desde 2017 e pelos próprios terapeutas: “Nosso objetivo não é substituir a medicina convencional. Nós não tratamos de doenças pois não somos médicos. Tratamos o ser humano como um todo”, diz Simone Sequeira, terapeuta integrativa do instituto AHAU, em São Paulo.

Infelizmente, porém, não falta quem troque a medicina por terapias inócuas mesmo em caso de doenças mortais. Um estudo da Universidade Yale revelou que, dos pacientes de câncer que utilizam medicina não-convencional, 7% recusam intervenção cirúrgica, 34,1% recusam quimioterapia, 53% recusam radioterapia e 33,7% recusam intervenções hormonais. Entre pacientes que optam só pela medicina convencional, essas porcentagens são respectivamente 0,1%, 3,2%, 2,3% e 2,8%.

Movimento antivacina

Esses números nos levam a outra forma de negação da medicina, que extrapola a liberdade individual: o movimento antivacinas. Aqui, quem nega a ciência por superstição põe a vida dos outros em risco. Na Europa, de acordo com a Organização Mundial da Saúde (OMS), 2018 registrou o maior número de casos de sarampo da década: 82,5 mil pessoas contraíram a doença e 72 morreram. Para que a população esteja protegida como um todo, é preciso que 95% dela esteja vacinada. E essa meta não foi cumprida em 34 países europeus em 2017.

Nos EUA, a situação não é muito melhor. 17 Estados americanos permitem que os pais não vacinem seus filhos por terem objeções à prática. Geralmente são famílias urbanas com bons indicadores educacionais e posições políticas progressistas que passam longe da agulha. De janeiro até aqui, 1.044 casos de sarampo foram registrados em 28 Estados – o pior número desde 1992.

O sarampo é um problema especial porque a tríplice viral – que imuniza contra ele, a caxumba e a rubéola – está na origem do movimento anti-vacina contemporâneo. Ela foi associada a casos de autismo em um artigo científico fraudulento publicado em 1998. Outras doenças não estão voltando à tona no mesmo ritmo – pelo menos não nos países desenvolvidos. Nigéria e Paquistão, por exemplo, não conseguem erradicar a poliomielite.

É natural que pais preocupados com seus filhos busquem associações de causa e efeito: a criança tomou chuva e então ficou resfriada, comeu bolo quente e teve dor de barriga, etc. O mesmo vale para quem identifica certas doenças com certas vacinas.

6 milhões é o número de mortes que as vacinas evitam no mundo todos os anos.

A ciência existe justamente para separar o joio do trigo – distinguir o que é fato do que é mera impressão. “A ciência não é uma máquina de encontrar coerências verdadeiras”, diz o jornalista Carlos Orsi, um dos fundadores do Instituto Questão de Ciência. “ela é uma máquina de descartar as falsas coerências.” Como muitos outros movimentos pseudocientíficos, os anti-vaxxers se baseiam em evidências anedóticas e falsas correlações.

Apesar disso, às vezes os ataques às vacinas têm verniz científico. Em The vaccine book: making the right decision for your child (em português, “Livro das vacinas: tomando a decisão certa para o seu filho”), um bestseller nos EUA sem tradução no Brasil, o médico Robert Sears afirma que o calendário ditado pela carteira de vacinação sobrecarrega o sistema imunológico da criança, o que é agravado pelo excesso de alumínio e timerosal na composição.

Timerosal é uma substância antisséptica que contém mercúrio e servia de princípio ativo ao Merthiolate na época em que ele ardia. Ele é utilizado para evitar a proliferação de bactérias quando um vidrinho de vacina contém mais de uma dose e, portanto, será utilizado mais de uma vez. Embora o mercúrio seja de fato tóxico, nessa concentração ele é irrelevante. Um estudo com 1047 crianças entre 7 e 10 anos não encontrou nenhuma associação entre mercúrio das vacinas e 42 problemas de desenvolvimento neurológico.

Sears também alega, corretamente, que quando o bebê faz dois meses ele já recebeu algo entre 0,2 e 1,2 mg de alumínio graças às vacinas. Aos seis meses de idade, porém, uma criança já terá ingerido 6,7 mg de alumínio proveniente do leite materno ou 37,8 mg em fórmulas infantis em pó baseadas em proteína de soja.

Uma pessoa comum ingere entre 30 a 50 mg de alumínio diariamente.Quanto à sobrecarga, não há com que se preocupar: o sistema imunológico de um bebê aguentaria uma dose de antígenos muito maior do que a presente em uma vacina. Adiar as inoculações apenas aumentaria as chances de expor a criança à doença.2

O movimento antivacina não é forte no Brasil, mas nossa proporção de vacinados também vem caindo. Entre 2018 e 2019, o Brasil registrou 10,3 mil casos de sarampo – doença que se julgava erradicada. A cobertura da vacina tríplice viral, que estava estável e próxima a 100% até 2014, atingiu 85% em 2017.

Já com relação à poliomielite, a cobertura vacinal estava acima de 95% até 2015, mas caiu para 78,5% em 2017 – as informações são do Ministério da Saúde.  É difícil determinar o que é consequência do movimento e o que se deve a outros fatores – como o fato de que pais nunca viram as doenças que foram erradicadas pela imunização, o que faz sarampo e poliomielite parecerem curiosidades históricas, e não ameaças reais.

“A cognição humana tem muita dificuldade em compreender grandes tendências estatísticas, mas se acomoda muito bem com os casos que ocorrem com indivíduos próximos”, diz o psicólogo Ronaldo Pilati, pesquisador da Universidade de Brasília (UnB) e autor do livro Ciência e Pseudociência.

2. Vacinar, sim ou não? Um guia fundamental, de Gabriel Oselka, Guido Carlos Levi, Monica Levi.

O pós-modernismo

A famosa Revolta da Vacina de 1904 – em que a população carioca se rebelou contra uma campanha de inoculação obrigatória para deter a varíola – ocorreu em uma época em que a ciência era algo diferente do que é hoje.

Foi um período de grandes reformas urbanas, em que a população miserável dos cortiços foi despejada do centro do Rio e substituída por calçadas e postes de jeitão francês e as primeiras redes modernas de água, luz e esgoto. Imperava entre médicos e sanitaristas como Oswaldo Cruz uma visão de mundo higienista, baseada nas metrópoles europeias.

A genética e a seleção natural, nessa época, foram utilizadas para justificar discriminação racial, a suposta superioridade intelectual do homem sobre a mulher e impedir a entrada de imigrantes de certos países. Essa estrada, é claro, deu em Hitler e no Holocausto.

Quando a poeira da 2a Guerra abaixou, a comunidade acadêmica se deu conta de que defender a ciência de maneira absolutista era arriscado. Devemos em grande parte a um movimento filosófico chamado pós-modernismo a percepção de que muita coisa que os cientistas davam por fato na verdade era uma construção social.

Extremistas dos dois lados do espectro político negam as evidências científicas quando elas não correspondem às suas visões de mundo.

O machismo, o racismo e a xenofobia dos biólogos do entreguerras fez com que eles manipulassem seus dados para alcançar certas conclusões. O problema é que o pós-modernismo conclui que absolutamente tudo é construção social. Não haveria uma verdade objetiva, apenas a narrativa que cada tribo – inclusive a dos cientistas – considera verdade.

Um caso emblemático do embate entre pós-modernismo e ciência data de 1975, quando o biólogo evolutivo Edward O. Wilson, de Harvard, publicou o livro Sociobiology. Era um resumo das hipóteses mais recentes sobre como a comunicação, o altruísmo, a agressão, os rituais do sexo e a paternidade dos animais evoluem por seleção natural. Ele aplicou essas hipóteses a insetos, peixes, pássaros e, no capítulo 27, a nós, humanos.

Wilson explica algumas conclusões básicas da biologia evolutiva: a de que somos territorialistas e tendemos à monogamia, e de que a família nuclear (duas pessoas morando juntas e criando filhos) é a unidade básica da organização humana – isso não exclui casamentos homossexuais com filhos adotivos, por exemplo. Wilson também escreveu que nossa disposição em ajudar e amar parentes vem do fato de que compartilhamos mais genes com eles do que com outras pessoas.

Todos esses são conceitos baseados em décadas de pesquisas científicas e antropológicas, e ainda são. Mesmo assim, houve protestos, distribuição de panfletos, invasões de sala de aula e pôsteres chamando-o de racista, genocida e “profeta direitista do patriarcado” – embora ele tenha votado na esquerda democrata americana a vida toda. O clima, entre intelectuais progressistas, era de que absolutamente tudo é construção social.3

Nosso cérebro seria uma tábula rasa, uma folha em branco sem equipamento de fábrica, moldado exclusivamente pela cultura. Isso é um erro: também somos animais – nosso comportamento, até certo ponto, foi moldado de acordo com o que foi benéfico para a sobrevivência de nossos ancestrais. É o caso da família nuclear. Não tendemos a formar casais (héteros ou não), e a cuidar de filhos (biológicos ou não), porque aprendemos isso vendo novela. Fazemos isso porque está tão impresso nos nossos genes quanto nos dos cisnes, pinguins e pombos.

Apesar desse e de outros conflitos entre a extrema esquerda acadêmica e as ciências naturais, em uma coisa o pós-modernismo acertou: cada pessoa carrega uma verdade própria, e a intolerância com as verdades dos outros dá errado. Assim, não faz efeito, em uma democracia, argumentar a favor da ciência como algo que é verdade, em oposição a jeitos de ver o mundo que não são verdade. Como cada tribo tem sua verdade, nenhuma vai engolir.

Por outro lado, afirmar que todo argumento tem valor idêntico é entregar os pontos. Como viabilizar um debate entre congressistas se a conclusão for sempre a de que todos os lados estão certos à sua maneira? Se não existe uma verdade objetiva, e sim uma porção de verdades particulares, como decidir implantar esta e não aquela política pública? É aqui que entra a ciência.

O que ela faz, no argumento do sociólogo alemão Hans Joas, é fornecer um “poder de ação maior sobre o ambiente”. A ciência nos permite construir aviões que pousam em segurança, remédios que curam pessoas mais rápido, vacinas que evitam que as pessoas fiquem doentes. O Estado é sensato em levar a ciência em consideração se quiser tornar melhor a vida de seus cidadãos – não porque ela seja uma verdade mais verdadeira que as outras, mas porque ela é, no nível prático, um jeito muito eficaz de aumentar a qualidade de vida.

Para que a ciência exerça esse papel,  ela precisa, como já mencionado, lidar com as limitações psicológicas dos seres humanos, cujas raízes são, ao menos em partes, darwinianas. Nossos ancestrais sobreviveram em decorrência da assimilação de padrões no ambiente: o céu está preto, então vai chover. A sombra atrás da árvore parece um rabo de onça, então é melhor fugir.

Mora aqui o apelo da astrologia: nada na ciência leva a crer que a influência gravitacional ou a radiação refletida por Júpiter e Saturno determinem de alguma forma a personalidade de um ser humano, mas o cérebro tem uma satisfação indescritível em perceber que as previsões do mapa astral correspondem, de alguma forma, a quem somos.

Para os babilônios, essa era só uma extensão de algo observável: a maneira como os ciclos do Sol e da Lua se sincronizam com a agricultura, a menstruação e as marés. Se Marte deu as caras quando uma batalha foi vencida, talvez haja aí outro padrão. Este repórter não acredita em astrologia, mas… bem, esse ceticismo é típico de sagitariano. Dá-lhe outro padrão.

A ciência oferece justamente o oposto: uma forma de conhecimento em constante autorrevisão. Isaac Newton criou uma teoria que explicava bem a gravidade, mas Einstein suplantou-o com uma que explica melhor ainda. “O conhecimento científico, com suas verdades transitórias [a redução de incerteza, de Popper], é psicologicamente incômodo. O conhecimento não científico se acomoda mais fácil na mente humana”, resume Ronaldo Pilati, psicólogo da UnB. E põe mais fácil nisso, como veremos a seguir.

3. A história é contada em Tábula Rasa: A Negação Contemporânea da Natureza Humana, de Steven Pinker (2002). Agradecemos a colaboração do psicólogo Paulo Almeida, também do Instituto Questão de Ciência, nesta discussão.

“Você sabe que a Terra é plana?”

Essa é a primeira pergunta do questionário que dá acesso ao maior grupo brasileiro de terraplanistas do Facebook. Supondo que você responda sim, a exigência aumenta no segundo item: “Cite ao menos três provas de que o globo não existe”. Se você for um terrabolista – uma das várias alcunhas dadas a quem admite viver em uma esfera, e não uma panqueca – talvez precise consultar o Google antes de passar à terceira e última pergunta: “como funcionam o Sol e a Lua na Terra plana?”

Partindo do Facebook, não é difícil entrar nos grupos de Whatsapp. No ambiente mais intimista, eles se sentem livres para abordar suas outras aflições conspiratórias: o vapor exalado pelas turbinas de avião contém veneno, vacinas causam autismo e, principalmente, fazemos todos partes de uma grande Matrix – o filme de 1999. Os terraplanistas teriam despertado, enquanto o resto da população mundial consistiria em manipulados ou manipuladores.

Os terraplanistas andavam fora dos holofotes, mas um documentário original da Netflix e um tweet recente de Olavo de Carvalho – “Não estudei o assunto da Terra plana. Só assisti a uns vídeos de experimentos que mostram a planicidade das superfícies aquáticas, e não consegui encontrar, até agora, nada que os refute” – reacenderam a polêmica.

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(Studio Oz/Superinteressante)

Há poucos dados sobre terraplanistas no Brasil. Mas 8% da população não acha que a Terra gira em torno do Sol.

O movimento ilustra as tendências psicológicas que listamos alguns parágrafos atrás. O vestibular para entrar no grupo de Facebook, por exemplo, é uma senha para assegurar a coerência grupal dos membros. “Um elemento crucial é a existência de um grupo social que valide as crenças individuais. Isso movimenta as pessoas a encontrar argumentos para acreditar naquilo que elas querem acreditar”, diz Pilati.

Deter um conhecimento que ninguém mais detém, claro, é muito atraente. “Teorias da conspiração oferecem explicações simples para fenômenos complexos, ou fazem as pessoas acreditarem possuir conhecimentos secretos que os poderosos querem ocultar”, resume a Economist. “Eles tendem a ser populares entre pessoas com menores índices de escolaridade, que não confiam nas instituições públicas.”

A perspectiva bíblica adotada por boa parte dos terraplanistas acrescenta um outro fato: a tradição judaico-cristã prevê um cosmos com início, meio e fim. De acordo com o psicólogo Valdiney Gouveia, da Universidade Federal da Paraíba, uma pessoa que parte daí tem dificuldades em aceitar uma cosmologia em que o Universo é infinito e a Terra não ocupa uma posição privilegiada. O modelo terraplanista dá a seus seguidores o conforto que a astrofísica não fornece. Nele, é impossível transpor o “domo” em forma que cobre a Terra, onde ficam as estrelas. Tudo acabaria ali, a um raio de poucos quilômetros do chão, como no filme O Show de Truman.

[Errata: Na versão impressa desta reportagem, presente na edição de número 404, ocultamos acidentalmente o nome do pesquisador Valdiney Gouveia. O texto da versão online foi atualizado para inclui-lo].

Se de um lado a ciência sofre com quem não consegue lidar com os desdobramentos filosóficos de suas conclusões, de outro ela sofre com quem se entusiasma um pouco demais com esses desdobramentos. E nenhuma ciência, hoje, sofre mais desse “exagero para pior” que a mecânica quântica.

Esoterismo quântico

A mecânica quântica é o ramo da Física que se dá melhor em descrever os fenômenos que acontecem em escala microscópica. É nela que se baseia nossa compreensão atual de partículas subatômicas, átomos e moléculas (conjuntos de átomos).

A mecânica quântica começa em 1900, quando Max Planck se dá conta de que a luz é composta de pequenas partículas, hoje chamadas fótons. Até então, a luz era descrita pelas equações de Maxwell como uma onda, o que, paradoxalmente, também dá certo.

Esse comportamento ambíguo da luz – que pode ser descrita simultaneamente como onda e um conjunto de partículas – está na base da física quântica. Há um experimento de laboratório célebre, o da dupla-fenda, que demonstra esse fenômeno. Entendê-lo é essencial para compreender um  fenômeno do obscurantismo moderno, o do esoterismo quântico.

No experimento da dupla-fenda, um físico aponta uma fonte de luz para uma tela. Entre a fonte de luz e a tela, ele põe um obstáculo com duas fendas verticais, paralelas. Tipo… assim: | |

O único jeito da luz transpor o obstáculo e chegar à tela é passando pelas fendas. Quando Thomas Young fez esse experimento pela primeira vez, em 1801 – muito antes de Planck –, ele encontrou a comprovação cabal de que a luz se comporta como uma onda. Verificou que, quando a luz é forçada a se espremer pelas fendas para passar, ela sai do outro lado dividida em feixes. Como esses feixes são ondas, eles interferem um no outro.

Quando a crista das ondas coincide, mais luz chega à tela lá atrás. Já quando a crista de uma onda encontra o vale de outra, elas se cancelam e não há luz. Isso gera um padrão de interferência: a luz que você vê projetada no anteparo fica listrada, luz sim, luz não, luz sim, luz não… Assim: | | | | | | | |.

Quando o experimento de Young foi revisitado pela física quântica, a tensão estava no ar. Afinal, se a luz é composta de fótons, e fótons são partículas individuais e contáveis, como é que pode eles, atuando em conjunto, se comportarem como uma onda?

Pois é. A natureza é insistente. Calhou que quando você pega um canhão de fótons e os dispara um por um na direção da dupla-fenda, como se fossem projéteis de uma arma, eles insistem em não atravessar as fendas em linha reta. Eles continuam formando o padrão de interferência lá atrás. Cada fóton, de alguma forma, sabe se comportar como uma onda, mesmo sendo uma partícula.

O único jeito de evitar que se forme um padrão de interferência é colocar um detector nas fendas, projetado para determinar se o fóton passou pela fenda da esquerda ou pela fenda da direita. Quando isso acontece, bizarramente, os fótons largam mão de ser ondas e passam a se comportar como bolinhas. Não há padrão de interferência, o anteparo fica assim: | |.

Essa propriedade – dentre tantas outras da física quântica – desafia o senso comum. E isso se tornou um combustível fértil para a imaginação de esotéricos. Se a presença de um instrumento observando o fóton muda seu comportamento, dizem eles, então a realidade não é objetiva nem está determinada: nós seríamos capazes de alterá-la só com a força da consciência.

Um dos pioneiros dessa mistura pseudocientífica de física quântica e misticismo foi o astrônomo britânico Arthur Eddington em seu livro Nature of the Physics World, publicado em 1928. Eddington é mais famoso por ter liderado a equipe que comprovou a Teoria da Relatividade de Einstein com fotos feitas durante um eclipse em Sobral, no Ceará, em 1919. Apesar do currículo, usou o quantum para discutir livre-arbítrio.

O físico Fritjof Capra reviveu o debate com o livro O Tao da Física (1975), um best-seller que juntava física quântica e misticismo oriental. Para ele, a consciência humana e o Universo formam um todo interconectado e irredutível. Seja lá o que isso signifique. O fato é que a magia quântica está confinada ao mundo infinitesimal. Qualquer tentativa de aplicar conceitos como a dualidade onda-partícula a coisas grandes, como você, é picaretagem.

Hoje, os luminares de tal picaretagem são Deepak Chopra, que promove a “cura quântica”, e Amit Goswami. Goswami, diga-se, é professor de física aposentado da Universidade de Oregon, nos EUA. Há 20 anos ele não publica artigos  em periódicos consagrados. Em sua concepção, “os objetos são possibilidades dentre as quais a consciência quântica, que é Deus, escolhe uma”.

“Títulos e prêmios não impedem ninguém de falar besteira”, diz Marcelo Yamashita, diretor do Instituto de Física Teórica (IFT) da Unesp. “Linus Pauling ganhou dois Nobel, um de química e outro da paz. Mas ele defendia que doses absurdas de vitamina C preveniam câncer, o que não tem respaldo científico. Eu não sei por que gurus quânticos como Goswami, Capra ou Chopra disseminam essas ideias, mas com certeza o misticismo dá mais dinheiro que a pesquisa séria.”

De fato, a moda movimenta um amplo mercado de livros de autoajuda, palestras motivacionais e até cursos de saúde quântica em universidades particulares (procuramos entrevistar alguns professores, que recusaram). Eles têm alguns pontos em comum: com base na dualidade onda-partícula, dizem que tudo é vibração, e atribuem frequências em hertz a emoções e estados de espírito.

Não ter controle sobre os fatos é incômodo, e a física quântica, se má-interpretada, provê a ilusão de que a realidade é construída pelo observador. Uma parcela do movimento, encabeçada por Gregg Baden, afirma até ser possível reprogramar o DNA – embora seja difícil imaginar a força do pensamento alterando a sequência de bases nitrogenadas das moléculas no interior do núcleo de cada uma das suas 37,2 trilhões de células.

Fato vs. convicção

O Brasil é o segundo país mais conectado do mundo: cada cidadão passa em média 9 horas e 29 minutos por dia no celular. Em 2018, o aumento de 9% no número de usuários da internet se refletiu em um aumento de 9% no número de usuários de redes sociais – o que significa que todo mundo que ganha acesso à rede corre para o Facebook e WhatsApp.

Isso é ótimo, mas também representa um problema. Paolo Gerbaudo, professor do King’s College de Londres, explica que a arquitetura das redes sociais propicia o desenvolvimento de mensagens sensacionalistas. Enquanto qualquer um puder falar o que quiser e alcançar um público razoável, o movimento antivacina, os terraplanistas, os esotéricos quânticos e todas as outras tendências pseudocientíficas continuarão disseminando desinformação de maneira bem-sucedida, impedindo que qualquer debate se baseie em evidências sólidas.

É claro que duvidar da real forma da Terra beira o cômico, mas há outras formas de ceticismo que põem em risco coisas bem mais valiosas. O que nos leva de volta ao começo do texto, com a negação do aquecimento global por Ernesto Araújo.

97% dos cientistas concordam que o planeta está mais quente graças à ação humana. De 13,9 mil artigos sobre ciências climáticas publicados entre 1991 e 2012 – e que passaram pelo importante processo de revisão por pares –, só 24 rejeitam o aquecimento global. O público, porém, não sabe disso: de acordo com o Pew Research Center, 45% dos americanos acreditam que o consenso abrange só algo entre 30% e 50% dos cientistas.

De 13,9 mil artigos publicados entre 1991 e 2012, só 24 negam o aquecimento global.

O que fazer para mudar esse quadro? O propósito aqui não é ditar regras. Mas, sejam quais forem as soluções, elas passam pela capacidade de diferenciar evidência de convicção pessoal. “O próprio aquecimento global é um fenômeno físico”, diz o filósofo Michael P. Lynch.

“Mas as pessoas dos dois lados do debate o tornaram uma questão de identidade. As mídias sociais são uma máquina de transformar questões de fato em questões de convicção. Precisamos achar um jeito de redescobrir a mente aberta. E ter humildade intelectual para as evidências que os outros trazem à discussão.” Em suma, basta exercer o comportamento civilizado. Foi ele, afinal, que nos trouxe até aqui.


Superinteressante

Como funciona o reator nuclear da USP

Publicado em 18 de jul de 2017

Você sabia que existe um reator nuclear no meio da cidade de São Paulo? Estivemos no reator nuclear da USP, e mostramos tudo pra vocês.

Como funcionam as viagens do avião presidencial?

Entenda por que esses voos requerem mais de uma aeronave.

Por Maria Clara Rossini

(SOPA Images/Getty Images)

Um segundo-sargento da Força Aérea (FAB) embarcou em um dos aviões que dão apoio à comitiva do presidente Jair Bolsonaro com destino a Sevilha, na Espanha, carregando 39 kg de cocaína. Ele foi preso ontem (26) pelas autoridades espanholas.

O caso gerou muitas dúvidas: por que há mais de um avião na comitiva? O segundo-sargento está diretamente subordinado à comitiva do presidente ou ele é só um militar comum – que também atende viagens empreendidas por ocupantes de outros cargos importantes? Vamos explicar tudo aí embaixo.

Um complexo plano de ação é montado para transportar um chefe de Estado brasileiro. A organização é composta por dezenas de pessoas e dura bem mais tempo do que a própria estadia do eleito no país estrangeiro.

A primeira parte começa assim que o presidente é convidado para um outro país. A equipe oficial se distribui e delega as atividades de cada um. O Escalão Avançado, também conhecido como ESCAV, é montado. Ele se encarrega de organizar todos os detalhes da viagem in loco, ou seja: precisa estar no local de destino do presidente antes que ele chegue.

Esse primeiro avião sai do Brasil com algo entre sete e cinco dias de antecedência. O ESCAV é composto por assessores, seguranças, diplomatas, oficiais de telecomunicações, as pessoas responsáveis pelo cerimonial e outros funcionários de menor patente. Algumas outras pessoas também podem pegar “carona” nesse avião, mas não é qualquer um: normalmente são políticos ou jornalistas que irão fazer a cobertura da viagem para a imprensa.

Ao chegar lá, o Escalão Avançado tem uma série de tarefas a fazer. O ideal é que eles tenham pelo menos três dias úteis para resolver tudo. Eles participam de reuniões, verificam a segurança dos locais que o presidente irá frequentar, montam planos de evacuação, verificam saídas de emergência, fazem recomendações e até planejam a disposição dos quartos da equipe oficial no hotel. O médico da equipe, por exemplo, deve ficar no quarto ao lado ou próximo do presidente, caso alguma emergência aconteça durante a noite.

A equipe de telecomunicações também precisa montar uma base no hotel. Eles garantem a segurança dos telefones que serão usados pela equipe. Além disso, o ESCAV também organiza o descolamento do presidente durante a viagem, garantindo que ele não passe por áreas inseguras, por exemplo. Tudo é feito para que a estadia do presidente se assemelhe ao máximo com as condições em que ele se encontra em Brasília.

Vale reforçar que nenhuma dessas pessoas voa no mesmo avião que o chefe de Estado. O famoso “Aerolula” — uma versão executiva do Airbus A319 — é reservado ao presidente e sua comitiva mais próxima.

Veja também

O nome oficial da aeronave presidencial é Airbus VC-1A, mas ela não recebeu o apelido à toa. Ela foi adquirida pelo ex-presidente Lula em 2005, em substituição aos Boeings 707 — também conhecidos como “sucatões” — usados pela presidência anteriormente. O Airbus VC-1A também foi usado por Dilma, Temer e, atualmente, Bolsonaro.

O Airbus se assemelha superficialmente a um avião comercial (a Latam, inclusive, usa esse modelo), mas o executivo vem com alguns detalhezinhos extras. Ele tem um quarto com cama, armário, TV e banheiro com chuveiro para o presidente. Além disso, ele também tem uma sala de reunião e poltronas para o resto da equipe que estiver no mesmo voo.

O presidente viaja com seguranças, assessores, pessoas do cerimonial e um médico — uma equipe parecida com o grupo de pessoas que vai antes. A diferença é que essa equipe é formada pela alta patente, os chefes de cada setor. Eles são mais próximos do presidente e costumam estar com ele em todos os momentos.

A tripulação dos aviões é formada pelo Grupo de Transporte Especial (GTE), da Força Aérea Brasileira. Esse é um grupo composto por militares especializados no transporte dos detentores de cargos altos, como ministros, o vice-presidente e — é claro — o próprio presidente. É a esse grupo que pertencia o segundo-sargento.

O embarque desses aviões também não acontece nos terminais normais de passageiros. Ele se passa em um terminal militar, onde são feitos os procedimentos de segurança. Os passageiros desses aviões passam por revistas e raio X, assim como em voos comerciais. Acontece que normalmente tudo se passa entre pessoas conhecidas, então não é incomum que os procedimentos sejam menos rigorosos.

A segurança no local de chegada já é outra história. Toda a rota do avião deve ser autorizada por cada país que irá passar. A segurança no desembarque também depende da rigidez do país.

Até um terceiro avião de apoio é necessário para garantir que tudo dê certo. Ele pode ficar nas redondezas do local em que está o presidente. O avião serve como uma reserva caso algo dê errado com o avião presidencial ou o outro avião de apoio. Ele também é preparado para transportar o presidente e sua equipe se for necessário.

[Nota: as informações foram passadas à SUPER por uma fonte que já participou de várias comitivas presidenciais, em diversos governos.]


Superinteressante

A verdade sobre o nióbio

Nossas reservas do minério valem mais que o pré-sal. Mas isso não significa grande coisa. Entenda.

Por Tiago Cordeiro e Bruno Garattoni

(Tomás Arthuzzi/Thales Molina/Superinteressante)

Parece mágica. Você joga um punhadinho de nióbio, apenas 100 gramas, no meio de uma tonelada de aço – e a liga se torna muito mais forte e maleável. Carros, pontes, turbinas de avião, aparelhos de ressonância magnética, mísseis, marcapassos, usinas nucleares, sensores de sondas espaciais… praticamente tudo o que é eletrônico, ou leva aço, fica melhor com um pouco de nióbio. Os foguetes da empresa americana SpaceX, os mais avançados do mundo, levam nióbio. O LHC, maior acelerador de partículas do planeta, e o D-Wave, primeiro computador quântico, também. Todo mundo quer nióbio – e quase todas as reservas mundiais desse metal, 98,2%, estão no Brasil. Nós temos o equivalente a 842 milhões de toneladas de nióbio, que valem inacreditáveis US$ 22 trilhões: o dobro do PIB da China, ou duas vezes todo o petróleo do pré-sal. Por isso, há quem diga que o nióbio pode ser a salvação do Brasil, a chave para o País se desenvolver e virar uma potência global. Mas de que forma o nióbio é explorado hoje em dia, e quem ganha com ele?

É verdade, como se ouve por aí, que estamos exportando nossas reservas a preço de banana? E, se esse metal vale tanto, por que há tão pouca informação sobre ele? Há muitas lendas a respeito do nióbio. A mais importante: ele é, de fato, um elemento estratégico e raro. Mas não se trata de uma fonte inesgotável de riqueza.

A filha de Tântalo

O nióbio foi descoberto em 1801 pelo cientista britânico Charles Hatchett, que o batizou de columbium, em referência ao local de onde a amostra tinha vindo – Connecticut, nos Estados Unidos, numa época em que os poetas ingleses se referiam ao país como Columbia. Anos depois, o nióbio foi confundido com o tantálio pelo químico inglês William Hyde: ele afirmou que os dois elementos eram idênticos. Foi só em 1846 que outro químico, o alemão Heinrich Rose, comprovou que eram coisas diferentes. Quando a confusão foi desfeita, os americanos continuaram chamando o elemento de columbium, mas os europeus adotaram o nome nióbio: referência a Níobe, figura da mitologia grega, filha de Tântalo (uma piadinha com o antigo debate nióbio versus tantálio).

No final do século 19, o nióbio começou a ser usado nos filamentos de lâmpadas, até descobrirem que o tungstênio é mais resistente. A partir dos anos 1930, começaram a surgir pesquisas indicando que misturar nióbio com ferro era uma boa ideia. Mas, para usá-lo em escala industrial, era preciso encontrar uma boa quantidade desse metal. Na década de 1960, foi descoberta a primeira grande reserva do planeta: em Araxá, a 360 km de Belo Horizonte. Em 1965, o almirante americano Arthur W. Radford, integrante do conselho da mineradora Molycorp, convidou o banqueiro brasileiro Walther Moreira Salles para montar uma empresa de extração e refino do nióbio. A Molycorp tinha acabado de comprar algumas minas em Araxá. O brasileiro topou, e nasceu a Companhia Brasileira de Metalurgia e Mineração (CBMM).

(Tomás Arthuzzi/Thales Molina/Superinteressante)

Como em 1965 o metal ainda não tinha utilidade comprovada, o governo militar deixou passar batido – e permitiu que a CBMM, junto com os americanos, explorasse o nióbio à vontade. Aos poucos, Salles foi comprando a parte dos americanos, o que os militares viram com bons olhos. Na década seguinte, a CBMM virou controladora mundial de um mercado que nem sequer existia. Não existia, mas passou a existir: nos anos 1970, a empresa descobriu dezenas de utilidades para o nióbio – que hoje é um dos principais negócios da família Moreira Salles (também dona do banco Itaú).

A CBMM não vende o minério bruto, e sim uma liga chamada ferronióbio, que contém 2/3 de nióbio e 1/3 de ferro.  Além desse produto, seu carro-chefe, ela também comercializa dez outras formulações à base de nióbio. A empresa tem 1.800 funcionários e lucra R$ 1,7 bilhão por ano. Em 2011, vendeu 30% de suas ações para um grupo de empresas asiáticas, mas com restrições: os brasileiros mantiveram o controle da empresa, e não cederam nenhuma informação técnica sobre o processamento do nióbio – um segredo industrial que tem 15 etapas e foi inventado pela empresa dos Moreira Salles. “Ele envolve mineração, homogeneização, concentração, remoção de enxofre, remoção de fósforo e chumbo, metalurgia, britagem e embalagem”, explica Eduardo Ribeiro, presidente da CBMM. “Para produzir o nióbio metálico, por exemplo, é necessário realizar uma última etapa em um forno de fusão por feixe de elétrons, que atinge temperaturas superiores a 2.500 oC”, diz.

Além da CBMM, há outra empresa explorando nióbio no País: a Anglo American Brazil, que opera em Catalão, Goiás. Também há nióbio na Amazônia, mas ele ainda não começou a ser minerado. Só o que temos em Minas Gerais e Goiás já é suficiente para abastecer toda a demanda mundial pelos próximos 200 anos. Os maiores compradores são China, EUA e Japão, que pagam em média US$ 26 mil pela tonelada de nióbio (esse valor é uma estimativa, pois o metal não é vendido em bolsas de commodities; o preço é negociado caso a caso, direto com cada comprador). Há quem diga que esse valor é muito baixo – o ouro, por exemplo, é comercializado a US$ 40 mil o quilo. Se o nióbio é tão útil, e o Brasil controla quase todas as reservas, não poderia cobrar mais caro? O governo brasileiro não deveria exigir royalties sobre a venda? E por que apenas  10% das tubulações de aço do planeta usam nosso produto? Há respostas para tudo isso.

Nada é perfeito

A primeira delas: o nióbio é substituível. Vanádio e titânio cumprem basicamente a mesma função. O vanádio é encontrado na África do Sul, na Rússia e na China. O titânio está presente na África do Sul, na Índia, no Canadá, na Nova Zelândia, na Austrália, na Ucrânia, no Japão e na China. Esses países preferem explorar suas próprias reservas a depender de um mineral que é praticamente exclusivo de uma nação só – o Brasil. Em alguns casos, também é possível trocar o nióbio por tungstênio, tântalo ou molibdênio. “Não há mercado para mais nióbio”, afirma o economista Rui Fernandes Pereira Júnior, especialista em recursos minerais.

Outra questão é que é preciso pouco nióbio para que ele faça sua mágica. “As reservas brasileiras são suficientes para abastecer o mundo por séculos. Mas aquelas existentes em outras regiões do planeta, como o Canadá [que, como a Austrália, também possui nióbio], também são”, diz Roberto Galery, professor do departamento de Engenharia de Minas da UFMG. Quer dizer: não adianta aumentar muito o preço do nióbio, pois os compradores tenderão a optar por outros metais, nem tentar acelerar demais a exportação (pois aí haverá excesso de oferta de nióbio, fazendo o valor desse metal despencar).

Há outra questão: o Brasil só exporta o nióbio em si. Não fabrica produtos derivados dele. “Ninguém está disposto a pagar uma fortuna pelo nióbio, porque nós não conseguimos dar valor agregado a ele”, diz o professor Leandro Tessler, do Instituto de Física da Unicamp. “Nós repetimos nosso velho ciclo: vendemos matéria-prima e compramos produtos prontos. Vendemos nióbio e compramos fios de tomógrafos, por exemplo.” É um caso parecido com o do silício. Nós temos as maiores reservas de areia do planeta (e é da areia que o silício é extraído), mas só exportamos silício com 99,5% de pureza, menos que os 99,99999% exigidos pela indústria eletrônica.

E os royalties? O Brasil cobra pouco, mas cobra. O Estado fica com 2% do valor das exportações de nióbio – bem menos do que a Austrália, que exige 10%. Nós poderíamos impor royalties mais altos (com o petróleo, por exemplo, eles ficam entre 5% e 10%). Mas não há sinais de que isso vá ser feito. O Marco Regulatório da Mineração, que está tramitando no Congresso desde junho, não traz nenhuma regra específica para o nióbio.

(Tomás Arthuzzi/Thales Molina/Superinteressante)

Depois de crescer 10% ao ano na década passada, o mercado mundial de nióbio está estável. A demanda é de 100 mil toneladas anuais, 90% fornecidas pelo Brasil. De todos os 55 minérios que o Brasil exporta, o nióbio é o único em que somos líderes globais. Ele é o nosso terceiro metal mais exportado em valor financeiro (atrás do minério de ferro e do ouro, e empatado com o cobre na terceira posição).

“O surgimento de novas tecnologias pode levar ao aumento do mercado de nióbio”, diz Marcelo Ribeiro Tunes, diretor do Instituto Brasileiro de Mineração (IBRAM). Afinal, o consumo mundial cresceu cem vezes desde a década de 1960, e é provável que a tecnologia continue a dar saltos (e encontrar novos usos para o nióbio) no futuro. Mas, se quisermos explorar todo o valor dessa riqueza natural, precisamos aprender o que fazer com ela – e começar a fabricar produtos mais sofisticados. “O Brasil deveria  desenvolver a tecnologia desse material na medicina, nos transportes, na engenharia”, afirma Rui Fernandes Pereira Júnior. Do contrário, vamos continuar à mercê dos compradores estrangeiros. Como sempre estivemos desde que, no comecinho do século 16, navegadores portugueses descobriram a primeira de nossas commodities: uma madeira chamada pau-brasil.


Superinteressante

Como Editar ou Converter Arquivos PDF? Conheça o PDFelement PRO

Publicado em 2 de jul de 2019

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Tereza Cristina: 'Europa tem desinformação total ou torta' sobre Brasil em questões ambientais

Publicado em 1 de jul de 2019

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Giro Veja: Mesmo preso, assessor de ministro continua no cargo

Stream ao vivo realizado há 21 horas

Mateus Von Rondon Martins, um dos assessores mais próximos do ministro do Turismo Álvaro Antônio, continua no cargo, mesmo preso desde a semana passada. Segundo o Radar, no Diário Oficial da União desta segunda-feira não consta a exoneração do funcionário. No site da pasta, o nome do assessor aparece seguido pelo aviso: "sem compromissos oficiais".
Von Rondon foi preso em um operação da Polícia Federal, por envolvimento no suposto esquema de candidaturas "laranjas" do PSL nas eleições do ano passado.
Giro Veja também destaca a conclusão do inquérito, prevista para esta segunda-feira, sobre a acusação de estupro feita pela modelo Najila Trindade contra o atacante Neymar. Existem duas possibilidades: o arquivamento do caso ou o indiciamento do jogador. Neymar está de férias do Paris Saint Germain (PSG) e não joga pela seleção brasileira na Copa América por causa de uma contusão no tornozelo.

Como aumentar o seu ranking nos motores de busca - SEO Básico

Por: Duane Jacobson

Não sei quantas vezes me perguntaram. "Como obtenho tráfego para o meu site?"
Para melhor discutir este tópico, eu deveria dividir isso em categorias.
1. Tags de
título O título deve conter palavras-chave e frases-chave que são importantes para o seu site. Nosso número máximo recomendado de caracteres para esta tag é 60.
Além disso, ao contar seus personagens, lembre-se de que os espaços também são considerados.
Os títulos devem apelar para o leitor, caso contrário, até uma posição superior perderá muitos cliques.
Por exemplo, é improvável que o "calçado, calçado, sapatos melhores, calçado de revisão" induza um clique. O que pode induzir um clique seria como:
Sapatos - Descubra os estilos mais recentes de sapatos de marcas famosas.
2. Descrição
O número máximo de caracteres que eu recomendo para essa tag é de 150. Mais do que isso, ela só será cortada e poderá ser contra o seu site listado nos motores de busca. Tente repetir suas palavras-chave que você usou em seu título em uma frase adequada e em terceiros. Evite eu, eu, eu mesmo etc
3. Palavras-
chave palavras- chave Meu número máximo recomendado de caracteres para esta tag é 250. Mais do que isso pode ser considerado spam. Mantenha suas palavras-chave focadas no assunto do seu site.
Não pense que, se eu usar uma variedade de palavras-chave diferentes, seu site será um vendedor. O marketing segmentado está associado às suas palavras-chave.

4. Aninhamento por palavra- chave
Descrição: Um termo usado na pesquisa para indicar a sequência na qual as operações devem ser executadas A
inclusão de palavras entre parênteses identifica um grupo ou "
aninhamento ". Grupos podem estar dentro de outros grupos. As operações serão executadas do ninho mais interno ao mais externo e, depois, da esquerda para a direita.
O aninhamento de palavras-chave está aninhando suas 5 principais palavras-chave mais importantes na página html que o público verá. Eu recomendaria usar as palavras-chave que você usou em seu título, descrição.
5. Head Tags para não ser confundido com tags (head) def.
CABEÇA ou CABEÇALHO (do documento HTML)
A parte superior do código-fonte HTML atrás das páginas da Web, começando com e terminando com. Ele contém os campos Título, Descrição, Palavras-chave e outros que os autores de páginas da Web podem usar para descrever a página. O título aparece na barra de título da maioria dos navegadores, mas os outros campos não podem ser vistos como parte do corpo da página. Para visualizar a parte das páginas da web em seu navegador, clique em VIEW, Page Source. No Internet Explorer, clique em VIEW, Source. Alguns mecanismos de pesquisa serão recuperados com base no texto desses campos.
Tags de cabeça devem ser uma repetição de sua tag de título. A maioria dos webmasters coloca sua tag de cabeça logo após a tag body. Uma tag de cabeçalho será semelhante a esta (h1) (/ h1) com o (e) sendo substituído por <>
6. Links de âncora
O Anchor Links é uma das tags html mais importantes que o seu site precisa para obter o ranking da página do mecanismo de pesquisa,
especialmente no google e no msn.

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