Ao ser questionado sobre pacote anticrime, presidente do Senado respondeu que prioridade é a Previdência
Por
Flavia Bemfica
Alcolumbre participou como painelista convidado do almoço realizado em conjunto pelo Lide-RS e pela Federação Israelita do RS | Foto: Guilherme Almeida
O presidente do Senado, Davi Alcolumbre (DEM/AP), fez nesta sexta-feira em Porto Alegre uma defesa enfática do chamado ‘centrão’, o bloco de partidos que inclui, no Congresso, entre suas siglas, o próprio DEM, o PP, o PL (ex-PR), o PSD, o PRB, o SD e o PTB. Ele disse que os políticos e partidos que integram o bloco foram eleitos legitimamente, considerou os ataques que vem sendo feitos por movimentos que apoiam o presidente Jair Bolsonaro como uma injustiça, e relacionou a legitimidade do centrão à defesa das instituições no país.
“Quando eu falo em fortalecimento das instituições, me refiro às agressões que vem sendo feitas ao centrão. Considero uma injustiça que movimentos criminalizem o centrão, pois ele é o que veio das urnas, eleito pelo povo brasileiro. É muito pejorativo quando a gente começa a rotular as pessoas como se estivessem ameaçando ou chantageando o governo para votar a reforma. Vamos ser francos: a reforma precisa de 308 votos. Para além dos 150 deputados que votam a favor por considerá-la importante para o país, onde estão os quase 200 que faltam para aprová-la? No centrão que estão criminalizando. Não é possível que continuemos criminalizando a política. Agredir o centrão é agredir as reformas.”
A fala foi feita durante participação de Alcolumbre, como painelista convidado, do almoço realizado em conjunto pelo Lide-RS e a Federação Israelita do RS no Country Club, para falar sobre “O Parlamento e os desafios da política nacional”. O senador, que pouco antes, na coletiva de imprensa, havia evitado polemizar sobre os ataques generalizados ao Legislativo e ao Judiciário comuns entre aliados e apoiadores de Bolsonaro, e que recentemente passaram a ter como alvo o centrão, o presidente da Câmara dos Deputados, Rodrigo Maia (DEM/RJ), e o Supremo Tribunal Federal (STF), fez a defesa no momento em que respondia a questões dos organizadores e convidados do evento. A pergunta apontava o centrão como representante da “política de acomodação de interesses.”
Na sequência, ao responder a outro questionamento, encaminhado pelo procurador-geral de Justiça do Estado, Fabiano Dallazen, Alcolumbre também não deixou margem para dúvida. A pergunta de Dallazen foi sobre a perspectiva de votação do projeto do pacote anticrime, do ministro da Justiça, Sérgio Moro. “O projeto de lei anticrime foi apresentado na Câmara. O presidente da Câmara apensou todos os projetos que tramitavam lá e formou uma comissão que está tratando da proposta. Mas quero aqui falar publicamente que o presidente da República, quando entregou a PEC da Previdência, disse para mim que a prioridade do seu governo é a reforma da Previdência. Eu estou, no Senado, com o que o presidente me disse. O foco é a reforma da Previdência, temos que manter o foco.”
No início de sua exposição, Alcolumbre havia citado nominalmente, como os projetos que considera fundamentais, os da reforma da Previdência, da reforma tributária e da alteração do pacto federativo, mas não o anticrime.
O presidente do Senado também reconheceu que o modelo adotado por Bolsonaro na relação com o Legislativo, em substituição ao chamado presidencialismo de coalizão, “tem se mostrado ineficiente do ponto de vista político-institucional.” Na sequência, completou que ainda não há uma base sólida e que “nenhum partido se sente representado como parte deste governo.” Mas ressalvou que a iniciativa de Bolsonaro, de firmar um ‘pacto’ entre poderes, é o início do que ele, Alcolumbre, considera “uma luz no fim do túnel”.
Na saída do almoço, o presidente do Senado afirmou que, em relação à reforma da Previdência, os senadores têm se posicionado no sentido de fazer alterações em dois pontos: o que trata do Benefício de Prestação Continuada (BPC) e o das aposentadorias rurais. “Logicamente que a reforma é muito complexa, as comissões estão trabalhando, e o Senado poderá se manifestar sobre adequações.” Questionado sobre se existe já um entendimento majoritário a respeito da capitalização, respondeu: “Não falamos de capitalização.”
Correio do Povo
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