Servidores irão pedir que Câmara faça mediação com a Prefeitura
Municipários irão continuar com a greve | Foto: Alina Souza
*por Heron Vidal e Felipe Samuel
Os municipários de Porto Alegre, que são 17 mil servidores ativos, continuam em greve nesta quarta-feira, embora os trabalhadores do Instituto Municipal de Estratégia de Saúde da Família (Imesf) tenham encerrado o movimento ainda nesta terça, no primeiro dia da paralisação, por terem negociado um acordo com a Prefeitura.
Conforme o diretor-geral do Sindicato dos Municipários (Simpa), Alberto Terres, a notícia do parcelamento dos salários da categoria deverá aumentar a adesão à greve. Outro motivo de reforço ao movimento é a votação de projetos da prefeitura, na Câmara de Vereadores na tarde de quarta.
Os projetos, conforme Terres, são lesivos às conquistas da categoria. Dois deles são rechaçados pelos municipários: o que cria a previdência complementar e o que altera a incorporação de gratificações na aposentadoria. A previdência complementar, afirma o diretor, atenderá apenas 40% da categoria, aqueles com salário acima de R$ 5,6 mil – teto do regime geral. Seu custo de implantação, acrescenta, será de R$ 10 milhões.
Na avaliação do diretor, o Previmpa, sistema atual de previdência, criado em 2002, é capitalizado e superavitário. Segundo Terres, os salários integrais sem custos e sem a necessidade de pagamento complementar. Por esses motivos, os servidores se concentrarão às 9h de quarta-feira, junto ao Centro de Saúde Modelo e, depois, farão caminhada até à Câmara.
Reunião na Câmara
Os municipários se reunirão às 11h com o colegiado de líderes da Casa, que priorizará os projetos a serem votados em regime de urgência. À tarde, a categoria tentará garantir presença na sessão plenária para assistir à votação dos projetos. Antes, a direção do Simpa também entregará à mesa diretora um pedido.
“Queremos que a mesa intermedeie com a Prefeitura a criação de um canal de negociações entre o Executivo e o Simpa”, adiantou Terres. O motivo da greve é a ausência de reposição salarial há dois anos, os projetos contra os interesses dos municipários e, agora, o parcelamento.
Postos de saíde retomam atendimento
Já os trabalhadores do Instituto Médico de Estratégia e Saúde da Família (Imesf) encerram a greve de um dia da categoria. A decisão foi tomada após acordo com a prefeitura, mediado pelo Tribunal Regional do Trabalho (TRT), que garantiu a manutenção dos 10% do incentivo sobre o salário-base dos profissionais e a irredutibilidade dos vencimentos. Na prática, os servidores vão incorporar o percentual ao salário. Com isso, os funcionários de 140 postos de saúde de Porto Alegre voltam ao trabalho nesta quarta-feira.
A Prefeitura também se comprometeu a negociar, até outubro, um reajuste salarial aos servidores do Imesf, que reúne 1,7 mil profissionais formados por enfermeiros, técnicos de enfermagem, médicos, dentistas, agentes comunitários de saúde e agentes de endemia. Presidente do Sindicato dos Enfermeiros do Rio Grande do Sul (Sergs), Estêvão Finger explicou que a mobilização da categoria foi decisiva. “Voltamos a trabalhar normalmente a partir desta quarta-feira para atender a população”, observou.
A prefeitura divulgou nota oficial pedindo o fim da greve:
A Prefeitura de Porto Alegre esclarece que, durante um ano e meio de gestão, sempre manteve o diálogo aberto com o Sindicato dos Municipários (Simpa). Foram inúmeras reuniões, sem que nenhuma sugestão de alternativa tenha sido apresentada para evitar o parcelamento de salários já anunciado por governos anteriores e de conhecimento público.
Ao contrário do diálogo construtivo, o Simpa escolheu agir de forma agressiva, com interesses partidários e eleitorais acima dos interesses dos municipários. Essas ações desqualificam o debate e são repudiadas pelo governo e pela sociedade, não contribuindo para a solução dos reais problemas da cidade, que é o nosso maior compromisso.
O atraso do salário dos servidores é o último reflexo de decisões equivocadas, cuja maquiagem para que fossem pagos em dia levou os cidadãos mais carentes a defasagem de décadas em investimentos em drenagem (R$ 3,5 bilhões), vagas em creches, saneamento (44% de esgoto não tratado), pavimentação de vias, entre outros serviços básicos não entregues à população da capital gaúcha. Os números da prefeitura são públicos e estão dentro da política de transparência da atual gestão, sendo atestados por análises reiteradas do Tribunal de Contas do Estado.
Apresentamos à Câmara de Vereadores as únicas soluções para esse problema estrutural do município. O Simpa, por outro lado, mostrou ao Legislativo e a sociedade a face mais egoísta e radical de um sindicalismo ultrapassado. Por isso, o governo municipal só voltará a receber representantes do Simpa quando a greve for encerrada e o respeito, restaurado.
Neste momento, Porto Alegre precisa de união. Os problemas são de todos e devem ser resolvidos em harmonia. Quem mais sofre com a falta de recursos é a população mais pobre, que com a greve fica carente de serviços essenciais, como o atendimento à saúde. Vivemos um período crítico, de frio intenso, e vidas podem ser colocadas em risco com esta paralisação irresponsável.
Enfim, desejamos, em nome da população de Porto Alegre, o encerramento imediato da paralisação e a volta de um debate racional sobre o desequilíbrio financeiro, que é um problema estrutural da cidade.
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Valor de imóvel financiado com FGTS passa para R$ 1,5 milhão | Foto: Samuel Maciel / CP Memória
Os mutuários voltarão a poder financiar imóveis de valor mais alto com recursos do Fundo de Garantia do Tempo de Serviço (FGTS). O Conselho Monetário Nacional (CMN) elevou para R$ 1,5 milhão o teto de valor das unidades que podem ser adquiridas por meio do Sistema Financeiro de Habitação (SFH), que empresta dinheiro com recursos do FGTS com juros menores que as taxas de mercado.
O novo teto vai beneficiar todas as regiões do país e valerá para o financiamento de imóveis residenciais novos contratados a partir de 1º de janeiro próximo. Concedidos com recursos do FGTS e da poupança, os financiamentos do SFH cobram juros de até 12% ao ano. Acima desses valores, valem as normas do Sistema Financeiro Imobiliário (SFI), com taxas mais altas e definidas livremente pelo mercado.
Flexibilização
Além de elevar o teto dos financiamentos com recursos do Fundo de Garantia, o CMN flexibilizou a parcela que os bancos são obrigados a aplicar em crédito imobiliário. Até agora, os bancos precisavam destinar 65% dos recursos da poupança para o financiamento de imóveis, dos quais 80% (o equivalente a 52% dos depósitos na caderneta) deveriam ser empregados no SFH.
Com a decisão de hoje, o sublimite de 80% deixará de vigorar em janeiro. Dessa forma, os bancos poderão usar os recursos da poupança para financiarem imóveis de qualquer valor, a critério de cada instituição. No entanto, os bancos que concederem crédito para imóveis de até R$ 500 mil terão o valor multiplicado por 1,2 para facilitar o cumprimento da exigência de usarem 65% da poupança no financiamento imobiliário.
Estímulo à construção
Segundo o Banco Central (BC), as medidas foram tomadas para estimular a construção civil. Recentemente, entidades do setor reclamaram que a indústria da construção continua a recuar e a enfrentar dificuldades para sair da crise por causa do alto custo dos financiamentos.
“Esse conjunto de aperfeiçoamentos, ao flexibilizar e simplificar as regras do direcionamento, pretende estimular a entrada de novos operadores e a melhor segmentação de mercado. Espera-se, ainda, uma maior compatibilidade entre a oferta e a demanda de financiamentos, respeitando-se a estrutura e as características de nosso mercado imobiliário.
A maior liberdade para contratação pode estimular também o desenvolvimento do mercado de securitização (conversão de papéis) e de títulos com lastro em operações imobiliárias, atraindo novos recursos para o setor”, explicou o BC em nota.
Teto permanente
Em novembro de 2016, o CMN tinha reajustado o teto de financiamento de imóveis pelo SFH de R$ 650 mil para R$ 800 mil, na maior parte do país, e de R$ 750 mil para R$ 950 mil no Distrito Federal, em Minas Gerais, no Rio de Janeiro e em São Paulo. Em fevereiro do ano passado, o limite foi reajustado para R$ 1,5 milhão por unidade em todas as regiões do país, valor que vigorou até o fim do ano passado.
Em janeiro deste ano, tinham passado a valer o teto anterior, de R$ 950 mil, para quatro unidades da Federação, e de R$ 750 mil no restante do país. Segundo o BC, o valor máximo de R$ 1,5 milhão por imóvel será permanente.
Temperaturas podem ficar negativas ou próximas das 0°C
Porto Alegre terá mínima de 5°C nesta quarta-feira | Foto: Mauro Schaefer / CP Memória
Agosto começa, literalmente, gelado no Rio Grande do Sul nesta quarta-feira. Segundo a MetSul Meteorologia, o amanhecer no Estado deve ser o mais frio da semana com mínimas abaixo de 5°C na maioria das cidades e marcas próximas de 0°C ou negativas em outras.
Com isso, formação de geada deve ocorrer em vários municípios, assim como é esperado nevoeiro, neblina ou cobertura de nuvens baixas em alguns pontos do território gaúcho. O frio será mais intenso nas metades Norte, Sul e fronteira com Uruguai.
Além do frio, o tempo seco e com sol acompanhado de nuvens predominam nesta quarta. Pela tarde, a temperatura será amena, mas as marcas caem muito no entardecer e deixa a noite bastante fria.
O sol deixa o tempo bom em Porto Alegre nesta quarta-feira. Na Capital, as marcas devem ficar entre 5°C e 16°C.
Vice-prefeito de São Paulo na gestão de Marta Suplicy (MDB), o jurista Hélio Bicudo morreu na manhã desta terça-feira, em São Paulo, aos 96 anos, após meses de complicação cardíaca. Bicudo era uma figura histórica do PT que distanciou-se do partido após o mensalão e foi autor do pedido de impeachment da ex-presidente Dilma Rousseff.
Nascido em 1922, em Mogi das Cruzes, Hélio Bicudo foi professor de Direito da USP. Durante a ditadura militar (1964-1989), foi um importante militante dos direitos humanos e se notabilizou pelo combate ao Esquadrão da Morte, que agia em São Paulo. Trabalhou na Procuradoria Geral em São Paulo e foi vice-prefeito paulistano na gestão de Marta Suplicy. Também participou da gestão de Luiza Erundina, de quem foi secretário dos Negócios Jurídicos.
Bicudo rompeu com o PT em 2005, no auge do escândalo do mensalão. Criou e presidiu de 2003 a 2013 Fundação Interamericana de Defesa dos Direitos Humanos (FidDH), entidade que atuou junto à Comissão Interamericana de Direitos Humanos denunciando e acompanhado casos de desrespeito aos direitos humanos no Brasil. Em 2015, protocolou na Câmara dos Deputados, um pedido de abertura de processo de impeachment contra a presidente Dilma Rousseff. O jurista, Miguel Reale Júnior e os movimentos sociais a favor do impeachment apoiaram o pedido, que foi aceito pelo então presidente da Casa, Eduardo Cunha. Em agosto de 2016 a presidente foi afastada do cargo.
Bolsonaro engoliu os comunistas disfarçados de jornalistas. Esse foi meu resumo sucinto assim que terminou a “entrevista” de Jair Bolsonaro no Roda Viva esta segunda. Tem sido tema recorrente aqui não só o escancarado viés ideológico de nossa imprensa, como o abismo quase intransponível que se criou entre a elite “progressista” e o povo comum. O que vimos ontem foi exatamente a ilustração desse fenômeno.
Paulo Figueiredo resumiu muito bem: “Vocês viram o Bolsonaro no Roda Viva. Eu vi um brasileiro comum falando verdades a uma classe jornalística estúpida, ideológica, vagabunda, despreparada e soberba. Poucas vezes vi algo tão ilustrativo do momento em que vivemos”. São palavras duras, sem dúvida. Mas não são falsas.
Foi um show de horrores, uma vergonha alheia, parecia uma turma do DCE tentando fazer bullying com o colega de direita. Ataques do começo ao fim sem propósito, de uma turma aprisionada na década de 1960, que pelo visto não soube ainda da queda do Muro de Berlim ou do fim do império soviético.
Em vez de aproveitar a oportunidade para realmente tirar dúvidas importantes ou debater propostas com aquele que lidera as pesquisas, os jornalistas presentes preferiram, na maior parte do tempo, resgatar o clima do regime militar para colar no candidato a pecha de milico autoritário e antidemocrata. E para tanto até Wikipedia foi usada como fonte!
Ana Paula Henkel alfinetou sobre isso: “Agora o jornalista puxa WIKIPEDIA como fonte de pergunta!! Pai do Céu! Nem os professores da escola do meu filho aceitam Wikipedia como fonte pro trabalho de ESCOLA! Que nivel de jornalismo pra gente conhecer as propostas dos candidatos…”
E não foi “apenas” o uso da Wikipedia como fonte: vimos casos explícitos de Fake News também, como quando acusaram novamente Bolsonaro de ter defendido “metralhar” os bandidos da Rocinha, o que já foi negado pelo jornalista Augusto Nunes, que estava presente na ocasião em que o candidato supostamente teria dito isso. A mesma imprensa que acusa todos à direita de produzir Fake News nas redes sociais parece a maior fábrica de notícias falsas.
Não era necessário Bolsonaro se sair bem: a mídia se saiu muito mal, e o público percebeu isso. Tenho repetido, aliás, que nossa imprensa é o maior cabo eleitoral de Bolsonaro. De longe! Se os bolsominions afastam potenciais eleitores, os jornalistas atraem. Qualquer pessoa sensata fica incomodada, indignada com tamanho infantilismo e parcialidade, e sente vontade de votar no capitão nem que seja para reagir a essa postura da imprensa. Fenômeno similar ao que ocorreu nos Estados Unidos com Trump.
Guilherme Macalossi tocou no ponto certo: “Bolsonaro lidera as intenções de voto. O Brasil merece que ele seja entrevistado de forma técnica e, sobretudo, séria”. Infelizmente, não tivemos nada parecido. O mesmo Guilherme ironizou: “Estou assistindo pela segunda vez a entrevista de Bolsonaro no Roda Viva. Na segunda vez os jornalistas passam ainda mais vergonha”.
Ele também destacou um fato irônico: “Thais Oyama, que estava na bancada do Roda Viva com Jair Bolsonaro, é autora de um livro chamado A arte de entrevistar bem. O Brasil é o país da piada pronta”. De fato, fica difícil para a turma do humor trabalhar em nosso país, quando aqueles que supostamente são sérios acabam gerando situações hilariantes sem querer.
Eu havia alertado antes do programa, por exemplo, que Bernardo Mello Franco era um ultra-esquerdista e que era melhor Bolsonaro ir preparado para as pedradas. Mas quem poderia imaginar pedradas tão visíveis de alguém tão despreparado? Se estivesse o próprio Jean Wyllys ali em seu lugar, o desafeto principal de Bolsonaro na Câmara, pouca diferença faria. Jornalista? Ou cheerleader do PSOL?
Em momentos em que Bolsonaro disse coisas básicas, óbvias para a população, lá estavam os jornalistas tentando espremer a fala para extrair algo terrível contra o candidato. O slogan “América grande”, por exemplo, não tem relação alguma com tamanho de governo. Trump o usou na campanha como forma de resgatar aquilo que ele entendia ser a essência da América. “Tentar fazer disso uma ode ao estatismo é coisa de gente analfabeta”, conclui Macalossi. Mas fizeram exatamente isso quando Bolsonaro se apropriou do slogan, adaptando-o para o Brasil.
Quando perguntaram se Bolsonaro era a favor de “metralhar” os bandidos, ele partiu para o sarcasmo e disse que não, que era melhor o policial sob tiroteio oferecer flores aos marginais com fuzis. Arrancou risos da plateia. O povo entende na hora a postura do candidato. Já a bancada dos jornalistas vive dentro da bolha “progressista”, e acha que bandido é “vítima da sociedade” e que criminalidade se combate com carinho, amor e escolas.
Esse viés ideológico fica exposto do começo ao fim. Quando o assunto era cota racial, lá estava o “entrevistador” chocado com quem não aceita a ideia de segregar com base na “raça”, pois todos somos iguais, e também não se ajoelha diante do tirano Politicamente Correto para prestar homenagem ao mimimi nessa marcha das “minorias oprimidas”. Dívida histórica? Quando Bolsonaro lembrou que negros africanos venderam negros africanos como escravos, o jornalista que liderava o grupo quase surtou. Como assim, trazer um fato desses para o debate?
Nada disso faz de Bolsonaro um candidato preparado, com boas propostas. Ele venceu sem precisar ter razão, mais pelo que os jornalistas fizeram. Carlos Andreazza, que tem sido crítico duro de Bolsonaro, reconheceu: “Essa entrevista pode ser elegantemente resumida assim: Bolsonaro se saiu bem independentemente do que tenha respondido”.
Justiça seja feita, ele foi bem enfático na defesa do liberalismo econômico e afirmou sem rodeios que não há plano B fora de Paulo Guedes, ainda que confessando se tratar de um relacionamento recente em que um convence o outro de coisas de suas áreas respectivas. Ou seja, se Guedes entende de economia, Bolsonaro entende de política, e mostra ao seu assessor e possível ministro da Fazenda os limites para as reformas no Congresso.
Algum ranço estatizante ainda está presente, claro, e o capitão trai seu velho estatismo quando fala do regime militar. Tenta colocar em contexto, mas afirma que a iniciativa privada jamais construiria uma Itaipu da vida, o que não é necessariamente verdade. Vários projetos gigantescos foram tocados por empresas privadas, especialmente em países onde empreender é mais fácil. Bolsonaro, porém, acertou ao enfatizar a importância de termos menos burocracia e impostos e foi direto ao ponto: “Meu legado será uma economia liberal”.
Em suma, Bolsonaro se saiu bem, disse coisas razoáveis, mas o grande destaque mesmo foi da imprensa, só que do lado negativo. Se o candidato saiu maior do que entrou foi basicamente por ter se digladiado com anões. O objetivo estava tão claro que um dos militantes disfarçados de jornalistas que atuam no Brasil, Glenn Greenwald, do ultraesquerdista The Interpecpt, sequer esconde o intuito, mesmo fazendo um mea culpa:
Ou seja, esses “jornalistas” acham que o papel do jornalismo é “bater em Bolsonaro”, e para tanto precisam de uma boa “estratégia”. Fazer bom jornalismo, realizar uma entrevista de fato, deixar o entrevistado apresentar propostas ou responder sobre temas relevantes, isso nem pensar, nem passa pela cabeça da turma. É porque já chegaram às conclusões e “sabem” que Bolsonaro representa o fascismo em pessoa, uma reencarnação do próprio Mussolini, quiçá Hitler, que precisa ser eliminado do mapa. Com essa premissa, agem como militantes do PSOL, jamais como jornalistas.
E fora o escancarado viés ideológico, temos o despreparo mesmo. Nossos jornalistas são filhotes, afinal, das nossas universidades, fábricas de analfabetos funcionais e papagaios de slogans marxistas. Eu sou economista, mas atuo como jornalista. Ontem senti muita vergonha de dizer que sou jornalista.
Leandro Ruschel colocou a pá de cal: “Para a imprensa do Roda Viva, Jesus foi refugiado, Wikipédia é fonte confiável, negros que capturaram outros negros não podem ser responsabilizados pela escravidão porque ‘foram pagos’ e armas não protegem porque Bolsonaro foi roubado um dia mesmo estando armado”.
Leandro também tinha comparado o fenômeno com o que aconteceu aqui nos Estados Unidos: “Acontece no Brasil com Bolsonaro o que ocorreu com Trump nos EUA: o desespero da imprensa em atacar o candidato que não segue a sua agenda esquerdopata é tamanho que acabam enfiando os pés pelas mãos, revelando o seu radicalismo e jogando os eleitores nas mãos do candidato”.
André Guedes disse: “O Roda Viva com Bolsonaro confirma aquilo que já sabemos: jornalista é um bicho descolado da realidade que vive no universo do próprio wishful thinking e pensa que impressiona a audiência falando em ditadura, MST e direitos humanos”.
E fecho com o personagem Joselito Muller que, diante do lamentável show dos nossos jornalistas, achou melhor nem fazer piada, pois a piada já era o próprio programa: “Agora falando sério: que nível subterrâneo esse jornalismo! Desinformados, perguntas ridículas, temas impertinentes. Até parece que é de propósito para facilitar a vida de Bolsonaro, não é possível”. Nossa mídia, repito, é o maior cabo eleitoral de Bolsonaro.
Taxa de desemprego caiu no segundo trimestre, mas houve aumento do trabalho informal e do número de pessoas que não trabalham nem procuram emprego, aponta IBGE. País ainda tem 13 milhões de desempregados.O número de pessoas desempregadas no Brasil recuou no segundo trimestre de 2018, mas a boa notícia é ofuscada por outra: muitas pessoas desistiram de procurar emprego e saíram do cálculo do total, segundo dados divulgados pelo IBGE nesta terça-feira (31/07). Segundo o IBGE, havia 13 milhões de pessoas sem ocupação (que procura trabalho, mas não acha) no período de abril a junho. De janeiro a março, eram 13,7 milhões. A diferença é de 723 mil. Assim, a taxa de desemprego caiu de 13,1% para 12,4%, segundo a Pesquisa Nacional por Amostra de Domicílios Contínua. Ao mesmo tempo, o total de pessoas que não trabalham nem procuram trabalho chegou a 65,6 milhões, o maior desde 2012, quando o IBGE iniciou a atual série. Em três meses, 774 mil pessoas se uniram a esse grupo, que inclui idosos, estudantes, pessoas sem disponibilidade para trabalhar ou que simplesmente desistiram. Outro problema apontado pelo IBGE é a informalidade. De cada dez brasileiros, quatro têm trabalhos informais ou próximos da informalidade, o que inclui as pessoas sem carteira assinada e os autônomos sem registro como pessoa jurídica. A informalidade atinge 37 milhões de brasileiros, segundo o IBGE. A população que tem trabalho aumentou em 657 mil pessoas e chegou a 91,2 milhões. Essa alta, porém, foi puxada pelos trabalhadores sem carteira assinada e por aqueles que trabalham por conta própria. O número de empregados com carteira de trabalho no setor privado caiu levemente e ficou em 32,8 milhões. O de pessoas ocupadas, mas sem carteira de trabalho, subiu em 276 mil e chegou a 11 milhões. Já o total de pessoas que trabalham por conta própria aumentou em 555 mil e chegou a 23,1 milhões. O rendimento médio do trabalhador brasileiro ficou em R$ 2.198 no segundo trimestre deste ano, relativamente estável. Empresas de consultoria estimam que a taxa de desemprego deverá fechar o ano acima de 12% por causa da recuperação lenta da economia. AS/efe/ots