sexta-feira, 14 de outubro de 2016

Esfera pública


Esfera pública
é a dimensão na qual os assuntos públicos são discutidos pelos atores públicos e privados. Tal processo culmina na formação da opinião pública que, por sua vez, age como uma força oriunda da sociedade civil em direção aos governos no sentido de pressioná-los de acordo com seus anseios.

A noção de esfera pública tem como aspectos básicos:

a) Discursividade e argumentação: dominada pelo uso da razão, a obtenção de consenso acontece pelo convencimento racional dos antagonistas.

b) Publicidade: o objeto debatido e os argumentos apresentados ganham exposição ou visibilidade.

c) Privacidade: enquanto participante do debate, cada um vale somente pelos argumentos e pela capacidade de argumentar.

Sob a ótica de Jürgen Habermas, a concepção de esfera pública (Öffentlichkeit, em alemão) é um conceito que abrange diversas dimensões de definição e análise. Sob uma perspectiva antropológica, ela corresponderia ao espaço social de representação pública, ou esfera de visibilidade pública[1]. Sob uma perspectiva histórica, ela assumiria diferentes configurações a depender do contexto sócio-histórico em questão. Por isso, haveria uma esfera pública helênica, a feudal e, mais recentemente, a burguesa[2][3]. Sob uma perspectiva normativa das sociedades democráticas contemporâneas, a esfera pública deve designar o conjunto total da visibilidade e discussão pública e sua função principal seria a de influenciar as decisões do sistema político a partir do escrutínio público dos atores e ações da esfera política. Para designar esse fenômeno político complexo, Habermas indica que o poder comunicativo que emana da esfera pública produziria uma espécie de cerco (siege) sobre o poder político[4].

Nas sociedades democráticas contemporâneas, a esfera pública forma uma estrutura intermediária que faz a mediação entre o Estado e a esfera civil. Em sua concepção, o Estado abarcaria a administração pública e estaria sujeito aos interesses autocentrados de atores políticos. A esfera civil, por sua vez, abarcaria a esfera privada cujo âmbito o Estado, normativamente, não deve intervir. A esfera pública se caracterizaria, sob esse aspecto, pelo lócus de discussão pública entre os indivíduos de uma comunidade política[3].

A concepção da interação entre esfera política, esfera pública e esfera de indivíduos pode ser comparada a uma imagem com três esferas concêntricas. A esfera do meio (portanto, menor) constitui a esfera política. Ela é circundada pela esfera pública, que é maior e representa todo o conjunto de ideias, deliberações e pensamentos que se forma no ambiente público. Ao redor dela e cobrindo todas as esferas, estão os indivíduos. A esfera pública ocupa espaço entre a esfera política (o Estado) e os indivíduos. Há setas em duplo sentido representando a relação de influência recíproca que há entre a esfera política e esfera pública. A mesma via de mão dupla existe entre a esfera pública e os indivíduos, pois estes tanto moldam como são moldados por ela.

Concepção de Esfera Pública desenvolvido por Jürgen Habermas.[5]

A esfera pública burguesa surge com a imprensa de Johannes Gutenberg e com o Parlamento. Essas instituições possibilitaram um maior acesso às informações por parte do público. Seu fortalecimento ocorre a partir do século XIX com a expansão da imprensa livre e e de seu público leitor[2].

Índice

 

Esfera pública política

O conceito de esfera pública política tem sido retomado devido a dois movimentos conceituais. O primeiro deles é a noção de democracia deliberativa, que determina que o reconhecimento social de pretensões e vontades acontece apenas quando toma forma de palavra, através do discurso. Assim, a esfera pública política argumentativa ganha força. Outro é a relação entre política e mídia, uma vez que, atualmente, não há espaço de exposição, visibilidade e debate maior que a mídia.

Habermas nega a existência de uma esfera pública política autêntica em uma cena política dominada pelos medias. O debate foi reacendido porque muitos acreditam que apolítica midiática é feita de forma espetacular, seguindo princípios de sedução, escassamente argumentativa, teatral.

Muitos autores consideram que a esfera pública perdeu sua participação no processo de construção de diálogo na política, uma vez que a produção de decisões ocorre fora de seu alcance, na negociação protegida do público pelos gabinetes. Essas decisões emergem publicamente de modo a fazer com que os cidadãos possam assentir, aderir ou tolerar as posições. Logo, a esfera pública apresenta apenas o papel de legitimação das informações.[6]

Esfera pública e mídia

A mídia (ou mass media), é um espaço de visibilidade e debate. Os meios de comunicação interagem e interferem na esfera pública, mas não necessariamente irão lhe determinar, já que existem outros espaços de discussão. A opinião pública não se resume ao material midiático e nem o conteúdo midiático se resume à opinião.[7] Nesse sentido, uma série de trabalhos nas áreas de Comunicação e de Ciência Política se dedicam a examinar as potencialidades e os limites de promover debates que preencham os requisitos estabelecidos pela teoria do discurso[8][9].

Esfera pública e esfera privada

As esferas pública e privada são lâminas sobrepostas. Os problemas experienciados na esfera privada ecoam na esfera pública. Mas não a totalidade do que é vivido no privado e íntimo aflora na publicidade; apenas aqueles aspectos causados por déficits nos sistemas funcionais, que afetam o mundo da vida.[10]

Habermas compreende que não há uma demarcação de um conjunto fixo de temas e relações que separam o acesso da esfera privada e da esfera pública, mas sim variações na acessibilidade, que garantem a intimidade de um lado e a publicidade de outro.[10]

Na esfera pública, realiza-se uma comunicação em condições de publicidade ou visibilidade; e na esfera privada, uma comunicação com intimidade ou reserva. A publicidade social (ou esfera pública) tem uma visibilidade alta, com discussões de públicos especializados até exibição midiática em horário nobre, enquanto o domínio privado (esfera privada) possui uma baixa visibilidade, que vai desde segredos e intimidade até redes interpessoais de fofoca.[10]

Ver também

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  1. Ir para cima↑ Gomes, Wilson. Esfera pública política e media II. In Rubim, A.A.C, Bentz, I. M. G. & Pinto, M. J. (Eds.), Práticas discursivas na cultura contemporânea. São Leopoldo: Unisinos, Compôs, 1999.
  2. Ir para:a b Habermas, Jürgen (1984). Mudança Estrutural da Esfera Pública: investigações quanto a uma categoria da sociedade burguesa (Rio de Janeiro: Tempo Brasileiro). pp. 9–11; 17–21.
  3. Ir para:a b Gomes, Wilson. Esfera pública política e comunicação em mudança estrutural da esfera pública de Jürgen Habermas. In: Gomes, W. e Maia, R. C. M. Comunicação e democracia – problemas e perspectivas. São Paulo: Paulus, 2008, p.31-68. 
  4. Ir para cima↑ Habermas, Jürgen (1996). Between Facts and Norms: Contributions to a discourse theory of law and democracy (Ma: Cambridge). p. 486.
  5. Ir para cima↑ HABERMAS, Jürgen. Political communication in media society: does democracy still enjoy an epistemic dimension? The impact of normative theory on empirical research. Communication Theory, v.16,pp. 411-426. International Communication Association. Alemanha, 2006. .
  6. Ir para cima↑ Gomes, Wilson (1999). Esfera pública política e media II. In Rubim, A.A.C, Bentz, I. M. G. & Pinto, M. J. (Eds.), Práticas discursivas na cultura contemporânea. (São Leopoldo: Unisinos).
  7. Ir para cima↑ Vimieiro, Ana Carolina (2011). «Enquadramentos da mídia e o processo de aprendizado social: transformações na cultura pública sobre o tema da deficiência de 1960 a 2008». Enquadramentos da mídia e o processo de aprendizado social: transformações na cultura pública sobre o tema da deficiência de 1960 a 2008. Revista da Associação Nacional dos Programas de Pós-Graduação em Comunicação. p. 5. Consultado em 05/07/16.
  8. Ir para cima↑ Marques; Miola (2009). «Deliberação mediada: Uma tipologia das funções dos media para a formação do debate público» (PDF). Revista Estudos em Comunicação. UBI/Portugal. Consultado em 28 de setembro de 2016.
  9. Ir para cima↑ Marques, Francisco Paulo Jamil (2006). «Debates políticos na internet: a perspectiva da conversação civil» (PDF). Revista Opinião Pública. Unicamp. Consultado em 28 de setembro de 2016.
  10. Ir para:a b c GOMES, Wilson.; R. C. M. (2008). «Esfera pública política e comunicação em direito e democracia de Jürgen Habermas». Comunicação & democracia - Problemas & perspectivas. (São Paulo: Paulus Editora). pp. 99–101.

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18 de brumário




O general Bonaparte no Conselho dos Quinhentos, por François Bouchot.
O golpe de Estado de 18 de brumário do ano VIII (brumário, palavra derivada de "bruma" ou "névoa", em francês - pelo calendário da Revolução Francesa, correspondente a 9 de novembro de 1799 pelo calendário gregoriano)[1] iniciou a ditadura napoleónica na França.
Os admiradores de Napoleão criaram um jornal em Paris que divulgava a imagem de um general patriota, invencível e adorado pelos seus soldados. Nacionalismo, glórias militares, ideais de igualdade fascinavam os franceses. Napoleão valeu-se de sua ação no Egito e de sua vitória sobre os exércitos ítalo-austríacos para formular sua imagem de herói nacional francês. O general recebeu uma recepção apoteótica quando retornou a Paris e, em seguida, começou a planejar o golpe de Estado.[1] Napoleão, ainda que jovem, destacou-se como um dos mais respeitáveis generais do exército francês durante a Revolução. Sua habilidade na guerra devia-se principalmente à verdadeira reforma que empreendeu com suas tropas, concedendo vantagens, motivação, profissionalização e, sobretudo, a infusão de um espírito nacional nos soldados. O exército de Napoleão foi o primeiro exército popular da história ligado à ideia de nação, ao contrário dos exércitos tradicionais, associados à aristocracia.[2]
Em plena crise generalizada, os promotores do golpe derrubaram o Diretório e criaram o Consulado, estabelecendo um novo regime na França, protagonizado pelo jovem general Napoleão Bonaparte, que assumiu o cargo de primeiro-cônsul. O golpe foi acolhido com entusiasmo pela burguesia, que aspirava à paz, à ordem interna e à normalização das actividades. Os conspiradores do golpe não temiam o general Bonaparte, escolhido para liderar o movimento, pois acreditavam que acabariam por reduzir a sua importância.
A burguesia e os políticos astutos do Diretório perceberam que o general Bonaparte era o homem certo para consolidar o novo regime. Propuseram-lhe que utilizasse a força do exército para assumir o governo. Assim foi feito. Numa ação eficaz, apesar de tumultuada, Napoleão fechou a Assembleia do Diretório. Foi o golpe que ocorreu no dia 18 do mês de brumário do ano VIII, que marcaria o início de um período em que a burguesia consolidaria seu poder económico. Napoleão pôde, assim, reprimir tanto os revolucionários que estavam à esquerda quanto os monarquistas que estavam à direita política.[2]
Após o Golpe do 18 de Brumário começa o regime do Consulado, quando a burguesia, ansiosa por dar um fim à instabilidade política, que já durava dez anos (de 1789 a 1799), concentra o poder na mão de três cônsules: Napoleão Bonaparte, Roger Ducos, e Emmanuel Joseph Sieyès.

Referências

  1. Ir para:a b «Hoje na História: Napoleão dá o golpe do 18 Brumário». Opera Mundi. Consultado em 2 de abril de 2016.
  2. Ir para:a b «Era Napoleônica». História do Mundo. Consultado em 2 de abril de 2016.

Bibliografia

Wikipédia







O que é El Niño e La Niña?

Uma componente do sistema climático da terra é representada pela interação entre a superfície dos oceanos a baixa atmosfera adjacente a ele. Os processos de troca de energia e umidade entre eles determinam o comportamento do clima, e alterações destes processos podem afetar o clima regional e global.
El Niño representa o aquecimento anormal das águas superficiais e sub-superficiais do Oceano Pacífico Equatorial. A palavra El Niño é derivada do espanhol, e refere-se a presença de águas quentes que todos os anos aparecem na costa norte de Peru na época de Natal. Os pescadores do Peru e Equador chamaram a esta presença de águas mais quentes de Corriente de El Niño em referência ao Niño Jesus ou Menino Jesus. Na atualidade, as anomalias do sistema climático que são mundialmente conhecidas como El Niño e La Niña representam uma alteração do sistema oceano-atmosfera no Oceano Pacífico tropical, e que tem conseqüências no tempo e no clima em todo o planeta. Nesta definição, considera-se não somente a presença das águas quentes da Corriente El Niño mas também as mudanças na atmosfera próxima à superfície do oceano, com o enfraquecimento dos ventos alísios (que sopram de leste para oeste) na região equatorial. Com esse aquecimento do oceano e com o enfraquecimento dos ventos, começam a ser observadas mudanças da circulação da atmosfera nos níveis baixos e altos, determinando mudanças nos padrões de transporte de umidade, e portanto variações na distribuição das chuvas em regiões tropicais e de latitudes médias e altas. Em algumas regiões do globo também são observados aumento ou queda de temperatura.
O termo La Niña ("a menina", em espanhol) surgiu pois o fenômeno se caracteriza por ser oposto ao El Niño. Pode ser chamado também de episódio frio, ou ainda El Viejo ("o velho", em espanhol). Algumas pessoas chamam o La Niña de anti-El Niño, porém como El Niño se refere ao menino Jesus, anti-El Niño seria então o Diabo e portanto, esse termo é pouco utilizado. O termo mais utilizado hoje é: La Niña
Para entender sobre La Niña, vamos retornar ao nosso "modelinho" descrito no item sobre El Niño. Imagine a situação normal que ocorre no Pacífico Equatorial, que seria o exemplo da piscina com o ventilador ligado, o que faria com que as águas da piscina fossem empurradas para o lado oposto ao ventilador, onde há então acúmulo de águas. Voltando para o Oceano Pacífico, sabemos que o ventilador faz o papel dos ventos alísios e que o acúmulo de águas se dá no Pacífico Equatorial Ocidental, onde as águas estão mais quentes. Há também aquele mecanismo que citei anteriormente, o qual é chamado de ressurgência, que faz com que as águas das camadas inferiores do Oceano, junto à costa oeste da América do Sul aflorem, trazendo nutrientes e que por isso, é uma das regiões mais piscosas do mundo. Até aqui tudo bem, esse é o mecanismo de circulação que observamos no Pacífico Equatorial em anos normais, ou seja, sem a presença do El Niño ou La Niña.

Pois bem. Agora, ao invés de desligar o ventilador, vamos ligá-lo com potência maior, ou seja, fazer com que ele produza ventos mais intensos. O que vai acontecer?
Vamos tentar imaginar ? Com os ventos mais intensos, maior quantidade de água vai se acumular no lado oposto ao ventilador na piscina. Com isso, o desnível entre um lado e outro da piscina também vai aumentar. Vamos retornar ao Oceano Pacífico. Com os ventos alísios (que seriam os ventos do ventilador) mais intensos, mais águas irão ficar "represadas" no Pacífico Equatorial Oeste e o desnível entre o Pacífico Ocidental e Oriental irá aumentar. Com os ventos mais intensos a ressurgência também irá aumentar no Pacífico Equatorial Oriental, e portanto virão mais nutrientes das profundezas para a superfície do Oceano, ou seja, aumenta a chamada ressurgência no lado Leste do Pacífico Equatorial. Por outro lado, devido a maior intensidade dos ventos alísios as águas mais quentes irão ficar represadas mais a oeste do que o normal e portanto novamente teríamos aquela velha história: águas mais quentes geram evaporação e consequentemente movimentos ascendentes, que por sua vez geram nuvens de chuva e que geram a célula de Walker, que em anos de La Niña fica mais alongada que o normal. A região com grande quantidade de chuvas é do nordeste do Oceano Índico à oeste do Oceano Pacífico passando pela Indonésia, e a região com movimentos descendentes da célula de Walker é no Pacífico Equatorial Central e Oriental. É importante ressaltar que tais movimentos descendentes da célula de Walker no Pacífico Equatorial Oriental ficam mais intensos que o normal o que inibe, e muito, a formação de nuvens de chuva.
Em geral, episódios La Niñas também têm freqüência de 2 a 7 anos, todavia tem ocorrido em menor quantidade que o El Niño durante as últimas décadas. Além do mais, os episódios La Niña têm períodos de aproximadamente 9 a 12 meses, e somente alguns episódios persistem por mais que 2 anos. Outro ponto interessante é que os valores das anomalias de temperatura da superfície do mar (TSM) em anos de La Niña têm desvios menores que em anos de El Niño, ou seja, enquanto observam-se anomalias de até 4, 5ºC acima da média em alguns anos de El Niño, em anos de La Niña as maiores anomalias observadas não chegam a 4ºC abaixo da média.
Episódios recentes do La Niña ocorreram nos anos de 1988/89 (que foi um dos mais intensos), em 1995/96 e em 1998/99.

 

INPE

CONHEÇA OS BENEFÍCIOS DE CONSUMIR A CARNE DE PORCO

 

por Leticia Maciel

Acredite: a iguaria não é mais gordurosa ou menos segura que os demais tipos de carne. Em contrapartida, seus cortes magrinhos blindam o coração contra doenças, turbinam a imunidade e constroem músculos



Texto: Leonardo Valle/ Foto: Danilo Tanaka/ Produção: Janaina Resende/ Adaptação: Letícia Maciel 

Os cortes magros (lombo, tender, filé, pernil, paleta e costeleta) ajudam no combate do
mau colesterol
Foto: Danilo Tanaka  

Um paradoxo envolve o consumo da carne de porco no Brasil. Se, por um lado, somos o quarto maior produtor da iguaria no mundo, perdendo apenas para Estados Unidos, União Europeia e China, seu consumo é baixo do Oiapoque ao Chuí. Uma pesquisa da Universidade de São Paulo (USP-Ribeirão Preto), apontou que o brasileiro consome cerca de 13 quilos de carne de porco por ano – quantidade inferior ao consumo das carnes de frango (37 quilos) e bovina (36 quilos). Algumas hipóteses ajudam a explicar sua baixa popularidade, como o fato de o frango ser mais barato. Entretanto, questões culturais ainda são o principal fator que influenciam a preferência pelos cortes suínos. “As pessoas evitam a carne de porco por considerá-la com alto teor de gorduras e transmissora de doenças. Mas isso é coisa do passado”, garante Rafaela Ambrósio de Lima, nutricionista clínica do Hospital Cruz Azul (SP).

Corte magro

A carne suína tem gordura insaturada (“boa”) e saturada (“ruim”). “A primeira prevalece e ajuda a reduzir o mau colesterol (LDL), a pressão arterial e o triglicérides. A segunda, eleva o risco de doenças cardiovasculares”, diz Rafaela. Por outro lado os cortes magros não deixam a desejar. É o caso do lombo, tender, filé, pernil, paleta e costeleta. “Carne magra é a que contém menos de 10 g de gordura, menos de 4,5 g de gordura saturada e menos de 95 mg de colesterol por porção de 100 g”, diz Tamara Mazaracki, nutróloga da Associação Brasileira de Nutrologia (ABRAN).

Novo perfil

Os cortes magros da carne de porco estão mais saudáveis do que há 15 anos. Uma pesquisa do USDA* mostrou que todos apresentaram redução de 16% de gorduras nesse período. No caso específico das gorduras saturadas, a queda bateu a casa dos 30%. “Atualmente, este suíno é alimentado com ração à base de soja e milho. Com isso, ganhou menos gordura e maior presença de vitaminas e minerais”, explica Rafaela. Um segundo diferencial é que a gordura do porco costuma se concentrar na superfície da pele, sendo mais fácil de ser retirada com a faca durante o preparo na cozinha. O oposto ocorre com a carne de vaca, cuja gordura vem entrelaçada nas fibras do alimento. Quando em quantidade moderada, aliás, não há por que temer as gorduras insaturadas. O nutriente exerce funções específicas no organismo, como fornecer energia. “Ele também ajuda na absorção de vitaminas lipossolúveis”, completa Cristina Simões de Carvalho Tomasetti, coordenadora do curso de Nutrição da Universidade Norte do Paraná (Unopar).

Veja mais benefícios da carne de porco

Cozinha segura

O fantasma da cisticercose, doença causada pela ingestão dos ovos da Taenia solium, rondou a carne de porco por anos. Dependendo do local onde o ovo do parasita se aloja, podem ocorrer complicações musculares, oftalmológicas e até neurológicas. As técnicas atuais de criação dos animais reduziram o risco de contaminação pela doença — que também pode ser adquirida no consumo de carne bovina e de verduras e frutas mal lavadas. “O porco, hoje, é confinado em lugares com temperatura ideal e piso de cimento. Resultado: ele não tem acesso à terra, melhorando as condições de higiene”, pontua Rafaela. Outra preocupação é a refrigeração adequada. “Por este motivo, a carne consumida deve ter o selo de inspeção da Vigilância Sanitária, estar no prazo de validade, com a embalagem intacta e apresentar um bom aspecto”, ensina Tamara. Na hora da compra, vale ainda priorizar os supermercados às feiras livres, onde a fiscalização é menos rigorosa. Quando for preparar a carne, é fundamental cozinhá-la para neutralizar qualquer possível parasita. “‘Sashimi’ de carne de porco, por exemplo, nem pensar”, brinca a nutróloga.

Mitos populares

Diversas crendices que envolvem a carne de porco não possuem embasamento científico, como o fato de ela ser de difícil digestão. “O processo de digestão é semelhante ao de outras carnes. Afinal, todas possuem proteínas e gorduras. A exceção fica por conta da carne de peixe, que é digerida mais rápida”, diferencia a nutróloga Tamara. A carne de porco tampouco causa mais alergias do que outros alimentos. Ela, inclusive, está de fora do ranking dos principais alergênicos, composto por leite de vaca, ovo, amendoim, soja, trigo, nozes, peixes e frutos do mar. “Mas variações individuais, claro, podem ocorrer”, pontua a profissional. Para completar, engana-se quem pensa que a iguaria está no time das carnes brancas. Apesar de ter menos hemoglobina – pigmento que garante a coloração rubra das carnes – ela é considerada vermelha.

Turbinada

O que a carne de porco tem para dar e vender são nutrientes. Além de contar com ácidos graxos do tipo ômega 3, 6 e 9, ela disponibiliza minerais como selênio, fósforo, potássio, ferro, magnésio e zinco – este último responsável pelo fortalecimento da imunidade. Da turma de vitaminas, merecem destaque os tipos A, E e do complexo B. No caso da tiamina (vitamina B1), o valor chega a ser até 10 vezes superior ao encontrado na carne bovina. Para quem não sabe, o nutriente dá uma mãozinha na conversão de pães e massas em energia, além de atuar sobre o sistema neurológico. “Uma porção pequena (85 g) de lombo supre aproximadamente 70% das necessidades diárias de tiamina num adulto”, conclui Rafaela.

Boa para quem malha

A carne de porco é fonte de proteína animal e de alto valor biológico. “Isso significa que ela tem todos os aminoácidos essenciais, que não são sintetizados pelo corpo”, lembra Luciana Di Pietro Magri, nutricionista e doutora em Biologia Funcional e Molecular pela Universidade Estadual de Campinas (Unicamp). Após consumidos, tais aminoácidos são recombinados em anticorpos, hormônios e tecidos musculares. O alimento, aliás, é ideal para quem sua a camisa na academia. “Hipertrofia muscular nada mais é que aumento na fabricação do músculo. Para isso, ele precisa de proteína de boa qualidade, como a carne do porco”, completa a especialista. O ideal é consumir duas porções pequenas (100 g a 150 g) de carnes por dia, sejam elas de boi, ave ou suína. No caso da carne de porco, os cortes que devem ser priorizados são os mais magrinhos, como o pernil assado (com 4,6 g de ácido graxo saturado) e o lombo assado (com 2,6 g).

Revista VivaSaúde Edição 127

 

Saiba mais:

Benefícios da carne de porco para a saúde - MdeMulher - Abril.com
Os benefícios da carne suína para sua saúde
Os Benefícios da Carne de Porco a Saúde - Dicas de Nutrição
Carne de Porco Faz Mal à Saúde? - MundoBoaForma.com.br
Benefícios Da Carne De Porco Para A Saúde - Dicas de Saúde
Vantagens E Desvantagens De Comer Carne De Porco - Dicas de ...
Conheça os benefícios da carne de porco para saúde – MundodasTribos
Os riscos que trazem a carne de porco | Superbom

 

(VÍDEO) Os Benefícios da Carne de Porco Para Sua Saúde

 

Ava Leigh, cantora

 

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Saiba mais:

Ava Leigh – Wikipedia
MAD ABOUT THE BOY (TRADUÇÃO) - Ava Leigh - LETRAS.MUS.BR
Mad About Th Boy - Ava Leigh – VAGALUME
Mad About Th Boy (tradução) - Ava Leigh – VAGALUME
AVA LEIGH - MAD ABOUT THE BOY LYRICS
AVA LEIGH - Biografia, Discografia e + | Antena 1
Ava Leigh | The Shadowhunters' Wiki | Fandom powered by Wikia

 

Ava Leigh - Mad About The Boy (with lyrics)

 

 

 

Ava Leigh - Mad About The Boy Lyrics HD

 

 

Ava Leigh - Mad About The Boy (Live At The NEXT Launch)

 

Golpe do 18 Brumário

Por Emerson Santiago
O Golpe do 18 Brumário foi um golpe de estado ocorrido na França, e que representou o fim daRevolução Francesa, a ascensão de Napoleão Bonaparte ao poder e a consolidação dos interesses burgueses no país. No calendário revolucionário francês, este dia ocorreu em 18 de brumário do ano IV (9 de novembro de 1799 no calendário gregoriano).
Passados 10 anos do início da Revolução Francesa, o país vinha sendo governado por um colegiado de líderes chamado de Diretório. Napoleão havia retornado de sua desastrosa campanha no Egito, e a França sofria com revoltas internas, além de uma ameaça real de invasão da Segunda Coalizão (forças reunidas pelos monarcas europeus liderados pelos Habsburgo e pela Rússia para acabar com a França Revolucionária).
Num primeiro momento, os deputados do Conselho dos Quinhentos e do Conselho de Anciãos se recusam a modificar a Constituição, mas, em face da forte pressão a que foram submetidos, acabam cedendo e nomeando um governo provisório que recebeu o nome de Consulado, onde três membros exerciam o poder de modo igualitário: Emmanuel Joseph Sieyès, Napoleão Bonaparte e Roger Ducos. Pouco depois, o Consulado seria reformado e deixaria de ser provisório, recebendo outros dois membros, Jean Jacques Régis de Cambacérès e Charles-François Lebrun, além de Napoleão, que permaneceu como cônsul.
Logo, porém, o futuro imperador começa a acumular poder em detrimento dos outros dois componentes, e acaba por se tornar o Primeiro Cônsul, passando a governar sozinho no dia 18 brumário (de "bruma" ou "névoa" em francês). Napoleão utilizou muito de seu prestígio nos campos de batalha para derrubar seus opositores e consolidar seu poder, abrindo assim caminho para coroar-se imperador cinco anos mais tarde. Mesmo com a grande instabilidade política e econômica que havia naquele momento, Napoleão se valeu do forte apoio recebido da burguesia que defendia um governo forte para pacificar o país e gerar um ambiente de ordem. Alguns políticos astutos do Diretório deram o apoio necessário a Napoleão (ao contrário de outros, que se opuseram à sua tomada do poder) e propuseram o uso da força militar para que ele assumisse o governo, pois perceberam que ele era o homem certo para consolidar o novo regime. Assim foi feito, e numa ação eficaz, apesar de tumultuada, Napoleão fechou a Assembléia do Diretório. Era o início do primeiro dos três períodos de Napoleão como governante da França, seguindo-se o Império e mais tarde, o Governo dos Cem Dias.
Bibliografia:
Hoje na História: Napoleão dá o golpe do 18 Brumário. Disponível em: <http://operamundi.uol.com.br/conteudo/noticias/1886/conteudo+opera.shtml>.  Acesso em: 08 jul. 2012.
O golpe do 18 de Brumário. Disponível em: <http://equipeeranapoleonica.blogspot.com.br/2012/04/o-golpe-do-18-de-brumario.html>. Acesso em: 01 jul. 2012.
Arquivado em: História da Europa
InfoEscola







quinta-feira, 13 de outubro de 2016

Falta de dinheiro faz mal à saúde, avalia pesquisa junto ao consumidor

Bra­si­lei­ros com débitos com mais de 90 di­as de atra­so so­frem com an­si­e­da­de, an­gús­tia e tam­bém de­pres­são
O di­nhei­ro po­de não tra­zer fe­li­ci­da­de, mas um des­com­pas­so fi­nan­cei­ro acar­re­ta pro­ble­mas gra­ves de saú­de. Ca­da vez mais en­di­vi­da­dos, os bra­si­lei­ros es­tão so­fren­do com ma­les fí­si­cos e men­tais co­mo an­sie­da­de, an­gús­tia, di­fi­cul­da­des de re­la­cio­na­men­to no tra­ba­lho e até mes­mo de­pres­são. A con­clu­são é do le­van­ta­men­to na­cio­nal rea­li­za­do com con­su­mi­do­res com dí­vi­das em atra­so há mais de 90 dias pe­lo Ser­vi­ço de Pro­te­ção ao Cré­di­to (SPC) e pe­la Con­fe­de­ra­ção Na­cio­nal de Di­ri­gen­tes Lo­jis­tas (CN­DL). De acor­do com a pes­qui­sa, dois em ca­da três (65,6%) inadim­plen­tes se sen­tem de­pri­mi­dos, tris­tes e de­sa­ni­ma­dos por de­ve­rem e, dian­te da si­tua­ção, 16,8% re­cor­rem a ví­cios co­mo ci­gar­ro, co­mi­da ou ál­cool, so­bre­tu­do, as pes­soas das clas­ses C, D e E (17,5%).
Di­vul­ga­da on­tem, a pes­qui­sa en­tre­vis­tou 602 inadim­plen­tes em to­do o Bra­sil com dí­vi­das com mais de 90 dias. “O re­sul­ta­do nos mos­trou que a con­se­quên­cia do en­di­vi­da­men­to não é só pa­ra o bol­so, mas tam­bém pa­ra a saú­de des­sas pes­soas”, co­men­ta a eco­no­mis­ta do SPC, Mar­ce­la Ka­wau­ti. Se­gun­do ela, o le­van­ta­men­to apon­tou que, de­pois que en­tra­ram na lis­ta de de­ve­do­res, seis em ca­da 10 inadim­plen­tes ad­mi­ti­ram fi­car com a au­toes­ti­ma mais bai­xa (57,8%). Ou­tros sen­ti­men­tos que a maio­ria pas­sou a ter fo­ram: in­se­gu­ran­ça em não con­se­guir pa­gar as dí­vi­das (69,9%), an­gús­tia (61,8%), an­sie­da­de (59,8%) e es­tres­se (57,6%). Além dis­so, qua­tro em ca­da 10 inadim­plen­tes (43,9%) sen­tem-se en­ver­go­nha­dos pe­ran­te a fa­mí­lia e ami­gos por es­ta­r nes­sa si­tua­ção e 42,5% de­mons­tram em al­to grau de preo­cu­pa­ção com as dí­vi­das.
Con­for­me da­dos do SPC, há atual­men­te no país 58,8 mi­lhões de en­di­vi­da­dos e, se­gun­do co­men­ta Ka­wau­ti, nes­sa pes­qui­sa, a de­pres­são, por exem­plo, foi diag­nos­ti­ca­da de­pois que as dí­vi­das apa­re­ce­ram. “E, mui­tas ve­zes, há um efei­to loo­ping em que a pes­soa de­pri­mi­da ten­ta ad­qui­rir al­gum pro­du­to pa­ra me­lho­rar, mas aca­ba ge­ran­do ou­tras dí­vi­das”, co­men­ta. As­sim, co­mo des­ta­ca a eco­no­mis­ta, o es­ta­do emo­cio­nal do de­ve­dor tam­bém in­ter­fe­re no mo­do co­mo ele li­da com as suas fi­nan­ças. “Sen­ti­men­tos co­mo per­da de so­no, ir­ri­ta­ção, bai­xa au­toes­ti­ma e fal­ta de con­cen­tra­ção po­dem po­ten­cializar os pro­ble­mas, di­fi­cul­tan­do ain­da mais o pro­ces­so de saí­da do en­di­vi­da­men­to.”
Ain­da de acor­do com a es­pe­cia­lis­ta do SPC, a ques­tão não se li­mi­ta à dí­vi­da e tem im­pac­tos em to­das as es­fe­ras da vi­da. “As pes­soas re­la­tam ter pro­ble­mas de re­la­cio­na­men­to pro­fis­sio­nal, so­cial e fa­mi­liar: 15,9% afir­ma­ram ter fi­ca­do de­sa­ten­tas e pou­co pro­du­ti­vas no tra­ba­lho ou nos es­tu­dos, en­quan­to 12,6% têm es­ta­do mais ner­vo­sos, co­me­ten­do agres­sões ver­bais a fa­mi­lia­res e ami­gos, e 7,6% já par­ti­ram até mes­mo pa­ra agres­sões fí­si­cas”, aler­ta.
Pa­ra a psi­quia­tra Lu­cia­na No­guei­ra de Car­va­lha, que aten­de na Ma­ter­ni­da­de Ode­te Va­la­da­res, pa­ra a pes­soa de­pri­mi­da o mun­do já es­tá sem cor. “Ela se sen­te cul­pa­bi­li­za­da, des­vi­ta­li­za­da, sem von­ta­de de rea­li­zar ta­re­fas sim­ples do dia a dia. Dian­te da cri­se, tan­to ideo­ló­gi­ca quan­to fi­nan­cei­ra pe­la qual nos­so país es­tá, o es­tres­se au­men­tou pa­ra to­dos. Mui­tas pes­soas per­de­ram o em­pre­go e já não po­dem mais vi­ver co­mo fa­ziam an­te­rior­men­te”, ava­lia, acres­cen­tan­do que, o mo­men­to atual ca­ta­li­sa o sen­ti­men­to de inu­ti­li­da­de e de des­cren­ça, co­muns nos qua­dros de­pres­si­vos. “A de­pres­são, mui­tas ve­zes já exis­ten­te em al­gu­mas pes­soas, agra­va-se nes­ta atual si­tua­ção so­cial pe­la qual es­ta­mos pas­san­do”, diz.
No divã
No pri­mei­ro se­mes­tre des­te ano, uma pes­qui­sa do Ins­ti­tu­to de Psi­quia­tria da Uni­ver­si­da­de de São Pau­lo (USP) mos­trou que 80% das pes­soas que acu­mu­lam dé­bi­tos so­frem de de­pres­são. No iní­cio de se­tem­bro, o Es­ta­do de Mi­nas mos­trou que a cri­se eco­nô­mi­ca tem atin­gi­do a saú­de de di­ver­sos per­fis de pro­fis­sio­nais. A re­por­ta­gem mos­trou que re­ces­são es­tá pre­sen­te em 80% das quei­xas dos pa­cien­tes em mui­tos con­sul­tó­rios de psi­quia­tria de Be­lo Ho­ri­zon­te, e a pro­cu­ra por uma aju­da mé­di­ca ou psi­co­ló­gi­ca por cau­sa do ce­ná­rio já cor­res­pon­de a 40% dos ca­sos em al­guns lo­cais, nos úl­ti­mos 12 me­ses. An­sie­da­de, in­sô­nia, dis­túr­bios, de­sâ­ni­mos, de­pres­são e sín­dro­me do pâ­ni­co são al­guns dos qua­dros de­sen­vol­vi­dos por quem sen­tiu o im­pac­to do de­sem­pre­go, in­fla­ção e re­du­ção do po­der de con­su­mo.
Pior do que os ma­les men­tais de­sen­ca­dea­dos, há os ca­sos de pes­soas que, de­ses­pe­ra­das com as per­das eco­nô­mi­cas, che­ga­ram ao ex­tre­mo e pen­sam em ti­rar a pró­pria vi­da. Com da­dos sob si­gi­lo, o Cen­tro de Va­lo­ri­za­ção à Vi­da (CVV) de BH in­for­mou ao EM que as li­ga­ções de pes­soas com es­se ti­po de pen­sa­men­to tem cres­ci­do nos úl­ti­mos me­ses.
Soluções
Quem pas­sa por mo­men­to de pro­ble­mas emo­cio­nais de­ve, pri­mei­ra­men­te, pro­cu­rar uma aju­da mé­di­ca. Além dis­so, de acor­do com a eco­no­mis­ta do SPC Bra­sil, Mar­ce­la Ka­wau­ti o pla­ne­ja­men­to fi­nan­cei­ro é a ou­tra saí­da. “Quem es­tá com dí­vi­das, de­ve-se or­ga­ni­zar: ano­tar o que ga­nha, o que gas­ta. E, pa­ra qui­tar o que de­ve, fa­zer al­guns cor­tes es­sen­ciais nos gas­tos e lem­brar que is­so é tem­po­rá­rio”, in­di­ca. Ela re­for­ça que o en­di­vi­da­do não de­ve dei­xar pa­ra as dí­vi­das pa­ra de­pois. “De­ve ten­tar en­ca­rar pa­ra re­sol­ver, ca­so con­trá­rio, po­de vi­rar uma bo­la de ne­ve.” Mes­mo pa­ra quem não es­tá nes­sa si­tua­ção, Ka­wau­ti acon­se­lha se pre­ve­nir. “Co­me­ce a se or­ga­ni­zar, pois o im­pre­vis­to po­de ocor­rer com to­do mun­do”, en­fa­ti­za.
Fonte: Estado de Minas - em.com.br - 11/10/2016 e Endividado

Haddad diz “Proteger” os Paulistas de Monopólio do Uber mas atrapalhará a todos


Por Instituto Liberal

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Ricardo Bordin*

Está lá no portal G1: Fernando Haddad resolveu sobretaxar motoristas do Uber que rodem acima de uma determinada kilometragem periódica. O motivo, segundo consta, seria proteger os usuários. Nas palavras do prefeito:

“A mudança, segundo o prefeito Fernando Haddad, é uma forma de incentivar a concorrência e evitar que uma empresa específica monopolize o segmento. “A ideia não é tornar o serviço mais caro para o consumidor. É tornar a concorrência mais leal entre os aplicativos”, disse. Para ele, o Uber tem um percentual “exagerado” do mercado.”

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Já que a Globonews não convidou nenhum economista da Unicamp para aplaudir, digo, comentar a notícia, eu mesmo irei fazê-lo. E não irei ater-me à questão do transporte, visto que a ideologia intervencionista que permeia esta medida costuma ser adotada para todas as ações dos entes públicos no Brasil na área econômica.

Quer dizer que elevar os impostos de um determinado segmento, dentro de um certo setor produtivo, consiste em incentivar a concorrência? Estranho, porque para mim parece exatamente o contrário. O Uber estava consquistando largas fatias do mercado porque assim queriam os consumidores. Eles são os senhores da razão que devem definir quem vai atender às suas necessidades. Normalmente, irá lograr êxito aquele empreendedor que melhor agradá-los, dentro de critérios subjetivos e inquestionáveis empregados pelos usuários – e que não se resumem ao preço praticado. E assim essa empresa e seus parceiros autônomos vinham fazendo.

O receio do prefeito, aparentemente, é que este processo acentue-se a tal ponto de restar apenas um fornecedor do serviço, tal qual ocorre, por exemplo, com o Google search. Sim, esta ferramenta de busca virtual é praticamente uma monopolista em seu nicho de mercado. Seguindo o raciocínio de Haddad, ela poderia, tão logo abarcou praticamente todos os interessados no bem que ela produz (em torno de 100% da população do planeta), cobrar o preço que bem entendesse, correto? E o que se observa na prática: o serviço ainda é gratuito, bem como vários outros recursos por ele ofertados. Pontos de interrogação pululam nas mentes daqueles cujos corações amam a figura do Estado como resolvedor de todos os conflitos.

Acontece que o Google é um monopolista natural – ou seja, não adquiriu tal condição valendo-se de conluios com o poder público que visassem criar barreiras à entrada de novos investidores em sua atividade. E assim segue sendo até hoje: a plataforma que a empresa oferece agiliza diversos aspectos de nossas vidas, e sem custo algum. Se ela, portanto, valendo-se desse status, resolvesse extorquir seus usuários, acabaria por gerar, ato contínuo, uma demanda por um produto similar gratuito, tal qual as pessoas já estão acostumadas a usufruir (normalmente o lucro da companhia vem dos anunciantes). Em pouquíssimo tempo, novos mecanismos do gênero surgiriam, para os quais os clientes do Google migrariam imediatamente. E estaria acabado o monopólio.

Esta política comercial antidumping ainda encontra defensores a partir da seguinte premissa: em alguns setores, caso o monopolista passasse a abusar de sua condição, levaria tempo demais até que novos empreendedores se estabelecessem, gerando prejuízos aos cidadãos. Ora, este ínterim será tanto menor quanto mais fácil for empreender no país. Se abrir uma empresa continuar sendo uma verdadeira aventura ingrata por uma selva de legislação incompreensível e regulação arbitrária, conjugada com preço de capital (juros) estratosférico e insegurança jurídica, de fato, apenas alguns poucos bem-aventurados alcançarão a façanha de constituírem empresas.

Haddad ainda faz questão de ressaltar que a medida não visa incrementar a arrecadação da prefeitura. Bom, se é assim, ele poderia alcançar seu objetivo reduzindo as taxas cobradas do motoristas de táxi, pois não? Tal comportamento lembra em muito as barreiras protecionistas adotadas em nosso país (impostos de importação elevados e procedimentos alfandegários intermináveis) sob o argumento de que nossas empresas teriam dificuldade em concorrer com fornecedores similares do exterior. Não seria o caso, então, de retirar dos ombros das companhias nacionais algumas dessas dificuldades, as quais são causadas, em sua quase totalidade, pelo próprio Estado? Desta forma, elas seriam capazes de modernizar-se e competir em pé de igualdade com as rivais estrangeiras.

Para tal, elas precisariam minorar preços e melhorar a qualidade dos bens produzidos – o que hoje é impossível diante da carga tributária escorchante e outros fatores concernentes à intervenção estatal. Algumas iriam atingir patamares de produtividade e lucratividade até então inimagináveis, outros viriam a falir, e todos os brasileiros gastariam menos para adquirir produtos superiores.

Ou seja, a regulação imposta pelo prefeito de São Paulo causa um empobrecimento geral da população, que, ao dispender mais dinheiro para seu transporte, vê sua capacidade de poupar reduzida – e somente a elevação dos níveis de poupança são capazes de permitir a redução das taxas de juros de forma sustentável. Além disso, tal capital economizado seria inevitavelmente aplicado em outras transações, gerando emprego em diversos setores – estes sim, eleitos espontaneamente pelos consumidores para sobreviverem no livre mercado – e girando a roda da economia de forma muito mais eficiente que a administração municipal consegue fazer com os mesmos recursos (vide o escândalo da “máfia da merenda” nesta mesma cidade, dentre tantos outros episódios de desperdício e desvio das verbas recolhidas junto aos pagadores de impostos).

Ainda dá tempo de revogar este ato normativo até dezembro, Haddad. A população agradeceria imensamente. Seria uma despedida honrosa – na medida do possível, claro.

Sobre o autor: Atua como Auditor-Fiscal do Trabalho, e no exercício da profissão constatou que, ao contrário do que poderia imaginar o senso comum, os verdadeiros exploradores da população humilde NÃO são os empreendedores. Formado na Escola de Especialistas de Aeronáutica (EEAR) como Profissional do Tráfego Aéreo e Bacharel em Letras Português/Inglês pela UFPR. Também publica artigos em seu site:https://bordinburke.wordpress.com/

 

SOBRE O AUTOR

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O Instituto Liberal é uma instituição sem fins lucrativos voltada para a pesquisa, produção e divulgação de idéias, teorias e conceitos que revelam as vantagens de uma sociedade organizada com base em uma ordem liberal.

 

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NOVAS REGRAS TORNAM ELEIÇÃO PLENAMENTE EXITOSA!

(Editorial Estado de SP, 09) 1. A primeira eleição sem o financiamento empresarial de campanha foi plenamente exitosa. Embora a queixa sobre a falta de dinheiro tenha sido mais ou menos generalizada, os candidatos saíram em busca de votos, os eleitores fizeram suas escolhas livremente e os eleitos tomarão posse no prazo legal. Tudo isso significa que a democracia pode perfeitamente funcionar sem a injeção de recursos de empresas interessadas somente em ganhar favores e contratos dos políticos que ajudaram a eleger.
2. Aliás, pode-se dizer que a democracia saiu fortalecida dessa eleição exatamente porque foi rompido esse vínculo danoso entre políticos e empresas, transformadas em eleitoras privilegiadas. Deu-se um grande passo para restaurar o princípio de “um homem, um voto”.
3. Neste ano, sem essa abundância de recursos, foi necessário gastar sola de sapato, algo a que os candidatos já não estavam mais habituados. Se antes o dinheiro das empresas permitia que os candidatos disputassem a eleição sem sair de casa, agora se tornou imperativo conversar diretamente com o eleitor e convencê-lo não apenas a lhe dar o voto, mas também a ajudar no financiamento da campanha.
4. Como a campanha eleitoral de 2016 mostrou, o voto pode ser conquistado sem a necessidade de enganar o eleitor com promessas elaboradas por marqueteiros e sem precisar recorrer a financiadores que não têm compromisso senão com seus balanços contábeis.

 

Ex-Blog do Cesar Maia