A rede de computadores da Justiça Eleitoral será bloqueada das 20h de hoje (1º) às 6h da próxima segunda-feira (3) por medida de segurança. De acordo com o Tribunal Superior Eleitoral (TSE), a prática também foi adotada em eleições anteriores. Apenas algumas áreas do portal do TSE ficarão disponíveis para os usuários.
“A medida visa aumentar a proteção à rede, mitigando possíveis invasões para prover a segurança da totalização dos votos”, informou a Justiça Eleitoral, em nota.
Bloqueio valerá das 20h de hoje (1º) às 6h da próxima segunda-feira (3) Divulgação/TRE-PA
Ao digitar o endereço www.tse.jus.br, o eleitor será enviado a uma página com os serviços da Justiça Eleitoral mais procurados pelos cidadãos, como consulta ao local de votação, consulta à situação eleitoral, informações sobre justificativa eleitoral, resultados das eleições (a partir das 17h de domingo), dados dos candidatos, Disque-Eleitor e as últimas notícias sobre as eleições.
Com a configuração das ferramentas de defesa da rede para o nível máximo de proteção, os computadores da Justiça Eleitoral serão impedidos de acessar a internet. Além disso, os e-mails que forem enviados para ambiente externo ou que forem enviados à Justiça Eleitoral a partir de fora ficarão retidos em ambiente seguro.
Depois de restabelecida a conexão entre as redes, as mensagens desse período serão entregues aos usuários. Apenas os e-mails trocados entre o TSE e os Tribunais Regionais Eleitorais (TREs) não sofrerão bloqueio.
Ataques
O secretário de Tecnologia da Informação do TSE, Giuseppe Dutra Janino, disse à Agência Brasilque, em eleições passadas, o site do tribunal e o sistema de troca de informações com os tribunais regionais já chegaram a sofrer mais de 200 mil tentativas de ataques de hackers por segundo.
Neste ano, de acordo com o secretário, o número caiu para duas ou três tentativas por dia. Janino explicou que o sistema, por onde passam dados sobre as eleições, é monitorado para evitar ataques. “Temos um núcleo que estuda a intensidade desses ataques e tem mecanismos para neutralizá-los. Então, muitas vezes há medidas preventivas para que esses ataques não sejam mais fortes”, disse.
Além disso, as informações são criptografadas para impedir a visualização ou alteração dos dados, e há vários mecanismos de segurança. “Tudo que trafega dentro do ambiente interno é criptografado e assinado digitalmente. Mesmo que os hackers conseguissem adentrar esse ambiente, não conseguiriam ver muita coisa.”
Segundo o secretário, o máximo que um hacker conseguiria fazer seria uma alteração na página da internet, deixando alguma mensagem, por exemplo. “O feito seria moral, como pichar uma página, e não teria resultados ou impactos significativos, seria mais com relação à imagem e não alteração de qualquer dado do sistema”, disse.
Janino destacou que a urna eletrônica não fica ligada à internet em nenhum momento, o que impede que o sistema de segurança da votação seja atacado. Para o secretário do TSE, os questionamentos sobre a confiabilidade da votação eletrônica ocorrem por falta de conhecimento sobre o sistema. “Temos um processo eletrônico de 20 anos de utilização. Não existe sequer um registro de fraude até hoje. Isso é fato. É realidade. Todas as suspeições levantadas foram devidamente investigadas por instituições independentes, por peritos da Polícia Federal”, argumentou.
Agência Brasil
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Defesa pode deslocar militares para conter onda de violência no Maranhão
Da Agência Brasil
Por causa dos ataques a locais de votação em cidades do Maranhão, o ministro da Defesa, Raul Jungmann, disse hoje (1) que o governo federal pode deslocar militares que estão no Pará e no Piauí para reforçar a segurança das eleições no estado. Jungmann e o presidente do Tribunal Superior Eleitoral (TSE), Gilmar Mendes, estiveram hoje em São Luís e se reuniram com o governador do Maranhão, Flávio Dino, e outras autoridades.
“A pedido do TSE estamos com efetivo de cerca de 1,3 mil militares aqui no Maranhão. Temos força reserva que pode ser deslocada se necessário. Assim, asseguro que as eleições ocorrerão com tranquilidade”, disse Jungmann, segundo informações divulgadas pelo Ministério da Defesa.
Gilmar Mendes disse que a Justiça Eleitoral conta com as Forças Armadas para garantir o bom andamento das eleições de amanhã (2) no Maranhão e em todo o país. “Estamos aqui para dizer que as eleições ocorrerão normais aqui em São Luís, como nos demais estados. As Forças Armadas estão aí para dar resposta, se for necessário.” A pedido do TSE, cerca de 25 mil militares da Marinha, do Exército e da Aeronáutica irão atuar em 488 localidades de 16 estados.
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Ataques
Pelo menos três escolas onde haveria votação neste domingo no Maranhão sofreram ações de bandidos na madrugada de hoje. O vandalismo ocorreu em seções eleitorais na região metropolitana de São Luís e em São José de Ribamar.
Duas escolas foram incendiadas e uma delas sofreu danos, com a queima de material didático e de expediente. As urnas que serão utilizadas nas eleições não estavam no local durante os crimes.
O governador do estado, Flávio Dino, informou que 23 líderes dos ataques, que davam ordens de dentro do Complexo Penitenciário de Pedrinhas, foram identificados e transferidos para outras unidades prisionais.
De acordo com o ministro Raul Jungmann, a pedido do presidente Michel Temer, na próxima semana, o ministro-chefe da Casa Civil, Eliseu Padilha, convocará uma ampla reunião com diversos setores do governo federal para tratar de questões referentes à segurança pública no país.
Agência Brasil
Carandiru: 24 anos depois, ninguém cumpriu pena pelo massacre de presidiários
Elaine Patricia Cruz - Repórter da Agência Brasil
“É um tempo de impunidade”, resumiu Paulo Malvezzi, assessor jurídico da Pastoral Carcerária Nacional, quando indagado pela Agência Brasil sobre o que significam os 24 anos do Massacre do Carandiru, que serão completados neste domingo (2). Passado todo esse tempo, ninguém cumpriu pena pela morte dos 111 detentos do Pavilhão 9 do antigo complexo penitenciário do Carandiru, desativado em 2002.
“São mais de duas décadas sem que a gente tenha, efetivamente, alguma forma de responsabilidade do Estado ou dos agentes que participaram ou que foram seus mandantes políticos”, disse Malvezzi. Ele acredita que o governador de São Paulo à época, Luiz Antônio Fleury Filho, e o então secretário de Segurança Pública, Pedro Franco de Campos, deveriam ser responsabilizados pelo massacre. “Toda a cadeia de comando deveria ter sido envolvida na responsabilização. Não digo criminal, mas de alguma forma de responsabilização, seja na área cível, administrativa ou de alguma forma política”, acrescentou o assessor da pastoral.
Em 2012, protesto em São Paulo lembrou os 20 anos do Massacre do CarandiruArquivo/Marcelo Camargo/Agência Brasil
Cinco julgamentos ocorreram nesse período. No primeiro deles, em 2001, o coronel da Polícia Militar Ubiratan Guimarães, que comandou a operação no Carandiru, foi condenado a 632 anos de prisão pela morte de 102 dos 111 prisioneiros do complexo penitenciário. A defesa do coronel recorreu da sentença e ela foi revertida, sendo anulada pelo Tribunal de Justiça em 2006.
Os outros julgamentos aconteceram entre os anos de 2013 e 2014. Por ser um processo que envolvia uma grande quantidade de vítimas e de réus, o julgamento foi desmembrado em quatro partes. Ao final delas, 73 policiais foram condenados pelas 111 mortes.
A defesa dos policiais decidiu recorrer ao Tribunal de Justiça de São Paulo, pedindo a anulação dos julgamentos, sob a alegação de que não seria possível individualizar a conduta dos policiais, dizendo se cada um deles efetuou os disparos ou que policiais foram responsáveis pela morte de quais vítimas.
Na última terça-feira (27), três desembargadores da 4ª Câmara Criminal do Tribunal do Júri, responsáveis pelo recurso da defesa dos réus, decidiram anular os julgamentos anteriores entendendo que não há elementos para mostrar quais foram os crimes cometidos por cada um dos agentes. Além da anulação, o presidente da 4ª Câmara, desembargador Ivan Sartori, chegou a pedir a absolvição dos réus em vez da realização de um novo julgamento. Porém, o pedido não foi aceito pelos demais membros do colegiado.
Após 46 anos de funcionamento, o Carandiru começou a ser demolida em 2002Divulgação/Sérgio Andrade/ Prefeitura São Paulo
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Malvezzi concorda que é muito difícil individualizar as condutas. “É legítimo que a gente questione se há possibilidade de individualizar condutas. A perícia no Brasil é tão frágil que você, de fato, não consegue identificar quem fez os disparos. E dentro de uma perspectiva penal mais garantista, há alguma legitimidade na argumentação, sim, de que você não consegue fazer a individualização da responsabilidade pelo massacre. Por isso, achamos importante a responsabilidade política. Mas o que não se pode é negar que existiu”, argumentou.
Durante o julgamento, o juiz Ivan Sartori chegou a dizer que não houve massacre e que os detentos estavam armados e os policiais agiram em legítima defesa.
O secretário estadual de Justiça e da Defesa da Cidadania Márcio Fernando Elias Rosa, também critica a impunidade dos responsáveis pelas mortes no Carandiru. “A Justiça, depois de 24 anos do ocorrido, não se pronuncia de maneira definitiva e não faz justiça. E digo isso não apenas porque me convenço da necessidade de o Estado e o Poder Judiciário darem uma resposta para aquele terrível episódio, terrível pelo número de vítimas e também pelo número de réus, e depois de 24 anos o processo criminal não teve fim. Os julgamentos ocorreram quando eu exercia a Procuradoria-Geral de Justiça e confesso que me empenhei muito para que eles fossem realizados. O que a sociedade espera que ocorra é uma conclusão, uma elucidação, o fim do processo”, disse.
O procurador-geral de Justiça, Gianpaolo Smanio, disse à Agência Brasil que o Ministério Público pretende recorrer da decisão do Tribunal de Justiça.“Da parte do Ministério Público, não estamos conformados, não aceitamos a decisão e vamos apresentar os recursos competentes para reverter a decisão e manter a condenação, evidentemente.”
O massacre
Na tarde do dia 2 de outubro de 1992, por volta das 14h, a dois dias das eleições municipais, dois detentos brigaram no Pavilhão 9, na Casa de Detenção de São Paulo, complexo penitenciário construído nos anos 1920 no bairro do Carandiru, na zona norte da capital. O complexo era formado por sete pavilhões, cada um com cinco andares. Na época, 7.257 presos viviam no Carandiru, 2.706 deles só no Pavilhão 9, onde estavam encarcerados os réus primários, aqueles que cumpriam sua primeira pena de prisão.
A briga se generalizou, começou uma confusão e os funcionários do complexo tentaram acalmar os ânimos dos detentos e recolhê-los às celas. A Polícia Militar foi chamada para conter a rebelião.
Uma tentativa de negociação com os detentos falhou. O comando policial decidiu entrar no local com metralhadores, fuzis e pistolas.
No livro Estação Carandiru, o médico Drauzio Varela, que trabalhou na Casa de Detenção, narra o que aconteceu com base em relatos de presos. “Passava das três da tarde quando a PM invadiu o Pavilhão 9. O ataque foi desfechado com precisão militar: rápido e letal. A violência da ação não deu chance para defesa.”
Cerca de meia hora depois da entrada da PM, as “metralhadoras silenciaram”, contou o médico. Nesse dia, 111 detentos morreram: 84 deles ainda não tinham respondido a processo e ainda não tinham sido condenados.
A ação dos policiais é considerada um dos mais violentos casos de repressão à rebelião em casas de detenção do país.
Agência Brasil
Vice-presidente do TSE diz que ataques contra candidatos são "intoleráveis"
Isabela Vieira - Repórter da Agência Brasil
Brasília - O vice-presidente do TSE, ministro Luiz Fux, promete investigação rigorosa e punição severa para crimes cometidos durante as campanhas eleitorais -Elza Fiuza/Agência Brasil
O vice-presidente do Tribunal Superior Eleitoral (TSE) e ministro do Supremo Tribunal Federal (STF) Luiz Fux disse hoje (1º), no Rio de Janeiro, que ataques a candidatos nessas eleições “são intoleráveis” e prometeu investigação rigorosa, além de punição severa, para os crimes cometidos durante as campanhas. Amanhã (2), a população vai às urnas no primeiro turno de votação.
“Esses atos serão considerados absolutamente intoleráveis, nós vamos até o final para apurar o que está por detrás dessa pretensão e todos os responsáveis podem ficar absolutamente cientes de que esses atos não são influentes nos resultados das eleições mas, sem prejuízo, serão exemplarmente punidos”. Ele fez a afirmação ao ser perguntado sobre os assassinatos no Rio e, mais recentemente, sobre o atentado contra o candidato à prefeitura do município goiano de Itumbiara.
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Na quinta-feira (29) o candidato à prefeitura de Itumbiara José Gomes da Rocha (PTB) foi morto a tiros, durante carreata. O vice-governador de Goiás, José Eliton (PSDB) e um policial militar que fazia a segurança do vice também foram baleados, mas sobreviveram. No Rio, na segunda-feira (26), o candidato a vereador, Marcos Falcon, presidente da Portela, foi assassinado com vários tiros dentro do comitê de campanha.
Durante a semana, uma onda de violência em cidades do Maranhão, que podem estar ligadas ao processo eleitoral, também acendeu o alerta do TSE que enviou para lá tropas militares.
De acordo com Fux, os episódios de violência são “anômalos”, dentro de um contexto de eleições democráticas e limpas. Para contê-los, lembrou que 25 mil militares das Forças Armadas foram distribuídos pelo país. “Talvez, pela primeira vez, tenhamos concedido tantas requisições de forças federais”, afirmou. “Inclusive, em casos em que os governadores não queriam manifestar, explicitamente, se pretendiam solicitar [ajuda]”.
O tribunal enviou reforço de tropas para 315 municípios de 14 estados, sendo que o Rio de Janeiro, com 16 candidatos assassinados durante campanhas, receberá o maior efetivo, 6,5 mil homens. Os militares vão atuar em 11 localidades: a capital, Magé, Campos dos Goytazes e Macaé, no norte fluminense, Belford Roxo, São João de Meriti, Nova Iguaçu, Duque de Caxias, Queimados e Japeri, na Baixada Fluminense, além de São Gonçalo.
Luiz Fux participou do sorteio de urnas eletrônicas que serão testadas amanhã, durante a votação, no Tribunal Regional Eleitoral (TRE), no centro do Rio. Foram escolhidos equipamentos de zona eleitorais de Bangu, na zona oeste, do Maracanã, de Cascadura e de Parada de Lucas, na zona norte da capital, além de Nova Iguaçu, na Baixada, que serão levados para o teste no TRE, com a presença de auditores, fiscais de partidos e do Ministério Público.
A presidente da Comissão de Votação Paralela do TRE-RJ, juíza Keyla Blank de Cnop, explicou que os fiscais vão conferir se os votos dados nessas urnas, em separado, por funcionários do TRE, batem com os números digitados. “É uma votação fictícia, uma auditoria, para ver se essa urna expressará os votos corretamente, o que sempre aconteceu”, disse.
Agência Brasil
Intenções de voto mostram no Iris Rezende do PMDB e Vanderlan do PSB no segundo turno: http://glo.bo/2cUj4xe #GloboNews
Ibope também faz pesquisa com os candidatos a prefeito de Goiânia
G1.GLOBO.COM
Protestos foram organizados em algumas das principais capitais do mundo contra as ofensivas aéreas: http://glo.bo/2dxCsxI #GloboNews
Rússia volta a bombardear Aleppo, apesar de ameaça dos EUA de abandonar iniciativa de paz
G1.GLOBO.COM
Os dados são de acordo com a pesquisa divulgada neste sábado pelo Ibope: http://glo.bo/2dxBSjv #GloboNews
Em Curitiba, o candidato do PMN, Rafael Greca, aparece em primeiro lugar
G1.GLOBO.COM
Em Porto Alegre, cerca de 1,1 milhão de eleitores devem votar:http://glo.bo/2dAwnFU #GloboNews
Cerca 8 milhões e 400 mil eleitores devem votar no estado do Rio Grande do Sul
G1.GLOBO.COM
O atual prefeito Geraldo Julio, do PSB, continua na liderança da disputa:http://glo.bo/2dIV1A8 #GloboNews
Ibope divulga nova pesquisa dos votos válidos no Recife
G1.GLOBO.COM
Empresário teria confirmado que entregava dinheiro para o PMDB:http://glo.bo/2dhQ0zE #GloboNews
Delação premiada traz novas suspeitas sobre Renan Calheiros
G1.GLOBO.COM
Na capital mineira, ibope aponta para um segundo turno entre os candidatos do João Leite e Alexandre Kalil: http://glo.bo/2dj9CnT#GloboNews
Minas Gerais é o 2º maior colégio eleitoral do Brasil
G1.GLOBO.COM
“Eles chegaram atirando mesmo”, lembra sobrevivente do Massacre do Carandiru
Elaine Patricia Cruz - Repórter da Agência Brasil
David Orestes, um ex-detento do Pavilhão 9 do Carandiru, passou 20 anos de sua vida no complexo, entre 1974 e 1994, preso por assalto, e é um dos sobreviventes do Massacre do Carandiru, ocorrido em 1992, que completa 24 anos neste domingo (2). Depois de cumprir o resto da pena, em 2005 David passou a trabalhar em uma comunidade religiosa na cidade de Osasco e a dar aulas de violão e hoje vive com uma pensão paga pelo governo por meio do Benefício da Prestação Continuada, previsto na Lei Orgânica de Assistência Social (Loas).
Ao contrário do presidente da 4ª Câmara do Tribunal do Júri de São Paulo, desembargador Ivan Sartori, que, junto com dois magistrados, anulou esta semana o julgamento dos policiais militares condenados pela ação e defendeu que os agentes agiram em legítima defesa, David disse que o ocorreu no Carandiru naquele ano foi sim um massacre.
“O que eles fizeram foi um massacre. O massacre é o penúltimo crime da humanidade. Acima do massacre, só o crime contra a humanidade. O massacre é uma coisa muito forte e muito cruel. Esse pessoal aí deve ser punido, não sei como, se é cumprindo pena. A Justiça é quem vai dizer. Não posso dizer: 'eu quero que condene'. Eu quero dizer que acompanho a opinião do povo”, disse.
Segundo David, os detentos não ofereceram resistência aos policiais. “Houve mesmo o massacre. A alegação era de que havia pessoas [detentos] armadas, que algum de nós estariam armados lá dentro. Mas não tinha ninguém com armas. Não há como uma pessoa reagir e enfrentar 10 mil soldados que entraram lá, sem nada, nu. Todos eles foram mortos e, os que foram mortos, todos [estavam] despidos”, contou.
“Foi um massacre. Não tem tribunal que possa absolver dizendo que não, que foi em legítima defesa. Eles mataram mesmo. Eles chegaram atirando mesmo, em pessoas nuas, sem roupa, despidas, e foi o que aconteceu”, lembrou o sobrevivente da ação policial que deixou 111 mortos Na tarde do dia 2 de outubro de 1992.
Em 2012, protesto em São Paulo lembrou os 20 anos do Massacre do Carandiru e listou os nomes dos 111 detentos mortos Arquivo/Marcelo Camargo/Agência Brasil
A lembrança daqueles dias, segundo o ex-detento “já está bem distante”, mas durante muitos anos o perseguiu até em sonhos.
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“Nos primeiros anos, eu estava sempre lembrando. Às vezes eu sonhava. Cheguei até a cair da cama sonhando com esse massacre. Foi muito sangue, muita gente morta. Hoje já estou bem melhor. Mas, no começo foi difícil, porque a gente sai de lá e a gente perde o humor. O humor da gente sai bem baixo. Difícil se adaptar com as pessoas aqui fora que têm outro modo de vida”, contou.
Busca de respostas
David disse à Agência Brasil que, assim como ele cumpriu sua pena pelo crime cometido, os culpados pelo massacre também deveriam ser punidos. “Como eu fiquei muito tempo lá no Carandiru, eu cumpri 30 anos de pena, juntando com a liberdade condicional. O que eu acho é que existe certa injustiça. Acredito que vai ser difícil eles [responsáveis pelo massacre] cumprirem pena em um presídio”, reconheceu.
“Só posso agora esperar o que vai acontecer. E se der tempo, porque já passei dos 70 anos e já estou no fim da carreira. Acredito que mais uns dez anos e esse processo ainda vai rolar no tribunal”, acrescentou David, que vai completar 71 anos daqui a dois meses.
Para o assessor jurídico da Pastoral Carcerária Nacional, Paulo Malvezzi, a decisão do Tribunal de Justiça paulista demonstra que “o sistema de Justiça e o Judiciário acabam por funcionar de forma a acobertar as violências praticadas pelo Estado.”
Segundo Malvezzi, em geral, em crimes cometidos pelo Estado ou por agentes do Estado, poucas vezes há responsabilização. “Até hoje há pouquíssimas iniciativas de responsabilização restritas à esfera penal”, comentou, citando exemplos os Crimes de Maio de 2006 e a Chacina de Osasco, em 2015. “É uma sequência de massacres e de violência do Estado que parecem não ter freio. E temos pouca esperança de que o Judiciário vai trazer alguma resposta para o Carandiru e essas outras situações”, ressaltou.
O secretário estadual de Justiça e da Defesa da Cidadania Márcio Fernando Elias Rosa, disse que a punição dos responsáveis é fundamental para não penalizar novamente as vítimas e suas famílias com a injustiça. “Até para não revitimizar e expor ainda mais aqueles que são acusados, o Estado de São Paulo e a sociedade paulista mereciam algum fim para esse episódio. Daí porque a decisão [de anular a condenação] me soou inusitada e tecnicamente, na minha avaliação, equivocada por maior que seja o respeito que eu tenha pelo Poder Judiciário”, analisou.
A organização de direitos humanos Justiça Global também lamentou a falta de respostas e de responsabilização pelo massacre, principalmente após a anulação dos julgamentos. “Olhando todo o volume de evidências que foram colhidas no caso, não apenas contra os policiais que entraram no Carandiru, mas também contra as autoridades que autorizaram a entrada da polícia militar, é vergonhoso o papel da Justiça, especialmente por considerar legítima defesa em uma ação contra homens encurralados e desarmados”, disse Sandra Carvalho, coordenadora da Justiça Global, por meio de nota. “O Brasil certamente não é o país da impunidade, mas sim da seletividade penal”, acrescentou.
Na sexta-feira (30), em Genebra, a Organização das Nações Unidas (ONU) também criticou a decisão do Tribunal de Justiça paulista dizendo que a anulação “manda uma mensagem preocupante de impunidade” e apelou para que as autoridades condenem os responsáveis.
Agência Brasil
Sistema prisional ainda tem problemas da época do Carandiru, dizem especialistas
Elaine Patricia Cruz - Repórter da Agência Brasil
A exemplo do que ocorreu na época do Massacre do Carandiru, em 1992, o número de presos provisórios continua sendo alto no país. Dos 111 detentos mortos na ação policial dentro da Casa de Detenção de São Paulo na ocasião, 84 deles ainda não tinham respondido a processo ou não tinham sido condenados.
Com base em dados do Departamento Penitenciário Nacional (Depen), a organização de direitos humanos Justiça Global apurou que São Paulo tem hoje 60 mil presos provisórios, o que equivale a 27,2% do total. Nacionalmente, 40% da população carcerária está nessa situação, o que equivale a 250 mil pessoas.
“Ocorreram avanços, como a implementação das audiências de custódia em alguns estados (na qual os presos são levados a presença de um juiz em até 24 horas após a detenção), mas o sistema de Justiça criminal, que inclui o Judiciário e o Ministério Público, ainda é altamente racista e punitivista”, criticou a coordenadora da entidade, Sandra Carvalho.
Para o assessor jurídico da Pastoral Carcerária Nacional, Paulo Malvezzi, a situação atual do sistema penitenciário brasileiro tem todos os elementos para que tragédias como a do Carandiru se repitam. “As condições que possibilitaram a ocorrência do Carandiru permanecem hoje e permanecem de forma multiplicada. Na época, você tinha mais de 100 mil presos e hoje você tem mais de 600 mil presos em condições de absoluta degradação, de violência cotidiana, de privação de serviços básicos, de violações de direitos básicos dentro do sistema prisional. A gente pulverizou o Carandiru, mas ele permanece como realidade e como símbolo.”
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Em 2012, protesto em São Paulo lembrou os 20 anos do Massacre do CarandiruArquivo/Marcelo Camargo/Agência Brasil
Para o secretário de Segurança Pública de São Paulo, Mágino Alves Barbosa Filho, no entanto, episódios como o do Carandiru não devem se repetir na história do país. “Com relação ao que aconteceu, hoje os protocolos de ação da Polícia Militar são muito diferentes dos protocolos de ação da Polícia Militar de 24 anos atrás. Posso afiançar que um episódio como esse não aconteceria nos tempos atuais”, disse o secretário à Agência Brasil.
Encarceramento
Entidades sociais argumentam que o encarceramento continua crescendo no país, junto com a violência dentro do sistema. O número de detentos dobrou de 2005 para 1015, passando de 300 mil para cerca de 600 mil.
"E as mortes continuam a ocorrer em larga escala dentro do sistema prisional, como podemos ver em exemplos como o do Complexo do Curado, em Pernambuco; em Pedrinhas, no Maranhão; e no Urso Branco, em Rondônia. Já chegamos a 24 anos depois do Massacre do Carandiru e está ainda mais evidente a falência desse modelo, que foi uma aposta equivocada. A solução para os problemas sociais no país nunca passará por encarcerar mais", disse Sandra Carvalho, da Justiça Global.
Os problemas que existiam no sistema Judiciário prisional em 1992 permanecem também na saída do preso. Ao sair do Carandiru, o ex-detento David Orestes, por exemplo, contou ter enfrentado muitas dificuldades, mesmo após cumprir quase 30 anos de pena.
“As pessoas que saem do presídio tem dificuldade em procurar emprego. Porque você chega em uma empresa, todo mundo fala que quer ajudar, mas quando você vai em uma empresa, ele [empresário] já não quer, dizendo que não tem vaga ou que não pode. E a pessoa fica desempregada. Tem muitos ex-presidiários que estão morando na rua e não tem como ele recomeçar. Ele vai continuar nessa vida mesmo morando na rua e, se cometer algum delito, volta para a cadeia. A reincidência é bastante grande”, disse o ex-detento, que estava no Carandiru no dia do massacre e sobreviveu à ação policial.
Agência Brasil
Unicamp desenvolve colírio para evitar e tratar perda de visão em diabéticos
Marli Moreira - Repórter da Agência Brasil
Um grupo de pesquisadores das faculdades de Ciências Médicas (FCM) e de Engenharia Química da Universidade Estadual de Campinas (Unicamp) desenvolveu um colírio para a prevenção e combate da degeneração gradativa que ocorre com frequência nos olhos das pessoas com diabetes, a chamada retinopatia diabética.
“A grande vantagem desse achado é o fato de não ser invasivo. Por ser tópico não implica em riscos e cria uma barreira contra as alterações neurodegenerativas que afeta os diabéticos”, explicou a pesquisadora da FCM Jacqueline Mendonça Lopes de Faria.
A cientista disse que a descoberta foi feita a partir de uma pesquisa que já dura cerca de duas décadas. “É consequência de um estudo de 20 anos para entender o mecanismo de ataque das células nervosas e de irrigação sanguínea no tecido ocular.”
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De acordo com a pesquisadora, por causa da hiperglicemia – excesso de açúcar no sangue no organismo dos diabéticos – vários órgãos podem ser comprometidos. Em cerca de 40% dos casos, a doença leva a complicações na retina provocadas pelo efeito tóxico da glicose. O sistema nervoso e vascular da retina passam a ter alterações progressivas que podem levar a cegueira. “Isso ocorre, muitas vezes, justamente no momento em que a pessoa está em idade ativa.”
Atualmente, o tratamento da retinopatia diabética é feito com opções invasivas, como a fotocoagulação com laser, injeções intravítrea ou mesmo cirurgia. A expectativa dos pesquisadores da Unicamp é que, além de servir para a cura da retinopatia diabética, a descoberta dessa tecnologia possa ser benéfica também no tratamento de outras anomalias da visão, como o glaucoma.
Eficácia
Testes em laboratórios da Unicamp comprovaram a eficácia da fórmula. No entanto, antes de ser transformado em medicamento para a distribuição e comercialização, o colírio tem de ser submetido à fase clínica de tetes, com os ensaios em seres humanos. Ainda não há previsão de quando isso vai ocorrer porque os testes dependem do interesse de empresas em fazer o licenciamento da tecnologia junto com a agência de inovação da universidade, a Inova Unicamp.
No teste com os roedores, não foram observados efeitos adversos e o colírio mostrou-se eficaz na proteção do sistema nervoso da retina.
Também participam da pesquisa a professora Maria Helena Andrade Santana; a pesquisadora Mariana Aparecida Brunini Rosales e a aluna de mestrado Aline Borelli Alonso. Os estudos receberam financiamento da Fundação de Amparo à Pesquisa do Estado de São Paulo (Fapesp) e da Coordenação de Aperfeiçoamento de Pessoal de Nível Superior (Capes), vinculada ao Ministério de Educação.
Agência Brasil