A seleção brasileira de futebol é campeã olímpica dos Jogos Rio 2016. O ouro foi conquistado nos penalties, após o empate tenso de 1 a 1 nos 120 minutos de duração da partida. O título veio na quinta bola chutada por Neymar, após o goleiro Weverton ter defendido o penalty cobrado pelo jogador alemão.
O Brasil abriu o placar com o gol de Neymar, aos 26 minutos de jogo, em cobrança de falta. Em comemoração, Neymar repetiu o gesto de imitar um raio do jamaicano tricampeão olímpico de atletismo, Usain Bolt, presente no estádio. Bolt vibrou com o gol de Neymar.
Empate
Meyer, da Alemanha empatou, aos 13 minutos do segundo tempo. O gol de ocorreu após uma falha da defesa brasileira, numa bola rebatida. A partir daí, as duas equipes fizeram um jogo tenso com várias chances de gols perdidas pelas duas seleções.
História de uma conquista
Foram necessários 64 anos, mas a seleção brasileira enfim chega ao ouro nos Jogos Olímpicos, numa conquista que serve de redenção para uma geração de jogadores que, pelo menos, desde a Copa do Mundo no Brasil, em 2014, vinha sendo apontada como desprovida de grandes craques, assim como a responsável pelo rebaixamento da seleção brasileira do papel de protagonista para o de coadjuvante no futebol mundial.
A seleção brasileira conquista ouro olímpico com vitória sobre a Alemanha no Maracanã. Neymar abriu o placar com um gol de falta no primeiro tempo da partidaDivulgação/Confederação Brasileira de Futebol
Quis também o destino que o ouro fosse proporcionado por uma vitória sobre a Alemanha, país que derrotou o Brasil por 7 x 1 na semifinal do Mundial de 2014, no Brasil. O feito de agora passou longe de ser encarado pelos brasileiros como uma revanche para o fiasco de dois anos atrás. Um dos motivos é o de a seleção olímpica alemã ter em seu elenco somente um jogador que estava presente no Mundial, o zagueiro reserva Mathias Gunter. Mas esse foi um ingrediente a mais para incrementar o sabor de ganhar em casa um título há muito sonhado.
Neymar fez o gol na quinta cobrança de penalty. Depois o goleiro Veverton defenderia a bola que deu a medalha de ouro para a seleção brasileira.Fernando Frazão/Agência Brasil
A perseguição ao ouro olímpico, último grande título internacional que faltava ao Brasil no futebol, ganhou contornos de obsessão nas últimas décadas, sentimento que acabou catalisado nestes Jogos Olímpicos, pelo fato do elenco jogar em casa, na primeira Olimpíada na América do Sul.
História começa em Helsinque
O Brasil estreou nos Jogos Olímpicos em 1952, em Helsinki, quando ficou em quinto lugar, após uma derrota nas quartas de final justamente para a Alemanha. Desde então foram conquistados dois bronzes, em Atlanta (1996) e Pequim (2008). As pratas foram fruto de três derrotas em finais: em Los Angeles para a França, em 1984; em Seul para a União Soviética, em 1988; e em Londres para o México, em 2012.
Foram necessárias portanto quatro finais para que os jogadores brasileiros finalmente pendurassem o ouro no pescoço, numa competição que ao longo dos anos ficou marcada pela zebra, tendo como medalhistas no passado países sem nenhuma chance em Copas do Mundo, como Bulgária, Suíça, Japão e Camarões.
O fenômeno se deve à restrição imposta pelo Comitê Olímpico Internacional (COI) e pela Federação Internacional de Futebol (Fifa), que permitem a participação nos Jogos somente de atletas abaixo dos 23 anos, com três exceções para cada país. A medida serve para amenizar o protagonismo midiático do futebol sobre outros esportes e equilibrar o torneio, ao contribuir para a ausência de grandes craques.
Uma dessas zebras foi a marcante derrota dos brasileiros para a Nigéria na semifinal de 1996, em Atlanta, quando a seleção era comandada por Zagalo e tinha os astros Bebeto, Ronaldo e Rivaldo na dianteira. O Brasil marcou um gol de falta logo nos primeiros dois minutos e terminou o primeiro tempo vencendo por 3 x 1. Mas a equipe derreteu na segunda etapa, cedendo o empate no tempo regulamentar. Na prorrogação, tomou o gol de ouro. Na disputa pelo bronze, o time se recuperou, goleando Portugal por 5 x 0.
Primeria medalha
A primeira medalha pode também ser considerada uma zebra, pois surgiu quando ninguém esperava. A prata em Los Angeles (1984) foi conquistada por um time formado sem o apoio da CBF, com um elenco composto por jogadores quase que exclusivamente do clube gaúcho Internacional, incluindo Gilmar Rinaldi e Dunga, e comandado por um técnico novato, Jair Picerni. Acabaram perdendo a final por 2 x 0 para a França.
Neymar abraça o zagueiro Rodrigo Caio após fazer o gol do Brasil contra a Alemanha, no primeiro tempo da partidaFernando Frazão/Agência Brasil
Nos Jogos seguintes, em Seul (1988), a história era outra. Treinado pelo experiente Carlos Alberto Silva, o elenco contava com astros que viriam a ser tetracampeões mundiais com a amarelinha, entre eles o goleiro Taffarel e os atacantes Bebeto e Romário. Mais uma decepção na final, com derrota de 2 x 1 para a União Soviética.
Eliminado na primeira fase em Roma (1960), Tóquio (1964) e Cidade do México (1968), o Brasil sequer se classificou para Barcelona (1992). Mas seria em Sidney (2000) que a canarinha protagonizaria talvez a maior decepção de sua trajetória olímpica, ao ser eliminada novamente por um gol de ouro, dessa vez por Camarões, na quarta de final. O fiasco custou o cargo de Vanderlei Luxemburgo como técnico, e a seleção voltaria a ficar fora de uma Olimpíada na edição seguinte, em Atenas (2004).
Jogos de Pequim e Londres
Em Pequim (2008), sob o comando de Dunga e tendo Ronaldinho Gaúcho como capitão, a seleção brasileira voltaria ao pódio, conquistando o bronze sobre a Bélgica após ter perdido a semifinal para a bicampeã olímpica Argentina. Mas seria em Londres (2012) que uma nova decepção marcaria o Brasil: depois de chegar sem dificuldades à final, o time perdeu para o México por 2 x 1.
Para chegar ao tão sonhado ouro, Neymar e companhia superaram toda a carga pesada de decepções passadas da seleção em Olimpíada e em torneios internacionais disputados no Brasil. Ao fim, eles conseguiram se recuperar de um início de campanha apático e deram finalmente ao torcedor o direito gritar “É campeão” a plenos pulmões em casa, no Maracanã.
Agência Brasil
Ouro no futebol garante melhor campanha do Brasil em Olimpíadas
Da Agência Brasil
A vitória da seleção brasileira na final do futebol nos Jogos Olímpicos de 2016 sobre a Alemanha nos pênaltis, no Maracanã, garantiu a melhor campanha do Brasil em Olimpíadas. Com seis medalhas de ouro, o país superou o recorde de cinco medalhas obtidas nos Jogos Olímpicos de Atenas, em 2004.
Em relação ao número de medalhas, o Brasil garantiu 18 até o penúltimo dia de competição, uma a mais que as 17 registradas nos jogos de Londres, em 2012. Amanhã (21), a seleção masculina de vôlei disputará o primeiro lugar contra a Itália, podendo conquistar a sétima medalha de ouro.
Pela manhã, a dupla de canoístas formada pelos baianos Isaquias Queiroz e Erlon Silva havia assegurado o recorde numérico de medalhas ao conquistar a prata na prova de 1 mil metros da canoa dupla. Além de Isaquias ser o primeiro brasileiro a conquistar três medalhas olímpicas em uma mesma edição dos jogos, o país garantiu, pela primeira vez, a conquista de 18 medalhas em uma olimpíada.
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Com a conquista do ouro no futebol, o Brasil saltou para o 13º lugar no quadro de medalhas, também a melhor campanha de sua história nesse ranqueamento. Nesse quesito, a melhor campanha já registrada havia sido o 16° lugar nos Jogos de Atenas.
Agência Brasil
Nosso futebol não está morto, diz técnico da seleção após medalha de ouro
Vinícius Lisboa - Repórter da Agência Brasil
A torcida verde e amarela soltou o engasgado grito de "é campeão", no Maracanã, após a conquista da medalha de ouro na final olímpica contra a Alemanha, na noite de hoje (20). O técnico da seleção vitoriosa, que começou a Olimpíada muito criticada e terminou literalmente nos braços da torcida, espera que a medalha vire uma página no futebol brasileiro e traga de volta o orgulho de torcer pelo esporte que continua a ser uma das grandes paixões nacionais.
O técnico Rogério Micale elogiou os jogadores que bateram os pênaltis que decidiram a partida e também o goleiro Weverton, que conseguiu defender um dos chutes dos alemãesReuters/Bruno Kelly/Direitos Reservados
"É uma fase que passou, e agora, para o futuro, vamos ter mais tranquilidade para lidar com essa situação. O nosso futebol não está morto", disse Rogério Micale na entrevista concedida à imprensa após a partida. "Acredito muito no potencial dos jogadores”, completou, ressaltando que a seleção pode apresentar um futebol ainda melhor.
Micale falou de sua realização pela conquista do ouro e disse que espera ter contribuído para a seleção principal, treinada por Tite. "A gente tem uma geração muito boa que, com esse amadurecimento tático, acredito que tem muitas chances de cada vez mais contribuir com o nosso futebol e desenvolver os seus talentos".
O técnico elogiou os jogadores que bateram os pênaltis que decidiram a partida e também o goleiro Weverton, que conseguiu defender um dos chutes alemães e possibilitou a vitória, com o pênalti convertido em gol por Neymar. "O fato de ele ter marcado o último gol é importante porque é uma referência para o nosso futebol", disse Micale. "A gente sabe da qualidade que ele tem, do ícone que é do futebol brasileiro. Fico feliz que tenha finalizado a série", acrescentou.
Neymar deve deixar a braçadeira de capitão da seleção à disposição para que Tite decida quem será o líder do time em campo. Para Micale, esse gesto mostra amadurecimento do principal jogador da seleção brasileia. "Ele se mostrou um líder, um cara extremamente dedicado e saio com as impressões mais positivas a respeito dele", disse.
Os medalhistas de ouro fizeram festa no estádio após a classificação e chegaram à zona mista de imprensa ainda eufóricos. Renato Augusto, que teve uma boa atuação na partida, disse estar muito emocionado por ter sido criado no bairro da Tijuca, onde fica o Maracanã.
A seleção brasileira de futebol vence a Alemanha e conquista ouro inédito na OlimpíadaFernando Frazão/Agência Brasil
"Sou tijucano. Sou daqui. Então, é difícil dizer até o que eu sinto. A ficha não caiu ainda. É algo especial, minha família estava aqui, meus amigos estavam aqui. Como ainda não tenho filho, pode ser um dos melhores dias da minha vida", afirmou.
O zagueiro Rodrigo ressaltou que o jogo foi extremamente difícil, mas encarado com muita concentração pelos brasileiros. "Conseguimos fazer um belíssimo trabalho e terminamos com o título".
Mais uma vez, ele afastou a interpretação de que o jogo se tratava de uma revanche contra a Alemanha, depois da semifinal da Copa do Mundo, quando o Brasil foi derrotado por 7 a 1. "A gente focou somente nesta competição e em fazer o nosso trabalho", afirmou.
Agência Brasil
Maicon Siqueira conquista bronze para o Brasil no taekwondo
Michèlle Canes – Repórter da Agência Brasil
Rio de Janeiro – Britânico chegou a abrir vantagem, mas atleta brasileiro virou no terceiro round e venceu por 5 pontos a 4Reuters/Peter Cziborra/Direitos Reservados
O Brasil ganhou a 18ª medalha nos Jogos Olímpicos de 2016. O brasileiro Maicon Siqueira conquistou o bronze no taekwondo na categoria acima de 80 quilos masculino na noite deste sábado (20). A disputa foi contra o britânico Mahama Cho na Arena Carioca 3. Essa foi a segunda medalha brasileira na modalidade desde que o esporte começou a ser oficialmente disputado em 2000, nos Jogos Olímpicos de Sydney.
Na disputa, o primeiro round terminou sem marcação de pontos. No segundo, Cho abriu vantagem e marcou 3 pontos, mas foi penalizado, e o brasileiro ganhou um ponto. A vitória de Maicon Siqueira veio no terceiro round, quando o brasileiro fechou a luta com 5 pontos a 4.
Antes de disputar a medalha, Siqueira tinha ganhado a repescagem contra o francês Bar Diaye, por 5 pontos a 2. A medalha de ouro foi conquistada pelo atleta do do Azerbaijão Radik Isaev. A prata ficou com o nigeriano Abdoulrazak Issoufou Alfaga, que havia derrotado Siqueira nas quartas de final.
Com o bronze, o Brasil tem 18 medalhas, seis de ouro, seis de prata e seis de bronze. O país está na 13ª classificação no quadro de medalhas, a melhor campanha olímpica de todos os tempos. O Brasil já está com a 19ª medalha garantida. Amanhã (21) à tarde, a seleção masculina de vôlei disputa o ouro contra a Itália.
Agência Brasil
Maicon Siqueira marcou ponto nos últimos segundos:http://glo.bo/2bwEy3q
Brasileiro vira resultado da luta e conquista bronze no taekwondo
G1.GLOBO.COM
Medalha inédita fez o país vibrar: http://glo.bo/2bmvTQI
Torcedores em todo o Brasil comemoram o ouro no futebol masculino
G1.GLOBO.COM
Vitória foi nos pênaltis, no Maracanã: http://glo.bo/2brdcKN
Brasil vence a Alemanha e conquista ouro inédito no futebol masculino
G1.GLOBO.COM
Annete Edmondson, medalha de bronze em Londres, viajou para Salvador a fim de encontrar a baiana Vanessa Francisca dos Santos:http://glo.bo/2b6CLEg
Ciclista australiana aproveita vinda ao Brasil para conhecer afilhada em projeto social
G1.GLOBO.COM
Isaquias Queiroz será o porta-bandeira do Brasil na cerimônia de encerramento
Nathália Mendes e Edgard Matsuki – Enviados especiais do Portal EBC
Isaquias Queiroz conquistou duas pratas e um bronze nos Jogos Olímpicos do RioReuters/Damir Sagolj/Direitos Reservados
Recordista do país em número de medalhas em uma mesma edição dos Jogos Olímpicos, com dois ouros e um bronze, o canoísta Isaquias Queiroz puxará a delegação brasileira no desfile de encerramento, que ocorre neste domingo (21), às 20h, no Maracanã. Ele foi escolhido pelo Comitê Olímpico do Brasil (COB) para ser o porta-bandeira do país, posto ocupado pela pentatleta Yane Marques na festa de abertura.
Isaquias foi informado da honraria a caminho do Espaço Time Brasil, onde concedeu entrevista coletiva hoje (20) à tarde. “Chegou a notícia quando eu estava dentro da van. Para mim é uma honra poder representar o Brasil inteiro. Levar a bandeira. Isso para mim é muito gratificante, receber reconhecimento por toda equipe. Não é só eu que vou estar ali. É toda a minha equipe que vai estar representada. E o Brasil inteiro”, afirmou o atleta.
Em sua primeira participação olímpica, o baiano medalhou em três provas diferentes da canoagem velocidade – prata na canoa individual de mil metros, bronze na canoa individual de 200 metros e prata na canoa dupla de mil metros, ao lado de Erlon Silva – e deixou para trás nomes como os atiradores Guilherme Paraense e Afrânio da Costa e os nadadores Gustavo Borges e Cesar Cielo, que haviam faturado duas medalhas em uma mesma Olimpíada.
Antes de se tornar um dos grandes nomes do esporte do país, Isaquias vinha colecionando bons resultados em sua modalidade. Ele foi bicampeão mundial no C1 500 metros (prova que não consta no programa olímpico) e é, junto com Erlon Silva, o atual campeão mundial na C2 mil metros
Agência Brasil
Mineirão se despede da Olimpíada com jogo vazio e bronze da Nigéria
Léo Rodrigues - Correspondente da Agência Brasil
Nigéria garante a medalha de bronze no futebol masculinoReuters/Mariana Bazo/Direitos Reservados
Honduras não conseguiu se recuperar da goleada de 6 a 0 na semifinal contra o Brasil e ficou sem a medalha inédita no futebol masculino. Em partida que começou às 13h de hoje (20) no Mineirão, em Belo Horizonte, a Nigéria foi mais eficiente em seus ataques e balançou três vezes a rede, com Sadiq Umar (2) e Aminu Umar. Os hondurenhos Anthony Lozano e Marcelo Pereira descontaram e selaram o placar de 3 a 2.
A partida contou com um público bem pequeno. Apenas o anel inferior do estádio teve a presença de torcedores, e ainda assim, onde o sol batia com mais intensidade, praticamente não havia ninguém. Os presentes se dividiram na torcida para as duas seleções. Havia ainda um grupo de nigerianos reunidos próximo ao meio do campo, cantando diversas músicas.
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Com a conquista, a Nigéria se torna o 14° país a ter pelo menos três medalhas no futebol masculino na história das olimpíadas. Na edição de 2008, disputada em Pequim (China), os nigerianos ficaram com a prata. No ano de 1996, em Atlanta (Estados Unidos), eles foram campeões após superar o Brasil na semifinal e a Argentina na final.
O jogo
Honduras e a Nigéria ainda não tinham nenhuma medalha na Olimpíada de 2016 e o esforço dos atletas pela conquista se traduziu em diversas chances. Os goleiros foram bastante acionados. Honduras chutou a gol 12 vezes e a Nigéria, 19.
Com um primeiro tempo equilibrado, o placar de 1 a 0 ficou magro. O gol do nigeriano Sadiq Umar soou como um castigo para os hondurenhos. No lance anterior, o atacante Alberth Ellis perdeu uma oportunidade cara a cara com o goleiro Emmanuel Daniel. No segundo tempo, a Nigéria chegou a abrir 3 a 0. Em sua reação, Honduras balançou as redes aos 25 e aos 41 minutos, mas não foi suficiente.
O Mineirão sediou dez partidas de futebol masculino e feminino no maior evento esportivo mundial. O estádio foi palco de episódios que entrarão para a memória dos Jogos Olímpicos. Entre eles estão o placar de 10 a 0 na partida entre Alemanha e Fiji e a disputa de pênaltis entre o Brasil e a Austrália. O roteiro da classificação das brasileiras teve o erro de Marta, compensado com duas defesas da goleira Bárbara.
Foi também no Mineirão que a torcida encontrou uma forma criativa de pegar no pé da goleira norte-americana Hope Solo, gritando "zika" toda vez em que ela chutava a bola. Antes de vir ao Brasil, a atleta dos Estados Unidos havia postado nas redes sociais uma foto vestindo uma grande máscara para se proteger do mosquito Aedes aegypti. Os gritos de "zika", em referência a uma das doenças transmitidas pelo mosquito, perseguiriam Hope Sole por todo o país.
Agência Brasil
Zanetti pede que equipamentos da ginástica artística fiquem no Brasil
Cristina Índio do Brasil – Repórter da Agência Brasil
Ginastas Arthur Zanetti, Diego Hypólito e Arthur Nory exibem medalhas conquistadas nos Jogos Olímpicos do RioCristina Índio do Brasil/Agência Brasil
O ginasta Arthur Zanetti, medalhista de ouro na Olimpíada de Londres e de prata nas argolas no Rio, pediu que os equipamentos usados nas competições de ginástica artística nos Jogos Olímpicos de 2016 sejam comprados com desconto e não voltem para a Alemanha. Segundo ele, a manutenção dos conjuntos de equipamentos no país beneficiaria centros de treinamento no Brasil.
“Como já são aparelhos que estão sendo utilizados na Olimpíada, eles têm 30% de desconto. Isso, com certeza, se comprar um set de aparelhos vai equipar vários ginásios, e o nível técnico vai aumentar também”, disse Zanetti. Ele participou de entrevista coletiva com os ginastas Diego Hypólito e Arthur Nory, medalhistas de prata e de bronze, respectivamente, no solo.
Medalhistas na ginástica artística, Arthur Zanetti, Diego Hypólito e Arthur Nory concedem entrevista coletiva e pedem investimentos no esporteCristina Índio do Brasil/Agência Brasil
Segundo Hypólito, a falta de equipamentos próprios de treinamento prejudicou seu desempenho nas Olimpíadas de Pequim e de Londres. Nos Jogos Olímpicos do Rio, o fato de ter treinado no tablado neste ano melhorou sua preparação. O atleta medalha de prata se mostrou confiante na participação daqui a quatro anos, em Tóquio. “Vai ter o trio aqui em Tóquio, sim”, assegurou.
Hypólito, no entanto, pediu a manutenção dos investimentos no esporte, para incentivar as futuras gerações. “O esporte é uma super inclusão social e muda a vida de uma criança. Perseverança é o mais importante”, disse. Embora não seja militar, como Zanetti e Nory, Hypólito esclareceu que está incluído no Programa Bolsa Atleta do governo federal, como os dois colegas.
Depois de uma sequência de resultados ruins em Pequim e em Londres, Hypólito disse que o esporte foi essencial para recuperar-se da depressão. Nory e Zanetti disseram que o colega foi uma inspiração. “Ele [Hypólito] me ensinou a nunca desistir. Pode demorar quatro, oito ou 12 anos, mas vai conseguir [uma medalha]”, destacou Nory.
Para os ginastas, ainda levará tempo para os três acreditarem na conquista das medalhas. “A ficha não caiu para nenhum de nós três. É muito bom acordar e saber que você é um medalhista olímpico”, contou Diego. Os ginastas fazem planos bem simples. Zanetti e Hypólito pretendem encontrar os animais de estimação. Nory quer descansar. “Dormir bastante porque ainda não consegui”, disse o medalhista de bronze.
Agência Brasil
Psicólogo esportivo ajuda atletas a melhorar rendimento e alcançar pódio
Heloisa Cristaldo – Repórter da Agência Brasil
Atletas treinam na academia da Vila Olímpica dos Jogos Rio 2016Fernando Frazão/Agência Brasil
Para tratar a depressão ou os transtornos mentais, como bipolaridade e crises de ansiedade, os atletas de alta performance têm como aliado o psicólogo clínico, que conduz o tratamento em parceria com médicos psiquiatras. No entanto, no dia a dia dos treinamentos, a comissão técnica conta com um profissional ainda pouco conhecido, o psicólogo esportivo. Nesse caso, o psicólogo não tratará nenhum transtorno ou atleta específico, mas comporá uma equipe técnica para formular estratégias para o competidor alcançar o pódio.
“A psicologia do esporte não é um tratamento. Faz parte de um trabalho dentro de uma comissão, assim como faz parte o medico nutricionista, técnico, ortopedista. A principal função é desenvolver habilidades específicas para que o atleta tenha o melhor rendimento possível, que ele consiga fazer o melhor gesto técnico possível – principalmente com treinadores e preparadores físicos”, explica a psicóloga Luciana Ferreira Ângelo, integrante do Coletivo Ampliado do Conselho Federal de Psicologia.
Para atuar como psicólogo esportivo, o profissional precisa conhecer o esporte do qual fará parte. O objetivo é entender como os fatores psicológicos influenciam o desempenho físico e de que forma a participação nessas atividades influencia o desenvolvimento emocional, a saúde e o bem-estar do atleta nesse ambiente. Diferentemente do analista clínico, que atua em consultório, o profissional do esporte estará sempre onde o atleta estiver.
“Em primeiro lugar, o psicólogo precisa entender da modalidade. Se atende a um velejador, tem que entender as diferenças dos barcos em que vai velejar. O canoísta Izaquias [Queiroz], que remou sozinho, também competiu com duas canoas, que força mecânica ele precisa para realizar o movimento? Quais foram as estratégias táticas?”.
Em esportes coletivos costuma-se desenvolver habilidades em equipe para reforçar o papel do líder, aprimorar a comunicação entre os atletas e a imprensa, criar estratégias de enfrentamento de situações críticas e pressões por resultados positivos.
No futebol, por exemplo, o psicólogo esportivo vai treinar com os atletas a melhor forma de bater pênalti e exercitar o controle da ansiedade. Além disso, o psicólogo conduz o profissional à visualização de que tenha acertado a penalidade máxima em treinamento, uma das formas de trabalhar o desenvolvimento dessa habilidade.
“Às vezes, as pessoas confundem e acham que qualquer psicólogo poderia atender o atleta. E isso não é necessariamente verdade porque a gente faz um diagnóstico junto com a equipe técnica e desenvolve um trabalho para potencializar habilidades específicas. Não há o tratamento clínico da pessoa”, explica.
Estresse
Luciana Ângelo destaca que a pressão, as críticas e cobranças enfrentadas por atletas de alta performance e a forma como lidam com esses fatores é um aspecto importante do trabalho do psicólogo do esporte. O gerenciamento do estresse é um dos principais pontos abordados na atuação desses profissionais.
“A pressão pelo resultado é tão intensa que o atleta fica em dúvida se ele consegue repetir ou não um resultado que teve. O que acontece é que o atleta é um profissional de uma carreira curtíssima, na maior parte das modalidades. Esse cara começa a carreira na adolescência e passa o começo da vida adulta totalmente focado num objetivo”, diz.
Para a psicóloga, o maior legado dos Jogos Olímpicos é o atleta, as emoções que ele transmite, como lida com a derrota.
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“As pessoas veem o momento de Jogos Olímpicos só de ganhar a medalha, mas não sabem o que o atleta passa para conquistar essa medalha. O risco de doenças do trabalho pode inabilitar o profissional. Nós não entendemos que o atleta é um profissional como nós. É quase como se colocássemos no mundo do herói, o corpo quebra, a cabeça sofre com pressão. eles vivem as mesmas emoções que nós, a dimensão humana do atleta é esquecida”.
De acordo com a professora de psicologia do esporte do Instituto de Psicologia da Universidade de Brasília (UnB), Regina Lúcia Sucupira Pedroza, a profissão ainda esbarra em preconceitos no país.
“É muito difícil o trabalho do psicólogo esportivo, porque ainda não é conhecido como um trabalho, como construção. Esse é o problema: a gente, muitas vezes, é chamado para trabalhar na hora da competição”, lembra.
Torcida
Segundo a professora, a atuação da torcida brasileira nos Jogos Olímpicos, com gritos de apoio e vaias, é um aspecto da cultura brasileira. A forma de expressão do torcedor brasileiro foi criticada por atletas de diversos países e também pela mídia internacional durante a Rio 2016.
“A gente é uma sociedade que ainda exige muito o sentimento do colonizado. Ficamos muito preocupados em sermos iguais ao europeu, ao americano. A gente não consegue ver o que eles fazem. O que a goleira norte-americana fez foi certo? [a atleta Hope Solo postou foto em rede social com o aparato que levaria ao Rio de Janeiro para se proteger do vírus Zika. Após a repercussão negativa, a goleira pediu desculpa ao povo brasileiro]. Porque só a vaia é ruim? É cultural, é a nossa forma de expressão e pode não ser a melhor forma, mas e o racismo do europeu?”, questiona.
Segundo Regina Pedroza, a relação entre a torcida e os atletas é também um aspecto abordado dentro da psicologia do esporte.
“A relação da torcida com o atleta tem que ser trabalhada. É coisa da vida perder e ganhar, a gente não tem ensinado as crianças a aceitar as frustrações. Temos que aprender a viver a tristeza, a melancolia. Na sociedade do espetáculo em que vivemos, todo mundo tem que estar feliz. Ninguém pode estar triste que já acha que está em depressão. A tristeza é um sentimento natural que temos e é muito diferente da depressão”, afirma.
Rotina pesada
A intensa rotina de treinos, limitações pessoais e a dificuldade de alcançar o pódio leva muitos atletas profissionais a quadros de depressão. Diversos medalhistas dos Jogos Olímpicos contaram histórias de superação de depressão em função de frustrações com resultados após anos de dedicação.
Em entrevista coletiva depois de receber a medalha de prata na ginástica no solo, nos Jogos Olímpicos do Rio de Janeiro, Diego Hypólito descreveu sua trajetória de dificuldades e como lidou com a depressão até alcançar o resultado positivo deste ano.
“Foi muito difícil superar e acreditar que eu poderia estar aqui. Foram dez cirurgias, duas edições de Jogos Olímpicos caindo, foi a depressão que eu enfrentei. Quando as pessoas falavam em depressão, eu pensava que não era real”, diz. “Foi até um egoísmo meu, quando entrei em depressão. Pensei que, só porque falhei em Pequim, em Londres, não acho a minha história triste. Mesmo se eu não conseguisse um bom resultado aqui, acho que a minha história foi muito legal”, afirmou.
Hypólito conta que tomou medicamentos para conseguir dormir e, no auge da crise de depressão, foi internado. O ginasta passou ainda por três anos de análise após o desempenho que teve em Pequim, em 2008.
A judoca Rafaela Silva também enfrentou o fantasma da depressão antes de subir ao pódio na Rio 2016. A medalha de ouro conquistada por Rafaela Silva marcou o fim de um ciclo que começou no dia 30 de julho de 2012. Cotada como favorita nos Jogos de Londres, Rafaela foi eliminada nas oitavas de final naquele dia. Para piorar, teve de ouvir ofensas racistas de internautas descontentes com a derrota.
À época, Rafaela marcou no corpo o que sentia. Foi depois dos Jogos de Londres que ela fez uma tatuagem com a frase “Só Deus sabe o que sofri e o que fiz para chegar até aqui”. “Eles não sabem o que eu vivia a cada treino, a cada superação, a cada lesão. O que eu tinha de fazer no meu dia a dia no tatame para ficar me criticando”, lamentou Rafaela. Foi nesse período que ela entrou em depressão.
Agência Brasil