Planalto dá aval para que escolha do presidente da Câmara seja na quarta; reunião da Mesa precisa referendar decisão nesta segunda-feira
Julia Lindner,Vera Rosa,
O Estado de S.Paulo
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Foto: Câmara dos Deputados
Deputados pressionaram o presidente interino da Casa, Waldir Maranhão (PP-PE), a rever decisão de convocar a eleição para a quinta
Com aval do Palácio do Planalto, deputados fecharam neste domingo, 10, um acordo para antecipar a eleição à sucessão na Câmara dos Deputados para as 19 horas de quarta-feira. O acordo ainda precisa ser referendado nesta segunda-feira, 11, em reunião da Mesa Diretora da Casa.
Em encontro com integrantes do Centrão, grupo formado por 13 partidos, na casa do líder do PSD, Rogério Rosso (DF), favorito na disputa, deputados decidiram pressionar o presidente interino da Casa, Waldir Maranhão (PP-PE), a rever sua decisão de convocar a eleição para quinta-feira. Maranhão concordou com a mudança da data.
A negociação passou também pelo deputado Rodrigo Maia (DEM-RJ), que integra a antiga oposição (PSDB, DEM, PPS e PSB) e deve ir para a disputa contra Rosso. Maia tem apoio de Maranhão e aval do ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva e da ala majoritária do PT. Segundo o deputado, o líder do governo, André Moura (PSC-SE), o procurou para verificar se ele concordava com a antecipação da data da eleição.
Na prática, Maia se tornou o principal interlocutor do presidente interino da Câmara nas negociações. Ao longo do dia, o deputado chegou a atender o telefone de Maranhão diversas vezes, dizendo que agora era ele quem estava no comando da Casa.
O ministro da Secretaria de Governo, Geddel Vieira Lima, também conversou com Maia em busca de um acordo. "Eu falei com o Rodrigo e com o André Moura e fiz uma ponderação: não é bom que a eleição seja na quinta, às vésperas do recesso parlamentar", disse Geddel ao Estado.
De acordo com Moura, seria um "absurdo" manter a sessão para escolha do novo presidente da Câmara na quinta-feira, às vésperas do "recesso branco", que irá do dia 18 a 31 deste mês. "Eu não defendi nem terça, nem quinta, e sim um meio termo", insistiu o líder do governo.
Sem conseguir unificar a base aliada em torno de um único candidato, o Palácio do Planalto operou para a antecipação da eleição por avaliar que, quanto mais tempo passar, o racha será maior. Seis candidatos aliados ao Planalto já registraram candidatura e outros dez também postulam o comando da Câmara. Na semana passada, Maranhão disse ao presidente em exercício, Michel Temer, que gostaria de ficar no cargo até fevereiro de 2017.
Impasse. O impasse sobre a sucessão na Câmara começou após a renúncia de Eduardo Cunha (PMDB-RJ), há quatro dias, quando Maranhão decidiu convocar a eleição para quinta-feira, 14. Acusado de fazer tudo para proteger Cunha, o Centrão propôs, então, que a disputa com voto secreto ocorresse dois dias antes, na terça-feira.
A proposta foi interpretada como uma manobra, já que neste dia está prevista a reunião da Comissão de Constituição e Justiça (CCJ) para decidir se acata recurso de Cunha contestando o parecer que recomenda sua cassação. Diante do imbróglio, surgiu a ideia da eleição na quarta-feira.
Criticado por negociar apoio do PT, Maia jantou com o presidente do PSDB, Aécio Neves (MG), no fim de semana, no Rio. O PSDB é um dos partidos que podem apoiá-lo. O deputado do DEM disse ao Estado que Temer avalizou sua iniciativa de conversar com diversas siglas e negou o mal estar entre partidos da base. "Temer me pediu que continuasse conversando com os demais partidos", afirmou ele. O Centrão, por sua vez, aponta a influência de Moreira Franco na operação para alavancar a candidatura de Maia.
Contrariado com esses rumores, Moreira postou em sua conta no Twitter que o governo não deve atuar na sucessão de Cunha. "A orientação do presidente Temer é clara: governo não se mete na disputa na Câmara, não apoia candidato. É minha posição! Que vença o melhor para a Casa", escreveu.
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