A partir do dia 29 de maio, os números de celulares da Região Centro-Oeste e de três estados da Região Norte terão mais um dígito. Para fazer ligações ou mandar mensagens de qualquer lugar do país, seja de telefone fixo ou móvel, para celulares desses estados será preciso discar o 9 antes do número do telefone.
O nono dígito deverá ser acrescentado antes do número telefônico para ligar para celulares dos seguintes DDDs: 61 (Distrito Federal), 62, 64 e 65 (Goiás), 63 (Tocantins), 66 (Mato Grosso), 67 (Mato Grosso do Sul), 68 (Acre) e 69 (Rondônia). O dígito 9 deverá ser acrescentado à esquerda dos atuais números, que passarão a ter o seguinte formato: 9xxxx-xxxx.
As operadoras de telefonia móvel disponibilizam aplicativos gratuitos que fazem a mudança da agenda dos aparelhos celulares automaticamente. Também será preciso fazer ajustes em equipamentos e sistemas privados, como equipamentos PABX.
Até o dia 7 de junho, as chamadas feitas com 8 dígitos e com 9 dígitos serão completadas normalmente. De 8 de junho a 5 de setembro as chamadas com 8 dígitos receberão mensagem com orientação sobre a mudança. Após esse período de transição, as chamadas marcadas com oito dígitos não serão mais completadas.
Segundo a Agência Nacional de Telecomunicações (Anatel), o objetivo da mudança é aumentar a disponibilidade de números na telefonia celular, dar continuidade ao processo de padronização da marcação das chamadas e garantir a disponibilidade de números para novas aplicações e serviços.
O nono dígito já foi implementado em São Paulo, Rio de Janeiro, Espírito Santo, Amapá, Roraima, Amazonas, Pará, Maranhão, Piauí, Ceará, Rio Grande do Norte, Paraíba, Pernambuco, Alagoas, Sergipe, Bahia e Minas Gerais. E ainda será implantado no Paraná, em Santa Catarina e no Rio Grande do Sul no dia 6 de novembro.
Insatisfação com democracia põe em xeque sistema político, dizem especialistas
Pesquisa divulgada nesta semana pelo Ibope mostrou a insatisfação dos brasileiros com a democracia no país. O levantamento apontou que 83% dos brasileiros estão pouco ou nada satisfeitos com o funcionamento do sistema político. O índice de satisfação é o menor desde que o instituto iniciou a medição em 2008. O recorde anterior de insatisfação foi registrado em 2015, quando 81% declararam-se pouco ou nada satisfeitos com a democracia no Brasil, contra 15% que afirmaram estar satisfeitos ou muito satisfeitos.
Para especialistas ouvidos pela Agência Brasil, o resultado da pesquisa mostra a insatisfação da população com as instituições do Estado e o impacto dos casos de corrupção investigados, além de colocar o regime democrático em xeque no país.
Na avaliação do cientista político e professor de jornalismo do Centro Universitário de Brasília (UniCeub), Vivaldo de Sousa, os dados da pesquisa revelam que turbulências políticas, como o cenário atual enfrentado pelo país, podem enfraquecer a democracia. “É um dado preocupante. Fora que se tem uma parte importante da sociedade com essa avaliação e, com isso, se tem espaço para propostas autoritárias; me preocupa, porque a democracia, por mais falha que seja, é o melhor sistema político que existe”, disse.
Foram ouvidas 2.022 pessoas em 142 municípios, entre 14 e 18 de abril. A margem de erro é de dois pontos percentuais para mais ou para menos.
O Ibope perguntou também qual o sistema político preferido dos brasileiros. Quarenta por cento afirmaram que a democracia é preferível a qualquer outra forma de governo. Para 15%, em algumas circunstâncias, um governo autoritário pode ser preferível a um governo democrático, taxa inferior à registrada em 2014 (20%). Conforme o levantamento, o único índice que cresceu é a concordância com a seguinte frase: “Para as pessoas em geral, dá na mesma se um regime é democrático ou não”, que passou de 18%, em 2014, para 34%, em 2016.
Para o cientista político João Feres Junior, do Instituto de Estudos Sociais e Políticos da Universidade do Estado do Rio de Janeiro (Iesp/Uerj), a taxa de apoio à democracia no Brasil é tradicionalmente baixa, em comparação a outros países, e isso tende a piorar por causa das descobertas e investigações de casos de corrupção, amplamente noticiadas pela imprensa.
“A cobertura política hoje em dia é basicamente a corrupção, então isso fica pior ainda. É natural que as pessoas vejam a democracia com descrédito e que tenha pessoas que fiquem falando que a ditadura seria melhor. Eu acho que é parte da intensa campanha de deslegitimação da política, que a mídia promoveu nos últimos anos, mais de uma década”.
Feres Junior acredita que o período eleitoral é importante para a politização da sociedade, pois é o único momento em que a população tem acesso a informações políticas. Para ele, a baixa adesão à democracia também se deve ao fato de ser um conceito abstrato e estar pouco presente no dia a dia das pessoas.
“Para a vida cotidiana, não faz quase diferença nenhuma se está em um regime de uma maneira ou de outra, pelo menos ela [a sociedade] não consegue articular as diferenças de regime dessa maneira. Colocar essa questão dessa forma é muito intelectualizada. Para a maioria das pessoas, não é palpável, elas não têm contato com a democracia, com o Parlamento, nada disso; pelo contrário, o único contato que têm geralmente é por meio da mídia, que mostra que eles roubam o seu dinheiro. Para a maioria, é uma coisa exterior e ruim no dia a dia”.
De acordo com o professor da Fundação Escola de Sociologia e Política de São Paulo, Paulo Silvino Ribeiro, a interpretação de que as instituições democráticas não funcionam é um elemento relevante para entender os dados da pesquisa. “Se o Estado não tem condições ou não tem assegurado suas obrigações, e dada a frustração que as pessoas têm – seja em relação à crise econômica, seja em relação aos reiterados casos de corrupção que vêm à tona – contribuem para o descrédito da população em relação às instituições democráticas”, disse.
“É preciso que se diga [que os casos de corrupção] não foram criados ou estimulados ou inventados pelo PT, mas estão aí há décadas, se pensarmos nesses últimos governos democráticos”, acrescentou.
Autoritarismo
Em relação ao percentual de entrevistados que afirmaram preferir um regime autoritário ao democrático, Paulo Silvino Ribeiro avalia que parte da sociedade tem interpretação equivocada do que foi a ditadura militar, por exemplo, no país, e aponta a ausência de engajamento político dos brasileiros. “Essa porcentagem é uma leitura equivocada, faz sentido quando sabemos que, para o senso comum, foi no regime militar que houve relativo crescimento econômico, que haveria uma ordem – e quando falamos de ordem, falamos evidentemente de um policiamento mais ostensivo –, uma defesa de valores e noções absolutamente conservadoras e reacionárias, que transitam muito bem no imaginário social”.
Novas eleições
Conforme a pesquisa, 62% dos entrevistados disseram que preferem novas eleições presidenciais, que apontam como a melhor forma de superar a crise política. De acordo com o levantamento, 25% da população são a favor da permanência da presidenta Dilma Rousseff e 8% acham que um eventual governo de Michel Temer resolveria a situação.
Para o cientista político João Feres Junior, o resultado de que 62% querem o fim do atual governo pode ser um reflexo da crise econômica. “Essa coisa de quererem que o governo saia, provavelmente é o produto de uma certa crise econômica, quando a economia não está bem, e também do fato desse noticiário contra a corrupção”.
Entre os que afirmam ter votado em Dilma na eleição de 2014, 45% apoiam a continuidade de seu governo e 44% preferem novas eleições. Por outro lado, 77% dos que dizem ter votado em Aécio Neves, que concorreu no pleito de 2014 pelo PSDB, acreditam que a solução para a crise política é a saída de Dilma e Temer, com a convocação de nova eleição presidencial.
De acordo com Feres Junior, esse tipo de pesquisa de opinião deve ser analisada também por outra ótica, que não a expressa diretamente nas perguntas. “De fato, a pesquisa mostra, e é inegável, que Michel Temer não goza de popularidade. Eu não sei quantas pessoas de fato o conhecem, nós que acompanhamos política sabemos quem ele é, mas as pessoas não sabem, votaram na Dilma. Não fazem a mínima ideia de quem é esse cara, só os antipetistas malucos que estão falando isso”.
Para Feres, isso mostra que um eventual governo Temer terá que lutar contra o desconhecimento ou mesmo a rejeição. “Outra coisa que o dado não mostra é se isso é desconhecimento ou se já é rejeição [a Temer]”.
“A análise mais direta é que a população prefere novas eleições. Dilma [Rousseff] ainda tem um eleitorado maior que o [vice-presidente Michel] Temer e há um percentual pequeno que acha que ele seria uma solução melhor que a presidenta. No entanto, a população acha que nenhum dos dois vai resolver a crise que está aí”, afirmou o professor do UniCeub Vivaldo de Sousa.
Impeachment
Para Sousa, o processo de impeachment de Dilma Rousseff não pode ser considerado um golpe, como defendem os apoiadores da presidenta, e “mostra vigor da democracia porque está resolvendo isso com algo institucional”.
“Podemos criticar o Legislativo, mas o Supremo [Tribunal Federal] foi consultado, a presidenta vai poder se defender. O termo golpe vem sendo usado pelo governo, pelo PT, do ponto de vista de campanha. As pedaladas [fiscais], na minha opinião, não poderiam ser consideradas como crime de responsabilidade – as pedaladas não seriam um tipo suficiente para embasar essa decisão. No entanto, o pedido de impeachment não é apenas legal, jurídico, é [também] um processo político”, acrescentou.
Já o professor Paulo Silvino Ribeiro disse que a crise econômica “engrossa” o discurso pró-impeachment como solução para a situação política. “Evidentemente uma nação frustrada e angustiada com tantos problemas sociais e econômicos acaba por engrossar o discurso e o coro pró-impeachment, porque entende que o impeachment seria uma moralização da política, seria o começo de uma nova era”, disse Ribeiro, que não acredita que o país esteja vivendo o fracasso de governos democráticos, mas sim a dificuldade de consolidar o regime político.
“Nossa democracia ainda não construiu a imunidade necessária contra golpes. A democracia brasileira está em um processo de construção permanente. Acho que, por ser um processo em curso, o que temos é uma fragilidade que permite, portanto, que investiduras, projetos conservadores, autoritários e golpistas possam se organizar”, observou.
Mancha de petróleo causada por atentado ameaça aqueduto na Colômbia
Da Agência Lusa
Uma mancha de petróleo causada por um atentado da guerrilha Exército de Libertação Nacional contra o principal oleoduto da Colômbia ameaça poluir um aqueduto que abastece Arauquita, na fronteira com a Venezuela, informaram as autoridades nessa sexta-feira (29).
O atentado ocorreu perto do Rio Bojabá, afluente do Arauca, no município de Saravena.
O presidente da Colômbia, Juan Manuel Santos, considerou inconcebível que o grupo insista em atentar contra infraestruturas dos colombianos, provocando danos ao meio ambiente.
No dia 30 de março, o governo e o Exército de Libertação Nacional anunciaram, em Caracas, um acordo para iniciar a fase pública dos diálogos de paz que terão mesas de trabalho no Equador, na Venezuela, no Chile, Brasil e em Cuba.
Contudo, o chefe de Estado afirmou que o governo não vai iniciar a fase pública dos diálogos até que a organização liberte todos os sequestrados.
Sobre essa e outras alterações de ordem pública, Santos vai liderar um Conselho de Segurança em Arauca, em que participarão também o ministro da Defesa, Luis Carlos Villegas, a cúpula do Exército e a polícia.
A empresa petrolífera Ecopetrol apresentou um plano de contingência que inclui a instalação de barreiras flutuantes a 1,5 quilômetros do lugar do atentado.
O principal foco da mancha encontra-se a aproximadamente quatro quilômetros das barreiras de proteção da boca do aqueduto que abastece de água potável o município de Arauquita.
O oleoduto Caño Limón-Coveñas, de 770 quilômetros de comprimento, transporta petróleo dos poços de Arauca até Coveñas, um porto no Caribe.
Prazo para fazer simulado do Enem é prorrogado até as 20h deste domingo
Estudantes do ensino médio ganharam mais tempo para fazer o simulado do Exame Nacional do Ensino Médio (Enem) pela internet, no portal Hora do Enem. O Ministério da Educação decidiu prorrogar o prazo de acesso, que terminaria às 20h deste sábado (30), até as 20h deste domingo (1º).
O teste está disponível para os 2,2 milhões de estudantes do último ano do ensino médio. O resultado e o gabarito serão divulgados ao final do exame.
Segundo o ministério, o prazo de acesso foi prorrogado porque houve relato de estudantes que tiveram dificuldade de acesso. O ministério acrescentou que vai apurar o que causou as dificuldades de acesso. Até as 15h de hoje, apenas 150 mil estudantes acessaram o simulado.
O aluno tem quatro horas para fazer o exame, que tem 80 itens, com a mesma metodologia de elaboração de questões do Enem. O conteúdo é composto principalmente por assuntos vistos nas escolas até abril.
Na hora de se cadastrar, o estudante informa o seu objetivo ao fazer o Enem e a plataforma já disponibiliza um plano de estudos para que ele alcance aquela meta. O resultado do simulado mostrará como está o desempenho do aluno em relação ao curso que pretende fazer.
Este é o primeiro simulado online do Enem. Pelo menos mais três serão feitos até a data do exame, nos dias 25 de junho, 13 de agosto e 8 e 9 de outubro. Os últimos exames serão no mesmo formato do Enem e terão dois dias de duração, mas não haverá simulado da redação.
O Enem de 2016 será nos dias 5 e 6 de novembro e as inscrições estarão abertas de 9 a 20 de maio.
Virada Cultura inicia comemoração do 1º de maio no DF com crítica ao impeachment
As comemorações do 1° de maio, Dia do Trabalhador, já começaram em Brasília, e neste momento 81 atrações musicais locais participam do evento Virada Cultural. No início da tarde, o evento foi direcionado às crianças, com apresentações teatrais e atividades lúdicas.
Organizado pela Central Única dos Trabalhadores (CUT), entre outras entidades, a Virada Cultural é também um evento de apoio à presidenta Dilma Rousseff e de crítica ao que os organizadores chamam de “golpe” do Legislativo contra ela. Estão previstas apresentações até, pelo menos, as 3h. Às 10h deste domingo (1º), as atividades serão retomadas, com atos políticos, além de uma grande roda de samba.
Mistura
A expectativa dos organizadores é que pelo menos 3 mil pessoas participem das atividades iniciadas à tarde no estacionamento entre a Torre de TV e a Sala Funarte.
“O que será apresentado aqui, com uma mistura dos mais diversos estilos e vertentes musicais indo do rock até o sinfônico, passando por forró, música popular, não será visto nunca mais. Será uma miscelânea de estilos gerando uma mistura experimental com todos os estilos. Todos tocando e cantando pela democracia”, disse a organizadora do evento, Rita Andrade. “Trata-se de um evento comemorativo, mas como os trabalhadores não estão muito felizes com o que está acontecendo no país, não deixará de ter também um teor crítico”.
A associação de música e política é, para a organizadora, mais uma das semelhanças entre o atual momento político brasileiro e o golpe de 1964. “Encontros como este têm acontecido para que nos fortifiquemos enquanto cidadãos, a fim de manter acesa a chama da democracia”, disse.
Coletivo de artistas Desse sentimento citado por Rita nasceu o grupo Artistas pela Democracia, um coletivo de 250 artistas de Brasília dos mais diversos estilos musicais. Serão eles os responsáveis pelas atrações musicais do evento. Um deles é o professor da Escola de Música de Brasília Ticho Lavenère, baterista que integrará a banda base que dará suporte às atrações musicais.
“Nosso propósito é, por meio de nossa arte, atrair o público e passar nossa mensagem de defesa da democracia, de forma suprapartidária. Não só a nossa, mas todas as artes têm o poder de destilar a essência do que é a luta pela qual passa o país nesse momento. É disso que se trata a nossa mobilização. Ninguém aqui vai tocar por cachê. Isso só acontece nas manifestações da direita”, disse Lavenère.
Público Sem filiação partidária mas com “simpatia pelo PT e pela esquerda”, o servidor público Marco Aurélio Lobo Castro, de 39 anos, interrompeu o passeio que fazia na Torre de TV para se juntar ao público da Virada Cultural logo no início das atividades. “Cheguei por acaso, mas tenho muita simpatia pela causa e tenho muita preocupação por ver essa história de golpe estar se repetindo no Brasil, novamente com o apoio dessa mídia traiçoeira que manda no país. Parece um círculo vicioso. É por isso que me sinto na obrigação de agir, e é por isso que estou sempre me informando e usando as mídias sociais para passar adiante as informações que a mídia não passa”, disse.
Também presente na Virada Cultural, a profissional autônoma do ramo de buffet Mayara Brito, 32, diz que “não gosta de falar de política” porque, na avaliação dela, “no atual momento todos já tem opinião formada, o que torna as discussões inférteis, inclusive a ponto de colocar em risco as amizades”.
Mayara acha que o país precisa de mudanças. “Não acho que a retirada da Dilma seja o melhor caminho. Penso que, caso isso ocorra, o ideal seria convocar eleições diretas. Quem tem de escolher o presidente é o povo, e não esse Congresso Nacional que mais parece um circo empurrando goela abaixo o que acham que a gente deve aceitar", disse. "Na verdade o que o país precisa é dar uma peneirada nesse Legislativo para ver se sobra alguma coisa que preste”.
Além da CUT, a Virada Cultural é organizada pelo Sindicato dos Professores do Distrito Federal, pelos coletivos Artistas pela Democracia e Povo sem Medo e pela Frente Brasil Popular.
José de Ribera (Xàtiva, 12 de Janeiro de 1591 – Nápoles, 1652); pintortenebristaespanhol do século XVII, também conhecido como Giusepe de Ribera ou com o nome italianizado de: Giuseppe Ribera. Foi apelidado pelos seus contemporâneos como Lo Spagnoletto, «el espanholito», por ser de baixa estatura e porque reivindicava as suas origens assinando como «Jusepe de Ribera, espanhol» o «setabense» (de Játiva). Ribera é um pintor destacado da Escola Espanhola, embora a sua obra se tenha integralmente realizado em Itália não se conhecendo de facto exemplos seguros dos seus inícios em Espanha.
Crê-se que José de Ribera iniciou a sua aprendizagem com Francisco Ribalta, que tinha uma oficina muito frequentada. Não se conhecendo obras deste período da sua vida, é difícil de comprovar esse facto.
Ribera decidiu partir para Itália e seguir as pisadas de Caravaggio. Assim iniciou a sua viagem, pelos seus 17 anos, primeiro em direcção ao Norte, a Cremona, Milán e aParma, para logo depois se dirigir a Roma, onde o artista tomou conhecimento tanto com a pintura classicista de Reni e de Ludovico Carracci como com o áspero tenebrismo que estava a ser praticado pelos caravagistas holandeses residentes naquela cidade.
Finalmente, Ribera decidiu instalar-se em Nápoles, seguindo a intuição de que era ali que mais facilmente poderia encontrar encomendas para trabalhos seus. No Verão de 1616 foi naquela famosa metrópole situada à beira doVesúvio que desembarcou o artista. De pronto se instalou em casa do velho pintor Giovanni Bernardino Azzolini, artista que não era então muito conhecido, a quem é atribuída uma obra existente na Igreja de Sant'Antonio al Seggio em Aversa: A coroação da Virgem entre Santo André e São Pedro. Apenas três meses depois Ribera contraiu matrimínio com a filha de Azzolini, que tinha a idade de dezasseis anos.
Tinha terminado a sua viagem e dava então início à sua rápida ascensão artística. Em poucos anos, José de Ribera, que foi chamado lo Spagnoletto, adquiriu fama em toda a Europa graças, sobretudo, aos seus trabalhos de gravura; sabendo-se que até mesmo Rembrandt os coleccionava.
A prática do dramatismo de Caravaggio foi o seu ponto forte. Deu início a uma intensa produção que o manteve distanciado da sua Espanha, aonde nunca regressou, embora se sentisse unido ao seu país de origem dado que Nápoles foi um vice-reino do Império Espanhol e ponto de encontro entre duas culturas de vocação figurativa, a ibérica e a italiana. Conta-se que quando perguntaram a Ribera qual era a razão porque não regressava ao seu país, teria respondido que: “Sinto-me admirado e bem pago em Nápoles, pelo que sigo o tão conhecido adágio de que quem está bem, não muda». E explicou : «O meu grande desejo é regressar, mas houve homens de sabedoria que me disseram que em Espanha se perde o respeito pelos artistas que lá se encontram presentes, por ser pátria amantíssima de forasteiros e madrasta cruel para seus filhos».
O apoio dos vice-reis e de outras autoridades de origem espanhola explicam o facto de que as suas obras tenham chegado em abundância à Península Ibérica; actualmente o Museu do Prado possui mais de quarenta quadros seus. Já em vida era famoso na sua terra natal e a prova disso é que Velázquez o visitou em Nápoles em 1630.
Nos séculos seguintes a apreciação da arte de Ribera viu-se condicionada por uma “lenda negra” que o apresentava como um pintor fúnebre e desagradável, que pintava obsessivamente temas de martírio com um verismo truculento. Um escritor afirmou que «Ribera embebia o pincel em sangue dos santos». Tal equívoco impôs-se nos séculos XVIII e XIX, em parte de acordo com autores que não conheciam toda a sua produção. Na realidade, Ribera evoluiu de um tenebrismo inicial em direcção a um estilo mais luminoso e eclético, com influências do renascimento veneziano e da escultura antiga, e soube captar com igual acerto o belo e o terrível. A sua gama de cores aclarou-se na década de 1630 por influência de Van Dyck e de outros pintores, e apesar dos sérios problemas de saúde de que padeceu na década seguinte, continuou a produzir obras importantes até falecer.
Os primeiros anos de Ribera permanecem mergulhados na bruma de muitas dúvidas, devido à falta de documentação a seu respeito e pela aparente desaparição de todas as obras que produziu durante esse período. Contudo, recentemente, vários especialistas conseguiram identificar como suas várias pinturas não assinadas, que ajudam a reconstruir a sua evolução na linha do tenebrismo de Caravaggio. Entre as primeiras obras que se conhecem de Ribera, destaca-se uma série dedicada ao tema dos cinco sentidos, que não se encontra completa (dois dos quadros encontram-se no Museu Franz Mayer no México, D. F. e no Museu Norton Simon em Pasadena). Outra grande pintura, "A ressurreição de Lázaro",foi recentemente adquirida pelo Museu do Prado, que indica ser anterior à série atrás citada. Perdeu-se um quadro de "São Martinho repartindo a sua capa com um pobre", que pintou em Parma do qual subsiste uma cópia.
Entre 1620 e 1626 apenas foram datadas obras pictóricas, mas é um período a que corresponde a maioria dos seus trabalhos de gravura, técnica a que se dedicou com maestria.
Nesta época é já patente o seu gosto por motivos da vida quotidiana, de presença rude, que são afirmados com pinceladas de cor negra, no traçado de silhuetas ao gosto do que faziam os caravagistas do Norte, os quais exercem larga influência no artista desde os contactos com eles estabelecidos em Roma. A partir de 1626, existe um número abundante de obras datadas que dão prova da sua destreza. A sua pasta pictórica torna-se mais densa, modelada a pincel e acentuada por efeitos de luz numa busca quase obsessiva da verdade material, na realidade palpável do seu relevo. Os anos da década de 1620 a 1630 são aqueles em que, sem dúvida, Ribera dedicou mais tempo e atenção à arte da gravura, deixando alguns trabalhos de beleza e de qualidade excepcionais: "São Jerónimo lendo" (1624), "O poeta" e "Sileno ébrio" (que reproduz o seu quadro do Museo de Capodimonte em Nápoles). São-lhe atribuídas, no total, 18 pranchas, todas menos uma anteriores a 1630 e conta-se que as gravou apenas com a finalidade de promover e difundir o seu trabalho de pintor e desse modo obter mais encomendas. Tendo alcançado a notoriedade como pintor, Ribera deixou de gravar. Salvo algumas excepções os seus trabalhos de gravura reproduzem composições pintadas previamente.
Entre os anos de 1626 e 1632 realizou as suas obras mais notáveis que evidenciam a sua fase mais tenebrista. São composições severas de extensas diagonais luminosas que atravessam toda a superfície acentuando sempre a solene monumentalidade do conjunto com elementos de poderosa horizontalidade, como grossas lápides de pedra ou enormes troncos. Em 1629 o Duque de Alcalá foi empossado como novo vice-rei e tornar-se-á o novo mecenas do pintor. É ele que lhe faz a encomenda de obras como "A mulher barbuda" (1631) ou uma série de Filósofos, nos quais deixou testemunho do seu naturalismo mais radical, a partir de modelos duma vulgaridade quase mordaz, revelados com a alucinação de uma verdade intensíssima.
É a década mais importante de Ribera, tanto por ter alcançado o apogeu da sua arte como pela conquista do êxito comercial. O pintor torna mais claros os tons da sua paleta sob a influência de Van Dyck e da pintura veneziana do século anterior, sem desvalorizar a qualidade do desenho e a fidelidade naturalista. Uma grande Imaculada, pintada para o Convento das Agustinas de Salamanca, é considerada uma das versões mais importantes desse tema no contexto da pintura europeia e acredita-se que Murillo se deixou inspirar por ela na concepção das suas populares versões posteriores.
Os seus temas pictórios são predominantemente religiosos; o artista retrata de forma muito explícita e intensamente emocional cenas de martírio como "O martírio de São Bartolomeu" o "O martírio de São Filipe" (1639; Museo do Prado), assim como representações individuais de busto ou corpo inteiro dos apóstolos (Apostolados).
No entanto também realizou obras de carácter profano, como figuras de filósofos ("Arquimedes", 1630, Museo do Prado), temáticas mitológicas como o "Sileno" do Museo de Capodimonte em Nápoles de 1626 (é o seu primeiro quadro datado e assinado), representações alegóricas dos sentidos ("Alegoria do tacto" de 1632, Museu do Prado, conhecido como O escultor cego), e alguns retratos como A mulher barbada (Magdalena Ventura e seu marido) (1631, Fundación Casa Ducal de Medinaceli, Hospital TaveraToledo).
A década de 40, com as interrupções devidas a enfermidades, talvez uma trombose, (apesar da qual não suspendeu a actividade da sua oficina), incluiu uma série de obras de certo classicismo compositivo, sem renunciar à energia de certos rostos individuais. Na sua última obra também experimenta de novo uma mutação estilística que recolocam em certa medida as composições tenebristas da sua primeira fase, o que pode ter sido motivado pelas desgraças e contratempos que o afligiram. Continuou porém a ser um artista prestigiado e comercialmente bem sucedido, tendo-se tornado seu discípulo Luca Giordano que colheu influências do seu estilo na sua ainda activa oficina.
A crise económica que sucedeu à revolta de Masaniello em Nápoles (1647) afectou a produção pictórica de Ribera, além de se ter visto envolvido num escândalo.
Para sufocar a revolta tinham acorrido a Nápoles as tropas espanholas sob o comando de D. João José de Áustria, filho natural de Filipe IV de Espanha. Ribera pintou um quadro que representava D. João José a cavalo, que se encontra actualmente no (Palácio Real de Madrid), que logo depois reproduziu numa gravura, o último trabalho por ele executado. Sucedeu-se o já referido escândalo que, segundo a tradição, nos conta que uma das filhas de Ribera, Margarita, foi seduzida por D. João José, numa relação fora de qualquer compromisso matrimonial. Acredita-se actualmente que a jovem seduzida não era de facto filha de Ribera e sim uma sua sobrinha. O facto ocorrido após a revolta e outras peripécias familiares fizeram, contudo, que Ribera – em más condições de saúde – tenha reduzido consideravelmente a sua actividade.
A oficina do mestre vê diminuido o número de oficiais nela activos, por terem fugido de Nápoles com receio de represálias. Não obstante, Ribera conserva ainda energia bastante para assinar algumas obras primas no próprio ano do seu falecimento, encerrando ciclos produtivos por si largamente meditados.
São exemplos desse momento a "A Imaculada Conceição" (1650, Museu do Prado) e "São Jerónimo penitente" (1652, idem).