Após mais de uma semana com os corredores completamente vazios por causa do carnaval, deputados e senadores retomam as atividades nesta terça-feira (16). A volta ao trabalho dos parlamentares deve ser marcada pelos debates em torno dos processos de cassação do presidente da Câmara, Eduardo Cunha (PMDB-RJ), e do senador Delcídio do Amaral (PT-MS).
O senador, preso na Operação Lava Jato, tem até a próxima quinta-feira (18) para apresentar defesa ao Conselho de Ética e convencer os colegas de que não quebrou o decoro parlamentar ao oferecer dinheiro e sugerir uma rota de fuga para livrar o ex-diretor da Petrobras Nestor Cerveró da prisão.
O Conselho de Ética da Câmara voltará a analisar o parecer do deputado Marcos Rogério (PDT-RO) pela continuidade das investigações contra o presidente da Casa. A votação desse relatório, em dezembro, foi anulada pelo vice-presidente da Câmara, Waldir Maranhão (PP-MA), a pedido de Carlos Marun (PMDB-MS), ambos aliados de Cunha.
Outro assunto que também estará sob os holofotes é o relatório do senador Acir Gurgacz (PDT-RO) com parecer contrário ao entendimento do Tribunal de Contas da União (TCU) que recomendou a rejeição das contas do governo de 2014. Apresentado no final de dezembro, o relatório defende a aprovação, com ressalvas, das contas da presidenta Dilma. A expectativa é que o relatório seja votado até 6 de março.
Início do ano legislativo
Na primeira semana de trabalho, antes do carnaval, a produção dos parlamentares foi pequena. A Câmara aprovou uma medida provisória (MP), a 692/15, que aumenta o Imposto de Renda dos contribuintes que tiveram ganhos com venda de imóveis, veículos, ações e outros bens. O texto, parte do ajuste fiscal, ainda precisa da aprovação dos senadores.
No Senado apenas o Estatuto da Primeira Infância foi aprovado. O texto, que aguarda sanção da presidenta Dilma Rousseff, tem como principal novidade a ampliação da licença-paternidadedos atuais cinco dias para 20 dias.
Desfile das Campeãs encanta público e lota Sambódromo até a festa da Mangueira
Vladimir Platonow - Repórter da Agência Brasil
O tempo firme ajudou, e o público que lotou o Sambódromo ficou até o último minuto no Desfile das Campeãs, que este ano foi encerrado com a Mangueira e sua homenagem aos 50 anos de carreira de Maria Bethânia. A verde e rosa entrou na avenida no final da madrugada deste domingo (14) e foi ovacionada do início ao fim pela plateia.
Imperatriz apresenta um enredo que homenageia a dupla sertaneja Zezé di Camargo e LucianoTomaz Silva/Agência Brasil
A noite foi aberta pela sexta colocada noGrupo Especial do Rio de Janeiro, a Imperatriz Leopoldinense, que levantou as arquibancadas com o enredo É o Amor, contando a vida dos irmãos Zezé di Camargo e Luciano, desde a infância da dupla, no interior de Goiás, na concepção do carnavalesco Cahê Rodrigues.
Desfilando em cima de um dos carros, o craque Zico foi um dos mais festejados na avenida.
A Beija-flor levou para a avenida o enredo sobre o Marquês de SapucaíTomaz Silva/Agência Brasil
Quinta colocada no Grupo Especial, a segunda escola a desfilar foi a Beija-Flor, que este ano buscou inspiração no Marquês de Sapucaí na tentativa de um bicampeonato, com a voz de Neguinho da Beija-Flor agitando as arquibancadas.
A denúncia feita pelo diretor de carnaval da azul e branco, Laíla, de que a ausência de um dos jurados no desfile seria tentativa de prejudicar algumas escolas, foi comentada pelo presidente da Beija-Flor, Farid Abrahão David. Ele pediu uma investigação do caso pela Liga Independente das Escolas de Samba (Liesa). “Eu acho que é um assunto grave, que tem de ser apurado. Mas não estamos questionando a vitória da Mangueira. Questionamos é a nossa colocação”, disse Farid.
O Salgueiro trouxe um carnaval baseado na Ópera do MalandroTomaz Silva/Agência Brasil
Em seguida, pisou na avenida o Salgueiro, que ficou em quarto lugar. A escola trouxe um carnaval baseado na Ópera do Malandro, na concepção dos carnavalescos Renato Lage e Márcia Lage. Carros alegóricos muito bem finalizados passaram o clima dos templos e símbolos da malandragem carioca, como o mundo dos cabarés, dos conquistadores e dos jogos de azar.
O Salgueiro foi sucedido pela Portela, que arrancou gritos de “é campeã” vindos da arquibancada ao longo de todo o desfile. A escola do carnavalesco Paulo Barros apresentou uma viagem a lugares distantes e misteriosos, nas asas da águia, que é seu símbolo. Para o presidente de honra da Portela, mestre Monarco, a escola, terceira colocada no Grupo Especial, foi campeã na escolha popular.
Para a Portela, o terceiro lugar teve sabor de vitóriaTomaz Silva/Agência Brasil
“O povo pediu, [as pessoas] gritaram é campeã durante todo o desfile. Este terceiro lugar tem sabor de vitória. A Portela brincou o carnaval. A cada ano que passa. estamos mais fortes. Já faz três carnavais que estamos no Desfiles das Campeãs. Eu aprovo a Mangueira como campeã. Mas acho que dava Mangueira e Portela na frente”, disse Monarco, que saiu no carro da Velha Guarda, fechando o desfile da azul e branco de Madureira.
A penúltima escola a desfilar foi a Unidos da Tijuca, que no passado consagrou Paulo Barros, e este ano trouxe um enredo feito a oito mãos, com quatro carnavalescos: Mauro Quintaes, Annik Salmon, Hélcio Paim e Marcus Paulo.
A Unidos da Tijuca investiu no enredo Semeando sorriso, a Tijuca festeja o solo sagradoTomaz Silva/Agência Brasil
A azul e amarelo entrou na avenida com carros cheios de estilo e detalhes, para falar sobre agricultura, o que fez a diferença para os jurados, que a colocaram na segunda posição do Grupo Especial. O contraste entre carros quase monocromáticos, apenas em tons de marrom, simbolizando a terra, e outros muito coloridos, trazendo os alimentos, foi um dos diferenciais da Tijuca na avenida.
A grande vitoriosa do carnaval do Rio é a última escola a se apresentar, com o enredo sobre Maria BethâniaTomaz Silva/Agência Brasil
Fechando a noite, mostrando sua força e simpatia junto ao público, a Mangueira conseguiu algo difícil na Sapucaí: que as arquibancadas não ficassem vazias, com os tradicionais buracos, comuns quando passa a última escola. A verde e rosa repetiu o sucesso do desfile de terça-feira de carnaval, trazendo artistas famosos em seus carros, incluindo Caetano Veloso, Regina Casé e Beth Carvalho.
Ao contrário do primeiro desfile, quando veio em cima de um carro alegórico, Bethânia decidiu vir no chão, reverenciando e agradecendo o público, que em retribuição a aplaudia de pé, cantando junto o samba campeão, Maria Bethânia, a Menina dos Olhos de Oyá.
Segundo o autor, é possível exercer as funções típicas do Poder Legislativo com uma estrutura mais enxuta em ambas as Casas, sem prejuízo da representatividade popular.
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Grupo aprendeu a andar de pernas de pau em 3 meses para o desfile do Monobloco
Vinicius Lisboa - Repórter da Agência Brasil
Reunidos pelas redes sociais, os foliões em pernas de pau no Monobloco chamaram a atenção do público no desfile deste ano. O que a multidão que acompanha o desfile não sabe é que há apenas três meses a maior parte deles nunca tinha experimentado caminhar nas alturas.
O Monobloco usou as redes sociais para atrair interessados em desfilar sobre pernas de pauVinicius Lisboa/Agência Brasil
Em uma parceria com a atriz Raquel Potí, o Monobloco usou seus perfis em redes sociais para chamar interessados em desfilar nas pernas de pau. Não era exigida qualquer experiência, e a turma que se manifestou participou de aulas uma vez por semana com a atriz para conseguir cruzar a Rua Primeiro de Março com pelo menos 70 centímetros a mais de altura.
A professora de biologia Natalia Sant'Anna conta que, no primeiro dia, chegou pouco confiante, mas já conseguiu ficar de pé sobre a perna de pau. Hoje, com 90 centímetros a mais, ela experimenta acompanhar o bloco de uma altura de 2,66 metros.
"É uma delícia sentir o ventinho aqui de cima. Curti muito mais o carnaval", diz Natália, em um dia de forte calor no centro do Rio. "Está sendo maravilhoso, porque sempre tive medo de altura e agora estou aqui".
A professora se lembra do começo das aulas: "A Raquel deixou todo mundo confiante. Na primeira aula, todo mundo já andou", conta ela, que planeja levar a atividade para as aulas: "Trabalho em um projeto lúdico com crianças e quero levar isso aqui para os pequenos."
Com uma perna de pau de 1,20 metro, a professora conta que é difícil conversar com os alunos durante o desfile, mas vê na expressão deles a satisfação por fazer parte da festa: "A gente se olha muito aqui de cima. Aqui tem mãe, tem filho, tem gente de várias idades."
O trabalho de Raquel esteve em 17 blocos só neste carnaval, sucesso que ela comemora em seu terceiro ano de carnaval do Rio. Enquanto o grupo atraía a atenção dos foliões no Monobloco, o produtor cultural Igor Conde estava ali para garantir que nada desse errado. Ele retirava latinhas e copos plásticos do caminho dos artistas, reforçava as pernas de pau quando ficavam frouxas e dava água para que não precisassem se abaixar.
O grupo atraiu a atenção dos foliões que acompanham o MonoblocoVinicius Lisboa/Agência Brasil
"Aqui eu jogo no meio de campo, cabeceio e faço gol", brinca ele, que trabalha com Raquel há dois anos e também sabe andar nas pernas de pau, mas hoje acompanha o desfile de baixo. "Aqui faço todo o apoio de chão".
O desfile das pernas de pau encantou Jacira da Cunha, de 59 anos. Em seu segundo ano de Monobloco, ela ficou suspresa ao saber que o treinamento durou apenas três meses. "Sério? Acho esquisito isso, porque estão de parabéns. Estão indo muito bem."