O Itamaraty apoiou neste domingo (7) a condenação emitida pelo Conselho de Segurança das Nações Unidas ao anúncio de lançamento de satélite de longo alcance pela Coreia do Norte. A ação, repudiada pela comunidade internacional, é vista como um teste secreto de mísseis.
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A declaração unânime do Conselho de Segurança, que em breve anunciará novas sanções ao país, foi feita após reunião de emergência convocada a pedido dos Estados Unidos e do Japão. A China, principal aliado de Pyongyang, e outros 14 países que compõem o colegiado apoiaram a manifestação do órgão executivo da ONU.
Em nota o Ministério das Relações Exteriores destaca que o Brasil “deplora” a decisão do governo norte-coreano de lançar um satélite com emprego de tecnologia de mísseis balísticos, em violação às resoluções do Conselho de Segurança.
“O governo brasileiro conclama a República Popular Democrática da Coreia a abster-se de atos que prejudiquem a via do diálogo e da negociação diplomática. Também insta Pyongyang a retomar as Conversações Hexapartites, reintegrar-se o mais cedo possível ao Tratado de Não Proliferação Nuclear como Estado não nuclearmente armado e a assinar e ratificar o Tratado de Proibição Completa de Testes Nucleares”, destacou a nota divulgada hoje.
Em resposta às críticas internacionais, o governo norte-coreano assegurou que o lançamento de um satélite de observação terrestre faz parte de um programa espacial exclusivamente científico. O anúncio do lançamento espacial feito pela Coreia do Norte ocorre menos de um mês após as autoridades norte-coreanas terem informado que testaram uma miniatura de bomba nuclear de hidrogênio, cujos efeitos são muito mais potentes que os de uma bomba de urânio.
Simpatia É Quase Amor prega tolerância no Rio
Flávia Villela – Repórter da Agência Brasil*
O bloco foi seguido por quase 200 mil foliões na orla de Ipanema, informou a Prefeitura do RioFernando Maia/Riotur
Tolerância e combate ao racismo foram as palavras de ordem neste ano no desfile do bloco Simpatia é Quase Amor, tradicional em Ipanema, na zona sul do Rio de Janeiro. Quase 200 mil foliões participaram da festa, segundo a prefeitura. Uma das autoras do samba deste ano, O Simpatia Vai Passar, Luiza Fernanda de Figueiredo, disse que o compositor Chico Buarque foi o homenageado, por sua luta pela liberdade de expressão.
O bloco completa 30 anos de carnaval carioca, na orla de IpanemaTomaz Silva/Agência Brasil
“O Simpatia nasceu na época da ditadura, fazendo samba a favor da liberdade e Chico Buarque foi um dos grandes compositores que contribuíram para a democracia”, afirmou Luiza. “E hoje temos tanta intolerância, o episódio das pessoas que desrespeitaram o Chico. É muita intolerância política, racial. Assim, o mundo não vai melhorar nunca. Chega de intolerância."
A concentração começou às 15h, nas imediações da Praça General Osório, e seguiu pela Avenida Vieira Souto, na orla. Assim como ocorreu com muitos blocos este ano, o Simpatia desfilou com o apoio da associação dos principais blocos do Rio, o Sebastiana, e com a venda de camisetas, que este ano foram idealizadas pela artista plástica Beatriz Milhazes. Devido à crise financeira, o bloco saiu sem alegorias neste carnaval.
O compositor Chico Buarque foi o homenageado, por sua luta pela liberdade de expressãoFernando Maia/Riotur
A estudante mineira de psicologia, Fabrícia de Sousa, 22 anos, veio pela primeira vez ao Rio curtir o carnaval. “Adorei a ideia de poder dar um mergulho no mar e poder voltar para o bloco. É a combinação perfeita”, comentou.
O professor de música, João Gouvea, 40 anos, frequenta o Simpatia há mais de dez anos. “Só faltei um ano, porque viajei. Costumo ficar no Rio no carnaval, porque a energia é muito boa. O único problema é que está ficando cada vez mais cheio. Fica meio perigoso”.
Enquanto, na praia, banhistas invadiam as areias e se refrescavam na água, na orla, as duas pistas da Vieira Souto estavam tomadas por foliões que disputavam espaço com vendedores ambulantes. Havia grupos carregando a própria bebida, como os capixabas Júlia Santos e Ricardo Vieira, que levavam um pequeno isopor com cerveja. “É a crise. Com nosso isoporsinho fazemos uma economia absurda e bebemos a marca que queremos”, disse Júlia. A fila era grande nos banheiros químicos espalhados ao longo da orla, mas muitos preferiram o mar como opção.
A estudante mineira de psicologia, Fabrícia de Sousa, 22 anos, veio pela primeira vez ao Rio curtir o carnavalFernando Maia/Riotur
O Simpatia é Quase Amor foi criado em 1985, em meio à campanha pelas Diretas Já. As cores do bloco são o amarelo e o lilás, inspiradas no remédio Engov, para evitar ressaca. O nome do bloco foi retirado de uma personagem do livro de Aldir Blanc, Rua dos Artistas e Arredores, o Esmeraldo Simpatia é Quase Amor: conquistador e simpático.
Ao todo, 90 blocos desfilaram neste domingo na capital fluminense. Mais cedo diversos blocos agitaram as ruas. O Cordão do Boitatá, bloco já conhecido pelas fantasias irreverentes, que completou 20 anos neste carnaval, reuniu milhares de pessoas na Praça XV, centro do Rio.
O Thriller Elétrico, em Vila Isabel, homenageou Michael Jackson, misturando samba com as músicas do músico pop.
Folia no circuito Osmar, em Campo Grande, dura mais de 12 horas
Sayonara Moreno – Correspondente da Agência Brasil
A cantora Ivete Sangalo puxa o bloco no Circuito Osmar, no Campo GrandeMax Haack/Francisco Carlos/Jefferson Peixoto – Agecom Prefeitura de Salvador.
A folia no circuito mais tradicional de Salvador dura mais de 12 horas. No Circuito Osmar, no Campo Grande, a diversão começou às 10h30 e estende-se até o fim da noite.
Por volta das 11h, a cantora Carla Perez puxou o bloco infantil que arrasta a criançada todos os anos. No início da tarde, o tradicional bloco Pierrot de Plataforma saiu às ruas, com foliões mascarados.
Uma das atrações mais esperadas foi o trio independente do cantor Saulo Fernandes, que distribuiu camisetas para os foliões na pipoca (fora do bloco). “Sinto o Carnaval se transformando, e acho isso bacana. A gente sai do lugar de conforto e arrisca outras coisas. No meu caso, a minha pipoca é uma realidade. Eu experimentei na Barra [circuito Dodô], e agora estou vendo essa galera, aqui, promovendo a igualdade. Isso é perfeito”, declarou o cantor.
Durante a tarde, o grupo Psirico, passou pela avenida e o vocalista, Márcio Vitor, apresentou-se vestido com tema voltado ao meio ambiente. Segundo ele, o objetivo foi chamar atenção para os cuidados que se deve ter com a natureza e a preservação das ruas e das praias. Em seguida, a cantora Ivete Sangalo e outros grupos de axé fizeram a festa no Campo Grande.
No meio da avenida, a cada passagem de trio, um grupo de garis, da Empresa de Limpeza Urbana de Salvador (Limpurb) varria e recolhia os resíduos deixados pelos foliões que acabavam de passar. Este ano, a prefeitura fez a coleta e a varrição nos circuitos antes e depois das apresentações, para facilitar o trabalho dos profissionais e deixar a avenida limpa para os próximos foliões.
O cantor Saulo Fernandes distribuiu camisetas para os foliões na pipocaBruno Concha/Gilmar Castro/Jefferson Peixoto – Agecom Prefeitura de Salvador
Um dos trabalhadores que fizeram a limpeza de hoje, Valmir Pereira diz que o serviço é cansativo, mas deixa as avenidas mais apresentáveis. Ele, no entanto, acredita que os foliões poderiam sujar menos as ruas.
O pedreiro Manoel Souza aproveita o carnaval para vender adereços de cabeça. Ele diz que este ano as vendas foram um pouco menores que as do ano passado, mas comemora a renda extra. “Tenho um filho e aproveito o carnaval para trabalhar como ambulante. Não está como no ano passado, mas chego a quase dobrar a renda do mês com as vendas”, declara.
Veterana no carnaval baiano, a comerciante Luciene Machado considera tranquilo o carnaval deste ano. “Não tem muita diferença de um ano para o outro, mas a energia, a diversão e a alegria me fazem vir todos os anos com minhas amigas. Este ano está muito tranquilo. Não presenciei nenhum caso de briga ou confusão. Está valendo a pena”, disse a soteropolitana.
O Circuito Osmar, no Campo Grande, é o mais popular do Carnaval de Salvador e tem seis quilômetros de extensão. Com ponto de início no corredor da Vitória, os trios passam pelo Campo Grande e seguem para a Avenida Sete de Setembro, retornando ao Campo Grande, num percurso que dura cerca de sete horas.
Decisão foi unânime: glo.bo/23RKuXX
Conselho de Segurança da ONU condena lançamento de foguete pela Coreia do Norte
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Primeira a desfilar, Estácio leva à avenida enredo sobre São Jorge
Cristina Índio do Brasil – Repórter da Agência Brasil
Depois de cinco anos pesquisando a história de um dos santos mais populares do país, o carnavalesco Chico Spinosa viu o sonho realizado na avenida. Ele comemorou a recepção do público à Estácio de Sá, escola que abriu o desfile do Grupo Especial neste domingo (7) com um enredo sobre São Jorge.
“Acho que o Rio de Janeiro é devoto de São Jorge. Não só os componentes, não só os sambistas. A cidade do Rio de Janeiro tem por São Jorge como o primeiro”, declarou o carnavalesco após o desfile. Campeã da Série A, antigo grupo de acesso, no ano passado, a eswcola obteve o direito de subir neste ano para o Grupo Especial, considerado a elite do carnaval carioca.
Chiquinho, como é chamado, diz que a pesquisa sobre o santo deu trabalho, mas compensou. “Passei por tudo em busca de São Jorge. Viver esta experiência porque também sou devoto. Fiquei muito feliz em colocar São Jorge abençoando esta avenida para que tenhamos grandes carnavais”, completou.
Ao ver as arquibancadas populares da Praça da Apoteose, área de dispersão das escolas, aplaudindo e cantando o samba com a bateria ele ficou com os olhos cheios de água. “É muito bom. A gente fica emocionado. Estou voltando. Passei muitos anos fazendo carnaval em São Paulo e o que estou sentindo é que o Rio de Janeiro ainda me recebe de braços abertos”, ressaltou.
O ator e diretor Jorge Fernando chegou emocionado à Praça da Apoteose. Devoto de São Jorge, disse que poder representar o santo na abertura do desfile não teve preço. “Aprendi a ser devoto com a minha mãe. Nasci no mês de Jorge. Estou muito feliz. Teve uma energia muito forte”, destacou.
Problema no abre-alas
A Estácio de Sá entrou na avenida com a força da torcida no Setor 1 da arquibancada popular, mas logo os torcedores da escola ficaram apreensivos. O carro abre-alas, Berço da Civilização, que representava a Capadócia (região onde nasceu São Jorge), teve um problema na acoplagem das duas partes que compunham a alegoria e não andava.
As primeiras alas já iam no setor seguinte, enquanto a turma da força que são empurradores de alegorias tentava resolver o problema. O motorista Cláudio Luiz disse que tiveram que trocar o pino que juntava as duas partes por uma corrente. “Aí ele atravessou a avenida toda sem problema. Foi só trocar”, disse.
Ao ver que o trabalho deu certo, Cláudio, empurrador de carros da escola há 22 anos, comemorou o dever cumprido. “Temos que ter um plano B”, ressaltou. “Venho [ao sambódromo] só na Estácio. Sou estaciano. Sinto que é uma responsabilidade ter de empurrar o carro para ele chegar certinho no fim”, acrescentou Cláudio, empurrador de carros da Estácio de Sá há 22 anos.
Com críticas políticas e irreverência, Pacotão desfila em Brasília
Pedro Peduzzi – Repórter da Agência Brasil
Dois anos depois de cair do trio elétrico em pleno Pacotão, Seu Cicinho, um dos fundadores do bloco, foi homenageadoMarcello Casal Jr/Agência Brasil
Com cerca de 7 mil foliões, segundo a Polícia Militar, o Pacotão, bloco de carnaval mais tradicional de Brasília, saiu da 302 Norte, por volta das 16h30 de hoje (7), dando início a seu trajeto até a 504 Sul. A expectativa dos organizadores é que 15 mil pessoas pulem neste que é, de acordo com os organizadores, o bloco “mais político e filosófico” da capital federal.
Na concentração, pelo menos quatro bandas – Asé Dudú, Orquestra Percussiva Batukeijé, Patubatê, além do próprio bloco do Pacotão – tocavam simultaneamente músicas diferentes a poucos metros de distância umas das outras. Para o organizador Wilsinho Reggae, essa massa sonora de vários estilos ao mesmo tempo faz parte da identidade anárquica do bloco. “Nossa organização é justamente essa desorganização”, diz.
Na edição deste ano, foi feita uma homenagem a um dos fundadores do bloco, o jornalista aposentado e filósofo Seu Cicinho, de 75 anos. Há dois anos, o folião sofreu uma queda no trio elétrico, o que limitou sua movimentação nos últimos carnavais.
“O Pacotão é um bloco diferente dos demais por sua consciência democrática e pela formação filosófica e apartidária. Porém somos políticos até a alma. Somos a expressão do pensamento aristotélico, segundo o qual o homem é um ser político. Tanto faz se contra a esquerda ou a direita, até porque quem manda no país continua sendo o PMDB, o importante é fazer críticas, seja a quem for. Para isso basta um pouco de inteligência”, explica Cicinho.
Este ano, a organização mirou críticas principalmente ao governador do Distrito Federal, Rodrigo Rollemberg, pela falta de apoio nas duas últimas edições do carnaval. “Ele é uma decepção porque figurou no meio político estudantil, defendia nossos festejos e, agora, ferra com os foliões. Mas isso não nos abate. Faremos das tripas coração para continuar fazendo o nosso carnaval”, diz Cicinho.
Já os foliões centravam críticas principalmente à presidenta Dilma Rousseff. Segurando um cartaz com o dizer “Fora Didi” e fantasiado de Itamar Franco, como faz desde 1994, o corretor de seguros Jafé Torres, 74 anos, fazia discursos contrários ao aumento da dívida pública brasileira. “O Fora Didi é uma provocação porque soube que este é o apelido que a Dilma mais odeia”, declara o corretor.
O porteiro Lino Francisco, 75 anos, fez um mosaico com diversas capas de revistas semanais críticas ao governo federal. Segundo ele, foi fácil juntar esse material. “Toda semana tem uma capa nova para ser colada aqui”, disse o folião, tendo às mãos uma mala simbolizando o dinheiro público desviado por causa da corrupção.
O porteiro Lino Francisco, 75 anos, montou um mosaico com capas de revistas semanais e notas de dinheiroMarcello Casal Jr/Agência Brasil
Saudosismo
Com experiência de mais de 15 Pacotões, a servidora pública aposentada Lúcia Hochreiter, 72 anos, diz que o Pacotão tem perdido um pouco da irreverência que sempre o caracterizou. “Provavelmente por ter uma tradição mais de esquerda, perdeu um pouco da ironia e acabou ficando menos divertido. Hoje o que vejo são críticas mais agressivas, mas no público, e não nos organizadores. Acho que isso reflete o momento político atual, de polarização, provocado pela mídia brasileira”, diz ela.
“Prova disso é que há um terreno fértil de assuntos que poderia ser explorados e que não foram, até por não terem sido mostrados pela mídia. Eu esperava ver referências ao helicóptero com cocaína, apreendido pela Polícia Federal. Dava até para fazerem uma associação do nome do bloco com os pacotes de drogas que foram encontrados. Perderam também a oportunidade de falar da violência que tem sido praticada pela Polícia Militar em Brasília, em São Paulo e no Paraná. Infelizmente, o Pacotão não é mais o mesmo”, acrescenta a aposentada.
No quesito fantasia, um dos destaques do Pacotão ficou com a atriz Wilma Ramos, 72 anos, vestida de bruxa. A personagem é conhecida do público brasiliense desde os anos 80, quando participava do programa infantil Carrosel, com o palhaço Cacareco, exibido na capital federal na época. A todo momento, pediam que ela posasse para fotos. “Desde 1982, venho aqui todos domingos e terças-feiras de carnaval. É sempre a mesma coisa: pessoas querendo registrar toda essa beleza que Deus me deu”, relembra.
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Premiação é considerada o Oscar da animação: glo.bo/1Q3XhCz
Animação brasileira "O menino e o mundo" leva prêmio no Annie Awards
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Latino-americanos curtem carnaval em Santa Teresa no Rio de Janeiro
Isabela Vieira – Repórter da Agência Brasil*
A comunidade latino-americana tem ponto de encontro certo no carnaval carioca. Criado há quatro anos, o Bloco Bésame Mucho reúne músicos mexicanos, argentinos, peruanos, colombianos e brasileiros, que caem na folia hoje (7) tocando clássicos latinos e novos ritmos da região. No repertório, muita salsa, cumbia, funk e marchinhas de carnaval. Este ano, a previsão é arrastar centenas de pessoas no bairro de Santa Teresa, no centro do Rio de Janeiro.
Inspirado pela canção da década de 1940, da compositora mexicana Consuelo Velásquez, um dos fundadores do bloco, o também mexicano Ezequiel Soto conta que a ideia de fundar o Besame surgiu no aniversário dele. "Era uma forma de integrar as culturas e de festejar", disse. Depois, a ideia ganhou vida própria.
No trajeto, o Besame desceu do Largo dos Guimarães até a Glória, pela Rua Cândido Mendes, interagindo com turistas e moradores Isabela Vieira/Agência Brasil
"Hoje é um bloco de amigos que se expande todos os anos, tem francês, italiano, alemão, é uma babel", diz Soto, que estuda no Instituto de Matemática Pura e Aplicada, instituição de referência no mundo.
Já no quarto ano de desfile em Santa, o repertório também cresceu. Hoje o bloco vibrou ao som de arranjos mais latinos ainda para o carimbó, com destaque para a musica Jamburana, de Dona Onete, Afro Blue, uma peça clássica do percussionista cubano Mongo Santa Maria, além das argentinas Carnavalito (El Humahuaqueno) e a peruana Carinito. As músicas são cantadas em português e espanhol, por várias vozes, descendo e subindo as ladeiras.
Das composições brasileiras, Suíte dos pescadores, de Dorival Caymmi, ao ritmo de funk foi uma supresa do percursionista Mestre Vitico, que também participa do bloco. Ele é o responsável por formar os músicos em aulas de percussão latina ao longo do ano e apresentar os novos arranjos.
Há quase 11 anos no Brasil, o músico, que já integrou uma banda nascida no carnaval, o Songoro Cosongo, em 2005, explica que os ritmos latinos são semelhantes. "O que fazemos, em geral, é incluir instrumentos brasileiros, como surdo, caixa, atabaque e xequerê, que até já é mais usado em outros lugares, nos arranjos musicais", contou.
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Para ele, o Besame é uma chance de divulgar a cultura latino e de se misturar. "Não sei explicar, talvez, pela língua, tem uma barreira que faz o Brasil não conhecer o continente. Mas quando a gente toca, as pessoas gostam. Prova disso é o bloco cheio", constatou.
Quem comparece aprova a mistura. A jornalista Letícia Couto participa há dois anos. Acha que é uma oportunidade de evitar multidões ao som de "ótima qualidade"."As pessoas, às vezes, tem preconceito com argentino ou mexicano, mas aqui a gente fica misturado. A música e energia são ótimas ", completou.
De passagem no Rio, para um curso na área, o físico mexicano Oswaldo Jimenez Farias não resistiu. Ele já tinha tocado em outros carnavais no bloco e matou a saudade do instrumento conga. "O carnaval no Rio é único. Por isso queríamos participar, somos uma maioria de imigrantes, essa é uma chance de sermos protagonistas e brincar também".
Para os interessados em tocar em 2017, os ensaios são feitos ao longo do ano, no Parque do Flamengo e na Lapa.
Carnaval de rua
Hoje (7), diversos blocos devem sair pelas ruas do Rio de Janeiro. A expectativa é o bloco Simpatia Quase Amor, em Ipanema, atrair o maior número de foliões.
Ontem (6), a Banda de Ipanema manteve a tradição de desfilar pela orla de Ipanema, sem o auxílio de caixas de som. Os cerca de 50 músicos puxaram a multidão ao som dos instrumentos de sopro e percussão. Este ano, os homenageados pela banda foram os músicos Candonga, Silas de Oliveira e Edu da Gaita.
Outra tradição foi a irreverência do público, que ano a ano acompanha o desfile, com faixas fazendo críticas bem humoradas à situação política do país. O desfile começou exatamente às 17h30, ao som de Cidade Maravilhosa.
Para o presidente da banda, Claudio Pinheiro, a homenagem ao sambista Candonga, morto em 1997, era mais do que merecida. “Candonga é uma figura baiana legitimamente carioca, que se notabilizou se integrar no espírito do Rio de Janeiro, no grande espaço das escolas de samba”.
Pinheiro considera que a magia da Banda de Ipanema se mantém forte, aos 51 anos de fundação, justamente pela manutenção dos seus princípios originais.
“O que nos mantém é o espírito carioca e a história da banda, que foi criada em cima de cláusulas pétreas, de tocar música brasileira e não usar carro de som nem trio elétrico. É pé no chão e som do gogó.”
Presidente do Haiti deixa poder e pede união para ultrapassar crise
Da Agência Lusa
Com o fim do mandato, o presidente do Haiti, Michel Martelly, deixou neste domingo (7) o cargo. Ele pediu unidade para o país ultrapassar as dificuldades provocadas por uma crise eleitoral que impossibilitou a eleição de um novo chefe de Estado.
“Hoje é um dia difícil, mas temos que estar unidos para enfrentar as dificuldades. Somos um povo corajoso, honrado e com uma história importante para o mundo”, disse Martelly em sua última ida ao Congresso Nacional, agora encarregado de nomear um governo provisório.
Na mensagem, Martelly pediu aos haitianos que abandonem o caminho da violência, que “não leva a nada”, e agradeceu a missão que lhe foi confiada pelos haitianos em 14 de maio de 2011. “É um trabalho muito difícil, que realizei com honra. Estou feliz com ele”, declarou.
Martelly acrescentou que a missão de mudar o país não é fácil, mas tem de continuar “com determinação para um futuro melhor”. “Desde o terremoto [de janeiro de 2010] que queria servir o meu país. Cinco anos depois, estou pronto para me apresentar perante o tribunal da História”, destacou.
O presidente haitiano afirmou ainda ser necessário “lutar contra a demagogia e o espírito de violência” e disse que não pretende sair do país. “Não vou a lugar algum. Vou ficar aqui, no meu país”, declarou. O Executivo e o Parlamento haitianos concordaram no sábado (6) em formar um governo provisório, com mandato de 120 dias, que deverá organizar eleições para 24 de abril. O presidente eleito deverá tomar posse em 14 de maio.
A oposição rejeitou o acordo por não estarem contempladas as suas exigências, com destaque para a formação de uma comissão para investigar as irregularidades cometidas no primeiro turno das eleições, de 25 de outubro do ano passado, e que desencadearam a atual crise.
O segundo turno das eleições presidenciais estava previsto para 24 de janeiro, mas foi adiado dois dias antes pelo Conselho Eleitoral Provisório (CEP) por causa da violência no país, que causou pelo menos quatro mortes.
No primeiro turno, os candidatos que obtiveram mais votos foram Jovenel Moise, do Partido Haitiano Tet Kale (PHTK, no poder), e Jude Celestin, da Liga Alternativa para o Progresso e Emancipação Haitiana (LAPEH, oposição). Celestin recusou participar do segundo turno, citando graves irregularidades no processo eleitoral.
Os haitianos comemoram neste domingo o 30º aniversário da queda da ditadura do falecido presidente Jean-Claude Duvalier.
Bloco da Tesourinha atrai famílias e pequenos foliões em Brasília
Ana Cristina Campos – Repórter da Agência Brasil
Um dos destaques do bloco, Jorge Marino diz que Brasília tem o melhor frevo do paísElza Fiúza/Agência Brasil
Pequenos foliões aproveitaram o domingo de sol para participar na tarde de hoje (7) do décimo desfile do Bloco da Tesourinha, criado em 2007 e já tradicional no circuito infantil do carnaval brasiliense.
Marcado pelo ritmo do frevo e pelas marchinhas tradicionais, o bloco é embalado pela banda de pífanos Ventoinha de Canudo. Quando criou o Bloco da Tesourinha, Renato Fino quis homenagear os 100 anos do ritmo pernambucano. O nome do bloco é uma homenagem ao passo do frevo e às ligações entre as partes leste e oeste de Brasília, desenhadas por Lúcio Costa.
“É um bloco de crianças. Ele se concentra na praça da quadra residencial que é uma marca do Tesourinha em um processo de ocupação da cidade. Ele quer ocupar a cidade onde as pessoas vivem. O bloco sai em desfile, desce a tesourinha da quadra 210 Norte, sobe pela 209 e volta para a quadra residencial”, conta Fino, de 44 anos, que mora na 410 Norte há 42 anos.
Fino disse que, este ano, o bloco não recebeu o alvará de funcionamento da Administração de Brasília, mas o evento já estava criado. “Recebemos promessas de receber o alvará porque tínhamos entregue toda a documentação. Mas estamos recebendo apoio da Secretaria de Cultura como tendas, banheiros químicos e o som e com os agentes do Detran e da PM acompanhando”, comenta.
Um dos destaques do bloco é o mestre de frevo Jorge Marino, de 73 anos, que dança à frente do Tesourinha desde 2007. “Dou aula de frevo em todas as cidades satélites. O melhor frevo é em Brasília e não em Pernambuco. Minha energia toda vem do frevo”, conta Marino, que é gaúcho, mas dança frevo desde menino.
Acompanhada do marido e do casal de filhos, Carol Velho, consultora do Fundo das Nações Unidas para a Infância, pula carnaval no Tesourinha desde a criação do bloco. “É perto da minha quadra, um dos melhores blocos para crianças e é uma experiência super gostosa passar debaixo da tesourinha com a banda de pífanos”, diz ela, fantasiada de porta-estandarte com uma imagem que ela chamou de releitura do Divino Espírito Santo, do artista plástico Athos Bulcão.
A servidora pública Cristiane Zamberlan estava com o filho Thomas, de 3 meses, já na folia. Ela estava em um grupo de oito adultos e cinco crianças. “Tenho uma filha de três anos, e a gente começou a frequentar por causa dela. Eu já estava grávida dele no ano passado, mas ainda não sabia. É o bloco mais interessante para a criançada porque é um público infantil, menos perigoso, com áreas sombreadas”, explica.
Segundo estimativa da Polícia Militar, havia mil pessoas reunidas na concentração do bloco. O Bloco da Tesourinha volta a sair na terça-feira de carnaval (9), com concentração a partir das 16h, na praça da 410 Norte, na Asa Norte de Brasília.
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Maracatus levam elementos das culturas africana e indígena às ruas de Fortaleza
Edwirges Nogueira – Correspondente da Agência Brasil
Trajes coloridos, rostos pintados de preto, batuques e loas tomam a Avenida Domingos Olímpio durante o carnaval de Fortaleza. O tradicional desfile dos maracatus começou ontem (6) e segue hoje (7) com a apresentação de oito grupos, de um total de 15. Em ritmo de batucque e com elementos das culturas africana, indígena e brasileira, o maracatu foi declarado patrimônio imaterial de Fortaleza em 2015.
O Az de Ouro é um dos que se apresentam nesta noite. Este ano, o grupo completa 80 anos de fundação e é considerado o mais antigo do carnaval de rua de Fortaleza. A loa (música) que será cantada durante o desfile reverencia os índios e os negros, dois dos elementos presentes na composição do maracatu. “Queremos resgatar um pouco das culturas indígena e negra, interligando esses dois pontos na loa”, explica Marcos Gomes, diretor de Carnaval do Az de Ouro.
No maracatu, participantes pintam o rosto de preto e usam fantasias exuberantesMauri Melo/Divulgação
Na avenida, o maracatu traz diferentes representações, como príncipes e princesas, rei e rainha, orixás, índios, baianas e africanos. Há também as figuras da calunga, uma boneca negra; do balaieiro, que carrega uma cesta de frutas na cabeça; e do casal de pretos-velhos. A maioria desfila com os rostos pintados de preto. A tinta, segundo Gomes, é feita a partir da fuligem de lamparina, misturada com vaselina e talco.
De acordo com Gomes, os dois elementos cantados e representados na avenida em 2016também servirão de base para as celebrações dos 80 anos do maracatu, que será o tema desenvolvido no carnaval de 2017. Ele disse que o Az de Ouro pretende narrar a evolução do grupo ao longo desses 80 anos.
Influência pernambucana
No livro Maracatu Az de Ouro: 70 anos de memórias, loas e batuques, publicado em 2007, o cantor, compositor e pesquisador Pingo de Fortaleza informa que o grupo foi criado por Raimundo Alves Feitosa a partir da influência das cambindas pernambucanas, especialmente da Dois de Ouro. Nos anos 1930, conta Pingo, integrantes desses grupos já saiam às ruas com os rostos pintados de preto.
Roupas que serão usadas pelo maracatu Az de Ouro no desfile deste domingoEdwirges Nogueira/Agência Brasil
Na evolução do Az de Ouro, Pingo de Fortaleza destaca a agregação de elementos do carnaval carioca, a exemplo da competição e das fantasias imponentes com tecidos nobres e pedrarias. A música também passou por mudanças.
Em sua pesquisa, ele verifica que o Az de Ouro, na década de 1940, passeava por ritmos mais enérgicos, parecidos com o coco e com a batida do maracatu pernambucano. Um fato histórico, conforme o pesquisador, indica isso. Em 1942, o cineasta norte-americano Orson Welles esteve em Fortaleza e, segundo registro da imprensa local, foi recebido com um coco-maracatu interpretado por jangadeiros. Atualmente, o grupo canta suas loas acompanhados da batida solene, que ficou conhecida nacionalmente por meio da canção Pavão Mysteriozo, de Ednardo.
“O maracatu Az de Ouro é a referência para a formação de outros grupos na década de 1950 e até as décadas de 1980 e 1990, quando novos maracatus começam a surgir e a trabalhar a diversidade rítmica.” Um desses novos maracatus é o Solar, do qual o pesquisador participa.
Batuque solene
Marcos Gomes defende a continuidade do batuque solene no Az de Ouro, mas ressalta a liberdade de outros grupos de adotarem outros ritmos. “Raimundo Alves Feitosa formatou a batida lenta, como cortejo. Eu não posso fazer um cortejo acelerado porque fica esquisito. Os maracatus de Fortaleza têm livre-arbítrio para criar. Nunca foi posto que, para formar um maracatu, era preciso ir na linha do Az de Ouro.”
Maracatu Solar adotou novos ritmos, usa roupas leves e não pinta o rosto Edwirges Nogueira/Agência Brasil
O Maracatu Solar, por exemplo, é um dos grupos que adotou novos ritmos e novas práticas. No desfile de ontem, o grupo reverenciou o orixá Ogum em sua loa e usou quatro ritmos de batuques. Em vez das roupas pesadas e vistosas, os integrantes usam fantasias de tecidos leves, como a viscose. O maracatu também não compete com os demais nem pinta o rosto de preto.
“Eu considero a pintura uma máscara estética. Os grupos tinham um argumento de que pintavam o rosto porque não havia negro no Ceará – uma negação histórica de uma presença consolidada. Também havia a ideia de que, como só havia homens no maracatu no passado, representando papéis tanto masculinos como femininos, eles se escondiam por meio da pintura. Nós não usamos porque resolvemos discutir a afirmação étnica do maracatu. Eu sou negro sem pintar o rosto”, defende Pingo de Fortaleza.
Vestidos de mulher, foliões lotam sambódromo em Manaus
Bianca Paiva – Correspondente da Agência Brasil
Segundo organizadores, sambódromo de Manaus deve receber até 80 mil foliõesBianca Paiva / Agência Brasil
Criado há 35 anos em Manaus, Bloco das Piranhas reúne homens vestidos de mulherBianca Paiva / Agência Brasil
Como manda a tradição, milhares de foliões vestidos de mulher foram ao sambódromo de Manaus neste domingo (7) para curtir o Bloco das Piranhas. Fantasias ousadas, extravagantes e criativas não faltaram no evento, que está na 36ª edição.
Cassiano Felipe participa do bloco há cinco anos. Dessa vez, ele se produziu com peruca rosa e camisola preta. “É maravilhoso. A gente vem, curte, o cara se arruma. Não tem esse negócio de frescura. O cara pode vir com a roupa brincar e se divertir. É a maior alegria”, disse.
Para o folião Maique Valadão, o Bloco das Piranhas é uma oportunidade de divertir-se vestido de mulher sem preconceitos. “É legal, divertido, descontraído. É legal porque não tem discriminação, não tem preconceito”, contou.
Quando a festa começou, por volta de 17h, pelo menos 5 mil pessoas estavam no sambódromo, segundo a Polícia Militar. A expectativa da organização é reunir até a madrugada desta segunda (8) entre 70 mil e 80 mil pessoas como nos últimos anos. Para entrar, os brincantes precisam levar leite em pó ou um pacote de fraldas descartáveis. Os produtos arrecadados vão ser doados para instituições sociais.
Criado em 1981, o bloco inicialmente era realizado nas ruas do bairro Parque 10 de Novembro. O número de foliões cresceu tanto que o evento precisou ser transferido para o sambódromo da capital amazonense.
Cordão do Boitatá chega aos 20 anos com criatividade de sobra
Isabela Vieira – Repórter da Agência Brasil*
O bloco carnavalesco Cordão do Boitatá atraiu milhares de pessoas à Praça XV, no centro do RioTânia Rêgo/Agência Brasil
As tradicionais marchinhas de carnaval, frevo, choro e outros ritmos tradicionais embalaram os foliões que lotaram a Praça XV, no centro do Rio de Janeiro. Uma multidão compareceu hoje (7) para comemorar os 20 anos do bloco e assistir shows de artistas como Teresa Cristina, Alfredo Del Penho e Pedro Miranda, em uma homenagem do Cordão do Boitatá a Aldir Blanc, Chico Buarque, Hermeto Pascoal e os 15 anos da Escola Portátil de Choro – que forma músicos.
O bloco é ponto de encontro dos estudantes de engenharia da Universidade Estadual do Rio de Janeiro (UERJ) Tânia Rêgo/Agência Brasil
Conhecido por reunir pessoas com fantasias irreverentes, o bloco é ponto de encontro de estudantes de engenharia da Universidade Estadual do Rio de Janeiro (UERJ). Desde 2011, eles se fantasiam de smurfs (personagens de desenho infantil), com os corpos pintados de tinta guache azul. O organizador Rafael Paes Leme reuniu 50 colegas este ano. “Cada um tem um bloco preferido, mas o Cordão do Boitatá é sagrado, é muito divertido ver todo mundo pintado”, disse.
Preparados para 7h de shows que só terminam no fim da tarde, com as bençãos de São Sebastião, padroeiro da cidade representado no estandarte no bloco, um outro grupo fez paródia com a série de TV “Orange is the new black” e levou mulheres vestidas de presidiárias e rapazes de agentes carcerários. Um outro, prestou homenagem o apresentador de TV Chacrinha e tinha até uma chacrete, como ficaram conhecidas as assistentes de palco do comunicador.
As mudanças no sistema de transporte público do Rio, que teve linhas canceladas para reorganização de trajetos também virou brincadeira. Um grupo de amigos se fantasiou de “onde está o Wally ônibus”, em referência ao personagem Wally, do ilustrador britânico Martin Handford, escondido sempre nas páginas dos livros, em meio a uma multidão.
“Nesse momento, há uma grande dificuldade de mobilidade na cidade: os ônibus sumiram. Queremos mostrar ao prefeito [Eduardo Paes] a dificuldade da população em encontrar o ônibus certo, depois dessa supressão das linhas”, explicou o professor Diomário da Silva.
Marchinhas tradicionais embalam foliões no Cordão do BoitatáTânia Rêgo/Agência Brasil
Alegria e animação, marcas registradas do bloco, contagiaram também os estrangeiros. Morando na cidade há dois anos, a engenheira espanhola Sara Fraile, conta que em seu país, as Ilhas Canárias, há um carnaval parecido, com blocos e fantasias. Mas ela não quer voltar para lá. “Não tenho saudade, não. Aqui no Rio é bem melhor, mais animado”, comparou.
O Boitatá é um dos mais importantes blocos da cidade e teve participação ativa na revitalização do carnaval de rua. Promove encontro entre gerações de músicos e faz um passeio por ritmos brasileiros. Encanta cariocas e turistas de todo o país, diz a curitibana Camila Brizotto.
“O bloco é bem tradicional, homenageia as grandes personalidades do samba de raiz, além de ser um bloco no centro, que é uma parte histórica da cidade do Rio."
O tradicional Boitatá fica concentrado na praça XVTânia Rêgo/Agência Brasil
Mesmo querido, os organizadores não encontraram patrocinadores para cobrir os custos e esperam sensibilizar os foliões por meio de um financiamento coletivo na internet até domingo (14). “Esse ano foi muito difícil montar o palco, estamos com as contas no vermelho, esperando que a vaquinha virtual funcione”, lembrou Flavia Breton, produtora do bloco.
Boi Tolo
Antes do Boitatá, saiu da Igreja Candelária, no centro, o Cordão do Boitolo, que este ano foi até a Praça Mauá, um percurso de quatro quilômetros. O bloquinho reuniu às 7h dezenas de foliões que curtem a espontaneidade do carnaval e seguem sem trajeto pré-definido.
Criado há 10 anos, o Boitolo surgiu do encontro de foliões que chegavam para o Boitatá em um ano que o bloco não saiu. Frustrados, um grupo resolver improvisar e criou ali mesmo o Boitolo. Eles não usam carro de som e os músicos tocam instrumentos de sopro e percussão.
O Bloco Cordão do Boi Tolo saiu sem carro de som, com músicos tocando marchinhas com instrumentos de sopro e percussão Tânia Rêgo/Agência Brasil
“O Boitolo é essa coisa totalmente espontânea, a gente não sabe o que vai acontecer”, disse a jornalista Flávia Dias, que segue o bloco há 3 anos anos. “ Aí, você passa o dia todo, porque ele vai para todo o Rio de Janeiro. Vem para cá [Pedra do Sal), vai para o MAM [Museu de Arte Moderna], teve um ano que chegamos até [a Praia do] Arpoador, na zona sul”, revelou.