Primeira capa de 2016 traz manchete destacando um "ano desastroso" para o Brasil
Pela terceira vez neste ano, a tradicional e por vezes polêmica revista britânica “The Economist” escolheu o Brasil e a crise na economia como alvo para estampar sua matéria principal, com direito a primeira capa de 2016 de forma dura: com a presidente Dilma Rousseff de cabeça baixa e a manchete destacando um “ano desastroso” para o Brasil em 2016. O título é direto e seco, “Brazil's fall” (Queda do Brasil, em tradução direta).
Em uma matéria publicada na edição on-line do jornal “O Globo” de hoje, há a lembrança de que em fevereiro deste ano a matéria principal da capa da “The Economist” para a América Latina também escolheu o Brasil. Na edição, uma passista de escola de samba usando uma fantasia com as cores da bandeira brasileira aparecia em um “atoleiro” (ou pântano, como os britânicos preferem) quase toda coberta por uma espécie de lodo verde.
Depois, no mês de setembro, a revista voltou a alvejar o Brasil com duas reportagens sobre a crise econômica. Nesta edição, no entanto, o ataque ao Brasil não foi tema principal da capa. Com chamada de “Brasil decepciona, de novo”, as reportagens falavam sobre a economia brasileira com cenário político desalentador e citou as ações da Operação Lava-Jato e a recessão confirmada pele queda do Produto Interno Bruto (PIB). A reportagem destacou que o país sofria com as disputas políticas entre uma presidente com apenas 8% de aprovação e um Congresso que gastava energia tentando derrubar Dilma Rousseff, “em vez de procurar uma maneira de remediar o orçamento”, dizia parte do texto.
Seis anos atrás, em 2009, a “The Economist” também estampou em sua capa uma imagem do Cristo Redentor “decolando” do Corcovado, uma representação positiva do crescimento da economia brasileira na época. Quatro anos depois, em 2013, o mesmo Cristo Redentor foi mostrado em um voo “desordenado”.
Desastre
Na primeira edição de 2016, a “The Economist” destaca a inversão no clima do Brasil, passando da euforia que seria de se esperar por causa da realização das Olimpíadas, para “um desastre políticoe econômico”. O texto cita a perda do grau de investimento pela agência de classificação de risco Fitch Ratings (a Standard & Poor's já havia rebaixado a nota e a Moody's deve seguir o mesmo caminho) e a saída do governo do ministro da Fazenda, Joaquim Levy, menos de um ano após assumir o cargo. Segundo a revista, a previsão é de que a economia brasileira encolha até 2,5% ou 3% no ano que vem. “Até a Rússia vai crescer mais do que isso”, destaca.
Os problemas na esfera política são outro destaque da reportagem da publicação britânica, lembrando que o governo tem sido desacreditado por causa do escândalo de corrupção e desvio de dinheiro em torno da Petrobras, além da presidente Dilma, acusada de esconder o tamanho do déficit orçamentário e que no momento enfrenta um processo de impeachmet no Congresso.
Na primeira edição de 2016, a “Economist” ressalta que, como o B do BRICS (as economias mais emergentes do mundo), o Brasil “supostamente deveria estar na vanguarda do crescimento das economias emergentes. Em vez disso, enfrenta uma turbulência política e, talvez, um retorno à inflação galopante”. A publicação destaca que “somente escolhas difíceis podem colocar o país de volta ao curso, mas, no momento, a presidente Dilma não parece ter estômago para isso”.
O texto também classifica a penúria na economia, citando que o “sofrimento do Brasil”, como o das demais economias emergentes, se deve em parte à queda dos preços das commodities globais. Fora isso, o déficit fiscal aumentou de 2% do PIB, em 2010, para 10%, em 2015.