domingo, 21 de junho de 2015
México e Brasil, por Jurandir Soares
Passei esta semana na Cidade do México vendo e revendo pessoas e lugares. Em termos de rever, o principal é o Museu Nacional de Antropologia. Ali está contada não só a rica história das civilizações pré-colombianas no México, mas toda a história da humanidade. A revolução do homem, passo a passo, é mostrada em nichos que reproduzem o modo de vida de cada época. E chega-se ao esplendor da civilização asteca e sua destruição pelos espanhóis.
Mas o México é um país de contrastes – como o Brasil. Tem corrupção, tem a violência do narcotráfico e tem crescimento econômico. A violência deixou a sua marca mais recentemente com o assassinato de 43 estudantes pelo narcotráfico no estado Guerrero. Ao passear pelo Paseo de La Reforma, a mais importante e charmosa avenida da Cidade do México, deparei-me com uma barraca montada pelos familiares, com as fotos dos estudantes que foram mortos e queimados, exigindo uma explicação do governo – algo que ainda não houve. As gangues de narcotraficantes infernizam o país e matam-se entre si. A disputa é pelo fértil mercado norte-americano. São famosos os cartéis Golfo e Los Zetas.
A corrupção é outro mal endêmico do país. Não há negócio que envolva governantes, políticos e empresários que não tenha propina. A senadora Laura Rojas, do PAN, Partido de Aliança Nacional, em atenção aos clamores populares, iniciou um movimento com vistas a criar cinco leis básicas de combate à corrupção. Pretende que seja uma ação integrada entre o parlamento e organizações da sociedade civil. A repercussão do anúncio foi boa, resta ver se irá se concretizar.
De concreto, o México tem a sua economia que, apesar da crise mundial, segue com números positivos. Em 2014, o crescimento do PIB foi de 2,4% e para este ano a projeção é de crescimento de 4%. Esses índices são puxados pelo petróleo, que está em baixa, e pela indústria automobilística, que cresce cada vez mais. E o mercado é o mundo. O México é o quarto maior exportador de automóveis. Cerca de 80% de sua produção é vendida ao exterior, sendo que dois terços vão para o mercado americano. Ou seja, a indústria automobilística mexicana já passou para trás suas concorrentes do Brasil e dos EUA. Mais um detalhe deste país de contrates, muito parecido com o Brasil.
Fonte: Correio do Povo, página 8 de 21 de junho de 2015.
Violência custa US$ 255 bi ao país
Os custos do Brasil com violência somaram 255 bilhões de dólares em 2014, o equivalente a 8% do PIB nacional, estima o Institute for Economics and Peace (IEP)m instituto de pesquisa australiano que estuda o impacto econômico da violência desde 2008. Em relação a outros 161 países, o Brasil ocupa a quinta posição no ranking dos que mais gastam com violência, atrás de EUA, China, Rússia e Índia.
Fonte: Correio do Povo, página 6 de 21 de junho de 2015.
Leite e queijo. Só eles?, por Rogério Mendelski
Em qualquer país deste planeta, quem adultera alimentos vendidos para a população visando ao lucro demasiado é enquadrado na lei como criminoso que atenta contra a vida. Contra a vida de todos os que consomem esses produtos criminosamente acrescentados de produtos químicos e de outras porcarias que, se ingeridos isoladamente, ameaçam a saúde dos consumidores.
Aqui no RS, desde maio de 2013, o Ministério Público Estadual (MPE) assumiu o comando das investigações sobre o leite adulterado e em dois anos de trabalho oito operações foram realizadas em diversos municípios com muitas prisões em todas elas com poucos danos pessoais dos responsáveis, considerando-se que o risco e o lucro compensam uma breve privação da liberdade.
Tanto isso é verdade que, se os fraudadores tivessem medo da prisão e dos prejuízos materiais (confisco de bens, por exemplo), nossas autoridades sequer teriam realizado uma segunda operação. No entanto, estamos na oitava Operação Leite Compen$ado e agora ingressamos na investigação de um dos mais importantes derivados do leite, o nosso velho e bom queijo tão importante como alimento na mesa de todos nós – pobres e ricos – que não dispensamos um sanduíche, uma pizza ou uma lasanha.
E por que oito operações no leite e a primeira para o queijo e sabe-se lá se já não consumimos iogurte, leite em pó, doce de leite? Porque a lei favorece essa bandidagem disfarçada pela fisionomia quase inocente dos adulteradores que não assustam os consumidores, vítimas de outros bandidos que usam moletom com capuz, boné com a aba para trás e um 38 na cintura.
Vender alimentos adulterados para a população é terrorismo sem sequestros, cabeças decapitadas e/ou bombas em mercados públicos. Muda a intensidade do impacto, mas o efeito moral tem semelhanças proporcionais. Talvez as porcarias acrescentadas no leite e no queijo não tenham efeitos danosos em adultos saudáveis, mas quem garante a qualidade de vida de bebês, crianças e idosos que tenham consumido?
Pensando nisso, o deputado federal Heitor Schuch (PSB) quer modificar o artigo 272 do Código Penal aumentando a pena para os fraudadores de alimentos. Na China, quem adultera alimentos recebe pena de morte. Por aqui, uma cadeia prolongada talvez mude a mentalidade desses canalhas.
Ação das autoridades
Neste caso do leite e do queijo adulterados, a ação de nossas autoridades foi rápida – MPE, Judiciário e Polícia –, mas tudo esbarra na legislação generosa e cheia de brechas para dar uma sensação de impunidade aos fraudadores.
Vale a pena
Convém não esquecer que os fraudadores têm posses e todos ganharam muito dinheiro com os produtos adulterados com três fontes de renda extra: baixo custo na fraude e lucro alto na venda. Além, é claro, da sonegação de tributos.
Heitor Schuch (1)
O deputado socialista gaúcho conhece o assunto porque sempre esteve à frente da Fetag e se ducvidarem ele entra num estábulo ordenha as vacas e sabe que ração se dá para um suíno. E ele fala da impunidade que protege os adulteradores de leite.
Heitor Schuch (2)
“Os fraudadores continuam agindo, infelizmente pela quase certeza da impunidade e sabedores das baixas penas que lhe são imputadas. Prova disso é a Operação Queijo Compen$sado deflagrada pelo MPE, em sequência às sucessivas operações contra o leite adulterado.”
O projeto
O deputado Heitor Schuch no seu projeto de modificação do artigo 272 do CPB aumenta a pena para oito a 12 anos de reclusão, além de multa, equiparando-o ao artigo 273, que trata da punição sobre adulteração de produtos destinados a fins terapêuticos ou medicinais.
Fonte: Correio do Povo, página 6 de 21 de junho de 2015.
sábado, 20 de junho de 2015
Ministro da Justiça rebate sugestão de proibir contratos com empreiteiras investigadas
Comunista adora dinheiro, dos outros...(Luciana Genro) Que vergonha
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Subject: Enc: Comunista adora dinheiro, dos outros...(Luciana Genro) Que vergonha
Comunista adora dinheiro, dos outros...Sem concurso!!!PROFESSORINHA LUCIANA GENRO CONSEGUE
'BOQUINHA' NA ASSEMBLEIA GAÚCHA!!!Ela mesma, a rainha da esquerda brasileira Luciana Genro.
Desde ontem é a coordenadora-geral da bancada do PSOL na Assembleia Legislativa do Rio Grande do Sul,
Vai receber R$ 16,9 mil mensais.
Já estou com pena da Professorinha Luciana. Vai fazer a coordenação-geral de toda a bancada do PSOL.
Sabe quantos deputados têm o partido tri-de-esquerda?
UM. PEDRO RUAS. (Marido da Luciana)
Não, não é Piadinha.Comunista espertinha! E com o dinheiro dos impostos cobrados do brasileiro.Muito bom, para ela.Divulgue, é o mínimo que podemos fazer.
PÁTRIA NÃO EDUCADORA
Reprovação do governo Dilma chega a 65%, segundo o Datafolha
Destruição econômica e social
1914 e a Primeira Guerra Mundial: o suicídio da Europa
"Ofensiva de soldados com máscara contra gás", do pintor Otto Dix: retrato do horror da Primeira Grande GuerraFoto: Wikimedia / Reprodução
Repentinamente, uma crise na região dos Bálcãs, envolvendo a pequena Sérvia e o Império Austro-húngaro, jogou a Europa e depois os demais continentes nos braços da morte. A guerra que aparecia inicialmente limitar-se ao Bálcãs espalhou-se como um campo em fogo pelo restante do globo. Declarada a guerra, que não tardou a ser denominada como a Grande Guerra, milhões de jovens da Europa, da América, da África e da Ásia e até da Austrália e Nova Zelândia entraram em combate (ao todo 50 milhões foram convocados).
Cegos pelo patriotismo e obedientes à Máquina de Extermínio dos seus respectivos impérios ou países a quem serviam, marcharam para o desastre, como se fizessem parte de um mortífero ritual de suicídio coletivo, sem que ninguém pudesse mais detê-los.
O historiador Christopher Clark chamou os responsáveis pela catástrofe de ‘Os sonâmbulos’, e o romancista vienense Hermann Bloch, na trilogia do mesmo título, registrou os filhos daquela época como ‘seres que vivem em estado letárgico, entre a agonia e a emergência de sistemas éticos’.
A contabilidade funesta
"Será razoável supormos que toda a civilização elevada desenvolve tensões implosivas e movimentos de autodestruição?", escreveu George Steiner no livro "No castelo do barba azul" (1971). "Será a fenomenologia do tédio e do anseio pela dissolução violenta uma constante na história das formas sociais e intelectuais a partir do momento em que ultrapassam um certo limiar de complexidade?”
“Armistício! Armistício!” A notícia varou o mundo. Os telégrafos enlouqueceram. O marechal Ludendorff, o supremo comandante da Reichwehr, o exército da Alemanha Imperial, encaminhara a solicitação de um armistício aos aliados. O II Reich tinha exaurido todas as suas forças.
Em novembro de 1918, a Grande Guerra chegara finalmente ao término. Em instantes as ruas e praças de Nova Iorque, Paris, Londres, Roma e tantas outras mais, encheram-se com as multidões exultantes com o fim da matança. Quatros anos antes, em 1914, as mesmas multidões inconscientes do vinha pela gente atiçaram com clarins marciais, gritos patrióticos e ramadas de flores, os soldados a partir para o fronte.
Naquele momento, em novembro de 1918, quando se anunciou que o mundo voltava à paz - contabilizando 8.5 milhões de mortos e um incalculável número de mutilados e feridos -, as ruas celebravam a sobrevivência.
Perplexidade
Para os historiadores do futuro certamente causará assombro a arrogante cegueira demonstrada pelas elites europeias: seus estadistas, seus generais e diplomatas, seus políticos, seus jornais, seus professores que enfatizaram "como era doce morrer pela pátria" no empenho que tiveram para alcançar a sua autodestruição.
Até o malfadado ano de 1914, era inquestionável o domínio europeu sobre o restante do mundo. Na Ásia, na África, na América Latina, na Austrália ou na Polinésia, tudo girava em função das necessidades e lucros dos interesses financeiros e estratégicos sediados no Velho Continente. Nenhuma ponte era erguida, nem um poste era instalado, nem estrada-de-ferro era estendida, nem fábrica inaugurada, que não tivesse nelas a presença de capitais europeus. E, em apenas quatro anos de morticínio, os estadistas europeus conseguiram desbarataram quase tudo.
A favor do Império Romano pode-se ainda dizer que a sua dissolução pelo menos foi consequência involuntária da chegada da maré bárbara que, inexorável, transbordou o Danúbio e o Reno, levou tudo de roldão. Mas qual a justificativa dos chefes de estado europeus para lançar sua juventude numa guerra de extermínio?
Previsões sombrias
É certo que Marx e, depois dele, Nietzsche, por motivações ideológicas diversas, previam catástrofes para os anos vindouros. Épocas onde o “proletariado” ou a “besta-loura” agiriam como o dissolvente “bárbaro interno”. E, tal como os dois pensadores, inúmeros outros artistas e poetas espelharam sentimentos incrivelmente destrutivos e ruinosos sobre as possibilidades futuras do Velho Mundo mergulhar no sangue. Ninguém, porém, imaginou que atingissem as dimensões trágicas das batalhas de Verdum (714 mil baixas), de Chemin des Dames, do Somme, de Ypres, de Tannenberg, de Caporetto ou de Galípoli.
Somente nas duas primeiras, o exército francês perdeu mais gente do que Napoleão em vinte anos de campanhas! Quase toda a riqueza acumulada em séculos de exploração do globo esvaiu-se num piscar de olhos. E, com ela vieram abaixo dinastias centenárias (Hohenzoller, Habsburgo, Romanov, e outras menores).
Freud, em Viena, chocado com o entusiasmo que a guerra provocara nos austríacos, forçou-se a rever suas teorias da civilização. Percebeu, estarrecido, que por de trás do mais sisudo e empertigado europeu batia o tantã de um selvagem. A cultura deles pareceu-lhe um falso verniz, bastando arranhá-lo para que a selvageria viesse fosse exposta à vista. Na guerra, Eros o deus do Amor foi destronado por Thanatos, o da destruição e morte visto ter ‘o coração de ferro e as entranha de bronze’.
Fronte de batalha durante a Primeira Guerra MundialFoto: Lieutenant W. I. Castle, Canadian Official photographer / Wikimedia / Reprodução
O horror nas trincheiras
O pior ainda estava para surgir. Passada a febre inicial da euforia patrioteira, os soldados foram convencidos a continuar lutando no fronte por quatro anos seguidos, enfiados em labirintos de lama, nauseabundos e tifosos, em razão dos generais e dos políticos lhes dizerem que aquela seria a “última das guerras”.
No entanto, mal as noticias da capitulação alemã, assinada em Compiège em 11 de novembro de 1918, se espalharam, um surdo furor vingativo instalou-se no espirito de muitos dos sobreviventes, do lado dos vitoriosos ou dos derrotados.
Entre eles, no estafeta do regimento List, Adolf Hitler que maldizia estar acamado, semicego, no hospital militar de Pasewal recuperando-se de um envenenamento por gás: no futuro, disse ele, “seremos desumanos, se for preciso!”
O enigma continua
A quem, afinal, pode-se responsabilizar pelo suicídio daquela civilização? Lenin e outros socialistas apontaram os imperialistas, os capitalistas, os oligopolistas, ou os militaristas, e até mesmo, como fizeram os antissemitas, os judeus.
George Steiner, o grande crítico, percebeu a grande tragédia resultar de uma sensação denunciada anteriormente por Baudelaire: o tédio! Desde a derrota de Napoleão em 1815, os europeus teriam mergulhado numa perigosa mistura de tédio - a “grosse Langeweile” de Shopenhauer; “l’ennui atroce” de Flaubert; o “spleen” de Baudelaire - com uma paixão nostálgica pela heroicidade, de volúpia pelo desastre e pelas ruínas, que os conduziu à morte na paisagem lunar provocada pelas explosões em Verdum e de tantos outros campos de guerra.
Na verdade, nunca se encontrou uma causa única comum aos que se envolveram na matança, todas as respostas são parciais com marcado compromisso ideológico que pouco satisfaço. A responsabilidade sobre a deflagração da Grande Guerra continuará sendo um dos enigmas a desafiar os séculos vindouros: por que os Europeus, continente mais civilizado do planeta, entraram em guerra em 1914 e não souberam mais pará-la?