domingo, 7 de junho de 2015

O perigoso análogo que começa a aparecer

El Niño entre 1997 e 1998 foi um dos mais intensos registrados ao longo do século XX

Há sinais que nos próximos meses o El Niño poderia se intensificar muito, o que já é indicado por alguns modelos. Hoje, as águas estão muito mais quentes que a média no Pacífico Oeste (região Niño 4). Preocupam análogos, ano passado com condições parecidas e que oferecem sinais do que pode vir. No caso, o análogo que têm aparecido é 1997, ano que levou o El Niño forte. Nunca desde 1997, no período que precedeu o forte Niño, os ventos de Oeste (westerlies)estiveram tão intensos no Pacífico Oeste, o que tende a levar forte aquecimento do mar no Pacífico Central e Leste Equatorial. Há muita água quente abaixo da superfície e que deve alcançar a superfície do oceano. O nível de instabilidade atmosférica no Pacífico Oeste é o maior desde 1997. E há indicadores do Ártico com perfis Oeste é o maior desde 1997. Com forte El Niño, choveu demais com enchentes no Rio Grande do Sul no segundo semestre de 1997, sobretudo entre outubro e dezembro. O cenário está longe de definitivo, mas exige atenção.


Fonte: Correio do Povo, coluna Tempo e Clima, página 14 de 21 de março de 2015.

O mapa da mina

Por 200 anos, mais do que uma obsessão, o ouro – ou a ausência dele – fora uma maldição para os portugueses que viviam no Brasil. Ao contrário do que acontecia nos territórios conquistados pela Espanha, não havia, na terra do pau-brasil, “coisa de metal algum” como, em 1502, diagnosticara Américo Vespúcio. O padrinho do Novo Mundo fora mais cético do que o primeiro cronista do Brasil. Em abril de 1500, ao redigir sua carta para o rei D. Manuel, Pero Vaz de Caminha revelava toda a esperança dos descobridores em achar o “fulvo metal” na terra nova: o simples fato de um indígena ter olhado para o colar de ouro que ornamentava o peito de Cabral e, em seguida, apontar para as montanhas, foi tomado como sinal inequívoco de que, naquelas serrarias, deveria haver ouro, muito ouro.
A ilusão perduraria por dois séculos – e reclamaria muitas vidas antes de se tornar uma espantosa realidade.
Embora algumas pepitas tenham sido encontradas no sopé do pico do Jaraguá, em São Paulo, em 1590, e certos ribeiros do litoral do Paraná revelassem areia aurífera, o fato é que, até 1693, no Brasil quase nada do que refulgia era ouro – com exceção, é claro, da pedra conhecida como o “ouro de tolos”, a pirita. No entardecer do século 17, porém, Portugal e Brasil se encontravam numa crise financeira tão profunda que, em 1674, o próprio regente Pedro II (Coroado rei em 1683) escrevera aos “homens bons” da vila de São Paulo encorajando-os a partir para o sertão em busca de metais. Não dissera, em 1519, o capitão Hernán Cortez ao imperador asteca Montezuma que os espanhóis sofriam de uma “doença do coração que só o ouro pode curar”? Um século e meio mais tarde, Portugal e o Brasil estava de tal forma enfermos que só um Eldorado poderia salvá-los. Pois ele existia e logo seria achado - embora trouxesse outras moléstias.
Alguns historiadores acham que não se devem desconsiderar “os efeitos psicológicos” que as missivas reais teriam exercido sobre os 11 sertanistas que as receberam. Mas o fato é que aos bandeirantes de São Paulo não restava outra forma de manter suas vidas nômades senão caçando ouro: seus currais indígenas estavam esgotados. Ao rei também não sobrava outra opção: anos antes, enquanto perdurava a União Ibérica, foram enviados da corte especialistas em minas para estudar as potencialidades minerais do Brasil. O único deles que resistiu às agruras do sertão – o espanhol Rodrigo Castelo Branco – foi assassinado por Borba Gato, genro de Fernão Dias, assim que chegou à mina que o “caçador de esmeraldas” acabara de descobrir. Depois desse crime sem castigo, quem não fosse bandeirante e paulista não se arriscaria a percorrer os ermos do Brasil. Aos paulistas caberia a façanha de encontrar a maior jazida de ouro já descoberta no mundo. Mas não seriam eles que lucrariam com ela.
A discussão acadêmica sobre qual o primeiro ouro descoberto nas Gerais é tamanha que não restam dúvidas de que os achados foram simultâneos, o que indica também que havia várias expedições percorrendo a serra da Mantiqueira e os valores dos rios das Velhas e das Mortes em busca do metal. Borba Gato teria sido o primeiro a achar ouro, mas, após o crime de lesa-majestade que cometera, fora obrigado a se esconder em matos remotos. Em 1693, por sua vez, chegava ao Espírito Santo o paulista Antônio Ruiz de Arzão “com 50 e tantas pessoas, entre brancos e carijós domésticos de sua administração, todos nus e esfarrapados, sem pólvora ou chumbo”: vinham do sertão de Minas, onde, durante a caça aos escravos, haviam sido duramente atacados por ferozes cataguás. A expedição, porém, fora vitoriosa: entre os trapos que o cobriam, Arzão trazia 10 gramas de ouro. Impossibilitado de voltar ao sertão, deu o mapa da mina para o concunhado, Bartolomeu Bueno de Siqueira, que, pouco antes, perdera toda a sua herança no jogo. Siqueira partiu no rumo indicado e em janeiro de 1695 se viu obrigado a informar ao governador do Rio, Castro Caldas, que o ouro não era mais uma miragem: a “grandeza das lavras” e a “fertilidade das minas” eram evidentes. Em fins de 1696, já se contavam aos milhares os paulistas que saíam de Taubaté (ponto de partida de Arzão e Siqueira) rumo ao “sertão dos Categuases”, do outro lado da Mantiqueira. A jornada até as minas durava cerca de dois meses e meio e o roteiro conduzia de Taubaté a Lorena (via Guaratinguetá). Do vale do Rio Paraíba, cruzavam-se a serra da Mantiqueira pela garganta do Embaú atingindo-se, então, os três principais polos mineradores: nas nascentes do Rio das Mortes, tendo por centro São João del Rei; na região de Ouro Preto e Mariana, na serra do Tripuí, e no Sabará e sua vizinha Caetê. Em 1699, Garcia Paris (filho de Fernão Dias), abriu um caminho bem mais curto, que conduzia do Rio de Janeiro às minas em 14 dias. Nessa época, a região já populava com toda a espécie de aventureiros: levas de peregrinos que partiam de todos os os contos do Brasil, “os mais pobres deles só com suas pessoas e seu limitado trem às costas”.
De acordo com um cronista, eram “indivíduos tão alucinados que, vindos de distância de 30 ou 40 dias de jornada, partiam sem provimento algum – assim, pelo caminho, muitos acabaram de irremediável inanição e houve quem matasse o companheiro para lhe tomar uma pipoca de milho”. Um grande surto de fome assolou as minas em 1697-98. Muitos mineiros, com os alfajores cheios de ouro, morreram sem encontrar um pedaço de mandioca, pelo qual dariam uma pepita. Mas os horrores da fome seriam apenas os primeiros a cometer o efervescente sertão dos cataguás e as fulgurantes “minas de Taubaté”. Novas desgraças estavam sendo fermentadas.


Ouro branco! Ouro preto! Ouro pobre! De cada ribeirão trepidante e de cada montanha, o metal rolou na cascalhada para fauto d'El-Rei, para glória do imposto. Manoel Bandeira.
Manoel Bandeira.


Fonte: História do Brasil (1996), página 66.

O Japão e o confucionismo

 O japonês é o povo que mais poupa no mundo; tradição que vem de 2.500 anos atrás, com a filosofia de Confúcio, com os seguintes mandamentos: “Trabalho árduo, sacrifício pela família, pela empresa, fazer sempre o melhor, estudar muito, planejar tudo, colocar a poupança acima do consumo, sobrepujança da economia sobre a política e cultivar o orgulho nacional sob quaisquer condições.


1997/Brasil

O General Jacobino

Napoleão Bonaparte, poucos sabem, quando jovem oficial, esteve bem próximo dos jacobinos, em razão do que chegou a ficar preso por algumas semanas quando Robespierre foi deposto e executado em 1794. Graças às instâncias de Augustin Robespierre, o irmão do tirano, Napoleão Bonaparte tornou-se general aos 24 anos de idade – um general jacobino.

Fu vera gloria? Ai posteri l'ardua sentenza.”
(Foi verdadeira sua glória? Aos pósteros caberá a sentença)

Manzoni – Ode a Napoleão


Testemunhando uma humilhação

No verão de 1972, o jovem Napoleão Bonaparte, então um desconhecido tenente, um corso que vivia e se educara na França, caminhava com um amigo pelas ruas de Paris convulsionada quando resolveu acompanhar a multidão que se dirigia ao Palácio das Tulherias. A grande edificação era a morada de Luís XVI desde que ele fora removido de Versalhes três anos antes. Napoleão se indignou com que viu. Observou de longe o rei ser conduzido a força até a sacada do palácio e obrigado a vestir o barrete frigio, o gorro vermelho da revolução. Lá de cima, constrangido, ainda teve que abanar para a massa que exultava. Para Napoleão, tudo aquilo poderia ter sido evitado se o rei, como o mínimo de coragem, houvesse determinado a que disparassem uma precisa canhonada sobre aquela gente. Desprezou Luís XVI por sua hesitação e pusilanimidade frente “à hedionda populaça”. Ele, por sua vez, nunca esquecendo aquele 20 de junho de 1792, saberia dispor das baterias para fazer carreira. Jamais se deixaria aviltar frente às multidões, vindas elas em trajos civis ou em uniforme.

Leitor Voraz

Desde que se inscrevera em 1779, ainda um garoto, na Escola Militar de Brienne, na Champanha, e depois para a de Paris, onde foi aluno do matemático Monge e de Dagelet, que incendiou sua imaginação com seu relato de viagens feitas pelo mundo, aquele pequeno corso de comportamento recluso, revelara-se um leitor voraz. Em Brienne, para poder ler em paz nos recreios, chegou a construir no pátio da escola uma pequena cabana com folhagens para que não o atrapalhassem. Foi assim, em meio aos intensos exercícios de matemática, que deixou-se embriagar pela conquista da cidade santa pelos cruzados, narrada por Tasso no Jerusalém Libertada, experimentando então “as primeiras emoções da glória”, como assegurou ao conde de Las Cases, o seu memorialista (Memorial de Santa Helena). Nada escapava à sua curiosidade. Além da sua paixão pela história e pela geografia, devorou Voltaire, Rousseau, D'Alembert, Mably, o padre Raynal com a mesma tranquilidade que passou pelos clássicos antigos, particularmente pelas máximas de Plutarco e por Tito Lívio, e pelos grandes do teatro francês: Racine, Corneille e Molière.


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O fenômeno El Niño e o Atlântico Norte

O retorno do fenômeno El Niño pode prolongar ainda mais a trégua de furacões que os Estados Unidos vivem. A última vez que um furacão intenso (categoria 3, 4 ou 5)tocou na terra no país foi em 2005 na tempestade Wilma. Desde então, foram registrados ciclones tropicais intensos no Atlântico Norte, mas nenhum alcançou a costa norte-americana. O jejum de furacões intensos atingindo a área continental dos Estados Unidos, que já dura quase uma década ou mais de 3 mil dias, é sem precedente na história de monitoramento destes fenômenos que teve início ainda no século 19.O fenômeno El Niño, conforme a literatura especializada, tende a aumentar a divergência de vento do Caribe, que tem o efeito de não apenas reduzir o número de ciclones tropicais que se formam como reduzir a força dos que atuam na região. A ciência dos ciclones tropicais, porém, é exatamente complexa, e surpresas são possíveis. Outros fatores, como a areia trazida do deserto do Saara, podem interferir na gênese de tempestades da natureza tropical no Atlântico.


Fonte: Correio do Povo, coluna Tempo e Clima, página 12 de 5 de abril de 2015.

Os livros para os futuros leitores

O desenvolvimento literário e lúdico da primeira infância é promovido na Beteca, um dos espaços mais visitados da Biblioteca Pública Municipal João Palma da Silva, localizada no centro de Canoas. Em destaque, entre as atividades, está “contação” de histórias, realizada nas terças-feiras, das 10h e 15h, e, quartas, às 10h.

Coordenado há mais de 16 anos pelas servidoras Sônia Petry e Maristela Bongiorni, o local oferece também empréstimo de livros para os usuários. “A Bebeteca é um espaço destinado para crianças de zero a cinco anos, mas todas as idades são bem-vindas, já que nos dias de contação recebemos crianças, jovens e adultos”, ressaltam as funcionárias. Elas destacam a participação de crianças moradoras do bairro, parentes de frequentadores da biblioteca e do posto de saúde local são os que mais comparecem aos encontros fixos.

A dupla salienta que facilmente consegue identificar as crianças que têm o hábito de manipular livros. Segundo elas, normalmente, nos lares, brinquedos estão mais em evidência do que os livros. Quando o gosto pela leitura é estimulado, essa situação é transformada. Os pais são incentivados a contar histórias para os filhos já na gravidez. “Desde a gestação é importante que a mãe conte histórias ao seu filho. Desde muito pequena, ele prestará atenção no que está sendo falado, e por mais que não entenda a história, compreenderá que o tom da voz lhe causa bem-estar”, relata Maristela.

O funcionamento da Bebeteca é diário, das 8h30min às 18h, mas pode-se agendar visita orientada, com recepção do Boneco Juca, mascote do espaço, e contação de história, pelo telefone (51) 3462-1622.

BIBLIOTECA DO FUTURO

A Biblioteca do Futuro somente será aberta em 2113. O projeto conceitual da artista Katie Paterson foi estreado pela canadnse Margaret Atwood, que recentemente escreveu It's Scribbler Moon. A cada ano, mais 99 obras serão criadas por escritores. Todos os manuscritos serão armazenados em uma biblioteca pública de Oslo, na Noruega, onde foram plantadas mil árvores que serão usadas para imprimir 3 mil cópias dos trabalhos.

Livros são sorteados

Concurso cultural da biblioteca localizada na Estação do Mercado da Trensurb distribuirá um total de seis livros, três para um sócio atual e outros três para um novo associado. A promoção é válida até dia 30 de junho, e o sorteio será no último dia do mês. A iniciativa busca fazer com o que mais usuários do metrô tornem-se leitores assíduos. “Divergente”, de Veronica Roth, que será doado, encontra-se em destaque na lista de livros mais lidos. Os outros títulos são de Clarice Lispector.

Fonte: Arte&Agenda, capa da edição de 7 de junho de 2015.

sábado, 6 de junho de 2015

O El Niño no Rio Grande do Sul em 2015

O El Niño passou de fraco (anomalia de temperatura da superfície do mar ou TSM entre 0,5ºC e 1ºC) a moderado (anomalia de 1ºC a 1,5ºC) no Pacífico Equatorial Central, a região Niño 3.4. A marca de +1,1ºC nesta parte do Pacífico foi a mais alta desde março de 2010, no El Niño de 2009/2010. Naquele evento, a maior anomalia no Pacífico Central foi de +1,9ºC, de El Niño forte, em dezembro de 2009. Já o Pacífico Equatorial Leste, a região Niño 1+2, alcançou uma anomalia de TSM nos últimos dias de +2,6ºC, a maior nesta parte do Pacífico desde junho de 1998, no Super El Niño de 1997/1998. Em agosto de 1997, o desvio chegou a +4,6ºC no Pacífico Leste. Modelos indicam que este evento atual do fenômeno seguirá se intensificando com tendência de muita chuva no Rio Grande do Sul agora no inverno e durante a primavera.


Fonte: Correio do Povo, coluna Tempo e Clima, página 12 de 13 de maio de 2015.