Numa das passagens
mais sangrentas e aviltantes da história, a capital de Santa
Catarina teve seu nome alterado de Desterro para Florianópolis
Em 16 de abril de 1894
chegava ao fim o revolucionário Governo Provisório da República
dos Estados Unidos do Brasil, que havia se insurgido numa guerra
civil contra o governo central do marechal Floriano Peixoto.
Por seis meses, a
cidade de Desterro, capital de Santa Catarina, foi sede dessa
república independente formada pela união dos revolucionários
federalistas dos três estados do sul do país com os também
rebelados militares da Marinha Brasileira. Após a derrota, Desterro
seria rebatizada como Florianópolis – em homenagem a Floriano –
e dezenas de revoltosos seriam perseguidos, presos e sumariamente
executados, em um dos capítulos mais sangrentos da história
brasileira.
O episódio decisivo
para o fim da revolta foi o combate naval travado na madrugada
daquele 16 de abril entre uma frota de 11 embarcações legalistas e
o temido encouraçado Aquidaban. Líder da Revolta da Armada, como
era então denominada a Marinha do Brasil, aquela embarcação
representava o último elo de resistência contra o governo de
Floriano. Passava das 11 horas da noite quando a frota legalista
bombardeou a Fortaleza de Santa Cruz de Anhatomirim, ao norte da
cidade de Desterro.
Aquidaban
Fundeado um pouco ao
sul de Fortaleza, o Aquidaban preparou-se para o combate. Às duas e
meia da madrugada, o caça torpedeira Gustavo Sampaio e outras três
embarcações da frota legal iniciaram as manobras de ataque. O
encouraçado só tomou conhecimento das torpedeiras inimigas quando
distinguiu um vulto pela proa, a pouco mais de 200 metros. Ao
reconhecê-las, o Aquidaban abriu fogo com seus poderosos canhões e
suas metralhadoras. Porém, devido à proximidade do inimigo, os
tiros de canhões passaram alto, errando o alvo, e os disparos das
metralhadoras causaram apenas um leve ferimento em um de seus
oponentes.
As embarcações
legalistas revidaram o ataque lançando três torpedos que, no
entanto, também erraram o alvo. Vendo falhar os disparos, o Gustavo
Sampaio deu a volta pela popa do adversário, lançando um quarto
torpedo, desta vez atingindo de forma certeira a proa do Aquidaban. O
impacto do torpedo foi bastante forte, alagando os compartimentos da
proa. O Aquidaban ainda tentou seguir para mar aberto, mas teve de
retornar para o local mais raso, onde pôde descansar o casco no
fundo.
O comandante e toda
sua tripulação logo abandonaram a embarcação avariada, buscando
abrigo e retirada por terra. A utilização de torpedos em um combate
naval só havia ocorrido em outras duas ocasiões, sendo aquela
primeira na história militar brasileira.
Naquela manhã de 16
de abril de 1894, o Aquidaban, a melhor embarcação da Marinha
Brasileira, ia a pique e com ele a Revolução Federalista e a
Revolta Armada em Santa Catarina. Assim que em Desterro souberam do
resultado do combate, os membros do governo revolucionário instalado
na ilha catarinense fugiram para o continente. No dia 19 de abril,
chegaria à cidade o coronel Antonio Moreira César, promovendo um
sangrento “ajuste de contas” com os revoltosos vencidos.
O Autoritarismo de
Floriano
As causas desse
turbilhão de acontecimentos, no entanto, começaram a fermentar
alguns anos antes, com a Proclamação da República, em 1889. No
Império, o poder militar do país concentrava-se na monarquia e
nobiliárquica Marinha de Guerra. Com o novo regime, essa hegemonia
transferiu-se para o Exército, composto em boa parte pela pequena
burguesia.
Desde 1891 no comando
da República, após a renúncia forçada de Deodoro da Fonseca, o
vice-presidente Floriano Peixoto tomara uma série de medidas
autoritárias: demitiria governadores, aposentara e rebaixara
militares, intimidara o poder judiciário e censurara a imprensa. As
forças econômicas e políticas do sul do Brasil, por sua vez,
continuavam se sentindo preteridas no cenário nacional. Existiam
ainda os monarquistas, saudosos do antigo regime, e até republicanos
e positivistas descontentes com os rumos militaristas assumidos pela
República.
O repúdio aos atos de
de centralismo e autoritarismo praticados pelo governo era quase uma
unanimidade nacional, unindo várias insatisfações políticas,
militares e econômicas contra o governo ditatorial de Floriano.
Esse clima de tensão
imperava no país quando, em 2 de fevereiro de 1893, iniciou-se no
Rio Grande do Sul a Revolução Federalista, alguns dias depois da
eleição, escandalosamente fraudulenta, de Júlio de Castilhos à
presidência do estado. Em um dos lados, estavam os federalistas,
também chamados “maragatos”. Liderados por silveira Martins,
tinham Gumercindo Saraiva como seu verdadeiro chefe militar. Já os
castilhistas, conhecido como “pica-paus”, contavam com o apoio de
Floriano. A guerra civil espalhou-se pelos três estados do sul,
perdurou por 31 meses e foi marcada por atrocidades contra civis e
militares.
As “sangras” ou
degolas, e os fuzilamentos – execuções sumárias praticadas com
requintes de crueldades por ambos os lados – vitimaram
aproximadamente 10 mil pessoas, mortandade sem paralelo na história
do Brasil.
Por sua vez, no Rio de
Janeiro, o almirante Custódio José de Melo, ex-ministro da Marinha,
descontente com os atos de Floriano e contando com o apoio dos
monarquistas e partidários de Deodoro, exigiu a renúncia do
vice-presidente. Como o marechal não cedeu, parte da esquadra sob
liderança de Custódio de Melo rebelou-se, bombardeando a capital
federal, em 6 de setembro de 1893, e dando início à Revolta Armada.
Logo depois, seguiu para o sul do país uma força-tarefa rebelde sob
o comando do capitão mar e guerra Frederico Guilherme de Lorena.
A intenção era
estabelecer contato com as tropas federalistas que também s batiam
contra o governo da União. Protegida pelo costado do encouraçado
Aquidaban, a frota do comandante Lorena escapou da batalha de
Guanabara sob o fogo das fortalezas de Santa Cruz, São João e Lage,
chegando à Ilha de Santa Catarina em 26 de setembro. A decisão do
comandante Lorena de seguir para Desterro, mesmo sem ordens
superiores expressas para isso é creditada ao fato de o governo
estadual haver já se declarado contrário a Floriano. Outro motivo
seria a posição estratégica da Ilha de Santa Catarina, porto
abrigado e próximo aos conflitos do sul. O fato de Lorena ter
passado a maior parte de sua infância em Desterro deve também ter
pesado nessa decisão que em breve selaria de forma drástica o seu
próprio destino e o da cidade na qual crescera.
Uma Nova República
no Sul
Embora o governo civil
de Santa Catarina fosse simpático aos federalistas, a Guarnição
Militar permanece fiel a Floriano. Assim, na manhã do dia 27 de
setembro, os disparos da artilharia legalista, que havia se deslocado
para o norte da Ilha de Santa Catarina, fizeram a frota rebelde
recuar. Contornando a ilha e entrando pela baía sul a bordo do
cruzador República, Lorena fundeou sua força-tarefa em frente à
cidade de Desterro, de onde intimou a resistência legalista à
rendição.
Com exceção do
pequeno Forte de Santana, que contava com dois canhões Krupp, e a
Capitania dos Portos, com um canhão Bange, as demais fortificações
estavam guarnecidas apenas com o velho armamento do século XVIII,
sem eficiência contra os modernos canhões das embarcações
rebeldes. O comandante do Forte de Santana ainda fez reunir diversos
canhões de ferro fundido, imprestáveis, que jaziam havia anos
enterrados pela metade, enfeitando os logradouros públicos da
cidade. Era uma tentativa desesperada de simular um poderio bélico
de que não dispunha.
Mesmo inferiorizado,
Santana trocou tiros com o cruzador República, que, fora, do alcance
daquela precária munição, bombardeou o forte com eficácia,
forçando-o a um imediato cessar-fogo. No dia 29, reuniram-se 46
oficiais de diferentes patentes do Exército e da Armada que se
achavam no Desterro. Assinaram os amistosos e honrosos termos do
acordo de rendição da guarnição do Desterro. Aquele documento
seria posteriormente, a sentença de morte de muitos daqueles
oficiais, fuzilados em Anhatomirim no ano seguinte.
A pacata cidade de
Desterro, agora em poder dos revoltosos da Armada, seria proclamada
capital daquela nova república. Em 14 de outubro de 1893, na frente
do Palácio do Governo do Estado, o comandante Frederico de Lorena
declarou instalado o Governo Provisório da República dos Estados
Unidos do Brasil. O novo governo considerava-se separado da União,
enquanto Floriano Peixoto não fosse deposto. Esse Governo Provisório
almejava unir os rebeldes da Armada aos federalistas do Sul, com o
objetivo comum de derrubar Floriano. Pretendia também justificar,
perante outras nações, a solicitação do reconhecimento do estado
de beligerância. Isso as obrigaria à neutralidade, impedindo o
livre fornecimento de armas e munições ao governo legal.
Pouco tempo depois,
essa suposta unidade se mostraria extremamente frágil e começaram a
aflorar os desentendimentos entre os líderes da Revolta da Armada e
os federalistas, em luta no Paraná e no Rio Grande do Sul. Estes
últimos, na verdade, nunca se consideraram parte efetiva daquele
militarizado Governo Provisório. As várias correntes de pensamento,
contrárias ao Governo Central, careciam de uma unidade ideológica
compondo u amálgama de interesses muitas vezes conflitantes. Eram
separatistas, federalistas, republicanos “históricos” preteridos
no poder, parlamentaristas, positivistas, militaristas, civilistas e
monarquistas.
Junte-se a isso o
surgimento de disputas por poder, conflitos entre lideranças locais,
vaidades e ambições pessoais e políticas, além de falta de
recursos para financiar a revolução. Esse conjunto de causas levou
a desintegração do sonho de um governo revolucionário único. Na
realidade, a oposição a Floriano era talvez o único ponto de
convergência entre esses vários ideais. Fora motivo bastante para
deflagrar uma revolta mas insuficiente para sustentar um movimento
coeso.
Em março de 1894,
Frederico de Lorena entregou o Governo Provisório para uma junta
governativa, e Floriano Peixoto conseguiu reorganizar suas forças
navais e retomar o porto do Rio de Janeiro. Ingenuamente, os
revoltosos consideravam a queda do marechal apenas uma questão de
tempo. Por isso menosprezaram a aquisição das novas embarcações
europeias e americanas pelo Governo Central, denominando jocosamente
a frota florianista de “esquadra de papelão”.
Com o insucesso da
tomada de Rio Grande por Custódio de Melo, e a posterior entrega dos
navios da frota rebelde ao governo argentino, ficaram em Desterro
apenas o encouraçado Aquibadan e mais três pequenos vapores. Todos
sob a frágil proteção das fortalezas da barra. Foi quando a
esquadra legal partiu do Rio de Janeiro para a retomada do Sul.
Com a derrota do navio
rebelde Aquibadan, no combate de 16 de abril de 1894, o movimento foi
debelado em Santa Catarina e Desterro, retomada pelas tropas
federais. Braço direito de Floriano Peixoto, o temido coronel
Antônio Moreira César – cuja perversidade lhe valeria o apelido
de corta cabeças – chegou à cidade no dia 19. Com a função de
delegado do governo federal, assumiu o governo militar do estado no
dia 22 de abril. Chefiando com mão de ferro as forças de
intervenção em Santa Catarina, e contando com o das lideranças
republicanas locais. Moreira César iniciou uma violenta represália
aos vencidos. Tão sangrenta como foram as degolas praticadas no Rio
Grande do Sul e no Paraná pelos dois lados em luta.
Na caça aos
revoltosos, ele e seu auxiliares praticaram saques, estupros,
incêndios e morticínio de cidadãos indefesos. Foi um tempo de
terror, silêncio e traições, quando foram utilizadas as mais
cruéis formas de coação e tortura. A fortaleza de Anhatomirim, foi
o principal palco desses acontecimentos servindo de prisão e local
de massacre para dezenas de revoltosos, que lá foram sumariamente
fuzilados. Um contemporâneo daqueles dias de violenta repressão aos
federalistas foi o escritor e jornalista Duarte Schutel, que
registrou: “Encheu-se de presos tudo o que podia servir de prisão.
Os calabouços e
solitárias da cadeia comum, as salas da Câmara, o Quartel de
Polícia, o de Linha e até Teatro, tudo foi pouco, e foi preciso
remeter para os navios de guerra os presos à medida que se enchia
uma prisão, para fazer lugar aos que chegavam. Esses que embarcam
levam destino da Fortaleza de Santa Cruz; deles bem poucos voltaram
(…) o maior número, os outros, nunca mais regressaram dessa viagem
porque uns não chegaram e muitos ali jazem para sempre (…). A
capital catarinense viveu dias de terror, com a população temendo
sair às ruas. O silêncio, o recolhimento, o andar soturno dos
habitantes horrorizados faziam contraste lúgubre com a algazarra e o
desmando, com as petulantes maneiras e sinistras ameaças dos
selvagens soldados, que enchiam as ruas e as praças”.
Os prisioneiros eram
encaminhadas à Anhatomirim e ficavam encarcerados nos calabouços no
Paiol da Pólvora, na Casa do Comandante e no Quartel da Tropa. A
recomendação de Moreira César ao comandante da Fortaleza para
pô-los “em risão segura” era uma senha previamente combinada
para o fuzilamentos. As execuções foram comunicadas a Floriano em
telegrama de 8 de maio de 1894, que diz “Marechal Floriano – Rio
– Romualdo, Caldeira, Freitas e outros, fuzilados segundo vossas
ordens – Antônio Moreira César”. No entanto, nunca se conseguiu
de fato provar a autenticidade desse telegrama.
Embora não se conheça
o local exato das execuções, a Árvore dos Enforcados, um velho
araçazeiro localizado no lado sudeste da ilha, teria sido, segundo a
tradição oral, o local do enforcamento e fuzilamento de dezenas de
prisioneiros. Ao contrário do fuzilamento, o enforcamento era
considerado uma morte sem honra, destinada a criminosa comuns. O
“ajuste de contas” de Moreira César promoveu prisões e
execuções sumárias, atingindo tanto militares quanto civis, sem
nenhum tipo de julgamento ou processo.
Por isso, o número
exato de mortos nunca pôde ser levantado. Dentre as vítimas
chacinadas na fortaleza constam o barão de Batovi, herói da Guerra
do Paraguai, vários outros oficiais que haviam assinado a ata de
rendição de Desterro e Frederico Guilherme de Lorena, presidente do
Governo Provisório. Dependendo do historiador consultado, o número
de mortos oscila entre 34 e 185 vítimas.
Muitos foram
sepultados numa área gramada, no alto da Ilha de Anhatomirim,
próximo ao farolete ainda existente na fortaleza. Outros podem ter
sido jogados ao mar ou enterrados em covas rasas em algumas praias do
continente em frente à fortaleza. Em 1913, os restos mortais de
alguns dos fuzilados em Anhatomirim foram trazidos para o cemitério
de Florianópolis e, em 1934, transladados para o Rio de Janeiro. Na
lista de vítimas, encaminhada ao Ministério da Marinha pelo capitão
dos portos Lucas Boiteau constavam 43 nomes. No entanto, nunca foi
revelada a fonte em que se baseou esta lista.
A culpa desse massacre
não pode recair única e exclusivamente sobre Moreira César e seus
principais auxiliares diretos, nem mesmo apenas sobre Floriano,
mandatário maior do país. Ela deve ser compartilhada também com a
classe política local e as demais instituições organizadas da
época. Quando não compactuaram diretamente com os atos sanguinários
de Moreira César, foram, na melhor da hipótese,inertes e omissas
aos seus desmandos arbitrários.
Homenagem ou
Bajulação
Como golpe final na
revolução, a cidade de esterro mudaria seu nome para Florianópolis,
numa controversa homenagem a Floriano Peixoto. Na verdade, o nome do
“Desterro” não agradava aos habitantes locais. Tanto que, em
1888, apresentara-se, na Assembleia Provincial, uma sugestão para
que “Ondina” fosse adotado como nome da cidade, sem obter, no
entanto, maioria para aprovação. Em 1892, Virgílio Várzea
reapresentou o mesmo projeto, que não chegou a ser votado.
Outras denominações
foram ainda propostas à época: Nossa Senhora da Baía Dupla, Boa
Vista, Ponta Alegre e Redenção, entre outros. Finda a revolução,
coube ao desembargador Vidal Capistrano, liderou os republicanos
catarinenses, propor a mudança do nome para “Florianópolis”,
num ato público em 17 de maio de 1894. Levado à consideração de
Moreira César, o assunto foi entendido como de competência do
Congresso Legislativo, pois sendo delegado do governo da União,
tinha escrúpulos de decretar “o que tanto se almejava, para não
passar o menor vislumbre de dúvida sobre a manifestação espontânea
do povo”. A proposta foi aprovada por unanimidade pelo Legislativo
e efetivada pela Lei no 111 de 1º de outubro de 1894, sancionada já
pelo novo governador, Hercílio Luz. O artigo primeiro da lei trazia
a sucinta redação “A actual Capital do Estado fica, desde já,
denominada Florianópolis”.
Como vemos, a mudança
do nome da cidade ocorreu, não por imposição direta de Floriano ou
Moreira César, mas por uma decisão consciente e soberana das elites
políticas catarinenses – apesar de duvidosamente democrática, em
função do clima de “caça às bruxas” ainda vigente naqueles
meses.
Pode-se as motivações
dessa mudança de nome se explicam pelas intenções bajulatórias e
apressadas para homenagear a figura do dito “consolidador da
República”, ou pela necessidade de abrandar a sede de vingança de
Moreira César, ou o mesmo apenas pelo sádico prazer de eternizar
naquele topônimo o golpe final sobre os federalistas vencidos.
Independentemente de tomar partido daqueles que hoje defendem aquele
batismo como uma homenagem consolidada, merecida ou não, daqueles
que refutam como uma humilhação, a ser ainda reparada, o que
importa, sem dúvida, é ter consciência e clareza histórica dos
fatos que culminaram naqueles acontecimentos.
Torpedos utilizados
pela primeira vez no Brasil
O uso de torpedos em
combate havia ocorrido somente na Guerra da Crimeia, em 1854, e na
Revolta Chilena, em 1891. Foram utilizados com êxito pela terceira
vez na história do mundo e primeira no Brasil no combate naval
travado ao largo da Fortaleza de Anhatomirim, na baía ao norte da
Ilha de Santa Catarina. Entre os quatro torpedos de 135 milímetros
disparados pela esquadra legalista do marechal Floriano Peixoto,
todos os modelos B-57, de fabricação alemã, três deles não
atingiram o encouraçado Aquibadan nem nenhum outro alvo. Um desses
artefatos foi encontrado por pescadores há alguns anos e levados
para o Museu Naval da Marinha, no Rio de Janeiro, onde se encontra
até hoje exposto no pátio daquela instituição. Dois outros
torpedos ainda permanecem no fundo do mar, em Santa Catarina, à
espera de um resgate arqueológico.
As melhores
embarcações da Armada Brasileira
As duas embarcações
mais notáveis da Armada, como era chamada no século XIX a Marinha
Brasileira lutaram em lados opostos durante a revolta de 1893/94. O
caça- torpedeira Gustavo Sampaio, de fabricação em aço pelos
ingleses, em 1893, era o melhor navio adquirido pela esquadra legal.
Pesava aproximadamente 498 toneladas, media em torno de 62 metros de
comprimento, chegando a desenvolver velocidade de 18 nós. Era armado
com dois canhões de 120 milímetros, e outros quatro de 47
milímetros. Possuía três tubos lança-torpedos de 135 milímetros.
O encouraçado Aquidaban, também fabricado em aço, foi adquirido da
Inglaterra em 1896. Era a principal embarcação da Marinha quando
liderou a frota revoltosa contra o governo de Floriano Peixoto.
Pesava aproximadamente 5 mil toneladas, media em torno de 93 metros
de comprimento por 17 metros de largura, chegando a desenvolver
velocidade de 16 nós. Era armado com oito canhões de 225 e 140
milímetros, 11 metralhadoras de 25 milímetros, outras cinco de 11
milímetros, além de cinco tubos de lança-torpedos. Depois de ir a
pique no combate de abril de 1894, ocorrido junto à Fortaleza de
Anhatomirim, em Santa Catarina, o Aquibadan seria recuerado e
reformado na Alemanha e Inglaterra. Em janeiro de 1906, explodiria
acidentalmente numa missão de rotina., naufragando na Ponta de
Jacuacanga, em Andra dos Reis (RJ), e levando 112 pessoas à morte.
PARA SABER MAIS
CALDAS, Cândido.
História Militar da Ilha de Santa Catarina: Notas. Florianópolis:
Editora Lunardelli.
MARTINS, Hélio
Leôncio. História Naval Brasileira: quinto volume. Tomo IA. Rio de
Janeiro: Ministério da Marinha/Serviço de Documentação da
Marinha, 1995.
SCHUTEL, Duarte
Paranhos. A República Vista do Meu Canto. Florianópolis: Instituto
Histórico e Geográfico de Santa Catarina, 2002.
TONERA, Roberto.
Fortalezas Multimídia. Florianópolis, Editora da UFSC, Projeto
Fortalezas Multimídia 2001 (CD-ROM)
Fonte: História Viva