sábado, 6 de junho de 2015

Jovem de Cabo Frio é o primeiro bailarino brasileiro a se formar no balé Bolshoi, na Rússia

Conheça a história de David Motta Soares: http://glo.bo/1eU2UlJ
O rapaz deixou a vida simples em Cabo Frio, no Rio de Janeiro, para dançar nos principais palcos do mundo.
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A Guerra de Tróia

A Guerra de Tróia realmente aconteceu? A extensão do apelo que a estória tem exercido sobre sucessivas gerações é demonstrada pelos esforços de incontáveis historiadores, arqueólogos e românticos entusiastas para estabelecer a base histórica para a guerra de Tróia. Atualmente, é geralmente aceito que o local foi corretamente identificado no final do século XIX por Heinrich Schliemann no monte Hissarlik, na planície dos Dardanelos, na costa noroeste da Turquia. Entretanto, a afirmação de Schliemann de ter descoberto a Tróia da guerra de Tróia é nos dias de hoje largamente desacreditada. O monte Hissarlik contém numerosos níveis sucessivos de habitação, e foi um dos mais recentes que Schliemann afirmava ter descoberto o maravilhosos tesouro: esta posição é agora considerada como sendo nova demais da ordem de mil anos, para ter sido destruída pelos gregos dos palácios de Micenas do continente grego. Estes podem ter sido o instrumento de destruição de um dos mais antigos níveis de Hissarlik, o qual parece ter sido queimado até o chão, possivelmente após um cerco, ao redor do período correto (por volta de 1.200 a.C.). Esta Tróia mais antiga apresentava características bastante humildes, mas na sua destruição deve estar a semente da realidade histórica ao redor da qual a lenda surgiu. Entretanto, o desenvolvimento da lenda permanece um mistério com poucas possibilidades de ser solucionado pelos arqueólogos, assim estão não havendo perigo que o romântico enigma de Tróia seja destruído.
Seja qual for a base histórica, a guerra de Tróia é o episódio isolado mais importante, ou complexo de episódios, que sobreviveram na mitologia e nas lendas gregas. Os eventos que causaram a guerra e aqueles que se seguiram estão combinados num grupo de estórias conhecidas como o Ciclo Troiano: algumas são conhecidas a partir dos dois grandes poemas Homéricos, a Ilíada e a Odisséia, mas outras partes da estória devem ser reunidas de numerosas outras fontes, indo desde os dramaturgos gregos do século V a.C., até autores romanos mais recentes. A estória como um todo pode ser comparada a uma ópera wagneriana na sua riqueza e complexidade ao entrelaçar personagens e temas; é bastante romântica e de grande apelo humano, pois, como todos os mitos gregos, trata-se da estória fundamental do homem e sua luta para existir em face do destino e dos deuses.
Um dos primeiros elos da cadeia de eventos que formaram o prelúdio da guerra de Tróia foi forjado por Ptolomeu, o grande benfeitos da humanidade. Prometeu, um primo de Zeus, tinha dado o fogo aos homens, um elemento cujos benefícios tinham tão somente sido desfrutados pelos deuses. Tinha também ensinado os homens para oferecer aos deuses apenas a gordura e os ossos em sacrifícios de animais, mantendo as melhores partes para eles próprios. Para punir Prometeu, Zeus o acorrentou num alto penhasco nas montanhas e diariamente enviava uma águia para comer seu fígado, o qual voltava a crescer à noite.
De acordo com algumas fontes, Prometeu acabou sendo libertado or Hércules, mas outras dizem que foi libertado por Zeus, quando finalmente concordou em contar-lhes um importante segredo. Este segredo relacionava-se à ninfa do mar Tétis, que era tão bela que contava com vários deuses entre seus admiradores, incluindo Posidon e o próprio Zeus; entretanto uma profecia conhecida apenas por Prometeu predisse que o filho de Tétis estava destinado a ser mais importante que seu pai. Ao saber disso, Zeus rapidamente abandonou a ideia de ser o pai de um filho de Tétis, decidindo ao invés, que deveria se casar com o mortal Peleu; o filho nascido deles seria Aquiles, o maior dos heróis gregos em Tróia.
Tétis, inicialmente resistiu aos avanços de Peleu, assumindo a forma de fogo, serpentes, monstros e outras formas, mas ele a segurava fortemente apesar de todas as suas transformações, acabando por se submeter. Todos os deuses e deusas do Olimpo, menos uma, foram convidados para o magnífico casamento de Peleu e Tétis; no meio da festa. Éris, a única deusa que não tinha sido convidada, entrou abruptamente no local e atirou entre os convidados o Pomo da Discórdia, com a inscrição “a mais formosa”. Esta maça foi requisitada por três deusas, Hera, Atena e Afrodite. Como elas não conseguiram chegar a um acordo, e Zeus estava compreensivamente relutante em resolver a disputa, enviou as deusas para terem suas belezas julgadas pelo pastor Páris, no Monte Ida, fora da cidade de Tróia, na orla oriental do Mediterrâneo.
Páris era filho de Príamo, rei de Tróia, mas quando a esposa de Príamo, Hécuba, estava grávida de Páris, sonhou que estava dando à luz a uma tocha donde surgiram serpentes sibilantes, assim, quando o bebê nasceu, foi entregue a uam criada com as ordens de levá-lo ao Monte Ida e matá-lo. A criada, entretanto, ao invés de matá-lo, simplesmente o deixou na montanha para morrer; ele foi salvo por pastores, sendo criado para também se transformar em um deles. Enquanto Páris estava vigiando seu rebanho, Hermes levou as três deusas para que as julgasse. Cada uma ofereceu uma recompensa se fosse a escolhida; Hera ofereceu riqueza e poder, Atena ofereceu habilidade militar e sabedoria e Afrodite ofereceu o amor da mais bela mulher do mundo. Conferindo a vitória a Afrodite, acabou incorrendo na ira das outras duas, as quais se tornaram daí para a frente inimigas implacáveis de Tróia. Logo depois, Páris retornou por acaso a Tróia, onde sua habilidade nas competições atléticas e sua surpreendente bela aparência causaram interesse nos seus pais, que rapidamente estabeleceram sua identidade e o receberam de volta com entusiasmo.
A mais bela mulher do mundo era Helena, a filha de Zeus e Leda,. Muitos reis e nobres desejaram desposá-la, e antes que seu pai mortal, Tindaro, anunciasse o nome do feliz escolhido, fez todos jurarem respeitar a escolha de Helena e virem em ajuda de seu marido se fosse raptada. Helena casou com Menelau, rei de Esparta, e na época que Páris veio visitá-los tinham uma filha, Hermoníone. Menelau recebeu Páris muito bem em sua casa, mas Páris pagou esta hospitalidade raptando Helena e fugindo com ela de volta a Tróia. A participação de Helena nesta situação é explicada de diferentes maneiras nas várias fontes: foi raptada contra a sua vontade, ou Afrodite deixou-a louca de desejo por Páris ou, a mais elaborada de todas, nunca foi para Tróia, e foi por causa de um fantasma que os gregos gastaram dez longos anos em guerra.

Expedição Parte

Menelau convocou todos só outros pretendentes anteriores de Helena, e todos os outros reis e nobres da Grécia, para ajudá-lo a montar uma expedição contra Tróia, de modo a recobrar sua esposa. O líder da força grega era Agamenon, rei de Micenas e irmão mais velho de Menelau. Os heróis gregos afluíram de todos os cantos do continente e das ilhas para o porto de Áulis, o ponto de reunião a partir do qual planejavam velejar através do Egeu até Tróia. Suas origens e os nomes de seus líderes estão listados no grande Catálogo de Navios próximo ao início da Ilíada.
As tribos (de guerreiros) vieram como as incontáveis revoadas de pássaros garças azuis ou cisnes de longos pescoços – que se reúnem nas campinas da Ásia nas correntes de Cayster, e movimentando-se com gritos agudos ao chegarem ao chão, numa frente avançada. Assim, tribo após tribo surgiram de barcos e cabanas.. inumeráveis como as folhas e flores em suas estações”.
Alguns dos heróis viera a Áulis mais facilmente do que outros. Ulisses, rei de Ítaca conhecia a profecia que se fosse a Tróia não retornaria por vinte anos e então fingiu loucura quando o passageiro Palamedes chegou a convocá-lo, atrelando duas mulas a um arado e movendo-as para cima e para baixo na praia; mas a farsa de Ulisses foi revelada quando Palamedes colocou o filho pequeno Ulisses, Telêmaco, na frente das mulas, e Ulisses imediatamente voltou ao normal. Os pais de Aquiles, Peleu e Tétis estavam relutantes em deixar seu jovem filho se juntar à expedição pois eles sabiam estavam predestinado que se fosse morreria em Tróia Numa tentativa de evitar o destino, o enviaram para Ciros, onde, disfarçado como uma moça, se juntou às filhas do rei Licomedes. Durante esta estada se casou com uma das filhas, Deidaméia, que lhe rendeu um filho, Neoptólemo.
Ulisses, entretanto, descobriu que os gregos nunca conseguiram capturar Tróia sem a ajuda de Aquiles; assim foi até Ciros para buscá-lo. De acordo com uma das versões da estória, Ulisses disfarçou-se de mascate, conseguiu entrar no palácio e espalhou suas mercadorias à frente das mulheres; entre as jóias e os tecidos havia as quais o jovem Aquiles demonstrou um interesse revelador. Outra fonte descreve como Ulisses arranjou para que osasse uma trombeta nos aposentos das mulheres: enquanto as filhas genuínas se espalhavam em confusão. Aquiles ficou no seu lugar e empunhou suas armas. Tendo abandonado seu disfarce, Aquiles foi facilmente persuadido a acompanhar Ulisses de volta a Áulis, onde a frota estava se preparando para zarpar.
A grande força grega, cujos maiores heróis eram Agamenon, Menelau, Ulisses Ájax, Diomedes e Aquiles, estava pronta para partir, mas o vento teimosamente ficou contra eles. Eventualmente, o profeta Calcas revelou que a deusa Ártemis exigia o sacrifício da filha de Agamenon, Ifigênia, antes que o vento mudasse. Agamenon ficou horrorizado pela profecia, mas a opinião pública o obrigou a obedecer: Ifigênia, chamada sob o pretexto de casar com Aquiles, foi, ao contrário, morta sobre o altar. Algumas fontes dizem que Ártemis ficou com pena dela no último momento e a substituiu por um cervo; de qualquer maneira, o vento mudou de direção e os barcos zarparam.

A Ira de Aquiles

Algumas vezes se considera que a Ilíada é a estória da guerra de Tróia. De fato, apesar de ela se estender largamente sobre toda a estória, seu objetivo ostensivo, como anunciado nas primeiras linhas, é mais restrito:
Canto de ira, deusa, a destruidora ira de Aquiles, filho de Peleu, que trouxe incontáveis dores aos Aqueus, e mandou muitas almas valiosas de heróis a Hades enquanto seus corpos serviam de alimento para os cães e pássaros, e a vontade de Zeus foi feita...”
A estória da Ilíada é, então, a estória de Aquiles, e sua disputa com Agamenon. Ao início da Ilíada os gregos já estavam em Tróia por nove anos. Eles tinham saqueado uma grande parte dos campos ao redor e tinham escaramuças esporádicas com quaisquer troianos que saíssem de trás de suas maciças fortificações. Os gregos estavam ficando cansados da campanha e irritados por sua falta de habilidade em conseguir uma vitória decisiva sobre a própria Tróia, quando Aquiles se desentendeu com Agamenon sobre um assunto de honra.
Agamenon, como parte do saque de um ataque o qual Aquiles desempenhou a parte principal, recebeu uma moça chamada Criseida, filha de Crisos, sacerdote do Apolo. Crisos ofereceu a Agamenon um bom resgate para a libertação da moça, porém Agamenon se recusou a libertá-la. Assim Crisos orou a Apolo, que mandou uma praga sobre o acampamento grego, e o profeta Calcas revelou que esta seria retirada apenas se Agamenon devolvesse Criseida. Aquiles estava completamente a favor de fazer isso, mas Agamenon estava relutante. Eles discutiram, e Agamenon acabou por concordar a fazer o que estava sendo ordenado, mas para reafirmar sua autoridade sobre Aquiles da maneira mais insultuosa que podia, e simultaneamente compensar-se pela perda de Criseida (a qual ele declarou preferir à sua própria esposa Clitemnestra), tomou Aquiles sua escrava, tomou Aquiles sua escrava, Briseida. Aquiles ficou justificadamente enraivecido. Não apenas foi um insulto à sua honra, mas também foi grandemente injusto, pois ele, Aquiles, tinha conduzido a maior parte de sua luta necessária a produzir os tesouros e o saque que Agamenon considerava no direito de usufruir. Assim, Aquiles se retirou para sua tenda, e não tomou mais parte nos combates ou nas reuniões do conselho. A luta se tornou mais dura, com ataques mais diretos feitos a Tróia e aos troianos. Mas os gregos estavam numa situação difícil sem seu maior guerreiro, e mesmo Agamenon tentou fazer contatos com Aquiles, oferecendo-lhe riquezas de todos os tipos, justamente com a devolução de Briseida. Aquiles, entretanto, rejeitou todos os apelos, declarando mesmo que se as ofertas de Agamenon fossem “tantas como os grãos de areia ou as partículas de pó” nunca se curvaria.
Nesta ocasião, Ulisses e Diomedes empreenderam uma expedição noturna para espionar os troianos. Não sabendo disso, um troiano de nome Dolon estava tentando fazer a mesma coisa: os gregos o surpreenderam e o forçaram a contar as disposições do acampamento troiano. Seguindo sua orientação, terminaram sua expedição noturna com um ataque ao acampamento de Reso, rei da Trácia, em cujos belos cavalos escaparam de volta para o acampamento grego.
Apesar do sucesso desta temerária ação, o geral da luta os gregos estavam sendo empurrados de volta a seus navios pelos troianos e estavam ficando desesperados, quando o amigo de Aquiles, Pétroclo, veio até ele rogou a permissão de liderar as tropas de Aquiles, os Mirmidões, em batalha. Pediu também se poderia emprestar a armadura de Aquiles, de modo a espalhar o terror nas linhas troianas, que poderiam tomá-lo por Aquiles. Aquiles concordou, e Pátroclo foi e lutou longa e gloriosamente, antes de, previsivelmente, ser morto por Heitor, filho de Príamo e o melhor guerreiro do lado troiano.
Aquiles foi tomado pela dor. Sua ma~e, a ninfa do mar Tétis, veio até ele e prometeu-lhe uma nova armadura para substituir a que tinha sido perdida com Pátroclo. A nova armadura, feita pelo deus ferreiro Hefesto, incluía um bonito escudo coberto com cenas figuradas, cidades em guerra e em paz, cenas da vida rural com rebanhos, pastores e danças rústicas, e ao redor da borda do escudo corria o Rio de Oceano. Aquiles e Agamenon e reconciliaram e Aquiles retornou ao campo de batalha, onde matou um troiano após outro com sua lança “como um vento impetuoso que revolve as chamas, quando um incêndio graça nas ravinas das bases secas pelo sol das montanhas, e a grande floresta é consumida” Após ter matado muitos troianos e sobreviventes mesmo ao ataque do Rio Escamandro, o qual tentou afogá-lo nas suas grandes ondas. Aquiles estava finalmente pronto a enfrentar seu principal adversário, Heitor.
O restante dos troianos tinha fugido da matança de Aquiles e buscado refúgio atrás de suas muralhas, mas Heitor permaneceu fora dos portões, deliberadamente esperando pelo duelo que sabia ter de enfrentar. Mas quando Aquiles finalmente surgiu, Heitor foi tomado de compreensível terror e virou-se para fugir. Percorreram três voltas ao redor das muralhas de Tróia antes que Heitor parasse e destemidamente enfrentasse seu bravo oponente. A lança de Aquiles alojou-se na garganta de Heitor, caindo este ao chão. Mal podendo falar, Heitor pediu a Aquiles que permitisse que o seu corpo fosse resgatado após sua morte, mas Aquiles, furioso com o homem que tinha morto Pátroclo, negou seu apelo e começou a sujeitar seu corpo a grandes indignidades. Primeiro arrastou pelos calcanhares atrás de sua carruagem ao redor das muralhas da cidade, para que toda Tróia pudesse ver. A seguir levou o corpo de volta ao acampamento grego, onde este ficou jogado sem cuidados em suas choupanas.
Aquiles preparou então um elaborado funeral para Pátroclo. Uma grande pira foi construída; sobre ela várias ovelhas e bois foram sacrificados e suas carcaças empilhadas ao lado do corpo de heróis morto. Jarros de mel e óleo foram adicionados à pira, a seguir quatro cavalos e dois dos cachorros de Pátroclo. Doze prisioneiros troianos mortos sobre a pira, a qual então foi deixada acesa. Ardeu toda a noite, e durante toda a noite, Aquiles colocou libações com vinho e pranteou Pátroclo bem alto. No dia seguinte os ossos de Pátroclo foram coletados e colocados numa urna dourada, e um grande monte foi erguido no local da pira. Jogos funerários com prêmios magníficos foram feitos, com competições entre carruagens, luta de boxe, pugilato, corridas, lutas armadas, arremesso do disco e tiros com arco e flecha. E todo dia ao amanhecer, por doze dias. Aquiles arrastou o corpo de Heitor três vezes ao redor do monte, até que mesmo os deuses, que tinham previsto e arranjado tudo isso, ficaram chocados; Zeus enviou Íris, mensageiro dos deuses, para Tróia em visita a Príamo e o instruiu a ir secretamente ao acampamento troiano com um bom resgate, que Aquiles aceitaria em troca da libertação do corpo do filho de Príamo.
Assim Príamo, escoltado por um simles mensageiro, se dirigiu ao acampamento grego, sendo encontrado ao escurecer, quando se aproximava dos navios gregos, por Hermes disfarçado como um seguidor de Aquiles. Hermes guiou Príamo pelo acampamento grego, de modo que chegou sem ser percebido à tenda de Aquiles. Príamo entrou diretamente e jogou-se aos pés de Aquiles: ele pediu que o herói pensasse no seu próprio pai Peleu e tivesse mercê com um pai que tinha perdido tantos seus bons filhos nas mãos dos gregos; pediu que fosse permitido levar o corpo de seu maior filho de volta a Tróia com ele, de modo que pudesse ser adequadamente pranteado e enterrado pelos seus parentes. Aquiles ficou tocado pelo apelo: choraram juntos, e o pedido de Príamo foi aceito. Assim, o corpo de Heitor foi devolvido a Tróia, onde foi velado e sepultado com os ritos adequados.
Aqui acaba a Ilíada mas não é de forma nenhuma o fim da estória de Tróia. O restante da estória é recontada parcialmente na Odisseia e em parte pelos dramaturgos, mas também por autores romanos posteriores, principalmente Cirílico na Emelia e por uma miscelânea de poetas como Quintus de Smirna. Após a morte de Heitor, um grande número de aliados vieram auxiliar os troianos, incluindo as Amazonas com sua rainha, Pentesiléia, e os Etíopes liderados por Mêmnon, um filho de Éos, deusa da aurora. Tanto Pentesiléia como Mêmnon foram mortos por Aquiles. Mas Aquiles sempre soube que estava destinado a morrer em Tróia, longe de sua terra natal, onde acabou sendo morto por uma flecha, lançada pelo arco de Páris. A ma~e de Aquiles, Tétis, quis tornar seu filho imortal, e, quando este era ainda bebê, levou-o ao Mundo Inferior e o imergiu nas águas do rio Estige; isto tornou seu corpo imune aos ferimentos, exceto pelo calcanhar, o qual ela utilizou para segurá-lo, sendo lá que a flecha o acertou.


A febre do ouro

Ainda que a literatura e o cinema brasileiros pouco tenham utilizado a corrida do ouro de Minas Gerais como matéria-prima para um romance ou filme, a auri saca fames que inflamou espíritos foi admiravelmente descrita pelo jesuíta italiano João Antônio Andreoni em seu extraordinário Cultura e Opulência do Brasil por suas Drogas e Minas, escrito sob o pseudônimo André João Antonil. Embora não tratasse apenas das minas (que só ocupam um quarto do livro e onde Antonil nunca esteve), o livro faz sua mais vívida descrição delas. Lançado em 6 de março de 1711, foi proibido 10 dias depois e teve sua primeira edição destruída. O livro só voltou a ser publicado em 1898, depois de Capistrano de Abreu ter descoberto que Antonil e Andreoni (nascido em Luca em 1649 e morto em 1716) eram a mesma pessoa. Quando Cultura e Opulência do Brasil foi lançado, as autoridades perceberam que o texto aumentaria o já controlável fluxo de migrantes. Pelo que escreveu, Andreoni sabia disso:
“A sede insaciável do ouro estimulou a tantos a deixarem suas terras e a manterem-se por caminhos tão ásperos, como são os das minas, que dificultosamente se poderá dar conta do mínimo das pessoas que atualmente lá estão. (…) Dizem que mais de 30 mil almas se ocupam, umas em catar, outras em mandar catar nos ribeiros do ouro; outras em negociar, vendendo e comprando o que se há mister não só para a vida, mas para regalo, mais que nos postos de mar. Cada ano vêm nas frotas quantidades de portugueses e estrangeiros. Das cidades, vilas recôncavos e sertões do Brasil vão brancos, pardos e pretos, e muitos índios de que os paulistas se servem. A mistura é de toda a condição de pessoas: homens e mulheres, moços e velhos, pobres e ricos, nobres e plebeus, padres e clérigos”.
Graças ao relato minucioso de Andreoni (Antonil, sabe-se também como eram exploradas e distribuídas as minas. O ouro descoberto estava, de fato, quase à flor da terra – em sua maior parte, foi explorado em aluviões, nas areias e cascalhos dos rios, “numa autêntica catagem, que só necessitava braço humano, sem jeito especial ou inteligência amestrada”. A legislação real estabeleça que os descobridores de cada jazida cabiam duas datas (pequenas extensões de terra aurífera à beira dos rios) de 900 braças (4.356 metros quadrados). Uma data do mesmo tamanho seria reservada à Coroa. As demais datas (de igual dimensão) seriam repetidas entre os mineradores que possuíssem pelo menos 12 escravos. Aos mineiros com menos numero de escravos eram entregues datas de 25 braças por escravo. Dispositivos legais posteriores dispunham sobre o direito dos mineradores ao corte de madeira e à repartição das águas. Quando a exploração iniciava, os cursos dos rios eram desviados, separando-se trechos de seus leitos por uma ensecadeira. Cavadeira e almo cafre eram os utensílios mais utilizados no desprendimento do cascalho, mas eram as bateias, as gamelas e os pratos os instrumentos finais para a “apuração” do ouro. De início, o grosso dos escravos levados às minas era de índios “domésticos” capturados pelos paulistas. Eles logo se finaram. Em março de 1709, D. João V assinou um alvará “franqueando” o tráfico de africanos aos paulistas (até então limitado a 200 por ano). Em 1738, já 101.477 escravos labutavam nas minas.
“O trabalho da bateia e do carumbé, do almocafre e dá pá foram operações que converteram o Brasil das minas em um super inferno de negros, perto do qual o dos engenhos e fornalhas de açúcar, por Antonil apontado, não passou de indulgente purgatório, escreveu Afonso Taunay.


Fonte: História do Brasil (1996), página 68.

A Expulsão dos Holandeses

 Em 6 de maio de 1644, depois de vários meses em choque com os dirigentes da Companhia das Índias Ocidentais, João Maurício de Nassau renunciou ao governo do Brasil holandês. Sua decisão causou comoção em Recife e demais zonas sob o domínio batavo(na época) mil quilômetros de costa, desde São Luís do Maranhão até Sergipe). Numa última tentativa conciliatória, alguns dos mais proeminentes lusos brasileiros de Recife – entre os quais João Fernandes Vieira, o mais rico de todos e, mais tarde, um dos grandes líderes da Insurreição de 1645 – enviaram uma carta profética à WIC na qual diziam: “Se ele (Nassau) se ausenta deste Estado, muito em breve há de tornar a aniquilar tudo o que com sua presença floresceu e se alcançou”. Pois foi justamente o que aconteceu. Antes do fim de maio, pranteado por índios, negros e europeus de muitos países, Nassau partiu. Em menos de um ano, a guerra rebentou.
Desde junho de 1641, lusos e holandeses viviam uma trégua assinada logo depois que Portugal recuperou sua independência, separando-se da Espanha. Ainda assim, sem a presença de Nassau, grandes senhores de engenho decidiram rebelar-se:muitos deles estavam atolados em dívidas com a Cia. Das Índias Ocidentais.
Libertar o Brasil implicava libertar-se também das dívidas. As últimas safras haviam sido ruins (houve inundações, seca, incêndios e epidemias entre 1641 e 1644), o preço internacional do açúcar desabara, a tolerância religiosa dos tempos de Nassau acabara. Tudo isso levou à eclosão do primeiro combate: no dia 3 de agosto de 1645 foi travada a batalha de Tabocas. Embora no exército luso-brasileiro muitos lutassem com foices e paus, os holandeses foram batidos. Em breve, estariam completamente encurralados em Recife. Ainda assim, a guerra logo entraria num longo impasse: os lusos brasileiros dominavam o interior, mas Recife permanecia inabalável. Assim por três anos.
No dia 19 de abril de 1648, os rivais se defrontaram nos montes Guararapes, nos arredores de Recife. Mais de 5 mil holandeses, comandados pelo general alemão Siegmundt von Schokoppe, foram vencidos por cerca de 2.500 lusos brasileiros, chefiados por Fernandes Vieira, Vidal de Negreiros, Felipe Camarão e Henrique Dias. O combate, conhecido como primeira batalha dos Guararapes, aumento u muito o moral dos insurretos. Quase um ano depois, e no mesmo lugar, só dois exércitos voltaram a se enfrentar. Chefiados por Johann van den Bricken, os holandeses perderam mil homens. Entre os brasileiros, morreram 47 brancos e 60 índios e negros, entre os quais Henrique Dias. O cronista alemão Johann Nienhoff escreveu: “O dia 19 de fevereiro de 1649 foi o pior de quantos no Brasil experimentamos em muitos anos, pois, apesar da bravura com que o nosso exército atacou (…), o adversário, animado pelos últimos sucessos e confiante na sua superioridade numerica, conseguiu (…) (fazer) o Exército holandês bater em retirada”. Os comandantes holandeses foram todos mortos. A segunda batalha dos Guararapes foi um confronto decisivo. Mesmo assim, a capitulação dos holandeses levaria cinco anos. Sitiados em Recife, eles resistiram até 26 de janeiro de 1654. Mas, então, em guerra com a Inglaterra, em permanente conflito interno com a Zelândia e precisando do sal de Setúbal para salgar os peixes, a Holanda desistiu da Guerra do Açúcar e abandonou o Brasil. Em 1661, depois de receber dos portugueses uma compensação de 4 milhões de cruzados, a Holanda abdicou oficialmente de suas pretensões no Brasil. A essa altura, os palácios e jardins de Nassau já haviam sido “consumidos na voragem do fogo e sangue dos anos de guerra”. E o conde era governador da província de Kleve, na Alemanha, onde em 1679, morreu aos 75 anos, empobrecido, com sua monumental “Brasiliana” dispersa por vários palácios da Europa.


Fonte: História do Brasil (1996), página 62.

Estudantes burlam inscrição do Enem para não pagar taxa

Paulo Maluf recebeu informações sobre a saúde de Tancredo Neves

A entrevista a Geneton Moraes Neto vai ao ar hoje, às 21h, na GloboNews.
Deputado diz que votou contra as diretas a pedido de José Sarney.
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Navio que naufragou na China é desvirado e número de mortos já chega a 396

embarcações circulam com velocidade reduzida

A Declaração dos Direitos do Homem e do Cidadão

I – Os homens nascem e permanecem livres e iguais em direitos; as distinções sociais não podem ser fundadas senão sobre a utilidade comum.
II – O objetivo de toda associação política é a conservação dos direitos naturais e imprescritíveis do homem; esses direitos são a liberdade, a propriedade, a segurança e a resistência à opressão.
III – O princípio de toda a soberania reside essencialmente na razão; nenhum corpo, nenhum indivíduo pode exercer autoridade que dela não emane diretamente.
IV – A liberdade consiste em poder fazer tudo que não prejudique a outrem. Assim, o exercício dos direitos naturais do homem não tem limites senão aqueles que asseguram aos outros membros da sociedade o gozo desses mesmos direitos; seus limites não podem ser determinados senão pela lei.
V – A lei não tem o direito de impedir senão as ações nocivas à sociedade. Tudo o que não é negado pela lei não pode ser impedido e ninguém pode ser constrangido a fazer o que ela não ordenar.
VI – A lei é a expressão da vontade geral; todos os cidadãos têm o direito de concorrer, pessoalmente ou por seus representantes, à sua formação; ela deve ser a mesma para todos, seja protegendo, seja punindo. Todos os cidadãos, sendo iguais a seus olhos, são igualmente admissíveis a todas as dignidades, lugares e empregos públicos, segundo sua capacidade e sem outras distinções que as de suas virtudes e de seus talentos.
VII – Nenhum homem pode ser acusado, detido ou preso, senão em caso determinado por lei, e segundo as formas por ela prescritas. Aqueles que solicitam, expedem ou fazem executar ordens arbitrárias, devem ser punidos; ,mas todo cidadão, chamado ou preso em virtude de lei, deve obedecer em seguida; torna-se culpado se resistir.
VIII – A lei não deve estabelecer senão penas estritamente necessárias, e ninguém pode ser punido senão em virtude de uma lei estabelecida e promulgada ao delito e legalmente aplicada.
IX – Todo o homem é tido como inocente até o momento em que seja declarado culpado; se for julgado indispensável para a segurança de sua pessoa, deve ser severamente reprimido pela lei.
X – Ninguém pode ser inquietado por suas opiniões, mesmo religiosas, contanto que suas manifestações não perturbem a ordem pública estabelecida em lei.
XI – A livre comunicação dos pensamentos e opiniões é um dos direitos mais preciosos do homem; todo o cidadão pode, pois, falar, escrever e imprimir livremente; salvo a responsabilidade do abuso dessa liberdade nos casos determinados pela lei.
XII – A garantia dos direitos do homem e do cidadão necessita de uma força pública; essa força é então instituída para vantagem de todos e não para a utilidade particular daqueles a quem ela for confiada.
XIII – Para a manutenção da força pública e para as despesas de administração, uma contribuição comum é indispensável; ela deve ser igualmente repartida entre todos os cidadãos, em razão de suas faculdades.
XIV – Os cidadãos têm o direito de constatar, por si mesmos ou por seus representantes, a necessidade da contribuição pública, de consenti-la livremente e de vigiar seu emprego, de determinar sua quota, lançamento, recuperação e duração.
XV – A sociedade tem o direito de pedir contas de sua administração a todos os agentes do poder público.
XVI – Toda a sociedade na qual a garantia dos direitos não é assegurada, nem a separação dos poderes determinada, não tem constituição.
XVII – A propriedade, sendo um direito inviolável, e sagrado, ninguém pode ser dela privado senão quando a necessidade pública, legalmente constatada, o exija evidentemente, e sob a condição de uma justa e prévia indenização.



A atualidade da II Guerra Mundial, por Paulo Fagundes Visentini

O fascínio e repulsa estão associados quando se trata de psar a II Guerra Mundial .E essa contradição se soma à interrogação sobre seu real significado, nunca completamente respondida, por mais que se escreva sobre ela. Por que, 20 anos após o encerramento da I Guerra Mundial, ocorreu outra ainda mais violenta?
Sem dúvida ela está associada à crise do sistema mundial, iniciada um quarto de século antes da eclosão da Grande Guerra de 1914-1918, e o desequilíbrio gerado pela Revolução Soviética. Mas o elemento catalisador foi o impacto desigual da Grande Depressão sobre as potências da época. A caixa de Pandora já estava aberta, mas a crise permitiu a manutenção do ovo da serpente.
Interesses econômicos e geopolíticos se apoiaram em aventureiros e fanáticos, num mundo desorganizado. E o conflito se transformou, também, numa luta ideológica e guerra civil de intensidade nunca vista, com progressismo e reacionismo se enfrentando mortalmente em cada país.
Tecnicamente, apesar dos discursos, se tratou de duas guerras paralelas: um conflito terrestre na Europa entre o III Reich e a União Soviética (com o apoio anglo-americano nos ares e nos mares) e uma guerra aeronaval no Oceano Pacífico entre os Estados Unidos e o Império Japonês. O resultado foi ambíguo, gerando nova Guerra, embora Fria.
Em 1945, houve a derrota da ultra esquerda, mas não a sua destruição, pois era uma aliada importante contra o comunismo. Ela sobreviveu nas sombras e, 70 anos depois, está de volta sob uma forma populista na Europa, mas sempre racista e darwinista, mal e mal contida por democracias desbotadas. Hoje, seus adversários estão desunidos e sem projeto. Da mesma forma que antes, há crise econômica, rivalidade entre potências e conflitos localizados se expandem e se fundem numa guerra em expansão.
A forma militar do conflito é impulsionada pelo jihadismo “muçulmano” do Boko Haram e do chamado Estado Islâmico, novas expressões do fascismo no Terceiro Mundo. Uma pergunta fica no ar: quem os apoia e contra quem lutam? Mais uma vez se observa interesses econômicos e geopolíticos manipulando aventureiros e fanáticos. Outra questão inquietante, já não mais tão especulativa é: seria possível uma nova Guerra Mundial? A memória histórica dura menos de setenta anos?

Paulo Fagundes Visentini é historiador, professor titular de Relações Internacionais da UFRGS.


Fonte: ZH Poa, página 11 de 3 de maio de 2015.