terça-feira, 3 de fevereiro de 2015

Índice batom: com economia fraca, brasileira troca geladeira por maquiagem

por Maíra Teixeira
 Conceito cunhado pelo presidente da Estée Lauder explica crescimento do setor de cosméticos em crises; consumidora evita comprar bens duráveis e investe em pequenos prazeres, como um esmalte ou um perfume

Você sabia que em tempos de crise as vendas de batons e cosméticos tendem a crescer mais do que outros setores? Isso é o que explica o Índice Batom – conceito criado em 2001 pelo presidente da Estée Lauder, Leonard Lauder, que buscava entender porque as vendas de sua indústria cresciam naquele ano nos Estados Unidos, devastado pela queda das Torres Gêmeas e baixa atividade econômica.

Basicamente, a explicação é que em tempos de crise, as pessoas compram mais cosméticos, por conta do baixo custo unitário, mas com foco na elevação da autoestima e inspiradas no lema “eu mereço um agrado”.

Os números da atividade econômica brasileira ainda não foram divulgados, mas as melhores expectativas apontam para um crescimento de 0%. O cenário adverso para a maioria dos setores pode confirmar a tese do Índice Batom. Grandes empresas do setor com atuação no País não têm reclamado. Prova disso foi a profusão de lançamentos.

Segundo a Associação Brasileira da Indústria de Higiene Pessoal Perfumaria e Cosmética (Abihpec), o setor de cosméticos responde por 1,8% do PIB brasileiro e tem crescido a taxa média de 10% no ano. O País é o terceiro maior mercado de cosméticos do mundo.

O ano passado foi positivo para Natura e Avon Brasil, empresas líderes em segmentos desse ramo, que ainda não divulgaram balanços, mas já contabilizam os negócios no período como positivos.

Rosana Marques, diretora de Comunicação da Avon Brasil, afirma que o ano passado foi interessante para a gigante norte-americana, líder há décadas em maquiagens no Brasil. “As pessoas deixam de financiar um carro novo, eletrodoméstico, linha branca, porque já estão endividadas. Elas aderem as pequenas indulgências. Sem falar que ninguém deixa de comprar desodorante, de lavar os cabelos”, afirma a executiva.

A diretora da Avon diz que a empresa teve dois momentos importantes no ano passado. “Vimos o ano com o fenômeno de muitos casamentos e festas. Isso puxou o mercado de cabelereiros, o que gera uma efervescência social, refletindo na maturação do mercado de maquiagem profissional e produtos para cabelos. Foi muito positivo esse momento vivido.”

Preocupação com a aparência é outro ponto importante, pois faz com que pessoas desempregadas ou em busca de uma melhor colocação passem a aprimorar a imagem, a forma de se apresentar. “Um empresa de cosméticos tem incremente nos ganhos por conta desse cenário. Se a pessoa está desempregada, compra um esmalte e faz a unha em casa. Os cosméticos são aliados para momentos sensíveis e a relação custo-benefício acaba sendo um investimento irrisório para quem aposta também na imagem para buscar emprego”, afirma Rosana. Esse racionício, segundo a executiva da Avon, vale para roupas e sapatos. E conta com público muito eclético, jovens, adultos, idosos.

O Nordeste teve um desempenho forte fragrâncias para a Avon Brasil, puxado por lançamentos de colônias e hidratantes e por linhas que utilizaram personalidades carismáticas como Ivete Sangalo e Luiza Brunet. No País todo também houve destaque nas vendas de produtos de múltiplas funções, como base que colore e protege a pele, produtos de cabelo com tratamento e uma máscara para alongar cílios.

Segundo a Avon, o Brasil é o maior mercado da empresa no mundo, com 1,5 milhão de revendedoras (das 6 milhões no mundo), com a entrega 115 mil caixas de produtos por dia.

Natura aposta em elementos nacionais e é líder em perfumaria

Diferente da concorrente norte-americana, a brasileira Natura tem o carro-chefe na perfumaria, com lançamentos que já ganharam o público com o uso de elementos nacionais.

“Essa contribuição de produtos genuínos é relevante no negócio. Somos líderes em perfumaria e em sabonetes, com a venda em torno de 200 milhões de barras por ano, em um produto essencialmente do varejo. Isso é um grande diferencial”, comemora Daniel Silveira, diretor regional da Natura.

A empresa também não divulga números, mas o diretor afirma que 2014 foi um ano “bastante interessante”, com desenvolvimento diferenciado em regiões do País. “Tivemos crescimento de mercado muito representativo, apoiado em muitos lançamentos. Perfumaria é o setor que mais se destacou, com alta de desodorantes aerossóis, categoria com a qual não trabalhávamos e entramos no ano passado com o Eco Compacto, como tecnologia inovadora, com baixo impacto de produção 48% menor do que os concorrentes.”

Silveira destaca ainda que o setor busca gerar valor agregado para fidelizar objetivamente. “Quando vamos ao banheiro de uma mulher, encontramos uma única marca. O que fideliza uma linha são os produtos voltados para tratamento, mais específicos, com atendimentos específicos. A exigência tem aumentado e estamos acompanhando a necessidade.”

Para o execuivo da Natura, os produtos voltados para os homens também ganharam destaque. “Eles estão cada vez mais vaidosos, temos pesquisas que indicam isso, e produtos têm ganhado espaço dentro do mix da Natura.”

Setor também foi forte em vendas diretas

Roberta Kuruzu, diretora-executiva da Associação Brasileira de Empresas de Vendas Diretas (Abevd), diz que a maior parte dos produtos de vendas diretas no Brasil é do ramo de beleza. “O ano foi difícil, a gente vê que o momento é de crise, mas não dá para negar que as pessoas deixam de comprar bens duráveis e compram cosméticos."

O balanço do ano da entidade será divulgado em março, mas a expectativa é de crescimento. “Grandes empresas vieram para o Brasil. Foi um ano bom, dentro de um modelo de negócios diversificado [vendas diretas]. Outro ponto forte é que as 4,1 milhões de pessoas que trabalham com vendas diretas, também são consumidores, potencialmente."

Roberta diz que o setor de vendas diretas se fortaleceu com a diversificação de canais de comunicação, como revistas, sites, redes sociais e pelo bom e velho boca a boca feito na distribuição dos produtos.

Fonte: IG Economia - 02/02/2015 e Endividado

"Me sinto refém das empresas", diz usuária de plano de saúde

por Maíra Teixeira
 ANS regulamenta reajustes apenas de planos individuais, enquanto os coletivos, com mais de 30 usuários, aumentam preços de maneira abusiva

A aposentada Vera Gonçalves, de 59 anos, é um bom exemplo dos abusos das empresas de planos de saúde coletivos no Brasil – que têm os serviços e atendimentos regulados pela Agência Nacional de Saúde Suplementar (ANS), mas têm ainda uma liberdade maior: a de fazer reajustes com base em cálculos não auditados pelo órgão regulador. A agência regula apenas os aumentos de planos individuais.

Vera tinha um plano individual da SulAmérica e usava normalmente a rede credenciada. Em um determinado momento, ela recebeu um comunicado informando que parte da rede credenciada não fazia mais parte do plano dela. Então, ela procurou um corretor que sugeriu, em 2005, que ela migrasse para um plano coletivo pela entidade de funcionários públicos a qual é filiada.

“Eu não tinha outra saída porque a rede credenciada praticamente não existia mais no meu plano individual. Então, mudei do plano executivo individual para o plano executivo coletivo. Era o mesmo plano, mas no coletivo eu conseguia ser atendida em toda a rede credenciada. Uma situação absurda, desigual.”

Desde que migrou para o plano coletivo, os reajustes começaram a aparecer, por volta de 15% a 20%, mas ela ainda conseguia arcar com as mensalidades. Agora, quando completou 59 anos, o valor do plano de Vera saltou 106%, passando de R$ 2.055,71 (em janeiro) para R$ 4.253,30 (fevereiro). “Fica inviável pagar. Me sinto refém das empresas. Não posso ficar sem plano médico porque me preocupo com a minha saúde. Mas também não consigo contratar um plano individual, que é mais barato e deveria me atender. A gente fica esperando que alguém olhe por nós, mas parece uma máfia.”

Procurada, a empresa comentou o caso por meio de nota: "A SulAmérica esclarece que os reajustes aplicados a todos os seus planos estão em conformidade com as regras estabelecidas pela Agência Nacional de Saúde Suplementar. Vale ressaltar que incidiram na mensalidade o reajuste anual [inflação] e a mudança de faixa etária, que está expressa nas condições gerais do seguro, recebidas pela beneficiária no ato da contratação do plano e registrada na ANS."

De acordo com dados da ANS, o índice de reajuste anual para planos individuais ou familiares foi de 9,65% em 2014, no ano anterior o percentual foi de 9,04%. A ANS informa que não é possível verificar qual foi o reajuste médio dos planos coletivos porque são feitos com base em acordos com o grupo para o qual prestam serviços e os contratos variam muito. Segundo levantamento do Instituto Brasileiro de Defesa do Consumidor (Idec), em 2014, enquanto os coletivos tiveram um aumento médio de 18%, com casos extremos de reajustes de até 90%.

Segundo a advogada Renata Vilhena Silva, especialista em direito à saúde do escritório Vilhena Silva Advogados, esse tipo de reajuste de mensalidade verificada no caso de Vera ocorre como forma de burlar o estatuto do idoso, que não permite mais o reajuste por idade após os 60 anos.

“É comum vermos as operadoras pararem de vender planos individuais. O mercado arruma uma forma de escapar do rigor da lei e as operadoras prejudicam a sociedade criando mecanismos que não são controlados pela ANS, que fiscaliza de maneira ineficiente”, afirma a advogada.

A Federação Nacional de Saúde Suplementar (FenaSaúde), entidade que representa grupos de operadoras de planos privados de assistência à saúde, explica os aumentos das mensalidades: “Os reajustes dos planos individuais ficam acima da inflação porque nos últimos dez anos, no Brasil, as despesas assistenciais per capita já acumulam alta de 133,7%, enquanto a variação do Índice Nacional de Preços ao Consumidor Amplo [IPCA] chega a 61,1%. Neste período, o reajuste autorizado pela Agência Nacional de Saúde Suplementar [ANS] para os planos individuais regulados pela Lei 9.656/98 foi de 95,9%. Logo, a correção aplicada às mensalidades nem sequer vem cobrindo os gastos assistenciais, embora supere os demais indicadores do período.”

Troca de plano individual por coletivo

Outro abuso identificado no caso de Vera é que ela, por questões práticas, foi convencida pelo corretor – em um cenário de constantes negativas da rede credenciada – de que o melhor seria migrar para o plano coletivo "porque seria melhor atendida", alegou o profissional à época.

"Os planos de saúde individuais e familiares estão cada vez mais escassos no mercado de saúde suplementar e causando dor de cabeça para seus beneficiários. Rede credenciada cada vez menor e reajustes cada vez mais altos são a receita para que as operadoras atinjam o seu objetivo: migrar usuários para os planos coletivos, que possuem uma regulamentação menos rígida da ANS. E quem mais sofre com isso, claro, é a terceira idade", diz a advogada Renata.

De acordo com dados da ANS, atualmente 19,4% dos planos existentes no País são individuais (são 9,89 milhões de pessoas com planos de saúde individuais entre os 51 milhões de beneficiários de planos de saúde). Em 2013, a quantidade de pessoas com planos de saúde individuais era de 9,85 milhões (19,85%) em um universo de 49,6 milhões de beneficiários.

Por meio de nota, a ANS esclarece que a legislação de saúde suplementar não determina a forma de comercialização dos planos de saúde. “As operadoras de planos de saúde têm liberdade para atuar nos segmentos coletivo ou individual, sem obrigação de vender os dois tipos, pois a legislação não determina a forma de comercialização dos planos de saúde. No entanto, caso a operadora tenha planos individuais registrados na ANS, não pode negar a venda aos consumidores.”

A Agência destaca que planos individuais e planos coletivos são regulados pela ANS e devem cumprir as exigências do órgão regulador com relação à assistência prestada e à cobertura obrigatória. O percentual máximo de reajuste anual a ser aplicado aos planos individuais é definido pela ANS. O cálculo é baseado na média dos percentuais aplicados aos planos coletivos com mais de 30 beneficiários.

Os planos coletivos são reajustados anualmente, de acordo com as condições previstas nos contratos, mediante livre negociação entre as partes, tendo por base a variação dos custos médico-hospitalares do período. Segundo a FenaSaúde, o objetivo é manter o equilíbrio da carteira.

O comportamento das empresas de contratos coletivos junto a seus segurados chamou a atenção do Tribunal de Contas da União (TCU), que realiza auditoria para analisar se os reajustes de planos de saúde estão acontecendo de forma adequada. O órgão está usando como fonte advogados especialistas em direito à Saúde, além de analisar a jurisprudência recente; na Justiça, os processos têm crescido.

Atendimento falho de empresas onera sistema público

A saúde privada e a saúde pública no Brasil têm caminhos que se encontram, muitas vezes, com perdas para os cofres públicos e para o consumidor. Quando um usuário do setor de saúde suplementar não consegue atendimento, vai ao Sistema Único de Saúde (SUS), mesmo que pague pelo serviço privado. Em resumo, paga ao sistema privado e usa o público.

Entre janeiro e novembro de 2014, o Ministério da Saúde recebeu R$ 335,74 milhões de ressarcimento ao SUS por conta desses atendimentos. O valor é 82% maior do arrecadado em 2013, quando foram obtidos R$ 183,2 milhões. Nos últimos quatro anos, (2011 a novembro de 2014), o valor do ressarcimento chegou a R$ 673,66 milhões.

Em relatório sobre o setor, o Tribunal de Contas da União aponta que “o ressarcimento ao SUS existe em razão da incapacidade, por parte das operadoras de planos de saúde, de manter uma rede conveniada adequada – o que obriga os beneficiários a recorrerem à rede pública".

Fonte: IG Economia - 02/02/2015 e Endividado

Risco de racionamento é de 60%, diz especialista do setor elétrico

O diretor do CBIE (Centro Brasileiro de Infraestrutura), Adriano Pires, disse que o risco de haver um racionamento de energia no país é de 60%.

Pires, que foi um dos colaboradores do programa energético da campanha do candidato à presidência Aécio Neves (PSDB), participou, nesta sexta-feira (30), de um evento realizado pela bancada do partido em Brasília, para discutir a crise no setor.

"O setor elétrico está vivendo o pior momento da vida dele. Tem uma conta para pagar de R$ 115 bilhões [acumulada de 2012 a 2014, segundo suas estimativas], assumida pelo setor, em função dessas tarifas populistas e estamos na beira de um racionamento", disse.

Segundo o especialista, o governo está "novamente" apostando na chuva para conseguir resolver a situação.

"É inacreditável um ministro de Minas e Energia [citando Eduardo Braga] declarar que está esperando o reservatório chegar a 10% [para decretar um racionamento]. Ele está esperando o blackout", afirmou.

Para o especialista, a presidente Dilma Rousseff deveria fazer um pronunciamento em rede nacional de televisão para lançar um grande programa de eficiência energética e propor a racionalização do consumo elétrico.

"Pedindo que voluntariamente as pessoas diminuam seu consumo. Em pouco tempo não vai ter nem energia para fornecer para a população. Vai ter que ter corte mesmo", completou.

PETROBRAS

Pires classificou a atual crise vivida pela Petrobras como uma "tragédia" ignorada pelo governo, que não estaria tomando as providências necessárias para salvar a empresa.

"O governo é o grande culpado, que destruiu a Petrobras para fazer política econômica, segurar a inflação. Usando a empresa para ajudar os partidos, o PT e aliados. Para fazer política industrial, elegendo os amigos do rei", afirmou.

Para ele, a solução para a estatal depende de uma reformulação completa.

"É preciso trocar a diretoria, o Conselho de Administração. Imediatamente. Refundar a empresa", argumentou. "Uma empresa de 400 mil funcionários, vamos combinar que é ingovernável."
Pires reforçou que não defende a demissão de funcionários, mas o que chamou de "dar um novo arranjo para a empresa".

"Esse arranjo de Petrobras como é hoje, esse gigantismo todo, é ingovernável", disse sem dar mais detalhes.

"Será que esse governo que levou a Petrobras a essa situação caótica tem competência para tirar a Petrobras do fundo do buraco? Lamentavelmente eu acho muito difícil."
Fonte: Folha Online - 30/01/2015 e Endividado

Governo quer diluir em 12 meses o pagamento do abono salarial

O governo tem mais um trunfo para aliviar os gastos públicos a partir deste ano.

O pacote de mudanças nos direitos trabalhistas inclui a diluição do pagamento do abono salarial de PIS em 12 meses. Hoje, o benefício é creditado na conta do trabalhador ou numa conta da Caixa em quatro datas, no segundo semestre de cada ano.

Com a medida, segundo a Folha apurou, o calendário de pagamentos seria alongado até junho do ano seguinte.

Tem direito ao abono o trabalhador que recebeu, em média, até dois salários mínimos mensais no ano anterior. Ele precisa estar cadastrado no PIS (Programa de Integração Social) ou no Pasep (Programa de Formação do Patrimônio do Servidor Público) há pelo menos cinco anos e ter mantido vínculo empregatício formal no ano anterior por pelo menos 30 dias. O benefício corresponde a um salário mínimo.

Essa nova regra não está incluída nas duas MPs (medidas provisórias) anunciadas pelo governo no fim de 2014, que visam a restringir a concessão de benefícios trabalhistas como o abono salarial, o seguro-desemprego, o seguro-defeso e as pensões por morte.

No caso específico do abono, a MP prevê que o pagamento passe a ser proporcional ao tempo de trabalho e que haja carência de seis meses de trabalho ininterruptos.

A proposta de diluição do pagamento do abono está incluída no cálculo de economia de R$ 18 bilhões com as alterações nas regras trabalhistas estimada pelo governo. A medida precisa ser aprovada no Codefat (Conselho Deliberativo do Fundo de Amparo ao Trabalhador).

 Editoria de Arte/Folhapress 
Segundo a Folha apurou, a ideia inicial do governo era que a ampliação do prazo de pagamento do abono já passasse a valer em 2015. Assim, metade dos trabalhadores que receberiam o benefício até dezembro só poderia sacar os recursos no ano que vem. De acordo com os dados de 2013, 21 milhões de trabalhadores têm direito ao abono.

No ano passado, o governo estimou os gastos com o abono em 2015 em R$ 10,125 bilhões. Desse modo, se a medida passar a valer em 2015, R$ 5 bilhões seriam jogados para a frente no primeiro ano de vigência da regra.

Como as novas regras de concessão dos benefícios trabalhistas gerou grande oposição das centrais sindicais, a equipe econômica do governo entendeu que seria mais prudente aguardar mais um pouco o anúncio da medida.

Os técnicos avaliam se a proposta deveria prever a mudança já para este ano ou a partir de 2016. O Codefat é composto por integrantes do governo e dos trabalhadores, o que pode dificultar a aprovação da medida.

DATAS

No ano passado, foram quatro datas de crédito do abono na conta do trabalhador: 5/7 (para os nascidos em julho/agosto/setembro), 14/8 (outubro/novembro/dezembro), 16/9 (janeiro/fevereiro/março) e 14/10 (em abril/maio/junho). Para aqueles sem conta na CEF, o benefício poderá ser sacado na CEF até o dia 30 de junho deste ano.

Para 2015, também são mais quatro datas, sempre no segundo semestre. Pela proposta desenhada pela equipe econômica, se aprovada, haveria ao menos mais quatro datas no primeiro semestre do ano subsequente.
Fonte: Folha Online - 03/02/2015 e Endividado

Com governo no vermelho, conheça os riscos de investir no Tesouro Direto

Veja os riscos implicados em emprestar dinheiro agora para o governo.
Ainda que país perdesse grau de investimento, papeis seriam atrativos.


Os títulos do Tesouro Direto bateram novo recorde histórico de vendas em 2014. Mas as contas públicas no vermelho levantam uma questão: é seguro emprestar dinheiro a um governo que não economizou para pagar sua dívida no ano passado?

Para economistas consultados pelo G1, sim. Quando a economia não vai bem, esses papéis ficam ainda mais atrativos, de acordo com eles. É o paradoxo de que quanto maior o risco de o governo dar um calote, mais alto o “prêmio” a ser pago em juros.

O desajuste das contas do governo – que no ano passado tiveram déficit histórico – não justifica qualquer preocupação para o investidor, acredita o pesquisador da FGV/Ibre, José Roberto Afonso. “O governo já mudou de opinião e de equipe econômica e começou a tomar providências. É uma equipe de bombeiros que saiu para apagar o fogo de uma panela. Não é a casa que está em chamas”.
 
Ainda assim, quem investe no Tesouro não está livre de três riscos básicos: de crédito, de mercado e de fraudes. O primeiro é o mais improvável, ao passo que o segundo depende das escolhas do próprio investidor. As fraudes, raras, podem ocorrer por parte de instituições financeiras mal intencionadas.

Entenda quais são os riscos implicados em investir no Tesouro Direto:

Risco de Crédito

A hipótese de o governo não pagar os juros de sua dívida interna é extremamente remota e está associada à falência da economia do país, explica o economista especializado em investimentos Marcelo D’Agosto. “Para chegar a este nível, seria preciso que os bancos e empresas quebrassem primeiro”.

Por esse motivo, diz o economista, sob este ponto de vista, os títulos públicos podem ser considerados mais seguros que todas as outras aplicações de renda fixa. Seria preciso que o país chegasse a uma crise semelhante à da Grécia ou retornasse à hiperinflação de duas décadas atrás para que esse risco fosse real, explica D’Agosto.


Com o desajuste fiscal, mesmo que o governo ficasse sem dinheiro para honrar parte da dívida, o montante devido aos investidores seria ínfimo. Enquanto a dívida pública do país somava R$ 2,2 trilhões em novembro de 2014 – segundo os últimos dados da Secretaria do Tesouro Nacional –, o montante aplicado por 447 mil investidores naquele mês era de R$ 14,8 bilhões – apenas 0,67% do total devido.

“Precisaria acontecer uma situação realmente muito grave para o governo não conseguir pagar sua dívida interna”, diz o educador financeiro André Massaro. Por direito, segundo D’Agosto, se acontecer algo com os títulos públicos, terá acontecido também e ao mesmo tempo com outros investimentos do mercado.

Diferentemente de outras aplicações de renda fixa, o Tesouro Direto não tem cobertura do Fundo Garantidor de Crédito (FGC), reserva que funciona como uma espécie de “seguro” caso o credor não pague a dívida ao investidor. Atualmente, seu limite de cobertura é de R$ 250 mil.

“No caso do Brasil, os títulos públicos são garantidos pelo próprio Tesouro Nacional e a emissão e controle da moeda são, em última instância, controlados pelo governo. O investidor deve ter em mente que países não ‘quebram’ no mesmo sentido que empresas”, explica Massaro.

E se o país perdesse o grau de investimento?
Em abril de 2008, o Brasil atingiu o grau de investimento, uma espécie de “selo de qualidade” dado pelas agências de classificação de risco sobre a capacidade de pagar sua dívida. Ele indica aos estrangeiros que o país tem risco próximo de zero para investir.

Para os investidores daqui, contudo, a perda desse status não ameaçaria a segurança dos papeis, dizem os economistas. “Os títulos públicos já existiam antes do grau de investimento e não ficaram mais ou menos seguros depois da obtenção do grau”, esclarece o educador financeiro Massaro.

De acordo com Afonso, da Fvg/Ibre, o Brasil é dos países que detêm uma menor parcela de sua dívida pública na mão de quem reside no exterior. “Ainda que seja um governo com uma dívida muito grande, o ‘grosso’ dos credores está dentro do país”, diz.

Caso o país perdesse o grau de investimento, completa Massaro, muitos efeitos ruins seriam sentidos no mercado financeiro e o valor de mercado dos títulos públicos (para venda antes do vencimento) sofreria impactos negativos, mas isto estaria ligado ao risco de mercado.

Risco de Mercado

Como qualquer investimento, os papeis do Tesouro Direto estão sujeitos ao humor do mercado. Esse risco, portanto, está ligado à desvalorização dos títulos. Se o investidor precisar resgatar os papeis antes da data do vencimento, estará exposto ao risco da oscilação de juros. Toda vez que os juros sobem, a valor de mercado dos títulos cai e eles ficam mais atrativos. Quanto mais longo o prazo do título, maior a oscilação que ele sofre.

Mas uma peculiaridade faz com que a rentabilidade seja praticamente garantida, se o investidor tiver a disciplina de resgatar os títulos apenas na data do vencimento. Portanto, esse risco está condicionado à capacidade de levar os papeis até a data combinada.

Nos últimos 12 meses (contados de 23/01), as Notas do Tesouro Nacional tipo B (NTN-B) Principal, com vencimento em 2035, acumularam rendimento de 30,59%, acompanhando a elevação dos juros no mercado.

Se os juros tivessem caído, a chance de perdas seria grande. Mas levado até o prazo, o investidor recebe o valor acumulado da inflação pelo IPCA (Índice de Preços ao Consumidor Amplo) mais uma taxa de juros que, atualmente, é pactuada em cerca de 6%.

“O maior risco do Tesouro Direto é a falta de paciência. Não saber administrar bem suas aplicações. Por exemplo, comprar um título longo, se assustar e sair desse papel, mesmo sem precisar de dinheiro”, afirma o economista Afonso.

Para D’Agosto, o maior risco do Tesouro Direto é o investidor comprar o papel errado. “Ele precisa entender qual a rentabilidade pactuada em cada título e saber se os prazos coincidem com seus objetivos”, explica.

Massaro acrescenta que esse risco só afeta aquele que vai vender o título antes do vencimento. “O investidor que pretende levar o título até o vencimento não deve se preocupar com o risco de mercado”.

Risco de Fraudes

Marcelo D′Agosto lembra um caso recente de fraude financeira em que clientes de uma corretora que investiam no Tesouro Direto tiveram suas aplicações indevidamente apropriadas. A instituição financeira, em liquidação, reteve o dinheiro dos clientes, num montante estimado em R$ 7,6 milhões, para uso próprio. “O sistema é bem seguro, mas nada é imune a fraudes. Por isso, recomenda-se que o investidor verifique a reputação da instituição financeira que vai operar o investimento”, orienta D′Agosto.

Os investidores do Tesouro confiam seus recursos a um agente de custódia, geralmente uma corretora, responsável por transferir os recursos da Câmara Brasileira de Liquidação e Custódia (CBLC) para outra câmara, a Selic. Para evitar qualquer fraude, os diretores dessas instituições financeiras agora precisam assumir, por escrito, a responsabilidade sobre a transferência de títulos.

O site do Tesouro Nacional disponibiliza uma lista com os agentes de custódia habilitados para fazer essa operação. Muitos deles não cobram taxa de custódia, mas é preciso ficar atento. “As corretoras que não cobram pelo serviço geralmente utilizam os títulos públicos como chamariz para oferecer outros tipos de investimento, como ações”, explica D’Agosto.
Fonte: G1 notícias - 31/01/2015 e Endividado


COMENTÁRIO GEOPOLÍTICO 214 de 31 de janeiro de 2015

Assuntos: Desarmamento e Momentos(Econômico e Político)
 
Com um fuzil atrás de cada árvore
Consta da História que, durante os preparativos japoneses para a guerra foi sugerido realizar uma invasão da costa oeste dos EUA antes que este pudesse mobilizar seus recursos, ao que se opôs o Almirante Yamamoto:”Seria impossível!” disse ele. “Encontraríamos um homem com um fuzil atrás de cada árvore”
Yamamoto conhecia bem a alma dos Estados Unidos (pelo menos a daquele tempo). Sabia que lá os caçadores e os atiradores esportivos formavam o maior exército mobilizável do mundo, que cada família costumava ter mais de uma arma pronta em casa, um verdadeiro exército sempre de armas na mão, sem necessidades logísticas, conhecedor como ninguém do terreno e que tornaria impossível a ocupação inimiga do território pátrio.
 Ainda hoje, mais de 750 mil caçam nos bosques da Pensilvânia e mais de 700 mil em Michigan. Só no estado de Wisconsin, seus 600 mil caçadores formam o oitavo maior exército do mundo, com mais homens em armas do que tem o Irã. Mais do que o tem a França e a Alemanha somados. Somando  mais  250 mil caçadores em West Virginia se percebe que os caçadores desses quatro estados, por si só, já constituem o maior exército do mundo. E acrescentando os atiradores e caçadores de outros estados serão muitos milhões! 
Claro, aconteça o que acontecer, os EUA estarão a salvo de uma invasão estrangeira enquanto contarem com esse “exército territorial”. Por isso que todos os inimigos, estrangeiros e nacionais, querem vê-los desarmados. O controle de armas é estratégia fundamental para quem quer dominá-los
De forma geral, os caçadores possuem as mesmas habilidades individuais necessárias aos soldados, possuem eficácia de tiro, estratégias de combate, sobrevivência e camuflagem. Mesmo sem contar com as Forças Armadas são um invencível exército no solo de sua pátria, que garante também os direitos dos cidadãos, a liberdade, a ordem pública e até a democracia, mas principalmente a soberania territorial, contra qualquer aventura de invasão.:
- Qual o exército invasor por grande que seja gostaria de enfrentar 50, 60 ou 90 milhões de cidadãos armados?
Para o bem da sua liberdade, os americanos nunca permitirão o controle ou o confisco de suas armas. Aqui no nosso País quando os cidadãos de bem se desarmaram, as taxas de homicídios cresceram e as organizações criminosas estenderam seus tentáculos e se instalaram no aparelho do Estado. Submetemo-nos ingenuamente, caindo na balela da propaganda oficial de redução da criminalidade, ao devolvermos até nossas armas de autodefesa num desarmamento imposto pelo Governo, aumentando ainda a nossa vulnerabilidade. Claro, com um pouquinho de senso comum usaríamos também a caça e o tiro ao alvo como implemento à segurança nacional. Poderíamos contar com milhares de garimpeiros na Amazônia se não os desarmássemos e se não os hostilizássemos. Ainda bem que no Rio Grande do Sul ainda existem caçadores.
Tal como nos EUA, nossos inimigos querem nos desarmar. Só que aqui eles estão conseguindo, e nos convencendo a não resistir para preservar a vida. Quanto a segurança pública, a simples expectativa de reação armada já evitaria grande parte dos crimes comuns.
Povo desarmado é povo submisso! Facilmente se torna povo submetido.
 
 
E a Guarda morre, mas não se rende?
É inacreditável: Quarenta e dois militares foram assaltados na madrugada do dia 19 na divisa entre Paraná e São Paulo. Eles estavam com um ônibus comercial, sem qualquer caracterização do Exército, e foram abordados por quatro homens em um veículo Peugeot na BR 116. (Um militar estava com uma arma na maleta) mas não reagiu.
O assalto aconteceu por volta das 2h15 na BR-116. Os militares, que atuavam nas operações na Maré, saíram do Rio de Janeiro na noite de anterior com destino a Curitiba, 20º Batalhão de Infantaria.  Não estavam fardados, estavam em ônibus fretado e sem o armamento regulamentar.
Pouco após a divisa entre os estados, quatro bandidos em um Peugeot, da cor preta abordaram o ônibus. Apenas quatro! Um dos assaltantes, com um revólver calibre 38 rendeu o motorista e um continuou do lado de fora para dar cobertura aos comparsas.
Foram levados relógios, carteiras, celulares, dinheiro e outros pertences pessoais dos militares. Um militar levava uma pistola dentro de uma das malas de mão, no entanto, não reagiu. Ninguém gritou: “
Prá cima deles, todo mundo”, como seria de esperar com soldados verdadeiros. Os babacas limitaram-se a registrar um Boletim de Ocorrência, como o faria qualquer mocinha indefensa.
Vergonha! Melhor seria vê-los mortos do que desmoralizados. Seriam mais de 40, haveria entre eles um oficial, ou ao menos um graduado? Por que não comandou a reação? Qual a razão da tropa estar à paisana? E desarmada?
A razão pode ser encontrada na deficiência dos oficiais que tem mais medo de um acidente com arma do que da vergonha da rendição. Na verdade a doença da covardia vem de longe, vem do Congresso e suas malignas leis que desarmam as pessoas de bem, que incitam a “não reação”, que afirmam que a vida é mais preciosa do que a honra. Vem de chefes que acovardam seus subordinados. Realmente é ininteligível que um guarda municipal tenha o direito de portar uma arma e não o tenha um sargento do Exército. É também inconcebível que um oficial não faça uso de seu porte de arma, abstendo-se não só de poder reagir em defesa própria como de proteger os que estiverem nas proximidades. Só covardia? Não só, todos sabem como ele se incomodará se o fizer.
Sabemos, é certo que essa orientação vem de fora e se chama Guerra de 4ª Geração. Sabemos que os governos da redemocratização aderiram entusiasticamente ao acovardamento, uns por obediência ao Consenso da Washington e outros pensando facilitar certa implantação do socialismo, mas está na hora de reagir, de criar orgulho, de lutar, se for preciso arriscando a morrer, mas sem nunca se render. E isto não é só para os soldados. É para qualquer homem com os hormônios corretos.
Teriam os militares recebido ordens de regressarem sem as armas?  Talvez, mas voltemos ao problema da decisão de descumprir ordens; nós ainda nos lembramos que, na época pré revolucionária, em havendo um motim de um grupo comunista entre sargentos da FAB, uma tropa de paraquedistas recebeu ordem superior de saltar, sem munição, na Esplanada, como uma demonstração de força. Claro, decidiu-se descumprir a ordem mesmo antes de se perceber que se tratava de uma armadilha dos comunistas infiltrados nos altos escalões do Exército. A tropa seria aprisionada (ou pior) e desmoralizada a Grande Unidade mais aguerrida que tínhamos. Os paraquedistas não somente seguiram municiados como desembarcaram em local diferente do ordenado, evitando a armadilha e, sob o comando do Capitão Nery, dominaram facilmente o motim que seria a espoleta para uma revolução maior.
Podemos ainda pensar que, sem descumprimento de ordens, nem teria havido a epopéia dos Guararapes pois a ordem real era para cessar a luta e considerar o território perdido. Talvez não houvesse nem mesmo o Brasil. Descumprimos então. Faremos de novo se necessário. Se quisermos existir como nação precisamos de um Exército, mas que seja um Exército de homens de verdade!    
 
O Momento Econômico
O ataque a indústria Nacional amplia-se em todas as frentes.  A maior pressão é sobre a Petrobrás, aproveitando do escândalo da corrupção. A pressão aumenta também sobre as grandes construtoras, lamentavelmente também envolvidas no petrolão e no que ainda aparecerá do BNDS. A guerra contra a nossa indústria não se restringe a corrupção; ataca-se a preferência dada às empreiteiras e aos produtos nacionais (talvez mais caros, mas que criam riquezas, tecnologia e empregos. (a Petrobrás e seus fornecedores respondem por 20% do total dos investimentos produtivos realizados no Brasil.) Só a Odebrecht e Camargo Corrêa foram responsáveis por mais de 230 mil empregos.Abalar a Petrobrás e inviabilizar as empreiteiras nacionais implica acabar com o desempenho de engenheiros e técnicos brasileiros em atividades que tragam desenvolvimento. As empreiteiras são importantes não só na engenharia civil, onde se têm mostrado competitivas até no exterior, mas também por formar quadros e gerar de empregos de qualidade nos serviços e na indústria, inclusive a eletrônica e suas aplicações na defesa.
Principalmente atacam-se os financiamentos. Para as massas populares está sendo demonizado O projeto de tentar criar os "players" brasileiros atuando no mundo com o  Programa de Sustentação de Investimentos, criado no auge da crise financeira mundial em 2009 Este plano contribuiu fortemente para passarmos quase incólumes na crise financeira internacional e só teríamos elogios a ele  se não tivesse havido a corrupção e as propinas. Lamentavelmente se quer destruí-lo lançando fora o bebê junto com a água suja do banho. Neste último aspecto devemos distinguir o correto subsídio para desenvolver empreiteiras nacionais através de juros subsidiados, da malandragem dos que, a pretexto de obras, conseguem empréstimos a juros de 3,5% e o “emprestam” ao Governo a juros de 11,5% até mesmo sem construírem o que se propuseram. Estes sim mereceriam até o fuzilamento
O nosso Brasil vive um momento decisivo.  Se não quiser sucumbir, em definitivo, à condição de subdesenvolvido, terá de enfrentar, além da corrupção, as oligarquias financeiras transnacionais, que utilizando o pretexto de combater a corrupção visa acabar com qualquer veleidade de autonomia nacional, no campo industrial, no tecnológico e no militar, e isto só podemos compreender com uma análise fria, sem as empolgações partidárias dos que acham que vale tudo, até acabar com o que funciona, para derrubar um mau governo.
 
O Momento Político
A oposição, ao insistir em promover o impeachment só mostra ingenuidade. O senador Aécio pode até ter sonhado com isto, mas a cantilena do estelionato eleitoral já perdeu o prazo de validade e não empolgou a população. Um processo de impeachment depende de aprovação do Congresso, o que não acontecerá com uma base aliada que troca apoio por cargos na máquina estatal. Só aconteceria se Dilma investisse realmente contra a corrupção ou cortasse as mordomias dos parlamentares e do Judiciário
Certo, Dilma governará sob a espada de Damocles. A oposição quer a queda dela, a base aliada não gosta dela, nem tampouco o próprio PT, idem quase a metade da população e principalmente a oligarquia financeira internacional, para quem Dilma, embora tenha cedido em tudo, não merece confiança. Para culminar, há fortes indícios de decisão do próprio Lula de derrubá-la ou ao menos a neutralizar, mas o Congresso, o poder mais corrupto, estará disposto a aplicar o impeachment somente se for contrariado. Dilma, para se manter, cederá tudo à escancarada goela dos parlamentares e da oligarquia financeira internacional, o que parece, já está fazendo. Tudo indica que não será a reboque da choradeira eleitoral que poderemos sonhar com melhores dias. Seria preciso que, além da interromper um status quo corrupto, que se ofereça algo melhor, tanto na administração e integridade como no orgulho nacional, e isto os postulantes, todos subordinados à oligarquia internacional não podem oferecer. É forçoso reconhecer que todos eles deixam muito a desejar.
Além do mais as forças que se reúnem para a derrubada da Dilma divergem sobre quem a deveria substituir; pela Constituição seria o vice-presidente, recusado quer pela oposição quer pela maioria da população, que já está enojada da política do toma lá dá cá.  O mesmo raciocínio serve para toda a linha sucessória legal, passando pela presidência da Câmara até a presidência do STF.
Fora da linha sucessória legal, talvez em uma nova eleição disputassem Lula (doente e quase tão estigmatizado como a Dilma), Aécio, queimado pelo apoio da oligarquia financeira e já recusado por mais de metade dos votos válidos e (que Deus nos livre) a santinha do pau oco, a musa do atraso, a causadora dos apagões - Marina Silva, a pior de todos.
Como nenhum desses postulantes parece palatável pode ser que Dilma continue em seu claudicante governo, embora refém das forças citadas, sem jamais contrariá-las. Outra possibilidade é que a confusão seja tanta que exija um controle militar.
Mas então seria outra história.
 
A perda do ideal
Pode chegar o dia em que achamos que estamos maduros e deixamos de lado as fantasias da infância, seja porque as consideramos realizadas, seja por termos desistido dos nossos sonhos. A vida então passará a ser uma tarde de domingo, sem nos pedir esforço, sem desafios, sem nos exigir nada mais do que temos a mão, sem desejos nem sofrimentos, mas sem a alegria de um resultado conseguido com sacrifício. Numa fase assim (que nunca chegue), estaremos em paz comparável ao Nirvana dos hindus. Nos consideraremos em paz, mas, no íntimo de nosso coração, sabemos que a renuncia à luta por nossos sonhos nos deixa prontos para a morte; que no fundo não queremos o Nirvana , mas sim o Walhala, o bom combate e não o vazio da alma. Que almejamos a paz, mas quem sabe, como na oração dos paraquedistas gostamos mesmo é da insegurança e da inquietação, da luta e da tormenta. Pelo menos alguns de nós precisam de um Santo Graal para viverem felizes. 
Nem todos pensam assim. Vejo com tristeza muitos queridos amigos, gente boa, querer ir embora para o exterior, querer desistir do nosso País. Ledo engano. Pode ser até que encontrem coisa melhor, mas certamente encontrarão mesmo é a saudade. Lhes faltará um motivo para lutar. Faltará um toque de clarim, um rufar de tambores, um camarada ao lado e uma bandeira verde-amarela desfraldada.
Que voltem logo. Sempre estaremos esperando de braços abertos.
 
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Gelio Fregapani
 
 
Adendo
    
   
 
 
 
 
Wikileaks revela gravíssima sabotagem dos EUA contra Brasil
 Recebido de um irmão de armas, pela internet
Telegramas revelam intenções de veto e ações dos EUA contra o desenvolvimento tecnológico brasileiro com interesses de diversos agentes que ocupam ou ocuparam o poder em ambos os países
 
 
Os telegramas da diplomacia dos EUA revelados pelo Wikileaks revelaram que a Casa Branca toma ações concretas para impedir, dificultar e sabotar o desenvolvimento tecnológico brasileiro em duas áreas estratégicas: energia nuclear e tecnologia espacial. Em ambos os casos, observa-se o papel anti-nacional da grande mídia brasileira, bem como escancara-se, também sem surpresa, a função desempenhada pelo ex-presidente Fernando Henrique Cardoso, colhido em uma exuberante sintonia com os interesses estratégicos do Departamento de Estado dos EUA, ao tempo em que exibe problemática posição em relação à independência tecnológica brasileira. Segue o artigo do jornalista Beto Almeida.
O primeiro dos telegramas divulgados, datado de 2009, conta que o governo dos EUA pressionou autoridades ucranianas para emperrar o desenvolvimento do projeto conjunto Brasil-Ucrânia de implantação da plataforma de lançamento dos foguetes Cyclone-4 – de fabricação ucraniana – no Centro de Lançamentos de Alcântara , no Maranhão.
 Veto imperial
O telegrama do diplomata americano no Brasil, Clifford Sobel, enviado aos EUA em fevereiro daquele ano, relata que os representantes ucranianos, através de sua embaixada no Brasil, fizeram gestões para que o governo americano revisse a posição de boicote ao uso de Alcântara para o lançamento de qualquer satélite fabricado nos EUA. A resposta americana foi clara. A missão em Brasília deveria comunicar ao embaixador ucraniano, Volodymyr Lakomov, que os EUA “não quer” nenhuma transferência de tecnologia espacial para o Brasil.
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“Queremos lembrar às autoridades ucranianas que os EUA não se opõem ao estabelecimento de uma plataforma de lançamentos em Alcântara, contanto que tal atividade não resulte na transferência de tecnologias de foguetes ao Brasil”, diz um trecho do telegrama.
Em outra parte do documento, o representante americano é ainda mais explícito com Lokomov: “Embora os EUA estejam preparados para apoiar o projeto conjunto ucraniano-brasileiro, uma vez que o TSA (acordo de salvaguardas Brasil-EUA) entre em vigor, não apoiamos o programa nativo dos veículos de lançamento espacial do Brasil”.
 
 Guinada na política externa
O Acordo de Salvaguardas Brasil-EUA (TSA) foi firmado em 2000 por Fernando Henrique Cardoso, mas foi rejeitado pelo Senado Brasileiro após a chegada de Lula ao Planalto e a guinada registrada na política externa brasileira, a mesma que muito contribuiu para enterrar a ALCA. Na sua rejeição o parlamento brasileiro considerou que seus termos constituíam uma “afronta à Soberania Nacional”. Pelo documento, o Brasil cederia áreas de Alcântara para uso exclusivo dos EUA sem permitir nenhum acesso de brasileiros. Além da ocupação da área e da proibição de qualquer engenheiro ou técnico brasileiro nas áreas de lançamento, o tratado previa inspeções americanas à base sem aviso prévio.
Os telegramas diplomáticos divulgados pelo Wikileaks falam do veto norte-americano ao desenvolvimento de tecnologia brasileira para foguetes, bem como indicam a cândida esperança mantida ainda pela Casa Branca, de que o TSA seja, finalmente, implementado como pretendia o ex-presidente Fernando Henrique Cardoso. Mas, não apenas a Casa Branca e o antigo mandatário esforçaram-se pela grave limitação do Programa Espacial Brasileiro, pois neste esforço algumas ONGs, normalmente financiadas por programas internacionais dirigidos por mentalidade colonizadora, atuaram para travar o indispensável salto tecnológico brasileiro para entrar no seleto e fechadíssimo clube dos países com capacidade para a exploração econômica do espaço sideral e para o lançamento de satélites. Junte-se a eles, a mídia nacional que não destacou a gravíssima confissão de sabotagem norte-americana contra o Brasil, provavelmente porque tal atitude contraria sua linha editorial historicamente refratária aos esforços nacionais para a conquista de independência tecnológica, em qualquer área que seja. Especialmente naquelas em que mais desagradam as metrópoles.
 
Bomba! Bomba!
O outro telegrama da diplomacia norte-americana divulgado pelo Wikileaks e que também revela intenções de veto e ações contra o desenvolvimento tecnológico brasileiro veio a tona de forma torta pela Revista Veja, e fala da preocupação gringa sobre o trabalho de um físico brasileiro, o cearense Dalton Girão Barroso, do Instituto Militar de Engenharia, do Exército. Giráo publicou um livro com simulações por ele mesmo desenvolvidas, que teriam decifrado os mecanismos da mais potente bomba nuclear dos EUA, a W87, cuja tecnologia é guardada a 7 chaves.
A primeira suspeita revelada nos telegramas diplomáticos era de espionagem. E também, face à precisão dos cálculos de Girão, de que haveria no Brasil um programa nuclear secreto, contrariando, segundo a ótica dos EUA, endossada pela revista, o Tratado de Não Proliferação de Armas Nucleares, firmado pelo Brasil em 1998, Tal como o Acordo de Salvaguardas Brasil-EUA, sobre o uso da Base de Alcântara, o TNP foi firmado por Fernando Henrique. Baseado apenas em uma imperial desconfiança de que as fórmulas usadas pelo cientista brasileiro poderiam ser utilizadas por terroristas , os EUA, pressionaram a Agência Internacional de Energia Atômica (AIEA) que exigiu explicações do governo Brasil , chegando mesmo a propor o recolhimento-censura do livro “A física dos explosivos nucleares”. Exigência considerada pelas autoridades militares brasileiras como “intromissão indevida da AIEA em atividades acadêmicas de uma instituição subordinada ao Exército Brasileiro”.
Como é conhecido, o Ministro da Defesa, Nelson Jobim, vocalizando posição do setor militar contrária a ingerências indevidas, opõe-se a assinatura do protocolo adicional do Tratado de Não Proliferação de Armas Nucleares, que daria à AIEA, controlada pelas potências nucleares, o direito de acesso irrestrito às instalações nucleares brasileiras. Acesso que não permitem às suas próprias instalações, mesmo sendo claro o descumprimento, há anos, de uma meta central do TNP, que não determina apenas a não proliferação, mas também o desarmamento nuclear dos países que estão armados, o que não está ocorrendo.
 
Desarmamento unilateral
A revista publica providencial declaração do físico José Goldemberg, obviamente, em sustentação à sua linha editorial de desarmamento unilateral e de renúncia ao desenvolvimento tecnológico nuclear soberano, tal como vem sendo alcançado por outros países, entre eles Israel, jamais alvo de sanções por parte da AIEA ou da ONU, como se faz contra o Irã. Segundo Goldemberg, que já foi secretário de ciência e tecnologia, é quase impossível que o Brasil não tenha em andamento algum projeto que poderia ser facilmente direcionado para a produção de uma bomba atômica. Tudo o que os EUA querem ouvir para reforçar a linha de vetos e constrangimentos tecnológicos ao Brasil, como mostram os telegramas divulgados pelo Wikileaks. Por outro lado, tudo o que os EUA querem esconder do mundo é a proposta que Mahmud Ajmadinejad , presidente do Irà, apresentou à Assembléia Geral da ONU, para que fosse levada a debate e implementação: “Energia nuclear para todos, armas nucleares para ninguém”. Até agora, rigorosamente sonegada à opinião pública mundial.
 
Intervencionismo crescente
O semanário também publica franca e reveladora declaração do ex-presidente Cardoso : “Não havendo inimigos externos nuclearizados, nem o Brasil pretendendo assumir uma política regional belicosa, para que a bomba?” Com o tesouro energético que possui no fundo do mar, ou na biodiversidade, com os minerais estratégicos abundantes que possui no subsolo e diante do crescimento dos orçamentos bélicos das grandes potências, seguido do intervencionismo imperial em várias partes do mundo, desconhecendo leis ou fronteiras, a declaração do ex-presidente é, digamos, de um candura formidável.
São conhecidas as sintonias entre a política externa da década anterior e a linha editorial da grande mídia em sustentação às diretrizes emanadas pela Casa Branca. Por isso esses pólos midiáticos do unilateralismo em processo de desencanto e crise se encontram tão embaraçados diante da nova política externa brasileira que adquire, a cada dia, forte dose de justeza e razoabilidade quanto mais telegramas da diplomacia imperial como os acima mencionados são divulgados pelo Wikileaks.

Reverência a um Herói da FEB

 O inesquecível general AMADEU MARTIRE foi meu comandante no 12° RI, de Belo Horizonte, quando coronel, nos anos de 1965 a 1967.
   Dele guardo as mais gratas recordações. Foi um exemplo para mim, jovem tenente de então. Íntegro e respeitado, mais exigente consigo mesmo do que com os outros. Era um homem de bem, modesto, muito justo e extremamente humano e generoso, incapaz de fazer mal a quem quer que fosse. Não era um militar de compleição avantajada, de elevada estatura, de voz tonitruante; jamais gritou para a tropa. Caracterizava-se por uma impressionante calma e serenidade com que lidava com as mais diversas situações, pelo inexcedível rigor no cumprimento do dever e pela grande força moral que infundia a seus subordinados. Eu pude comprovar a sua aguda sensibilidade, quando de um exercício conjunto do nosso regimento e da PMMG na região de Itabira, logo em 1965. Ao raiar do dia, por coincidência, passando pela barraca do comandante, ele estava saindo de lá, muito bem fardado e barbeado - aliás, o que era sua “marca” - e eu lhe fiz a continência, dizendo: “Bom dia, comandante! O senhor deve estar se lembrando da Itália!”. Ele, um militar reservado, austero e sisudo, respondeu aos cumprimentos, fez um sinal para que me aproximasse e me deu um forte e prolongado abraço; percebi, então, que lágrimas rolavam de seus olhos. Jamais me esqueci desse comovente episódio! Era muito bem casado com dona Marluce, pessoa boníssima, de lhana educação, bastante simples e muito afável, pelo que era queridíssima por todos.
   Na guerra, o então capitão Martire foi o bravo comandante da 8ª Companhia do III Batalhão do 1° RI - o “Regimento Sampaio”. Tive a oportunidade de pesquisar sobre sua atuação em combate. Em alguns livros referenciais e palavras de seu comandante de batalhão na Força Expedicionária Brasileira, consegui saciar, parcialmente, a minha curiosidade.
   Da obra “A FEB pelo seu Comandante”, do marechal Mascarenhas de Moraes, transcrevo um trecho acerca do terceiro ataque ao Monte Castello (12 de dezembro de 1944), pág 121 em diante: “Também ficara ajustado desencadear de surpresa a operação. Assim, sem preparação de artilharia, os Batalhões dos Majores Franklin e Syzeno (III/1° RI e II/ 1° RI) deveriam ultrapassar a base de partida às seis horas e seis horas e meia, respectivamente... Os aguaceiros, que vinham caindo ultimamente, empaparam o terreno, transformando a área de acesso às bases de partida num imenso lodaçal... Mas no justo momento da partida do Batalhão Franklin, às seis horas, a artilharia americana desencadeou, prematuramente, um bombardeio diversionário sobre Monte Belvedere, quebrando por completo o sigilo operativo”. Na página seguinte, prossegue o marechal: “Não obstante a dificuldade de progressão e a circunstância de permanecerem detidos os elementos vizinhos, à direita e à esquerda, o Batalhão do Major Franklin transpôs a primeira zona da barragem inimiga e se lançou arrojadamente, para o cimo da elevação buscando empolgá-la o quanto antes. Houve mesmo elementos seus que conseguiram aproximar-se muitíssimo da crista do lendário morro, mas não voltaram. Alguns desses bravos companheiros foram encontrados insepultos [em 21 de fevereiro de 1945, quando da conquista do monte, por nossas tropas], bem NO TOPO DO MORRO” (o destaque é meu). Em 1966, o general Franklin Rodrigues de Moraes, em uma visita ao 12° RI, disse aos oficiais do regimento sendo eu um deles, referindo-se ao coronel Martire, palavras, como as seguintes: “Os senhores têm um comandante macho. Foi a Companhia dele que garantiu o êxito do cumprimento da ordem de retraimento do meu batalhão, permanecendo em posição no terreno, sob nutrido fogo inimigo, sendo a última subunidade a regressar à linha de partida”... A propósito, quando de uma reunião de expedicionários, na Cantina Dom Tintilo em São Paulo, no ano de 1973, ouvi o mesmo general Franklin, muito emocionado, declarar que se tivessem permitido, o seu III Batalhão, naquele dia, já teria conquistado Monte Castello.
   No livro “O Brasil na II Grande Guerra”, de autoria do tenente-coronel Manoel Thomaz Castelo Branco, pág. 265, lê-se, a respeito do frustrado ataque a Monte Castello do dia 12 de dezembro de 1944: “Com muito oportunismo e habilidade, conseguiu o III/1° RI ultrapassar o II/1°RI, antes que as barragens de artilharia e morteiros o detivesse, galgando, desassombradamente, as encostas do Monte Castello, numa soberba e magnífica demonstração de virilidade e de elevado espírito de sacrifício”.
Ainda, nessas breves considerações, invoco o testemunho do general Walter de Menezes Paes, que, quando capitão, foi o oficial de operações do III/1°RI. Em seu livro “Lenda Azul”, referente à participação na guerra do glorioso “Batalhão Franklin”, afirmou, à pág. 6: “O capitão Amadeu Martire, outro excelente companheiro, muito eficiente no comando de sua Companhia, correto e justo, sereno e valoroso em combate, inteligente e capaz, líder verdadeiro, que conduziu com acerto, firmeza e eficiência a sua subunidade”.
   Procurei acompanhar a carreira desse oficial, durante todo o tempo, sempre recebendo as melhores notícias acerca do grande ser humano, de caráter irretocável.
   Era assim, o heroico general Amadeu Martire, ínclito oficial que tantos e tamanhos serviços prestou ao Brasil, na paz e na guerra! Não apenas por tudo o que foi anterior e perfunctoriamente expendido, este lendário oficial do Exército merece a melhor das reverências de todos os brasileiros!
   Mas, por desgraça, ele foi injuriado, pelo menos de forma irresponsável, pela Comissão Nacional da Verdade, que arrolou o seu augusto nome na nominata contida no revanchista e unilateral relatório que foi tornado público, em 10 de dezembro de 2014. Jamais qualquer pessoa pode ter levantado, em algum tempo, uma suspeita sobre a participação ou omissão do oficial do Exército Amadeu Martire em, possível, caso de afronta aos direitos humanos.
   O Tribunal da História há de fazer Justiça - que é a primeira das virtudes, segundo São Paulo Apóstolo - reabilitando para sempre a impoluta memória de meu ex-comandante e de tantos outros honorabilíssimos militares de nossas FFAA, que também foram vilipendiados, sem oportunidade de defesa, inclusive os já falecidos, como esse saudoso general. É o que esperamos: o autor dessas incompletas achegas históricas e a família do notável general AMADEU MARTIRE.

    Coronel Reformado, de Infantaria e Estado-Maior, Manoel Soriano Neto – Historiador Militar.

Empresas não têm plano B para racionamento de água e energia

As empresas de São Paulo e Rio de Janeiro, Estados responsáveis por mais de 40% da economia do país, se preparam para um ano de produção reduzida e custos elevados diante da dupla crise de abastecimento à espreita.

Empresários e economistas antecipam prejuízos caso o cenário de falta de água e energia se concretize. Para a maior parte das companhias, não há "plano B" suficiente.

"A água é bomba estourada, o problema já existe. Há uma chance enorme de a crise da energia chegar. A mistura das duas cria um clima de muita intranquilidade", diz Paulo Skaf, presidente da Fiesp (Federação das Indústrias do Estado de São Paulo).

Para analistas, a economia será gravemente impactada se o racionamento vier –seja ele qual for. O banco Credit Suisse calcula que a restrição de energia tire pelo menos um ponto percentual do PIB (Produto Interno Bruto) –uma queda de 0,5% viraria uma recessão de 1,5%.

A conta prevê corte de 10% da energia por um ano. Em 2001, o governo impôs redução de 20% por sete meses.

A Gradual Investimentos estima que o racionamento de água em São Paulo tire outro ponto do PIB, com o aumento de custos e a possível paralisação de atividades.

Os sinais de que uma dupla crise se avizinha vêm do próprio governo.

Nos últimos dias, o ministro de Minas e Energia, Eduardo Braga, admitiu que o país pode passar por racionamento de energia, a agência responsável pela gestão de recursos hídricos avisou que poderá reduzir a captação de indústrias em São Paulo e o governador do Rio de Janeiro, Luiz Fernando Pezão, afirmou que serão as empresas as primeiras penalizadas caso falte água no Estado.

A indústria química Rhodia, que possui cinco fábricas em São Paulo, teme os efeitos da falta de chuvas. A empresa investiu em equipamentos para aumentar o nível de reúso de água em sua planta em Paulínia, que produz matéria-prima para outras unidades do grupo.

Lá, a água do rio é usada para resfriar o maquinário. Sem fluxo, não há como operar. Apesar do investimento, a empresa não está imune à crise caso ela seja drástica.

"Se ficarmos um mês sem captar do rio, será impossível administrar com recursos internos. Teremos de usar outros artifícios, como reduzir o ritmo de produção", afirma Francisco Ferraroli, presidente da Rhodia Fibras.

A companhia, que pertence à multinacional belga Solvay, já alertou às filiais da Alemanha e da Espanha que, caso haja interrupções no fornecimento de água, será preciso importar insumos. Se o racionamento de energia vier, não há alternativa senão parar. "Nossa geração a gás não é suficiente. A preocupação é grande", diz Ferraroli.

 Editoria de arte/Folhapress 
O setor siderúrgico, intensivo em água e energia, está em estado de alerta. A CSA, no Rio, teve de investir num novo jogo de bombas e tubos para aumentar a captação de água do rio Guandu, que abastece a usina.

Com nível abaixo do normal, o rio tem permitido que a água do mar invada seu leito. Hoje, a empresa tem uma janela de somente oito horas por dia para captar o máximo que conseguir de água doce.

A empresa terá de investir pelo menos R$ 15 milhões para buscar água três quilômetros rio acima, num ponto que a água salina não chega.

Metade das empresas do Estado que responderam à pesquisa da Firjan (Federação das Indústria do Rio de Janeiro) afirmam que já tiveram aumento de custos pelo problema de abastecimento.

INSUMO BÁSICO

A pressão também vem do consumo elétrico. O preço no mercado livre de energia em janeiro é o maior desde 2001, ano do racionamento. E a previsão do Banco Central é que as tarifas sejam reajustadas em 28% ao longo do ano.

Indústrias como a de alumínio, em que a energia elétrica é matéria-prima, já sofrem com o preço alto e avaliam que o efeito de um racionamento será devastador.

A redução na produção será, no melhor dos cenários, igual ao corte imposto pelo governo, segundo o setor. "Não tem para onde correr. É desanimador", afirma Milton Rego, presidente da Abal, que representa o setor.

Entre o fabricantes de produtos eletrônicos, a busca por geradores cresce. "Mas não é que você vai por o gerador e passar como se nada tivesse acontecido", afirma o presidente da Associação Brasileira da Indústria Elétrica e Eletrônica) Humberto Barbato.

"Neste ano, infelizmente, vamos ter mais problemas para solucionar do que negócios para fazer."


Fonte: Folha Online - 01/02/2015 e Endividado


Receita vai apertar o cerco contra encomendas em sites no exterior

Produtos mais baratos e frete grátis costumam ser atrativos para brasileiros que compram em sites no exterior. O que muita gente não sabe, no entanto, é que a conta pode aumentar com a incidência de tributos.

Muitos dos compradores são atraídos pela suposta isenção de impostos para produtos que custem até US$ 50. A condição, porém, só é válida para remessas de pessoa física para pessoa física.

Quando o envio é realizado por uma loja hospedada em um site estrangeiro, essa isenção cai por terra.

Mas esses consumidores só descobrem isso quando o item chega ao Brasil e fica retido nos Correios ou em outro serviço de entrega. Para liberar o produto, precisam pagar o II (Imposto de Importação), de 60% sobre o valor da fatura, e até ICMS, cuja alíquota varia por Estado.

"A gente acha que paga só na compra e venda de mercadorias no Brasil, mas o ICMS também incide na importação de um bem", diz Eduardo Sabbag, advogado especializado em direito tributário.

Foi o que descobriu o analista de infraestrutura Jefferson José da Silva, 31, ao comprar, no site Mini in the Box, um fone de ouvido para seu celular. Pagou R$ 68 pelo aparelho. Ao retirar nos Correios, foi surpreendido pela cobrança extra de R$ 63. Sem o pagamento, não levaria o fone para casa. "Achei caro. Não compro mais. Agora, só nos sites brasileiros", afirma.

 Editoria de arte/Folhapress 
REGRAS

A maioria dos produtos comprados em sites estrangeiros está sujeita a tributação. Pessoas físicas que recebam encomendas no valor até US$ 500 são obrigadas a pagar II de 60%, além de ICMS e uma taxa que os Correios chamam de despacho postal, de R$ 12.

Se o valor estiver acima de US$ 500 e até US$ 3.000, Imposto de Importação e ICMS permanecem os mesmos. O que muda é a taxa de despacho aduaneiro, que sobe para R$ 150 nos Correios.

Livros, jornais, periódicos e o papel destinado a sua impressão contam com a chamada imunidade tributária, ou seja, não podem sofrer cobrança de tributos. Medicamentos têm alíquota zero de II, desde que cumpram as exigências da Anvisa (agência de vigilância sanitária).

FISCALIZAÇÃO

Apesar de isentas do II, as remessas de pessoa física para física até US$ 50 são sujeitas a fiscalização pelo fisco, diz Ana Cláudia Utumi, sócia responsável pela área tributária do escritório TozziniFreire Advogados.

"Toda importação é sujeita a inspeção, inclusive física. Se um amigo que mora fora enviar livros e CDs, mas só colocar na descrição da remessa ′livros′ e a Receita pegar, a pessoa pode até perder a mercadoria. Pode ser encarado como contrabando."

Geralmente essa fiscalização é feita por amostragem, ou seja, a Receita seleciona as encomendas dentro de uma amostra. Mas o cerco tende a se fechar no segundo semestre. Isso porque a Receita e os Correios estão trabalhando em dois sistemas –um do fisco e outro do serviço postal– que se comunicam entre si, para aumentar a fiscalização das remessas que chegam do exterior.

No ano passado, o número de remessas postais vindas do exterior cresceu 3,7%, para 21,6 milhões, segundo a Receita. De 2012 a 2013, a expansão havia sido de 44%.

FIQUE ATENTO

O administrador Mauro Sérgio de Almeida, 45, já está com a lista de compras fechada para sua viagem a Orlando (EUA), a primeira que fará para o exterior. "Quero comprar uma máquina que corta papel e custa US$ 270 [R$ 720]. Aqui, o valor passa de R$ 1.000", afirma.

O paulistano também pretende adquirir roupas e material escolar para os filhos. Mas precisa tomar cuidado com o limite de isenção estipulado pela Receita para quem entra no país via aérea, de US$ 500.

Essa cota inclui os chamados bens de uso pessoal, desde que sejam conceituados como bagagem, diz Marcelo Gustavo Silva Siqueira, advogado do escritório Siqueira Castro Advogados.

"Se você comprou algo fora e usou na viagem, será encarado como bagagem acompanhada. Mas tem de haver bom senso. Não adianta trazer duas malas de roupas após ficar uma semana em um lugar e dizer que é para uso pessoal. A Receita pode barrar."

A recomendação vale para gestantes que pensam em fazer o enxoval da criança e também para noivas que querem aproveitar as promoções de vestidos no exterior.

Se a cota de US$ 500 é extrapolada, são cobrados 50% do valor que a excede. Se não houver a declaração, mais 50% são cobrados de multa se a pessoa for pega.

 Editoria de Arte/Folhapress 
Fonte: Folha Online - 02/02/2015 e Endividado