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sexta-feira, 12 de junho de 2015

Muita fala, pouca ação, por Taline Oppitz

O 5º Congresso Nacional do PT, que teve início ontem, em Salvador, em meio a maior crise de sua história, além de discursos inflamados (para sinalizar diferenças entre partido e governo), pode até avançar em alguns pontos reivindicados nas teses de tendências internas, mas há indicativos de os que esperam por guinada mais brusca e significativa em posturas do próprio PT e do Planalto acabarão frustrados. Um exemplo é o movimento deflagrado na véspera do encontro, pela Construindo um Novo Brasil (CNB), que tem maioria no diretório nacional, de necessidade de manutenção das doações privadas. O argumento, sustentado também pelo presidente nacional Rui Falcão, é de que o PT não terá como quitar suas dívidas, principalmente das últimas eleições, sem o auxílio de dinheiro de empresas. Apenas em São Paulo, o débito seria superior a R$ 55 milhões. A CNB era chamada de Campo Majoritário, integrada por José Dirceu, e mudou de nome após o escândalo do mensalão. O fim das doações privadas, bandeira antiga, vinha sendo defendida com mais ênfase como tentativa de reagir à crise política. Além de questões práticas, como as verbas de empresas – que confrontam discurso e prática petistas -, um resultado efetivo do congresso também está ameaçado por questão mais simples: a incapacidade de ala majoritária dos próprios petistas em realizar verdadeiramente a autocrítica e reconhecer erros cometidos desde a chegada ao poder, há 13 anos. Caso líderes sigam colocando o PT no papel de vítima e terceirizando suas responsabilidades, ficarão incapacitados de fazer a avaliação precisa e, obviamente, de traçar a reação necessária.

Olívio: PT caiu em vala comum

Em entrevista ao programa “esfera Pública”, da Rádio Guaíba, Olívio Dutra – um dos petistas mais coerentes – afirmou que o PT precisa recuperar sua integridade, pois “caiu em uma vala comum, com os partidos tradicionais, que usam a coisa pública para os próprios interesses”. Olívio mencionou ainda o pragmatismo do partido e a aproximação com o neoliberalismo.

Para inglês ver

A reforma política aprovada até agora pela Câmara dos Deputados -que espera entrar em vigência ainda precisa de nova votação na Casa e aval do Senado – não atinge interesses partidário se de parlamentares, tampouco corrige distorções ou garante a moralização do processo, o que ocorreria, em parte, com o fm das coligações, nas proporcionais e do financiamento privado.



Fonte: Correio do Povo, página 3 de 12 de junho de 2015.