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domingo, 22 de novembro de 2015

A preservação de um símbolo, por Rodrigo Lorenzoni

O cavalo é o animal-símbolo do Rio Grande do Sul. Sua figura altiva e forte é retratada ao lado do gaúcho desde os primeiros registros realizados nos pampas. Essa relação tão próxima justifica o medo que vem sendo observado ao Estado por causa do mormo. A doença, até então pouco conhecida, do grande público, está na boca de todos. Querem saber onde está a enfermidade, como é transmitida, se há perigo, se pode pegar.
Claro que pode. Como zoonose, o mormo ´pode ser transmitido dos cavalos para seres humanos e outras espécies como cães e gatos. Mas o que pressa faz passar batido é que a transmissão da doença de um equino ara o humano ocorre em situações bastante específicas. A bactéria que provoca a enfermidade é muito poderosa dentro do organismo de cavalo. Fora dele, no ar e em superfícies de contato, e de fácil combate.
Mas não é só porque a transmissão é menos frequente em humanos que podemos relaxar. O grande temor provocado pela doença é a alta capacidade de contágio entre cavalos. O mormo não tem tratamento nem cura e a recomendação das autoridades é a eutanásia do animal infectado. Quem quer perder um patrimônio, um amigo e companheiro, um elemento de trabalho na propriedade? Não podemos correr esse risco.
Até o episódio de Rolante, o Rio Grande do Sul era área livre de mormo. Por isso, não havia necessidade de realização de exames para o trânsito de animais. Uma vez registrada, é preciso aumentar a vigilância e manter os olhos bem abertos, seguindo as recomendações do serviço oficial. A guia de trânsito só deve ser emitida acompanhada do laudo negativo. Quem possui um cavalo e preza a vida do seu animal deve realizar o exame sem objeções – ou então deixa o animal na propriedade. A regra é clara e tem como objetivo a sanidade do plantel equino gaúcho e da sociedade como um todo.
As lideranças de localidades que cancelaram os desfiles optaram por uma solução mais segura. Mas isso não quer dizer que os locais onde as cavalgadas estão mantidas sejam uma porta para a doença. Entretanto é preciso que cada um seja responsável e fiscalize o que fazem seus companheiros. Se em um evento com mil cavalos apenas um estiver contaminado, a situação pode ficar muito grave. Somos parceiros e apoiamos as medidas implementadas para o controle e o combate à doença. Só com vigilância e responsabilidade compartilhada poderemos superar este lamentável episódio e preservar a vida de muitos equinos no Rio Grande do Sul.

Presidente do Conselho Regional de Medicina Veterinária/RS



Fonte: Correio do Povo, edição de 30 de agosto de 2015, página 2.