O
cavalo é o animal-símbolo do Rio Grande do Sul. Sua figura altiva e
forte é retratada ao lado do gaúcho desde os primeiros registros
realizados nos pampas. Essa relação tão próxima justifica o medo
que vem sendo observado ao Estado por causa do mormo. A doença, até
então pouco conhecida, do grande público, está na boca de todos.
Querem saber onde está a enfermidade, como é transmitida, se há
perigo, se pode pegar.
Claro que pode. Como zoonose, o mormo
´pode ser transmitido dos cavalos para seres humanos e outras
espécies como cães e gatos. Mas o que pressa faz passar batido é
que a transmissão da doença de um equino ara o humano ocorre em
situações bastante específicas. A bactéria que provoca a
enfermidade é muito poderosa dentro do organismo de cavalo. Fora
dele, no ar e em superfícies de contato, e de fácil combate.
Mas não é só porque a transmissão
é menos frequente em humanos que podemos relaxar. O grande temor
provocado pela doença é a alta capacidade de contágio entre
cavalos. O mormo não tem tratamento nem cura e a recomendação das
autoridades é a eutanásia do animal infectado. Quem quer perder um
patrimônio, um amigo e companheiro, um elemento de trabalho na
propriedade? Não podemos correr esse risco.
Até o episódio de Rolante, o Rio
Grande do Sul era área livre de mormo. Por isso, não havia
necessidade de realização de exames para o trânsito de animais.
Uma vez registrada, é preciso aumentar a vigilância e manter os
olhos bem abertos, seguindo as recomendações do serviço oficial. A
guia de trânsito só deve ser emitida acompanhada do laudo negativo.
Quem possui um cavalo e preza a vida do seu animal deve realizar o
exame sem objeções – ou então deixa o animal na propriedade. A
regra é clara e tem como objetivo a sanidade do plantel equino
gaúcho e da sociedade como um todo.
As lideranças de localidades que
cancelaram os desfiles optaram por uma solução mais segura. Mas
isso não quer dizer que os locais onde as cavalgadas estão mantidas
sejam uma porta para a doença. Entretanto é preciso que cada um
seja responsável e fiscalize o que fazem seus companheiros. Se em um
evento com mil cavalos apenas um estiver contaminado, a situação
pode ficar muito grave. Somos parceiros e apoiamos as medidas
implementadas para o controle e o combate à doença. Só com
vigilância e responsabilidade compartilhada poderemos superar este
lamentável episódio e preservar a vida de muitos equinos no Rio
Grande do Sul.
Presidente do Conselho Regional de
Medicina Veterinária/RS
Fonte: Correio do Povo, edição de 30
de agosto de 2015, página 2.