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sábado, 19 de setembro de 2015

As façanhas que desafiam o nosso futuro, por Miguel Rossetto

Datas comemorativas servem, entre outras coisas, para cultivar a memória e também pensar o presente e o futuro. O 20 de Setembro, que marca o início da Revolução Farroupilha em 1835, é uma oportunidade para fazer uma reflexão sobre a atual situação do Rio Grande do Sul e pensar sobre o futuro. Mais do que meramente celebrar um passado idílico, esse exercício de reflexão desafia a nossa imaginação a projetar possíveis novos caminhos. Mergulhado em uma crise financeira estrutural que se arrasta há décadas, o nosso estado vive um período de incertezas. Estamos condenados a permanecer eternamente acorrentados a essa situação? A ousadia, que marca diversos momentos da nossa história, indica que não.
O potencial de desenvolvimento do Rio Grande do Sul é enorme. Temos estruturas produtivas e tecnológicas e um povo com conhecimento e um experiência acumulada de capazes de impulsionar um salto na nossa capacidade de produção e de desenvolvimento social, por conta de sua imensa capacidade de trabalho e de inovação. Essa é a nossa principal riqueza estratégica.
O espírito republicano que embalou o processo de modernização do Estado no início do século XX foi exemplo para todo o país. A realidade histórica é outra, os problemas e possíveis soluções também. Cada tempo tem o seu desafio. Mas sempre é bom relembrar quais são os valores mais caros a essa tradição que remonta à Revolução Francesa e que seguem atuais. A ideia moderna da República traz como uma de suas marcas de batismo os princípios da liberdade, da igualdade e da fraternidade. Precisamos avançar muito para que esses princípios sejam traduzidos em práticas sociais e políticas públicas mais permanentes no Estado, no país e no mundo. Mas eles seguem aí, a iluminar o nosso caminho em períodos de incerteza e insegurança.
Não há receita mágica para superar a crise atual do Estado, mas a nossa memória republicana nos informa algumas coisas. A crise não será superada com menos democracia e menos igualdade, mas com mais democracia e mais igualdade. Tampouco será superada desvalorizando os nossos melhores talentos e capacidades na economia, na cultura e na vida social. E também não será superada sem desafiarmos a nossa imaginação, sem termos a ousadia de desbravar novos caminhos quando parece que estamos num beco sem saída. Isso já foi feito antes na história, na nossa inclusive. E a história serve não para nos aprisionar a passados mais ou menos míticos, mas sim para provocar o nosso pensamento a refletir sobre o presente e projetar um futuro melhor, mais criativo, ousado e justo.


Ministro da Secretaria-Geral da Presidência da República



Fonte: Correio do Povo, página 2 da edição de 19 de setembro de 2015.