Leonel
Brizola é o político que tem faltado ao Brasil. A ausência do
líder pedetista é ainda mais sentida nos tempos atuais, justamente
quando o governo vem impondo em nome de ajuste fiscal, a retirada de
direitos trabalhistas, uma bandeira tão cara ao PDT.
O homem
que governou dois estados (Rio Grande do Sul e Rio de Janeiro) era um
verdadeiro estadista, que jamais compactuou com falsidades e
conchavos políticos espúrios. Notabilizou-se pela resistência no
regime militar e pela Campanha da Legalidade, uma grande ação de
cidadania ao conectar emissoras de rádio, em todo o país. Por meio
dela, de microfone em punho, Brizola garantiu a posse de outro
trabalhistas histórico, o presidente João Goulart.
A minha
admiração por Brizola é um pouco sentimental. Meu pai, o mecânico
de locomotivas Antônio Pereira Martins, era um brizolista fervoroso.
Hoje, tenho orgulho de ser o primeiro senador gaúcho a ser eleito
pelo PDT nos 35 anos de existência do partido criado por Brizola,
após lhe terem negado a legenda do PTB com a redemocratização do
país, fato que o levou às lágrimas em público.
Passados
11 anos de sua morte, não é só a luta contra o regime que deve ser
lembrada, mas também a atenção que Brizola destinava à educação
com a criação, primeiro das brizoletas, pequenas escolas de ensino
primário, e dos Cieps, escolas de tempo integral, dotadas de toda a
infraestrutura para o aprendizado.
É de
outro trabalhista gaúcho, o ex-deputado Vieira da Cunha, a autoria
da maior homenagem que este Congresso pode fazer à memória de
Brizola. Já aprovado pela Câmara e em tramitação no Senado, onde
já passou na Comissão de Educação, o projeto inclui o nome de
Brizola no “Livro dos Heróis da Pátria”, também conhecido como
“Livro de Aço”, ao lado de personalidades como Tiradentes e
Santos Dumont.
Neste
dia 21, mais uma vez sua sepultura será caminho de grande romaria de
seus admiradores e seguidores, justas homenagens a servir de
inspiração, não apenas aos trabalhistas, mas a todos os
brasileiros.
Brizola,
repito, faz falta. Deixou lições de amor e respeito à República.
Durante toda a vida, manteve-se fiel à bandeira do trabalhismo e à
construção de um Brasil que fizesse jus ao seu povo. Afinal, é
fundamental que o PDT siga sempre seu exemplo. Sempre altivo, ético
e independente como Brizola.
Fonte:
Correio do Povo, da edição de 18 de junho de 2015, página 2.