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domingo, 28 de junho de 2015

Empresas rurais familiares: conflitos e soluções, por Cilotér Borges Iribarrem

O que é mais difícil: administrar uma empresa rural com êxito ou manter a harmonia em sua família? Difícil saber. Mas há algo ainda mais complicado: irmãos administrando uma empresa familiar. São sentimentos e discórdias misturados com balancetes e negociações. É pouco provável que dessa relação não surjam embates, pois envolve áreas problemáticas. De um lado, há uma relação com carga emocional de uma vida inteira; do outro, uma rotina pautada pela razão, por números e resultados.
O primeiro aspecto a se levar em conta é que, de uma forma ou de outra, contratempos surgirão. O âmbito empresarial no agronegócio é muito dinâmico. Com tantas responsabilidades, é natural que sócios ( e mesmo demais funcionários) se confrontem.
Agora, imaginemos as tensões profissionais no meio familiar, em uma atmosfera em que aquele respeito orientado pelas regras do mercado dá lugar à informalidade de quem se conhece desde pequeno. Pois os irmãos sócios estão justamente nesse contexto, permeando de conflitos racionais, naturais (em função das atribuições empresariais), com a agravante de elementos emocionais. Em primeiro lugar, é fundamental ter clareza sobre a origem dessa sociedade. São sócios porque têm afinidades ou por uma questão sucessória? No primeiro caso, temos uma escolha: no segundo, uma contingência. E é aí que pode estar a origem de seus problemas.
Na segunda geração de direção, o aspecto emocional costuma prevalecer sobre o jurídico, diferentemente do que ocorre na terceira geração. Dessa forma, irmãos são mais irmãos que sócios – e primos são mais sócios que primos. Portanto, é indispensável que as ferramentas de governança corporativa sejam estabelecidas levando-se em consideração as particularidades dessa associação.
Com isso esclarecido, pode-se partir à profissionalização da administração dos negócios no campo, no sentido de orientar as análises e decisões à objetividade, minimizando impulsos. Assim, com regras claras, respeito ao organograma e comunicação franca mas respeitosa, caminha-se rumo ao controle emocional e à evolução racional.

Consultor em Governança e Sucessão Familiar em Empresas Rurais


Fonte: Correio do Povo, da edição de 13 de junho de 2015, página 2.