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quarta-feira, 24 de fevereiro de 2016

Meta para implantação de 5G no Brasil é 2020, diz ministro

por BRUNO SCATENA



O ministro das Comunicações, André Figueiredo (PDT), disse nesta terça-feira (23) que o país tem como objetivo implantar o padrão 5G de telefonia móvel até 2020, que, espera-se pode superar em 20 vezes a velocidade de conexão móvel em relação ao 4G.

"É um ano em que todos os países estão apostando", disse ele depois de assinar um acordo de cooperação com a União Europeia para o desenvolvimento da tecnologia. "Isso não significa que ferramentas 5G estejam operativas apenas em 2020. É uma evolução até que estejam prontas comercialmente para a população."

O memorando, assinado em Barcelona durante o Mobile World Congress, um dos principais eventos do setor móvel do mundo, prevê a cooperação na padronização da tecnologia e na pesquisa acadêmica e privada. Mas ainda não se fala em investimentos financeiros: "Talvez em um segundo momento", disse o ministro. "O importante agora é fazer com que acordos feitos com Japão, China, e outros países, sejam feitos aqui, para que o Brasil possa participar da discussão."

Há em Barcelona quem tenha mais pressa, no entanto. Em anúncio à imprensa, o diretor-executivo da Nokia, Rajeev Suri, disse que hoje em dia as pessoas sabem melhor o que querem do que quando houve a transição do 3G para o 4G. Portanto, a demanda é muito grande para esperar até 2020. Para ele, haverá produtos 5G no mercado tão cedo quanto 2017 ou 2018.

"Existe uma expectativa talvez até mais positiva que a brasileira. Falei com empresas e operadoras e todas elas estão dizendo que 2016 é um ano em que vão investir bem mais que em 2015", disse o ministro Figueiredo. "A própria presidente Dilma tem dito: 2015 foi um ano difícil, mas esse se propõe a ser a retomada do desenvolvimento. E a área de telecomunicações é indispensável para que a economia volte a se desenvolver."

Questionado sobre se haveria dificuldade em balancear a implantação de um novo padrão enquanto os antecessores enfrentam problemas –as operadoras de telefonia móvel formam a indústria com maior número de reclamações no Brasil, segundo dados reunidos nos Procons de todo o país em 2014–, o ministro afirmou que não se deve esperar para a solução de tecnologias antigas para desenvolver uma nova. "A implantação 5G não entra em conflito com os outros [padrões]. Nós estamos melhorando o 4G também, com a frequência de 700 Mhz, por exemplo".

A frequência, leiloada pela Anatel em 2014, é mais baixa que a atualmente usada no país, entre 2,5 Ghz e 2,69 Ghz, e tem maior poder de penetração, o que exigira das operadoras menos investimentos em antenas e outros tipos de infraestrutura.

Mesmo assim, apenas quatro dos seis lotes disponíveis para expansão do 4G no Brasil foram arrematados então, com ágios sobre o lance mínimo aquém dos esperados. O governo federal previa arrecadação de R$ 7,7 bilhões. Ficou com R$ 4,9 bilhões.
Fonte: Folha Online - 23/02/2016 e Endividado

Hipoteca de imóvel não invalida obtenção de usucapião


A hipoteca de imóvel não inviabiliza pedido de usucapião extraordinário feito por terceiro. Por unanimidade, a Terceira Turma do Superior Tribunal de Justiça (STJ) aceitou o REsp 1.253.767 e reestabeleceu a sentença de primeiro grau, que reconheceu o direito de um cidadão registrar em seu nome imóvel onde ele residiu por mais de 20 anos ininterruptos.

No caso citado, a discussão era sobre a validade dos pré-requisitos para a declaração de usucapião do imóvel. Nesse meio tempo, os herdeiros financiaram o imóvel e pleiteavam que esse fator interrompesse o prazo de 20 anos de posse ininterrupta sem contestação necessário para o pleito de usucapião.

Posse mansa

Os ministros entenderam também que a promessa feita ao morador pelo pai dos atuais herdeiros de que o imóvel seria doado ao morador caracteriza a condição de posse mansa (quando não há contestação) e de “ânimo de dono” (quando o morador ocupa o imóvel tendo expectativa real de ser proprietário).

Segundo o relator do recurso, ministro João Otávio de Noronha, nesse caso estão presentes os requisitos necessários para que o recorrente pudesse pleitear a usucapião do imóvel.

O caso envolve dois tipos de contestação, de acordo com os ministros: se era possível comprovar que o imóvel tinha sido prometido para o recorrente e, independentemente disso, se haviam fatores para legitimar o pedido de usucapião.

Promessa

Em 1963, um cidadão do interior do Paraná fez proposta ao recorrente de que este cuidasse dos sogros do primeiro, enquanto residindo no imóvel objeto do pedido. Em troca, o imóvel seria doado. Posteriormente, o autor da proposta faleceu sem ter completado a doação. Durante todo o período, o recorrente residiu no local sem qualquer tipo de contestação, inclusive pagando tributos como IPTU e energia elétrica.

O fato de os donos terem hipotecado o imóvel em questão não constitui óbice ao pleito da usucapião, na avaliação dos ministros. “O perito pode ter ido avaliar o imóvel e ter tirado fotos sem o conhecimento do morador”, argumentou o ministro João Otávio de Noronha ao defender que esse fato não gerou interrupção no período de ocupação sem contestação do imóvel.

O pedido inicial é de 1997, e em primeira instância o pleito foi atendido. Já o acórdão redigido pelo Tribunal de Justiça do Paraná (TJPR) reformou a sentença, sob a alegação de que não estavam comprovados os requisitos para pleitear a usucapião (posse por 20 anos sem contestação ou interrupção). O entendimento do TJ é que a hipoteca do imóvel constituiu interrupção na posse, já que o imóvel foi avaliado e vistoriado.

Com a decisão do STJ, a sentença de primeira instância foi reestabelecida.
Fonte: STJ - Superior Tribunal de Justiça - 23/02/2016 e Endividado




terça-feira, 12 de janeiro de 2016

Vacina contra o Zika não deve ser concluída em menos de dois anos, diz ministro

O ministro da Saúde, Marcelo Castro, disse hoje (11) que a grande aposta contra o vírus Zika é o desenvolvimento de uma vacina. No entanto, reconheceu que a conclusão dos estudos sobre o imunizante deve demorar pelo menos dois anos.
Brasília - O ministro Marcelo Castro conversa com jornalistas sobre a vacina de combate ao vírus Zika, na chegada ao Ministério da Saúde (Valter Campanato/Agência Brasil)
O ministro Marcelo Castro conversa com jornalistas sobre a vacina contra o vírus Zika Valter Campanato/Agência Brasil
O prazo será menor que o tempo para a elaboração da vacina contra a dengue, que demorou cerca de 20 anos para ser concluída e combina proteção contra quatro sorotipos do vírus. A vacina contra o Zika, que está relacionado à ocorrência de microcefalia, protegerá contra um.
“Estamos estudando, contactando, agindo”, disse o ministro em conversa com jornalistas no Ministério da Saúde na tarde de hoje (11). “Enquanto a vacina não vem, o importante é não deixar o mosquito [Aedes aegypti] nascer, porque quando ele nasce é um perigo ambulante”.
Castro citou um modelo de combate ao Aedes aegypti, vetor do vírus da dengue, da febre chikungunya e do virus Zika, usado no município de Água Branca, no Piauí, que, segundo ele, é “simples e eficiente”. Os agentes de saúde da cidade saem de casa em casa procurando focos do mosquito e colam selos vermelhos nas portas das residências onde são encontrados criadouros. As casas livres de Aedes aegypti recebem um selo verde.
“Aquilo fica exposto e todo mundo quer ter o selo verde. Foi uma mobilização muito grande na cidade e todo mundo fez o dever de casa para que, quando o agente voltasse, já tivesse tudo cumprido para receber o selo verde”, disse o ministro. Em 2015, o município piauiense registrou quatro casos de dengue. Em todo o Piauí, foram mais de 7,5 mil casos da doença.
Dengue
Segundo Castro, a Sanofi Pasteur, fabricante da Dengvaxia – primeira vacina contra a dengue registrada no Brasil – estima que cada dose deverá custar cerca de 20 euros. Para a total proteção contra a doença, serão necessárias três doses do imunizante. O valor oficial será estipulado pela Câmara de Regulação de Mercado de Medicamentos e só depois disso a vacina poderá ser vendida no país.
A distribuição dessa vacina na rede pública de saúde ainda será avaliada, segundo o ministro, que a considera “cara”. O governo aposta em um imunizante que está sendo desenvolvido pelo Instituto Butantã, que deverá custar um terço da Dengvaxia e proteger em apenas uma dose, mas ainda levará um ano para ficar pronto.

quarta-feira, 6 de janeiro de 2016

Primeiras migrações de rádios AM para FM devem ocorrer até abril, diz ministro


Brasília - O ministro das Comunicações, André Figueiredo, participa do programa Bom Dia Ministro (José Cruz/Agência Brasil)
O ministro das Comunicações, André Figueiredo, participa do programa Bom Dia, Ministro José Cruz/Agência Brasil
O ministro das Comunicações, André Figueiredo, disse hoje (6) que as primeiras migrações de emissoras de rádio AM (modulação em amplitude) para FM (frequência modulada) devem ocorrer até abril deste ano.
Atualmente, 1.781 emissoras estão como AM, sendo que 1.385 já pediram para mudar de faixa. Ao todo, 948 rádios poderão fazer a migração em 2016. As demais emissoras terão que aguardar a liberação do espaço, que deve acontecer com a digitalização da TV no país.
“Esperamos que, no primeiro quadrimestre, vou colocar o prazo de abril, já tenhamos as primeiras emissoras com toda a documentação e o laudo técnico concluído e a gente faça as primeiras migrações de AM/FM no nosso país”, disse Figueiredo, durante o programa Revista Brasil, da Rádio Nacional AM.
Ele lembrou que a migração de faixa não é obrigatória e que as emissoras de rádio AM que decidirem migrar para FM terão o direito de transmitir simultaneamente no canal antigo e na nova frequência por um período de até cinco anos.
“É, com certeza, um grande benefício para a população. Principalmente nas grandes cidades, onde temos a interferência das grandes construções, vamos ter a frequência modulada, ou seja, a FM, sendo um canal muito mais adequado e com qualidade indubitavelmente melhor de transmissão de voz.”
Para fazer a alteração, os radiodifusores terão de arcar com os custos referentes à diferença entre as outorgas de AM e de FM. Além disso, será necessário adquirir equipamentos para a transmissão do novo sinal.
Os valores que cada emissora terá que pagar para fazer a mudança variam de R$ 8,4 mil a R$ 4,4 milhões. A tabela, elaborada pelo Ministério das Comunicações, foi feita com base em critérios como índices econômicos e sociais e a população do município em que a rádio está localizada, além do alcance.




segunda-feira, 4 de janeiro de 2016

El Niño causará seca na Venezuela e aumentará racionamento de água, diz ministro

Da Agência Lusa
As autoridades venezuelanas estão se preparando para enfrentar as consequências do fenômeno El Niño, que, segundo as previsões, provocará altas temperaturas e intensa seca na Venezuela. Uma das consequências será o aumento no racionamento de água em algumas regiões do país.
O alerta foi dado pelo ministro venezuelano de Ecosocialismo e Água, Guillermo Barreto, que disse que 2016 será um ano mais seco que os três anos anteriores.
Guillermo Barreto adiantou que vai ser reforçado o plano de racionamento programado de água em vigor há vários meses, como parte das medidas para enfrentar a seca e para garantir a durabilidade das reservas de água nas barragens.
"Nos lugares em que o corte de água era de um dia por semana passará a ser de dois", disse o ministro.


Deputados pedem explicações a Eduardo Cunha


Um grupo de deputados do PT, PSol, PMDB, Rede e PSB protocolou ontem um requerimento dirigido ao presidente da Câmara, Eduardo Cunha (PMDB-RJ), cobrando explicações dele sobre as denúncias de que teria conta no exterior. O documento protocolado pelos parlamentares tem 15 signatários, incluindo os deputados Alessandro Molon (Rede), Ivan Valente (PSol) e Jarbas Vasconcelos (PMDB). Segundo o líder do PSol, Chico Alencar (RJ), pedido semelhante será feito ao Ministério Público Federal para que compartilhe com os parlamentares as informações recebidas da Suíça.
No documento, os deputados pedem que Cunha confirme ou não a existência das contas bancárias no exterior e, também se entregou, na data da sua posse como deputado, autorização de acesso aos dados da declaração de imposto de renda, conforme exigência legal.
O anúncio sobre o requerimento foi feito em um ato no Salão Verde. Com cartazes que formavam as frases “Cunha não nos representa” e “Não em nosso nome”, os deputados espalharam pelo chão jornais que mostravam reportagens sobre as denúncias contra Cunha.
É uma vergonha para o parlamento brasileiro ter um presidente tão denunciado”, discursou Chico Alencar, listando as citações de Cunha por alguns delatores da Operação Lava Jato.
Em depoimento à CPI da Petrobras, em março, Cunha negou possuir contas no exterior quando foi questionado pelo deputado Delegado Waldir (PSDB). “Delegado Waldir, estou dizendo para vossa excelência, clara e textualmente, as coisas bem concretas: o senhor Fernando Soares (apontado como lobista do PMDB no esquema da Petrobras) não representa o PMDB e não me representa: não tenho qualquer tipo de conta em qualquer lugar que não seja a conta que está declarada no meu Imposto de Renda; e não recebi qualquer vantagem ilícita vinda desse processo”, disse Cunha.




Fonte: Correio do Povo, página 3 de 2 de outubro de 2015.

Deputados representam contra peemedebista


Vice-líder do PPS na câmara, o deputado Arnaldo Jordy (PA) é um dos autores da primeira representação formal protocolada contra o presidente da Casa, Eduardo Cunha (PMDB-RJ), desde que seu nome começou a ser citado em delações da Operação Lava Jato. No documento, assinado por 29 parlamentares d diferentes legendas, o deputado pede que a Câmara abra sindicância e apure a quebra de decoro. A infração pode gerar advertência escrita e até perda do mandato, que é o objetivo de deputados do PMDB, PSol, PT, PSB e Rede.

Fonte: Correio do Povo, página 3 de 8 de outubro de 2015.

Deputados do PT criticam TSE

Petistas da Câmara dos Deputados reagiram ontem à votação de terça-feira no Tribunal Superior Eleitoral (TSE), em que a maioria dos ministros votou para abrir investigação sobre a campanha presidencial de Dilma Rousseff em 2014. “Por que alguém doa para um é crime e para outro não é?”, questionou o líder do governo e vice-presidente nacional do PT, deputado José Guimara~es (CE). “É um assunto que o TSE já aprovou e agora dá um passo atrás”, disse o líder do PT na Câmara, Sibá Machado (AC).

Fonte: Correio do Povo, página 3 de 27 de agosto de 2015.

quarta-feira, 9 de dezembro de 2015

Larvicida será colocado em carros-pipa para combater vírus Zika, diz ministro

O ministro da Saúde, Marcelo Castro, disse nessa terça-feira (8) que o governo vai colocar larvicida nos carros-pipa que transportam água para os municípios atingidos pela seca no Nordeste. A intenção, informou, é destruir as larvas do mosquito Aedes aegypti, transmissor do vírus Zika e da dengue.
Brasília - Ministro da Saúde, Marcelo Castro, durante coletiva após reunião com a presidenta Dilma Rousseff e governadores, no Palácio do Planalto (Fabio Rodrigues Pozzebom/Agência Brasil)
Ministro da Saúde, Marcelo Castro, durante entrevista à imprensa após reunião com a presidenta Dilma Rousseff e governadores, no Palácio do Planalto Fabio Rodrigues Pozzebom/Agência Brasil
De acordo com ele, essa será a “principal ação” a ser feita pelo ministério a partir de agora, visando a combater o mosquito antes mesmo que ele nasça. “As pessoas acumulam água reservada em vasilhames para usar, e esses vasilhames estão sendo hoje, no Nordeste, o criadouro principal dos mosquitos. A campanha está centrada em não deixar o vírus nascer”, afirmou.
Marcelo Castro conversou com jornalistas após participar de uma reunião da presidenta Dilma com 25 representantes dos estados e do Distrito Federal, governadores e vices, para discutir o assunto. Durante o encontro, foi discutida a importância do envolvimento de cada uma das pessoas no enfrentamento ao mosquito e a preocupação com as gestantes para que não sejam picadas.
Na última semana, o Ministério da Saúde confirmou a relação entre o vírus e casos de microcefalia em crianças, que aumentaram significativamente nos últimos meses. De acordo com a pasta, 1.761 casos suspeitos de microcefalia foram já notificados em 422 municípios brasileiros. Segundo o ministro, deve-se evitar o contato com o mosquito seja com telas nas casas ou roupas compridas, principalmente por parte das grávidas.
“Devemos fazer o dever de casa e, a partir de agora, entrar de casa em casa e exterminar qualquer foco, criadouro do mosquito. Essa ação tem que ser uma ação de toda a sociedade”, defendeu o ministro. Ele informou que mesmo com a atual restrição orçamentária, “não faltarão recursos” já que “hoje não existe no país problema maior”.
Além da campanha nacional, foi decidido que Brasília comandará um centro de controle de desastres. O objetivo é instalar salas nos estados e municípios para facilitar a comunicação sobre o vírus Zika. De acordo com o Secretário Nacional de Proteção e Defesa Civil, general Adriano Pereira Júnior, a centralização do controle permitirá maior eficiência no combate ao vírus e agilidade na avaliação dos resultados.



Dólar sobe e volta a fechar acima de R$ 3,80


Em alta pelo segundo dia seguido, a moeda norte-americana voltou a fechar acima de R$ 3,80. O dólar comercial encerrou esta terça-feira (8) vendido a R$ 3,81, com alta de R$ 0,051 (1,36%). A divisa caiu 1,96% em dezembro, mas acumula alta de 43,3% no ano.
O dólar chegou a abrir o dia em queda. Na mínima do dia, por volta das 9h40, a moeda chegou a ser vendida a R$ 3,748. A partir das 10h, a cotação disparou, até atingir R$ 3,816 por volta das 12h40.
Além das tensões políticas internas, o dólar subiu influenciado por notícias da China. Em novembro, as exportações da segunda maior economia do planeta recuaram 6,8%, no quinto mês seguido de queda. Os dados comerciais ruins fizeram o preço internacional do petróleo despencar. A cotação do barril caiu para US$ 37, no menor nível desde 2009.
O desempenho do comércio exterior chinês refletiu-se nos mercados emergentes e nas cotações de outras moedas latino-americanas, como o peso chileno e mexicano. Isso porque a desaceleração da China reduz a demanda mundial por commodities (bens primários com cotação internacional), principal tipo de produto exportado por países emergentes.
O dia também foi de perdas na bolsa. O índice Ibovespa, da Bolsa de São Paulo, caiu 1,72%, para 44.443,26 pontos.
*Com informações da Agência Lusa

Agência Brasil


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Dossiê denuncia violações na preparação do Rio para os Jogos Olímpicos


A quarta versão do Dossiê Megaeventos e Violações dos Direitos Humanos no Rio de Janeiro, disponibilizada hoje (8) pelo Comitê Popular da Copa e Olimpíadas do RJ e o Observatório das Metrópoles, diz que as violações à moradia permanecem sendo cometidas pela prefeitura da capital fluminense. O documento está sendo divulgado também em outros países, na versão em inglês.
A um ano dos Jogos Olímpicos Rio 2016, alunos e professores da rede municipal participam de desfile olímpico no Parque Madureira, na zona norte da cidade (Tânia Rêgo/Agência Brasil)
Jogos Olímpicos Rio 2016, alunos e professores da rede municipal participam de desfile olímpico no Parque Madureira, na zona norte da cidadeArquivo/Tânia Rêgo/Agência Brasil
“O dossiê demonstra que as remoções, ao contrário do que a prefeitura vinha anunciando desde o ano passado, não pararam. Estão ainda em curso e parte considerável está associada às intervenções das Olimpíadas, sobretudo em termos de mobilidade”, afirmou à Agência Brasil o pesquisador do Observatório das Metrópoles, Orlando dos Santos Júnior, professor do Instituto de Pesquisa e Planejamento Urbano e Regional, da Universidade Federal do Rio de Janeiro (Ippur-UFRJ), um dos coordenadores do trabalho.
Santos Júnior disse que embora haja dificuldade de se obter informações relacionadas aos Jogos Olímícos de 2016, o comitê procurou identificar as remoções associadas ao evento. “O discurso da prefeitura tem sido que no Rio de Janeiro não existem remoções vinculadas à Olimpíada, exceto da Vila Autódromo”. Para o pesquisador, porém, há uma contradição nesse discurso da prefeitura, que é negar as intervenções vinculadas à mobilidade como parte do Projeto Olímpico. “Só que, no entanto, essas intervenções estão no legado de políticas públicas”. A prefeitura, segundo ele, estaria, com isso, negando os efeitos perversos das remoções.
A 500 dias das Olimpíadas de 2016, moradores da Vila Autódromo, em Jacarepaguá, reclamam de perda de qualidade de vida e incertezas sobre o futuro com as obras para os Jogos (Fernando Frazão/Agência Brasil)
Moradores da Vila Autódromo, em Jacarepaguá, reclamam de perda de qualidade de vida e incertezas sobre o futuro com as obras para as OlímpiadasArquivo/Fernando Frazão/Agencia Brasil
O Comitê Popular da Copa e Olimpíada identificou que pelo menos 4.120 famílias já foram removidas e outras 2.486 permanecem ameaçadas de remoção, por motivos direta ou indiretamente relacionados às intervenções do Projeto Olímpico.
Segurança
No que se refere à política da ordem e da segurança, o dossiê assegura que o Projeto Olímpico está muito associado à ideia de vender o Rio de Janeiro como uma cidade segura, como ocorre internacionalmente nas demais sedes dos Jogos Olímpicos do Rio. “Só que, na verdade, o projeto está associado a um processo de grande violência junto aos territórios populares, sobretudo aos jovens negros, que são as principais vítimas”. O dossiê denuncia que a política de segurança para a Olimpíada de 2016 é baseada na guerra, em extrema violência, na militarização e no racismo. “Há uma política de genocídio, no sentido que a intervenção nas favelas é tão violenta que está associada ao sistemático assassinato de jovens negros”.
O documento mostra que essa forma de violência está fundada nos autos de resistência. “Você tem semanalmente casos de violência policial associada a essa política de segurança”, disse, citando o recente extermínio, ocorrido na noite do dia 28 de novembro, de cinco jovens de 16 a 25 anos, no bairro de Costa Barros, zona norte do Rio.
De acordo com dados do Instituto de Segurança Pública (ISP), constantes no dossiê, o número de autos de resistência subiu de 381, em 2012, para 416, em 2013, no estado do Rio de Janeiro, elevando-se para 584, no ano passado. Na primeira metade de 2015, o ISP já registra 349 mortes.
Orçamento
O dossiê faz um esforço para demonstrar que, ao contrário do que afirma a prefeitura, a Olimpíada envolve mais gastos públicos do que privados. O documento procura registrar gastos que não estão contabilizados pela prefeitura, entre os quais contraprestações públicas vinculadas a parcerias  público-privadas (PPPs) do Porto Maravilha e do Parque Olímpico.
O Rio 450, segundo túnel da região do Porto, atinge 100% de escavação, é a primeira grande obra do sistema viário entregue pela prefeitura do Rio dentro do projeto Porto Maravilha (Tânia Rêgo/Agência Brasil)
O Rio 450, segundo túnel da região do Porto, atinge 100% de escavação, é a primeira grande obra do sistema viário entregue pela prefeitura do Rio dentro do projeto Porto Maravilha Arquivo/Tânia Rêgo/Agência Brasil
“A propaganda de que a Olimpíada seria puxada na sua maior parte por recursos privados só se sustenta com a omissão de gastos, com a deturpação dos dados”. Por isso, o dossiê tenta mostrar que, na realidade, o poder público é que está financiando o evento. Pelos cálculos do governo, o setor público responde por gastos de R$ 16,46 bilhões com o evento esportivo, ou o correspondente a 42,6% do total de R$ 38,67 bilhões, ficando o restante (R$ 22,21 bilhões), equivalente a 57,4% do total, com o setor privado.
Segundo o Comitê Popular, a inclusão dos custos omitidos elevaria o orçamento dos Jogos para R$ 39,12 bilhões, repartidos R$ 24,31 bilhões para o setor público (ou 62,1% do total), e R$ 14,81 bilhões (37,9%) para o setor privado.
Meio ambiente
Atletas e ambientalistas protestam na praia de Botafogo contra poluição da Baía de Guanabara, local das provas de vela nos Jogos Olímpicos de 2016 (Fernando Frazão/Agência Brasil)
Atletas e ambientalistas protestam na praia de Botafogo contra poluição da Baía de Guanabara, local das provas de vela nos Jogos Olímpicos de 2016Arquivo/Fernando Frazão/Agência Brasil

Além do descumprimento de um dos maiores compromissos assumidos para os Jogos do Rio, que é a despoluição da Baía da Guanabara, o documento cita o caso da construção do campo de golfe, que “envolve a destruição de parte de uma área de preservação ambiental, o favorecimento de grandes empreiteiras com o aumento do índice do potencial construtivo na Barra da Tijuca em troca desse empreendimento. São escândalos ambientais vinculados a intervenções da Olimpíada”, afirma o professor do Ippur-UFRJ.
O Campo Olímpico de Golfe, na Barra da Tijuca, durante a programação que assinala os 500 dias que faltam para os Jogos Olímpicos Rio 2016 (Tomaz Silva/Agência Brasil)
O Campo Olímpico de Golfe, na Barra da Tijuca, durante a programação que assinala os 500 dias que faltam para os Jogos Olímpicos Rio 2016 Arquivo/Tomaz Silva/Agência Brasil
O golfe voltou a ser uma modalidade olímpica para a Rio 2016, depois de 112 anos fora dos Jogos. O documento destaca que apesar de o município do Rio de Janeiro já ter dois campos de golfe que recebem provas internacionais disputadas no Brasil, que são o Itanhangá Golf Club e o Gávea Golf Club, a prefeitura decidiu construir mais um campo na cidade. O Ministério Público do Estado do Rio de Janeiro questionou as irregularidades ambientais referentes ao campo de golfe mas, apesar disso, as obras continuaram e o campo foi inaugurado pelo prefeito Eduardo Paes no último dia 22 de novembro.
Esportes
O dossiê inclui vasto relatório sobre a questão dos esportes como extensão da Olimpíada. Para Orlando dos Santos Júnior, o evento não vai deixar um legado de equipamentos esportivos para a cidade. “Muito pelo contrário. Nós perdemos a oportunidade de recuperar o Estádio de Remo. As estruturas vão ser provisórias”. Lembrou que o Estádio de Atletismo Célio de Barros e o Parque Aquático Júlio de Lamare vão continuar fechados. “Você não tem espaço para treinamento dos atletas. Tem uma oportunidade perdida de investimento em equipamentos esportivos”, sustentou o pesquisador do Observatório das Metrópoles.
Estádio Mário Filho , o Maracanã (ME/Portal da Copa/Daniel Basil)
Estádio Mário Filho , o Maracanã (ME/Portal da Copa/Daniel Basil)ME/Portal da Copa/Daniel Basil
Além dessas temáticas, o dossiê traz denúncias relacionadas, por exemplo, a criança e adolescente, trabalho escravo, repressão a camelôs e a prostitutas. “Vários grupos estão sofrendo os efeitos da repressão promovida pelo governo municipal”. Segundo o coordenador, o dossiê é uma tentativa de mostrar que esse Projeto Olímpico está, na verdade, a serviço de um projeto de cidade excludente, na medida em que obras e intervenções são feitas sem participação popular, com favorecimento a grandes empreiteiras, “que são as mesmas”. Reiterou que os cariocas estão perdendo a oportunidade de promover uma cidade mais justa, mais integrada. “Nós estamos muito distantes de promover uma Olimpíadas da integração social e estamos efetivamente vendo uma política de exclusão social sendo implementada na cidade do Rio de Janeiro”.
Prefeitura do Rio de Janeiro
Procurada pela Agência Brasil, a prefeitura do Rio encaminhou, por meio de sua assessoria de imprensa, documento da Secretaria Municipal de Habitação e Cidadania, que assegura que o município do Rio de Janeiro tem enfrentado, em seu processo de transformação, o “desafio de implementar obras mexendo o mínimo possível na rotina dos cariocas”.Isso inclui, por vezes, a necessidade de desapropriação ou do reassentamento de famílias que morem na área de influência de intervenções públicas, informou. Deixou claro, entretanto, no tocante a remoções, que a administração municipal “não utiliza o instrumento da remoção, quando as famílias são retiradas à revelia do imóvel e não são dadas condições de transição para elas”.
A prefeitura não comentou as outras denúncias formuladas pelo dossiê.


quinta-feira, 3 de dezembro de 2015

Plano de ação contra Aedes aegypti deve ser concluído amanhã, diz ministro

O ministro da Saúde, Marcelo Castro, disse hoje (2) que o plano nacional de ação para o controle do vetor da dengue, chikungunya e do vírus Zika deve ser concluído amanhã pelo governo federal. O documento, construído em parceria entre governos municipais, estaduais e Federal, vai trazer diretrizes unificadas a serem seguidas por todos os estados e municípios para o combate ao mosquito Aedes aegypti e também para o acompanhamento de grávidas e de bebês com microcefalia.
“O plano de ação envolve absolutamente tudo, controle do vetor, mobilização dos outros setores do governo, mobilização da sociedade e também a área social. Ele é integral para o problema do Aedes aegypti, com dengue, chikungunya e zika, inclusive as complicações da microcefalia”, afirmou o secretário de Vigilância em Saúde do Ministério da Saúde, Antônio Nardi, pouco antes de cerimônia em que o Brasil recebeu certificado da Organização Mundial de Saúde de país livre da rubéola.
Segundo o ministro, dos 646 casos de microcefalia registrados no Pernambuco, cerca de 150 foram confirmados. "Esses casos que publicamos na segunda-feira, esses 1.248 casos [em todo o Brasil] são casos notificados suspeitos, não são comprovados. Então, eles terão que passar por uma bateria de testes, fazer tomografia. Só depois disso será dado o diagnóstico em definitivo. Por enquanto, são casos muito além do esperado epidemiologicamente, mas qualquer que seja o resultado, as medidas que precisaremos tomar não mudarão", disse o ministro, em entrevista a jornalistas depois da cerimônia na Organização Pan-Americana da Saúde em Brasília.
"São vidas, são seres humanos, isso são dramas humanos, familiares, que temos que considerar. Num caso desses o governo tem que fazer tudo que tiver ao seu alcance para evitar que isso venha a acontecer", ressaltou.
O secretário Antônio Nardi disse que, apesar da microcefalia, em geral os bebês estão nascendo sem outras sequelas, como surdez ou cegueira, o que pode acontecer quando a malformação está associada a outras doenças. "As crianças tem nascido bem, chorado alto e com apgar ótimo [índice que avalia as condições dos recém-nascidos], sugando imediatamente. Mas estamos lidando com o novo, e este acompanhamento vai se dar conforme a evolução.”
Marcelo Castro disse que as mulheres devem pensar duas vezes antes de engravidar e que, quem puder, deve colocar telas nas casas, usar repelentes, calças compridas e sapatos fechados. “O mosquito é rasteiro, tem preferência por pernas e pés", acrescentou. “O mosquito tem hábitos diurnos, tem preferência pelo dia, pelas primeiras horas do dia e, também, pelo fim da tarde".
Segundo o ministro, no próximo sábado será lançado um programa estadual de combate ao mosquito Aedes aegypti em Pernambuco. " O simbolismo disso é tao grande que a presidenta [Dilma Rousseff] irá conosco para o lançamento dessa campanha.

quarta-feira, 25 de novembro de 2015

COP21: Paris vai inaugurar nova fase de redução de gases estufa, diz ministro

Ana Cristina Campos – Repórter da Agência Brasil
Diretor do Departamento de Meio Ambiente e Temas Especiais do Ministério das Relações Exteriores, ministro Raphael Azeredo, concede entrevista sobre a COP21 (Fabio Rodrigues Pozzebom/Agência Brasil)
Diretor do Departamento de Meio Ambiente e Temas Especiais do Ministério das Relações Exteriores, ministro Raphael Azeredo, concede entrevista sobre a COP21Fabio Rodrigues Pozzebom/Agência Brasil
O mundo aguarda a definição de um novo pacto global climático. Em dezembro, representantes de 195 países se reúnem, em Paris, para a 21ª Conferência das Partes da Convenção-Quadro sobre Mudança do Clima (COP21).
O intuito é chegar a um acordo que reduza a emissão de gases de efeito estufa que causam o aquecimento global. O Acordo de Paris deve entrar em vigor em 2020, em substituição ao Protocolo de Quioto.

Na avaliação do diretor do Departamento de Meio Ambiente e Temas Especiais do Ministério das Relações Exteriores, ministro Raphael Azeredo, o evento é apenas o início de um esforço diplomático muito intenso para regulamentar e implementar o documento a partir de 2020.
“Você vai ter, pela primeira vez, um esforço verdadeiramente global para atingir o que o IPCC [Painel Intergovernamental de Mudanças Climáticas] ditou como o limite do que seria a interferência humana e a partir do qual você teria efeitos nefastos, que são [conter o aumento da temperatura média da Terra em] 2 graus Celsius até o final do século”, disse.
Em entrevista concedida à Agência Brasil, o ministro destaca a importância do evento e da participação de mais nações no acordo de redução de gases poluentes. Na avaliação dele, a reunião em Paris será um marco e deverá inaugurar “uma nova fase” em que todos os países terão contribuições para a questão da mitigação. Para ele, o Brasil tem uma das metas mais ambiciosas do planeta e isso pode ajudar a induzir outras nações a pensar políticas mais efetivas para mudanças do clima. Leia abaixo os principais trechos da entrevista.

Agência Brasil: Qual a importância da COP21?
Raphael Azeredo: A importância é enorme. Estamos encerrando um ciclo que vem desde Copenhague. Com o fracasso da COP em Copenhague, em 2009, [que terminou sem acordo formal sobre novos limites globais de redução de emissões de gases de efeito estufa] , o regime [climático] ficou com um vácuo porque todos nós sabíamos que o Protocolo de Quioto [de redução de emissões de gases de efeito estufa para países desenvolvidos] teria seu segundo período de vigência até 2020 e evidentemente, por parte dos países desenvolvidos, não havia nenhum interesse em negociar um terceiro período de cumprimento para Quioto. Apesar de todos os avanços e de ter sido inovador em muitas coisas, Quioto tinha o defeito essencial de não ter a participação dos principais países emissores. Os Estados Unidos nunca ratificaram o protocolo nem a China, por não ser um país desenvolvido. Nunca se vislumbrou que os países em desenvolvimento sob Quioto participassem com ações de mitigação [redução das emissões de gases poluentes]. Então Paris, se tudo der certo, e o Brasil está apostando que tudo dará certo, vai inaugurar uma nova fase do regime em que todos os países terão contribuições para a questão da mitigação, para suas ações de adaptação [às mudanças climáticas] e para prover meios de financiamento.

Agência Brasil: O que está em jogo nesta COP?
Azeredo: Você vai ter pela primeira vez um esforço verdadeiramente global para atingir o que o IPCC [Painel Intergovernamental de Mudanças Climáticas] ditou como o limite do que seria a interferência humana a partir do qual você teria efeitos nefastos, que são [conter o aumento da temperatura média da Terra em] 2 graus Celsius até o final do século. Temos que atingir uma meta de esforço conjunto de mitigação. Esses esforços nacionais somados têm que ser tabulados e computados pelo secretariado da Convenção [Convenção-Quadro das Nações Unidas sobre Mudanças Climáticas] para ver o que vai ser efetivamente esse esforço coletivo. A partir de 2020, quando termina o período de cumprimento do Protocolo de Quioto, começa a nova fase de implementação global do acordo. É de imensa importância o que se pretende fazer em Paris. Mas Paris é o começo de um esforço diplomático muito intenso, porque não é só o que vamos aprovar em Paris em dezembro. É tudo o que vai ter que vir depois para regulamentar. Se tudo der certo, o acordo começa a viger a partir de 2020. Entre 2016 e 2020, será necessário todo um esforço complementar de legislação para fazer com que funcione. Não só de ratificação, isso é uma questão nacional, cada país determinará, dentro do seu ordenamento jurídico, como internalizar o acordo. O esforço a que estava me referindo é multilateral para ajudar no financiamento, na transferência de tecnologia, para harmonizar os dados, senão os esforços de cada país vão ser muito diferentes e não necessariamente comparáveis. Isso vem agora com o Acordo de Paris.

Agência Brasil: Como o Brasil chega a Paris?
Azeredo: O Brasil chega muito bem. O Brasil é reconhecidamente um dos países que sempre procurou estar à frente no debate das mudanças do clima. Através dos esforços diplomáticos, nós sempre demos importância mais alta para as tratativas internacionais sobre mudança do clima. A ministra Izabella Teixeira [do Meio Ambiente] se engajou pessoalmente na coordenação interna da formulação da INDC [Contribuição Nacionalmente Determinada Pretendida]. Sinal da importância atribuída pelo Brasil, a INDC foi apresentada pela própria presidenta da República [Dilma Rousseff] nas Nações Unidas [em 27 de setembro]. Nossa INDC foi reconhecida como uma das mais ambiciosas, com previsão de redução absoluta da emissão dos gases de efeito estufa e com números considerados muito bons: 37% até 2025 e 43% até 2030. Gostamos de pensar que a nossa INDC poderá induzir outros países a pensar de uma forma mais ambiciosa em termos de políticas para mudanças do clima.

Agência Brasil: Quais serão os principais embates na COP?
Azeredo: Acho que a questão da diferenciação entre países desenvolvidos e em desenvolvimento. O Brasil fala há muitos anos que um dos critérios para você ter justiça na repartição do esforço de mitigação é o conceito da responsabilidade histórica. O fenômeno do aquecimento global ocorre pela concentração desses gases na atmosfera, o que ocorre de forma mais significativa desde a Revolução Industrial. E é fato que isso é mais atribuído aos países desenvolvidos que aos países em desenvolvimento. Esse é um grande debate porque os países desenvolvidos argumentam: hoje são vocês, países em desenvolvimento, os maiores responsáveis pelas emissões atuais. Apesar de os países em desenvolvimento serem hoje os maiores emissores, a responsabilidade histórica recai em grande parte sobre os países desenvolvidos. Mas essa questão vai ser resolvida. Os países em desenvolvimento já vêm contribuindo de forma muito significativa e, às vezes, além da sua responsabilidade histórica para o esforço de mitigação. Isso vai dar trabalho, mas vai ser resolvido. A questão da transparência também vai ser algo difícil. A demonstração de como os esforços vão ser feitos. Não basta dizer: “eu vou fazer isso, eu vou reduzir tanto”. Os países têm que dizer como vão fazer.

Agência Brasil: Como é o processo negociador? Os países adotam por consenso?
Azeredo: Sim, tudo por consenso. Em teoria, um país pode bloquear uma decisão. Você imagina o que é ter que negociar com 195 países. E não são só 195 países porque grande parte da negociação é conduzida por meio dos blocos, como a União Europeia. Os países individuais da União Europeia, eles não levantam a plaquinha e falam. A União Europeia só fala por meio de sua presidência, que atualmente é em Luxemburgo. Então você nunca verá o Reino Unido levantando a placa, depois a França. O Brasil participa de dois grupos: o Grupo dos 77, que reúne os países em desenvolvimento, e o Basic, que reúne as grandes economias emergentes (África do Sul, Índia, China e Brasil).  Agora, há outros, uma vez eu contei, acho que são 18 grupos ou regionais ou de interesse, que atuam de forma muito presente na Convenção. Isso, às vezes, facilita as negociações porque, em vez de 195 países, você está falando entre 18, e, às vezes, dificulta. É um processo extremamente complexo. As COPs acabam sendo verdadeiros formigueiros de negociadores, de representantes da sociedade civil, de governos locais, de entidades supranacionais.

Agência Brasil: Como será o mecanismo de averiguação do cumprimento das metas?
Azeredo: Isso está sendo negociado. No mecanismo de cumprimento, você tem duas filosofias básicas: o punitivo, que tem sanções, e o facilitativo. Se o país não está cumprindo porque ele está enfrentando algum tipo de problema, então o papel do regime é ver o que está acontecendo e ajudar o país a cumprir. Esta é a posição brasileira. Nós não vemos regimes de cumprimento punitivo como algo que ajude o sistema. Pelo contrário. Há vários motivos que levam um país a não cumprir. Um deles é incapacidade. Na nossa visão, um regime de cumprimento tem que ser justamente aquele instrumento que ajude o país a identificar os problemas e ajude a saná-los. E em um problema tão evidente e tão presente hoje como a mudança do clima, o verdadeiro regime de cumprimento é o que se diz em inglês name and shame [constrangimento perante a sociedade]. Como é um assunto tão visível, você vê certos governos e sociedades civis apontando: olha que vergonha a nossa INDC. E o governo daquele país é ovacionado, no mau sentido, pela falta de ambição. Se é por uma decisão política de não implementar, eu acho que a verdadeira sanção é a que vem no próprio âmbito político global e nacional daquele governo que tomou a decisão de não implementar.




segunda-feira, 2 de março de 2015

Governo vai aumentar impostos do ′andar de cima′, diz ministro

O pacote fiscal preparado pelo governo para tampar o rombo das contas públicas conterá medidas que atingirão os contribuintes mais ricos, provavelmente com aumento de impostos. A afirmação foi feita pelo ministro Nelson Barbosa (Planejamento), na quarta-feira (25), em uma reunião no Planalto com a bancada do PT no Senado.

Os congressistas do partido têm cobrado que o governo faça ajustes também sobre as pessoas de renda mais alta, como forma de compensar as ações já anunciadas sobre os trabalhadores mais simples, base eleitoral do PT.

A senadora Gleisi Hoffmann (PR) confirmou à Folha que Barbosa disse que haverá ação sobre os mais ricos.

"Nós colocamos que essas medidas eram importantes, que achávamos que deviam ser feitas algumas adequações [nos ajustes já anunciados], mas que seria muito importante que tivéssemos também medidas que atingissem quem tem renda maior na sociedade, seja na área de impostos ou outras medidas."

"E ele [Barbosa] disse o seguinte: estamos estudando e vai haver medidas que vão atingir o andar de cima."

GRANDES FORTUNAS

A senadora disse que Barbosa não detalhou, contudo, quais medidas serão anunciadas. Segundo a Folha apurou, umas das iniciativas em estudo é a criação de um tributo sobre grandes fortunas.

"É claro que vai haver medidas que atingirão o andar de cima", disse a senadora.

Além de Barbosa, o Planalto escalou mais quatro ministros para conversar com os senadores petistas na reunião de quarta-feira: Carlos Gabas (Previdência), Pepe Vargas (Relações Institucionais), Miguel Rossetto (Secretaria-Geral da Presidência) e Manoel Dias (Trabalho).

O governo tem tido dificuldades para convencer os congressistas do PT e da base aliada sobre alguns pontos do pacote fiscal. A reação negativa se dá, sobretudo, em relação à revisão de algumas das regras para a concessão de direitos trabalhistas, como o seguro-desemprego e o abono salarial.
Fonte: Folha Online - 27/02/2015 e Endividado



Aluguel com aniversário em março vai ter reajuste de 3,86%

Os contratos de aluguel residencial com vencimento em março e correção pelo IGP-M (Índice Geral de Preços - Mercado), da FGV (Fundação Getúlio Vargas), serão atualizados em 3,86%.

Por se tratar do primeiro índice a ser divulgado, ainda dentro do mês de referência, o IGP-M é utilizado para corrigir a maior parte dos contratos, incluindo os de locação.

Assim, a divulgação de variação mensal de 0,27% no mês de fevereiro fecha o comportamento de preços no período de 12 meses compreendido entre março de 2014 e fevereiro deste ano.

Para facilitar o cálculo do novo aluguel, o Secovi-SP (sindicato do setor imobiliário) divulga mensalmente o fator de atualização, que agora será de 1,0386.

O cálculo funciona assim: para atualizar um aluguel de R$ 1.500 que vigorou até fevereiro de 2015, multiplica-se R$1.500 por 1,0386, que resultará em R$ 1.557,90. Esse é o aluguel de março, a ser pago no final do mês de março ou início de abril.
Fonte: Folha Online - 28/02/2015 e Endividado
 
 

Inflação semanal acumula alta de 7,99% em 12 meses


Marli Moreira – Repórter da Agência Brasil Edição: Denise Griesinger
O Índice de Preços ao Consumidor Semanal (IPC-S) encerrou a última semana de fevereiro em alta de 0,97%, o que representa queda de 0,11 ponto percentual em relação ao registrado na semana anterior (1,08%). No acumulado do ano, a variação está em 2,71% e, nos últimos 12 meses, 7,99%.
Os dados referem-se à coleta de preços feita pelo Instituto Brasileiro de Economia da Fundação Getulio Vargas (Ibre-FGV) , no período de 1º a 28 de fevereiro em comparação a todo o mês de janeiro. A redução na intensidade de aumento reflete, principalmente, a variação de preços no grupo alimentação, que passou de 0,95% para 0,77%. As refeições em restaurantes estão subindo mais devagar, e o índice passou de 1,32% para 1,1%.
Além dessas, mais quatro classes de despesas apresentaram decréscimos: habitação (de 1,11% para 0,90%); educação, leitura e recreação (de 0,58% para -0,02%); comunicação (de 0,32% para 0,27%) e despesas diversas (de 1,43% para 1,16%).
Nos demais grupos, ocorreram avanços: saúde e cuidados pessoais (de 0,37% para 0,63%), transportes (de 2,46% para 2,52%) e vestuário (de -0,02% para 0,11%).
Os itens que mais pressionaram a inflação no período foram: gasolina (8,35%); refeições em bares e restaurantes (1,1%); aluguel residencial (1,10%); etanol (5,28%) e automóvel novo (1,19%).
Já os que contribuíram para o decréscimo do IPC-S foram passagem aérea ( -19,76%), leite tipo longa vida (-3,82%), batata-inglesa (-7,36%), frango em pedaços (-1,58%) e protetores para a pele (-1,64%)

Agência Brasil


 

STJ destaca julgados sobre conflitos em compra de imóveis

Corte definiu casos sobre o financiamento ou a comissão de corretagem, atrasos na entrega da obra e rescisão contratual, entre outros.

O STJ divulgou matéria no qual reúne julgados em que a Corte decidiu diferentes litígios envolvendo a compra e venda de imóveis, como dúvidas sobre o financiamento ou a comissão de corretagem, atrasos na entrega da obra, rescisão contratual e falsas promessas da publicidade.

Os julgados são principalmente da 3ª e da 4ª turma do tribunal, especializadas em Direito Privado.

De acordo com a reportagem, uma das principais decisões do STJ nesse campo é a que considera o CDC aplicável aos contratos de compra e venda de imóveis, desde que o comprador seja o destinatário final do bem. É possível a aplicação do CDC, inclusive, em relação à corretora imobiliária responsável pela realização do negócio (REsp 1.087.225).

A 3ª turma entende que o CDC atinge os contratos nos quais a incorporadora se obriga a construir unidades imobiliárias mediante financiamento (AREsp 120.905). Incorporadora é aquela que planeja, vende e divulga o empreendimento, diferente da construtora, que muitas vezes apenas executa a obra.

De acordo com a lei 4.561/64, que dispõe sobre o condomínio em edificações e as incorporações imobiliárias, a atividade da incorporadora é promover e realizar a construção, para alienação total ou parcial, de edificações ou conjunto de edificações compostas de unidades autônomas.

O STJ entende que o contrato de incorporação, no que tem de específico, é regido por essa lei, mas sobre ele também incide o CDC, “que introduziu no sistema civil princípios gerais que realçam a justiça contratual, a equivalência das prestações e o princípio da boa-fé objetiva” (REsp 1.006.765).

Equivalência das prestações

O cidadão pode pedir a rescisão do contrato e a restituição dos valores pagos por não ter mais condições de suportar o pagamento das prestações acordadas. A extinção do negócio justifica a retenção, pelo vendedor, somente de parte das parcelas pagas, para compensar os custos operacionais da contratação (REsp 907.856).

No julgamento de um recurso, o tribunal admitiu que a retenção atingisse 25% do montante pago pelo adquirente, mas não o valor total, como desejava a incorporadora. A cláusula contratual que previa a retenção total foi julgada abusiva.

As formas e condições da restituição em caso de rescisão foram definidas pela 2ª seção do STJ em processo julgado nos termos do artigo 543-C do CPC (recurso repetitivo). De acordo com a seção, “é abusiva cláusula que determina a restituição dos valores devidos somente ao término da obra ou de forma parcelada, no caso de resolução de contrato de promessa de compra e venda, por culpa de quaisquer contratantes”.

A devolução dos valores somente após o término da obra retarda o direito do consumidor à restituição da quantia paga, em violação ao artigo 51, II, do CDC. Constitui ainda vantagem exagerada para o fornecedor, conforme o inciso IV do mesmo artigo.

Havendo resolução do contrato, segundo a seção, “deve ocorrer a imediata restituição das parcelas pagas pelo promitente comprador – integralmente, em caso de culpa exclusiva do promitente vendedor/construtor, ou parcialmente, caso tenha sido o comprador quem deu causa ao desfazimento” (REsp 1.300.418).

Publicidade enganosa


Para o STJ, a publicidade veiculada pelas construtoras faz parte do contrato, e suas promessas devem ser cumpridas. Um dos processos julgados na Corte tratava do caso em que várias pessoas compraram diversos imóveis sob a promessa de que seria constituído um pool hoteleiro. Entretanto, vendida a proposta de hotel, ocorreu interdição pela prefeitura em virtude de a licença ser apenas residencial.

A empresa vendedora adotou medidas para tentar superar a interdição, remodelando o projeto anunciado, o que não satisfez os compradores. O STJ entendeu que era cabível indenização por lucros cessantes e dano moral (REsp 1.188.442).

O tribunal já enfrentou inúmeras discussões envolvendo área de garagem. Uma dúvida comum é saber se integra ou não a unidade vendida. A conclusão dos ministros é que o anúncio deve informar claramente uma possível integração, de modo que os consumidores não tenham dúvida quanto ao tamanho real do apartamento – uma aplicação do princípio da transparência, previsto no CDC (REsp 1.139.285).

Indenização por atraso


Para o STJ, o atraso na obra gera direito a indenização. A construtora deve pagá-la nos termos do contrato assinado entre as partes, bem como deve suportar os danos materiais decorrentes, tal como o pagamento das custas de moradia do consumidor em outro local durante o período ou, então, do valor correspondente ao aluguel do imóvel.

Atualmente, algumas decisões têm restringido a condenação por danos morais por entender que se trata de mero aborrecimento. O dano moral, para o STJ, não é presumido nessas situações. Depende de provas de que o fato gerou sofrimento psicológico.

Mas a jurisprudência predominante estabelece que, havendo atraso na entrega do imóvel, há possibilidade de cumulação da multa prevista em contrato com indenização por perdas e danos, inclusive lucros cessantes (AREsp 521.841).

“Juros no pé”

O STJ entendeu ainda que não é ilegal ou abusiva a cláusula constante de contrato de compra e venda de imóvel em construção que prevê a incidência de juros compensatórios sobre os valores de prestações anteriores à entrega das chaves. Trata-se dos chamados “juros no pé”, conforme jargão da área.

Como regra, na incorporação imobiliária, o pagamento pela compra de um imóvel deve ser à vista. No entanto, o incorporador pode oferecer prazo ao adquirente para pagamento, mediante parcelamento do preço, até que o imóvel seja entregue. Os juros compensatórios cobrados antes da entrega do imóvel é que são chamados “juros no pé”.

Os ministros da 2ª seção entenderam em 2012, por maioria de quatro votos a três, que, sendo facultada ao consumidor a aquisição do imóvel a prazo, é legítima a cobrança dos juros, desde que estabelecida no contrato. O objetivo é assegurar o equilíbrio financeiro, que deve ser marcado pela equivalência das prestações. (EREsp 670.117)

Comissão de corretagem

Abusos na cobrança de comissão de corretagem em contratos de compra e venda também provocam muitas demandas no Judiciário.

Segundo a jurisprudência do tribunal, o ônus da corretagem cabe à vendedora, salvo na hipótese de o consumidor contratar o corretor para pesquisar e intermediar a negociação. Em uma decisão, o STJ determinou a divisão solidária da comissão entre vendedor e comprador. "Em regra, a responsabilidade pelo pagamento da comissão é do vendedor; contudo, considerando os elementos dos autos, justifica-se a distribuição da obrigação." (Ag 1.119.920).

Para o STJ, é incabível a comissão quando o negócio não foi concluído por desistência das partes, não atingindo seu resultado útil (AREsp 390.656). Em decisão proferida em um recurso, a relatora, ministra Nancy Andrighi, explica que, após o CC, pela disposição contida no artigo 725, é possível a comissão em caso de arrependimento.

Pelo novo código, o julgador deve refletir sobre o que é resultado útil a partir do trabalho de mediação do corretor. A mera aproximação das partes para iniciar o processo de mediação da compra não justifica o pagamento de comissão.

A ministra Andrighi disse que é comum, após o pagamento de pequeno sinal, as partes pedirem certidões umas das outras a fim de verificar a conveniência de efetivamente levar o negócio adiante, tendo em vista os riscos de inadimplemento, de inadequação do imóvel ou mesmo de evicção.

Essas providências, segundo a ministra, encontram-se no campo das tratativas, e a não realização do negócio por força do conteúdo de uma dessas certidões implica mera desistência, não arrependimento, sendo, assim, inexigível a comissão por corretagem (REsp 1.183.324).



Fonte: migalhas.com.br - 01/03/2015 e Endividado