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domingo, 9 de agosto de 2015

Um dos grandes tumores no mundo do trabalho, por Paulo Paim

Luz vermelha para os trabalhadores. Não bastasse a inflamação em alta, o desemprego crescente, o aumento do custode vida e o ajuste fiscal por meio da MP 665, que restringiu o acesso ao seguro-desemprego, abono salarial e seguro-defeso, está em processo avançado no Congresso um projeto que permite a terceirização de qualquer setor de uma empresa, incluindo a atividade-fim.
O PL 4.330/2004 foi aprovado na Câmara e agora está no Senado (30/2015), na Comissão de Direitos Humanos (CDH), sob minha relatoria. Na prática, caso aprovado, será o primeiro passo para o fim de direitos históricos garantidos na Consolidação das Leis do Trabalho (CLT) e na Constituição Cidadã de 1988.
Cito como exemplos carteira de trabalho, previdência social, vale-transporte, férias, fundo de garantia, 13º salário, piso salarial, entre outros. Isso diz respeito a 45milhões de trabalhadores. O caminho a seguir é o inverso. Ou seja, temos que fazer justiça aos 12,5 milhões de terceirizados hoje no Brasil. Eles não possuem direitos. Além do mais, a proposta enfraquecerá o sistema de negociação coletiva e o controle judicial.
Segundo os auditores fiscais do trabalho, em cada dez acidentes de trabalho, oito acontecem em empresas terceirizadas. De cada cinco mortes, quatro são em empresas terceirizadas. O levantamento das centrais sindicais por sua vez, mostra que o salário é 30% inferior ao normal. Os terceirizados não podem ser tratados como trabalhadores de segunda categoria.
O Congresso só vai recuar se a sociedade e os movimentos se mobilizarem e forem às ruas exigir, o engavetamento dessa proposta. Iniciativa fundamental está sendo feita pelo Fórum em Defesa dos Trabalhadores. Ameaçados pela Terceirização, integrado por centrais, sindicatos, estudantes, especialistas, Associação Nacional dos Magistrados da Justiça do Trabalho (Anamatra).
A CDH e o Fórum estão percorrendo o país, realizando audiências com as assembleias legislativas para mostrar o quão prejudicial é esse projeto. Temos que deixar claro para o Brasil que a terceirização precariza e desorganiza o mundo do trabalho. A ideia é que ao final, percorridos os 26 estados e o Distrito Federal, seja redigida a “carta à Nação” a ser entregue aos poderes Executivo, Legislativo e Judiciário.

Senador do PT no RS


Fonte: Correio do Povo, edição de 21 de julho de 2015, página 2.