Nascida no Maranhão,
Lucíola Belfort, que já era enfermeira, realiza sonho
Universidade do Rio
Grande do Sul (Ufrgs), em Porto Alegre, formou ontem a primeira
médica indígena. Lucíola Maria Ignácio Belfort, 38 anos é de
origem caingangue e carregava desde a infância o sonho de ser
médica. Em 2001, já havia dado o primeiro passo na área da saúde,
quando se formou em Enfermagem pela Universidade Regional do Noroeste
do Estado (Unijui). Mas a luta pelo diploma de Medicina foi traçada
desde 2008, quando ela entrou como a primeira cotista indígena do
curso na universidade.
Apesar de ter nascido
no Maranhão, devido ao trabalho de seus pais, que são vinculados à
Fundação Nacional do Índio (Funai), sua vida ganhou rumos do Rio
Grande do Sul, pois a origem de sua mãe, Andila Inácio, é o
interior gaúcho. Foi na aldeia Serrinha, localizada no município de
Ronda Alta , que os seus sonhos ganharam forma.
Lucíola foi criada
por uma família que sempre prezou pelo conhecimento e pelo acesso à
educação. Suas outras quatro irmãs também são formadas em
universidades nos cursos de Direito, Jornalismo e Artes. Os livros da
biblioteca do pai, José Maria Baima Belfort, que lhe eram
apresentados na infância, transformaram a sua vida. “Estou
realizando meu sonho de infância e essa também é uma vitória do
povo indígena.” Ela disse que sofreu discriminação por ser
cotista e, ainda, por não ter características físicas de
caingangue.
No dia em que foi
pegar o diploma, Lucíola carregou consigo os brincos de pena de
pássaros, para honrar a identidade do seu povo, que os confeccionou.
“Independentemente de trabalhar em aldeias, eu quero é me dedicar
por inteiro ao povo indígena.”
Fonte: Correio do Povo,
página 12 de 20 de junho de 2015.