A decisão
tomada pelos gestores do Complexo Santa Casa de Misericórdia de
Porto Alegre de fechar até 118 leitos nos próximos meses
prejudicará o atendimento pelos Sistema Único de Saúde (SUS), mas
trará um fôlego no caixa do hospital. Os primeiros meses do ano já
somam um déficit de R$ 60 milhões à entidade filantrópica e por
isso, 41 leitos do Hospital Santa Clara foram desativados em junho.
Segundo o diretor administrativo, Oswaldo Luís Balparda, a
instituição arca com 65,57% dos custos do atendimento de cada um
dos pacientes via SUS. “Isso é o reconhecimento da falência do
sistema. É absolutamente constrangedor tomar essa atitude, mas seria
pior colocar em risco a qualidade dos atendimentos”, justificou
Balparda.
A
diretoria do complexo afirma que cobre o prejuízo e R$ 75 milhões
ao ano com receitas geradas pelos atendimentos particulares, aluguel
de cafeterias e estacionamento. Nos últimos anos, no entanto, o
valor do rombo gerado pelo SUS foi muito superior: R$ 112 milhões em
2013, R$ 102 milhões em 2014 e R$ 10 milhões a cada mês de 2015, o
que atingiria a marca de R$ 120 milhões no final do ano. Em 1996, o
valor era de R$ 14 milhões ao ano. “Houve a clara redução nos
repasses do Estado, que não são compensados pelo governo federal”,
afirmou.
Caso
alcance o fechamento de 98 leitos no Santa Clara e 20 no Santo
Antônio, o que representa 17,35% das vagas disponibilizadas para o
SUS, haverá redução em outros serviços. Está prevista a redução
de 4,3 mil internações no ano (16,7%), 50,8 mil consultas (18,1%),
3,3 mil procedimentos cirúrgicos e obstétricos (13,1%), 375,5 mil
exames (13,7%) e 3,3 mil pronto-atendimentos (5,7%). “A prestação
de serviços deve ser proporcional ao número de leitos disponíveis”,
justificou Balparda.
Fonte:
Correio do Povo, página 16 de 2 de julho de 2015.