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terça-feira, 3 de fevereiro de 2015

Saiba como driblar falta d′água no prédio

Há mais de 20 anos o edifício Copan, no centro de São Paulo, promove campanhas de conscientização do uso racional da água.

"Também fazemos substituição das válvulas de descarga antigas e monitoramento do volume de água da caixa do prédio", explica o síndico Affonso Prazeres.

Além disso, o edifício mantém dois encanadores de plantão, para conter rapidamente possíveis vazamentos, grandes vilões do desperdício de água nos prédios.

Essas medidas, no entanto, não livram Prazeres de preocupações com o nível de abastecimento da caixa d′água do prédio no atual cenário de escassez.

A crise hídrica que atinge o Estado é um temor e já altera hábitos. Um estudo da Lello com 1.700 condomínios na Grande SP, Campinas, Bertioga e no Guarujá mostra que 58% reduziram o consumo em dezembro de 2014 em relação ao início do ano.

Segundo Eduardo Zangari, da Aabic (associação das administradoras), é necessário que os edifícios invistam na gestão da água. "É preciso fazer a leitura diária do consumo para fixar o padrão do que o prédio gasta e, se tiver diferença, buscar vazamentos."

As alternativas mais buscadas vão de sistemas que reaproveitam a água da chuva -por meio de calhas, que levam a água até um filtro e a armazenam em um reservatório- aos de reúso da "água cinza" (de máquina de lavar, pia ou chuveiro, por exemplo).

A água armazenada por esses sistemas é indicada para descargas, regar plantas e limpeza das áreas comuns do prédio. A reutilização pode gerar economia de até 35% por mês.

PLANEJAR PARA TER

Ivanildo Hespanhol, professor da Escola Politécnica da USP e diretor do Centro Internacional de Referência em Reúso de Água, avalia que o rodízio de água estudado pela Sabesp é inevitável.

"Costumamos fazer gestão da crise, quando o problema bate à porta, mas não planejamos a longo prazo", diz ele.

No edifício Maison Saint Hilaire, na zona sul, o sistema de captação e tratamento de água de máquinas de lavar e tanques funciona desde 2006 e, na época, custou R$ 40 mil.

Como a água tratada é usada para a limpeza das áreas comuns do prédio, irrigação e na descarga dos banheiros, a síndica profissional do edifício, Marizilda Gonçalves, conta que a economia mensal chega a R$ 5.000 e o equipamento se paga em pouco tempo. Hoje, um sistema similar para um prédio com 60 unidades custa R$ 80 mil e leva dois meses para operar, diz Sergio Boaventura, da Catuí Engenharia.

"A água custa cerca de 15% dos gastos de um edifício", diz Marcelo Mahtuk, da administradora Manager, que planeja uma campanha de reeducação do uso da água nos 350 condomínios que gerencia.

"Alguns prédios já cortam a água em horários de menor uso", diz Hubert Gebara, do Secovi-SP. "Cada um deve estudar as medidas a se tomar."

 Editoria de arte/Folhapress 
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  • PERGUNTE NA REUNIÃO
Como saber se o seu condomínio está se virando na crise

Quanto estamos gastando?
A ONU recomenda que cada um gaste 110 litros de água por dia. O condomínio pode dividir o consumo pelo número de moradores e criar metas

A caixa d′água está funcionando direito?
A caixa deve poder suprir o condomínio por até dois dias, mesmo que o fornecimento seja cortado. Com uma régua de medição, o zelador pode verificar o nível diariamente

O condomínio controla vazamentos?
Medir o consumo no hidrômetro todos os dias ajuda a perceber se algo está errado e achar vazamentos, que causam desperdício

Vale ter medidores independentes?
A vantagem é cada um pagar pela água que gasta. A maioria dos prédios com menos de dez anos está pronta para a instalação. Nos antigos, é preciso adaptar

O zelador está bem treinado?
A Aabic (associação das administradoras de SP) promove cursos gratuitos a cada 15 dias. Inscrições pelo telefone (11) 3887-3372

Estamos usando a água racionalmente?
Sempre que possível, os funcionários do condomínio devem ser orientados para limpar as áreas comuns com água da chuva ou de reúso (como a da máquina de lavar)

Vale suspender o fornecimento?
Para economizar, alguns condomínios optam por desligar a água em horários de menor uso, mas isso deve ser decidido em assembleia

E eu com isso?
Banhos menos demorados, redutores de vazão nas torneiras e controle de vazamentos na unidade fazem a diferença. Uma torneira pingando joga fora até 46 litros de água por dia
Fonte: Folha Online - 01/02/2015 e Endividado